Atenção carnavalescos e presidentes de escolas de samba!

Atenção carnavalescos e presidentes de escolas de samba!
Gostou de uma ideia, Clique na lâmpada e leia a nossa recomendação!

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Enredo 917: Tudo o que há na Boca do Inferno

“Tudo o que há na Boca do Inferno”
Cleiton Almeida
cleiton_almeida04@hotmail.com




Apresentação
            A fim de relembrar a irreverência do poeta Gregório de Matos, o grande ícone da poesia barroca brasileira, nosso enredo ressuscita o artista para participar da nossa grande festa. Gregório volta à vida e, acompanhado de belas mulatas, faz breves comentários do que pode ver por nossas terras. A sátira da nossa situação, da nossa gente, do nosso país, no estilo marcante daquele que foi conhecido como o Boca do Inferno.

Sinopse

De algum lugar, surge Gregório. Não se sabe se emergiu da terra ou se caiu do céu, mas ele apareceu. Convidado para participar da folia carnavalesca, ele despertou de seu sono profundo que já durava centenas de anos. Foguento, rende-se ao pecado na companhia de belas mulatas. Deixou-se seduzir pelos olhos de cigana oblíqua e dissimulada das mulheres brasileiras. Esqueceu-se das consequências e abriu a boca do inferno, que já estava com saudades de poetizar.
“De primeira, já percebi a hipocrisia de um povo. Vi gente intolerante, que diz que não tem preconceito, até tem um amigo que é, mas... cara de pau! Mete a boca na vizinha, mas dá mais do que chuchu na cerca. Santinhos do pau oco, que me fazem lembrar as freiras lá de Salvador que me apelidavam com seus desejos. Gente daquelas que diz para fazer o que falam e não o que fazem. Mas o que esperar de quem não olha para o próprio umbigo? De fato, não muita coisa.
E o povo não tem capricho nem mesmo na hora de escolher seus representantes. A zona é grande! Folgados e ladrões sobem e descem trajando terno e paletó, comandando os lucros da casa. O cafetão não tem dó da população, não. Mete a faca no preço e a corrupção é grande. É tudo caro, a inflação no bordel sem grife só aumenta. As garotas cobram preços exorbitantes dos clientes, que pagam tudo direitinho. Por vezes, o povo se revolta e faz um escarcéu, quebra tudo. Mas no fim, volta quietinho e paga cada centavo do que é pedido.
Mas o povo desse lugar não tem nem muita moral para reclamar. Ô povinho corrupto. Fura qualquer fila que aparecer pela frente sem um pingo de vergonha. Estaciona em vaga proibida ou reservada para preferenciais. Rouba balinha no mercado e tem a coragem de falar que só uma não faz diferença. Essa gente que vive uma vida repleta de pequenos delitos, faz tudo errado e se considera politicamente correta. Esses não valem o chão de glórias que pisam.
E para ajudar, a situação está um caos. O povo de bem trabalha, trabalha e trabalha mais um pouco, mas mesmo assim não consegue sair da pobreza. O dinheiro mais vai do que vem. Aos poucos, mesmo sem merecer, vão aprendendo a comer o pão que o diabo amassou. E quem tem dinheiro, compra, usa e joga o lixo nas ruas. Mas que povinho burro. Reclama da poluição e do calor insuportável, mas é incapaz de reciclar seu próprio lixo. Precisam aprender que o mundo só muda quando você muda.
Pelo menos ainda tem carnaval. Mesmo assim, esse já foi contaminado pelos hábitos populares. A castidade e a santidade tomaram conta da festa da orgia e da insanidade. Já comentei da hipocrisia desse povo, então não é necessário repetir. O dinheiro tomou conta, virou rei, e agora compra a alegria do povo. Não importam mais quais foram os meios, se os fins são felizes, tudo valeu a pena. E assim a festa segue, na capenga, mas sobrevivente. Encerro por aqui a minha passagem, afinal como um bom pica-flor, tenho muito para fazer.”
Ao final, Gregório, sem perceber, reproduziu na avenida o retrato do Brasil.



Desenvolvimento
Setor 1 (Abertura) – O poeta na folia
            - Em nossa abertura apresentamos ao público o poeta Gregório de Matos e Guerra, o maior representante da poesia barroca brasileira, que foi alcunhado de Boca do Inferno, devido as suas sátiras sobre a sociedade da época. Convidamos Gregório para participar da nossa festa.
Comissão de frente – Gregório ressurge
            Na comissão de frente, pierrôs dão as boas vindas a Gregório, que simplesmente surge no meio da pista.
Ala 1 (Guardiões) – O pecado brasileiro
            Ala que representa a perdição que o nosso país é. Tons vermelhos, e a representação clássica do pecado: a maçã e a serpente.
Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira – Carnaval
            O casal vem representando a festa da troca de valores. Homem vestido de mulher e vice-versa.
Carro 1 – O poeta nos braços das mulatas
            Gregório, influenciado pelo estilo barroco, vivia um dilema entre o pecado e a igreja. Em nosso carnaval, ele se rende ao pecado e cai no braço das mulatas brasileiras. Carro vermelho, com uma escultura de um diabo malandro ao fundo.
Setor 2 – Um povo
            O segundo setor é a representação do povo que Gregório viu em sua visita. Não era tão diferente do povo do século XVII.
Ala 1 – Intolerância
            Ala que representa a intolerância de algumas pessoas em não aceitar a diferença e liberdade das outras. Fantasia com correntes.
Ala 2 – Preconceito
            Ala que representa a discriminação social, racial e sexual. Ala cênica que reproduz cenas do dia a dia de preconceito.
Ala 3 – Santinhos do pau oco
            Ala que representa as “pessoas de família” que mantêm dupla personalidade. Fantasia de freiras que levantam a saia e revelam o fogo.
Ala 4 – Código de ética
            A ala que representa o falso moralismo da sociedade brasileira. Dizem seguir fielmente uma conduta ética, mas na primeira oportunidade caem na libertinagem.
Ala 5 (Baianas) – O espelho
            Ala do espelho, representando que as pessoas precisam olhar mais para si mesmas antes de julgar ou outros.
Carro 2 – Hipocrisia a solta
            Carro que representa a hipocrisia de uma gentinha. Muitas máscaras e expressões para representar a falsidade. Algumas esculturas que revelam que o exterior não condiz com o interior.
Setor 3 – Uma zona
            Setor que representa a situação política do país. Gregório passa pela capital e dá uma analisada no que anda ocorrendo no governo brasileiro.
Ala 6 – Ladrões de paletó
            Ala que representa os partidos políticos e os representantes de má índole. (Não estamos generalizando que todos são maus).
Ala 7 – Cafetina
            Ala que representa a comandante da zona brasileira.
Ala 8 (Passistas) – Inflação
            Ala que representa o aumento do preço dos serviços oferecidos nesse cabaré.
Ala 9 (Bateria) – Garotas de programa
            Ala que representa os serviços oferecidos à população desse país.
Ala 10 – Os clientes acordaram
            Ala que representa a população indignada com a situação da zona que o país está. Os clientes vão pra rua questionar os altos preços.
Tripé 1 – Quebra pau
            Tripé que representa a manifestação de um povo, que sai quebrando tudo, colocando fogo e agindo de maneira irracional.
Carro 3 – Bordel sem grife
            Alegoria que representa o país, cada vez mais precário e longe de estrelar entre as maiores potências. Com um índice de desenvolvimento humano decadente, perde cada vez mais estrelas e credibilidade. Marca barata.
Setor 4 – Farinha do mesmo saco
            Nesse setor Gregório percebe que os clientes, o povo, não têm muita moral para criticar a corrupção dos políticos, pois também são corruptos da sua maneira. Cada qual erra como pode.
Ala 11 – Furões de fila
Ala cênica que representa os mal educados que furam filas de comércio, bancos, órgãos públicos e outras.
Ala 12 – Desrespeito à vista
Ala cênica que representa a falta de respeito as vagas reservadas.
Ala 13 – Ladrões de balinha
            Ala que representa os ladrões de pequenas coisas, que não têm muito valor, mas não deixa de ser crime.
Ala 14 – Pequenas corrupções
            Ala cênica que retrata pequenas corrupções em geral.
Ala 15 – Sem moral
            Ala que representa a falta de moral de algumas pessoas. Filósofos desfigurados compõe a fantasia.
Carro 4 – Esses sapatos não merecem pisar sobre este solo sagrado
            Alegoria que revela que as pessoas são muito sem valor em comparação ao país maravilhoso em que vivem. A Velha Guarda vem neste carro, representando as glórias do Brasil.
Setor 5 – Quando você acha que não pode piorar
            Setor que representa o atual caos que o país enfrenta, problemas cotidianos de alta grandeza.
Ala 16 – Pobreza
            Ala que representa a situação de miséria que o povo ainda enfrenta.
Ala 17 – Dinheiro, cadê você?
            Ala que representa a falta de dinheiro em geral, ocasionada pela crise econômica.
Ala 18 – Lixo para todo lado
            Ala que representa as ruas tomadas por lixo, causada pela falta de reciclagem.
Ala 19 – Poluição
            Ala que representa a poluição das nossas cidades, ocasionada pelas indústrias e pelo consumismo desenfreado.
Ala 20 – Caos social
            Ala que representa o caos entre as pessoas e o seu ambiente.
Carro 5 – Calor insuportável
            Alegoria que representa o calor que está cada vez maior em todo o país. As pessoas estão derretendo.
Setor 6 – Festa do povo?
            O setor que encerra o desfile é a visão de Gregório da situação atual o carnaval brasileiro. No final, da Boca do Inferno, saiu o retrato do Brasil. O país queima em labaredas.
Ala 21 – Falsos valores
            Ala que representa o conservadorismo e a censura.
Ala 22 – Bons costumes
            Ala que representa a falta de insanidade no carnaval, que foi tomado por uma sociedade patética.
Ala 23 – Dinheiro que compra a felicidade
            Ala que representa a venda do carnaval as grandes marcas e patrocínios.
Ala 24 – Carnaval maquiavélico
            Ala que representa a ganância dos foliões em ganhar a qualquer custo.
Ala 25 – Capengando vai andando
            Ala que representa a atual situação do carnaval, todo furado.
Carro 6 – Brasil, o Inferno é a tua cara
            Alegoria que encerra o desfile. O mapa do Brasil pegando fogo, cheio de gente “tradicional e de bons costumes”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Marcadores