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sábado, 25 de abril de 2015

Enredo 10: CERRADO: (BIO)DIVERSIDADE E RIQUEZA SOCIOCULTURAL. O EQUILÍBRIO ENTRE HOMEM E NATUREZA NA BUSCA PELA PRESERVAÇÃO DO BIOMA.

TÍTULO: CERRADO: (BIO)DIVERSIDADE E RIQUEZA SOCIOCULTURAL. O EQUILÍBRIO ENTRE HOMEM E NATUREZA NA BUSCA PELA PRESERVAÇÃO DO BIOMA.

Justificativa:

Nos últimos dois anos o Brasil vem enfrentando um dos piores períodos de seca das últimas décadas. Entre as causas apontadas por especialistas para que o fenômeno climático ocorresse nas regiões Sudeste e Nordeste do país, estão o aquecimento global e a devastação da Floresta Amazônica. Ainda que na região Norte esteja ocorrendo enchentes e o regime de chuvas não se mostra alterado, a cobertura vegetal da Amazônia é importante para o equilíbrio do clima nas demais regiões do país.
Somado a esse panorama de destruição da Amazônia e do aquecimento global, a ação do homem em outros biomas também contribui significativamente para a falta de água (principalmente na região Sudeste). O uso indiscriminado da água dos rios e córregos tanto pelos agropecuaristas quanto pela indústria, além do desperdício por parte dos moradores das cidades (ainda que por volta de 10% da água dos rios seja destinada ao consumo humano), contribuem para comprometer o abastecimento de parte considerável da população brasileira.
Um dos biomas mais ameaçados e que contribui substancialmente para a vazão dos rios localizados na região central do país é o Cerrado. Entende-se por bioma o conjunto de ecossistemas – relevo, clima, flora, fauna, solo e cursos d’água, como os rios. O Cerrado ocupa uma área compreendida entre 1,5 milhão a 2 milhões de quilômetros quadrados e é a segunda maior formação vegetal da América do Sul. No Brasil, o Cerrado ocupa quase um quarto da extensão territorial e está presente em grande parte dos estados do Planalto Central (Goiás, Distrito Federal, Tocantins), e em parte das regiões Norte (Amazonas, Rondônia, Roraima, Amapá e Pará), Sudeste (São Paulo e Minas Gerais), Centro-Oeste (Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), Nordeste (Bahia, Ceará, Maranhão e Piauí) e do Sul (Paraná).
Os rios que percorrem esse bioma ou são afluentes de outros rios ou são os grandes responsáveis pelo abastecimento de água de grandes cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Brasília. Esses cursos d’água também são responsáveis por gerarem boa parte da energia hidroelétrica produzida no país. Além da água e da energia, no Cerrado são produzidos alimentos: cerca de 40% da produção pecuária (carne e leite), 25% da produção de grãos, além da maior parte dos hortifrutigranjeiros que abastecem o Brasil são cultivados nas pequenas propriedades ou pelas comunidades tradicionais do Cerrado. Paradoxalmente, a seca e falta de água vivenciadas atualmente na região Sudeste poderá ser amenizada pela exploração sustentável de 3 grandes aquíferos (reservas subterrâneas gigantescas de água doce potável) que estão no Cerrado: o Guarani, o Bambuí e o Urucuia
Cerca de 30 milhões de brasileiros vivem no Cerrado, bioma que possui como vegetação característica, árvores de porte baixo, com cascas e folhas grossas, raízes profundas e troncos retorcidos. O clima do Cerrado é bem definido: o período das chuvas (Outubro a Abril) e o período da seca (de Maio a Setembro). Cerca de metade de sua cobertura vegetal já foi destruída. O Cerrado também possui a segunda maior diversidade de vida animal do planeta, perdendo apenas para a Amazônia.
Este enredo pretende ser uma viagem pela história do Cerrado, a partir dos conhecimentos da ciência, mas também do saber das comunidades tradicionais, importantes para sua preservação. Nessa viagem poderemos visualizar a ocupação milenar do Cerrado, sua beleza expressa na sua fauna, flora e na sua gente, além de sua utilidade para o homem brasileiro, buscando demonstrar a necessidade de sua conservação. Chamaremos a atenção também para a destruição do bioma. Assim, acreditamos estar contribuindo para a conscientização da população para a preservação e exploração sustentável do Cerrado brasileiro, um dos biomas mais ameaçados do mundo, com uma riqueza biológica e sociocultural ímpar.

Sinopse:

Voltemos no tempo, há cerca de 12.000 anos atrás, no período Pleistoceno. Entre campos com árvores baixas e com galhos retorcidos e de cascas e folhas grossas, recortados por rios e córregos, os primeiros homens a habitar o que viria ser o Brasil, viviam da coleta de frutos e de raízes e da caça de grandes mamíferos como o tatu e as preguiças gigantes, os Gliptodontes e os Mastodontes. Uma destas populações pré-históricas era a de Lagoa Santa, sendo sua mais famosa representante, Luzia, uma mulher cujo esqueleto encontrado na gruta de Lapa Vermelha, em Minas Gerais, é considerado o mais antigo fóssil das Américas.
Milênios depois, o Cerrado passou a ser habitado por inúmeras populações indígenas: Caiapós, Xakriabás, Xavantes, Bororos, XerentesKrahôs... Construindo grandes aldeias, possuindo uma índole guerreira acentuada e ampla capacidade de deslocamento, estas sociedades indígenas (predominantemente do tronco linguístico Macro-Jê) possuíam uma variedade de cerimônias e eram hábeis na confecção de ornamentos corporais riquíssimos, como os adornos plumários. Retiravam das inúmeras fibras vegetais do Cerrado, como a palha do buriti, a matéria prima para a feitura de artesanato como cestos e esteiras ou para a construção de suas casas. Sua subsistência estava baseada na caça, pesca e na coleta de frutos e raízes. A partir do século XVI, mas principalmente nos séculos XVII e XVIII, outros homens passaram a integrar a paisagem do Cerrado. Eram os portugueses, os mamelucos brasileiros (filhos de portugueses com as índias) tendo como principais representantes, os bandeirantes paulistas, além dos negros escravos. Trilhando caminhos de índios, as “veredas do pé posto”, demarcando vias de penetração (as picadas), buscavam com suas bandeiras o apresamento de indígenas e a descoberta de pedras e metais preciosos presentes nos rios e córregos. A mineração do período colonial brasileiro foi realizada em grande parte nas áreas de Cerrado, como no caso de Cuiabá, Vila Boa de Goiás, Ouro Preto e Mariana, vilas que, principalmente no século XVIII, foram as grandes responsáveis pela produção de enormes quantidades do ouro destinado a Portugal. Mas aqui no Brasil, do ouro retirado pelas mãos de escravos índios e negros, floresceu, por meio das hábeis mãos de artistas mestiços, o esplendor do estilo barroco das cidades coloniais, expresso principalmente na decoração interna dos templos católicos setecentistas.
O contato entre brancos, negros e índios, muitas vezes conflituoso, também propiciou o surgimento, por meio da mestiçagem, do povo do Cerrado. Uma gente que historicamente aprendeu a sobreviver em um clima com duas estações bem definidas: o período das chuvas e da seca. Uma gente que aprendeu a manejar o solo para sua cultura nesse ambiente e que extrai também da sua fauna e da sua flora, de seus rios e córregos, elementos importantíssimos para sua sobrevivência e de suas famílias. Essa gente do Cerrado não é única, mas plural. São os índios que habitam territórios já demarcados ou que ainda lutam pela demarcação de suas terras e que, em um processo contrário ao que era esperado, buscam manter sua cultura e identidade. São as quebradeiras de coco babaçu, mulheres coletoras deste fruto nos babaçuais do Cerrado; os vazanteiros, homens e mulheres que habitam os barrancos dos rios São Francisco, Tocantins e Araguaia e que dependem do ciclo das cheias destes cursos d’água para a prática da pesca e da agricultura; os geraizeiros das margens do rio São Francisco que cultivam a terra nos vales ou encostas; as artesãs do capim dourado, herança indígena, cujas hábeis mãos transformam o vegetal em cestas, chapéus, bolsas, brincos. São as comunidades quilombolas, cujas povoações centenárias, em sua maioria em serras, são constituídas por descendentes de ex-escravos que se refugiaram no Cerrado em busca da liberdade e que por séculos aprenderam a conviver com esse bioma e que lutam, assim como os indígenas, pelo reconhecimento dos territórios em que habitam. São também os agricultores familiares, cuja produção hortifrutigranjeira abastece boa parte dos consumidores do Brasil. Todas estas comunidades tradicionais buscam no Cerrado, o necessário para sua sobrevivência e conhecem como ninguém, os ciclos da natureza, sabendo o período certo de cada cultura, da coleta de produtos da flora e da importância de sua preservação para as gerações atuais e futuras. Essas comunidades tradicionais do Cerrado buscam também, além de preservar o meio-ambiente, resguardar manifestações culturais como a folia de reis, a catira ou cateretê, a sussa (também chamada de sússia), o congado e as modas de viola.   
Essa gente do Cerrado também preserva em seu imaginário, as lendas contadas de geração em geração e que ainda hoje estão presentes no dia-a-dia e na memória de crianças, jovens e adultos. São lendas guardadas e narradas pelos mais velhos que encantam e fascinam, como a lenda do pequi, um dos frutos símbolos do Cerrado, a lenda do Arranca-Língua, criatura devoradora de línguas ou as lendas das regiões dos caudalosos rios que percorrem o Cerrado, como o Araguaia e o São Francisco, e que quase sempre tratam de seres que vivem nesses cursos d’água e são o terror dos ribeirinhos, como o Caboclo ou Negro D’Água, a Mãe D’Água ou o Minhocão.
Ocupando o Cerrado, o homem é o principal responsável pela transformação da paisagem, destinando extensas áreas ao agronegócio. Mas para que a ocupação humana se tornasse possível, extensas áreas foram devastadas, restando hoje, aproximadamente cerca de metade da sua cobertura original. Historicamente, a ocupação do Cerrado foi feita à custa da dizimação da fauna e da flora e da extinção das populações indígenas e durante muito tempo, devido ao solo ácido e pouco produtivo, o cerrado não despertou grande interesse de agropecuaristas. A partir da década de 1970, com o advento do melhoramento genético de sementes, do uso de máquinas para a agricultura e de insumos agrícolas, além da redução dos custos de manejo, tornou-se possível a prática da agropecuária em um solo que até então era considerado pobre e de baixa qualidade. O Cerrado hoje responde por parte importante da produção nacional de grãos, de leite e de carne. Mas o cerrado não é só o agronegócio. Os grandes rios que cortam esse bioma, abastecidos por rios menores e córregos, tornam o cerrado importante fonte de água para o abastecimento de cidades, para a agricultura e para a movimentação das turbinas que geram energia hidroelétrica para o Brasil. A flora do Cerrado também possui valores medicinais descritas pelos raizeiros e raizeiras das comunidades tradicionais e as frutas do cerrado, coloridas, saborosas e aromáticas, geram renda para os habitantes que vivem do extrativismo.
Mostra-se importante que o homem tenha consciência que a sua sobrevivência e de toda a humanidade só será possível por meio da preservação da natureza. O Cerrado é atualmente protegido pelas comunidades tradicionais, por uma parcela dos agropecuaristas conscientes da importância deste bioma e também por parte de órgãos governamentais que criaram os parques Nacionais, como o Parque Nacional das Emas, o Grande Serão Veredas, o da Chapada dos Veadeiros, da Chapada dos Guimarães, o Nacional de Brasília e o da Serra da Canastra.  Além de se tornarem verdadeiros santuários para a preservação da fauna e da flora, dos lagos e lagoas, córregos e rios, nesses parques são realizadas por parte dos cientistas, pesquisas científicas para o estudo de espécies animais e vegetais, além de tornarem importantes pontos turísticos. Os turistas que apreciam a natureza podem conhecer a fauna e a flora do Cerrado, levando consigo, além de momentos incríveis vivenciados nesse bioma fantástico, fotografias que eternizam um momento único em suas vidas, verdadeiras obras de arte esculpidas pela natureza.
Ao visitar os parques ecológicos, o turista tem a possibilidade de visualizar a vida animal e vegetal do Cerrado que se encontra ameaçada de extinção. A flora do Cerrado pode ser útil como alimento para os animais e os homens, abrigo para a fauna silvestre ou mesmo para serem contempladas pela sua beleza, como os ipês, que no período da seca colorem o ambiente com suas flores amarelas, róseas ou brancas. São árvores que fornecem frutos, cascas, folhas, raízes e madeiras para inúmeras utilidades. São espécies como o pequi, o jatobá, o babaçu, o baru, o buriti, o bacuri, o murici, a macaúba, o araticum, a mangaba, o maracujá-da-restinga e o cajueiro-do-campo. Na fauna do Cerrado, temos belos exemplares de aves como a ema, a arara canindé, o papagaio galego, o tucano, a seriema, o urubu-rei e o carcará. Répteis como o jacaré, o teiú e o calango. Insetos como borboletas e abelhas indígenas nativas sem ferrão, úteis para a polinização de inúmeras plantas e produtoras de um mel bastante apreciado. São os peixes de lagos, lagoas, córregos, e rios, como o acará, o curimbatá, o mandi, o pacu, a piracanjuba, o dourado e o surubim. São também os mamíferos, como a anta, o macaco bugio, a onça-pintada, a onça parda ou suçuarana, o tamanduá-bandeira, o lobo guará, o morceguinho-do-Cerrado (importante animal polinizador de flores do Cerrado, como a flor do jatobá) e os tatus (peba, galinha, bola, do-rabo-mole e canastra). Preservar o Cerrado é garantir a sobrevivência do homem, de suas gerações futuras, de sua cultura, além da fauna e da flora magnífica e exuberante, só presentes nesse fantástico bioma.

Referências bibliográficas:

COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS, FUNDAÇÃO CENTRO TECNOLÓGICO DE MINAS GERAIS. Guia ilustrado de peixes da bacia do rio Grande. Belo Horizonte: CEMIG/CETEC, 2000.
DIAS, Jaqueline Evangelista; LAUREANO, Lourdes Cardozo. Farmacopéia Popular do Cerrado. Goiás: Articulação Pacari (Associação Pacari), 2009.
Guia Rural Abril. São Paulo: Editora Abril, 1986.
FAUSTO, Carlos. Os índios antes do Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.
JACOBUS, André Luiz. Alimentos utilizados pelo homem na pré-história. In: Arqueologia do Rio Grande do Sul. Documento 5, 2ª edição. São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas – UNISINOS.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Caminhos e fronteiras. Rio de Janeiro: José Olympio, 1957.
MACHADO, Marietta Telles. Os frutos dourados do pequizeiro. Goiânia: UCG, 1985.
MONTEIRO, John Manuel. Negros da terra. Índios e bandeirantes nas origens de São Paulo.  São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
PROUS, André. O Brasil antes dos brasileiros: a pré-história de nosso país. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
RIBEIRO, Ricardo Ferreira. Florestas anãs do Sertão – o Cerrado na História de Minas Gerais. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
SIGRIST, TomasFolclore e história natural das aves no Brasil Central; volume 1, Bioma Cerrado; organizado por Ricardo Sigrist; ilustrado por Tomas Sigrist; fotografias por Robson Silva e Silva, Tomas Sigrist e Gerard Baudet, Mapas por Cesar de Moraes – Vinhedo, SP: Avis Brasilis Editora, 2009.
SIQUEIRA, Thaís Teixeira de. Do tempo da sussa ao tempo do forró: música, festa e memória entre os Kalunga de Teresina de Goiás. 135 fls. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) - Universidade de Brasília, Brasília, 2006.

Referências – Meio eletrônico

Cerratinga
http://www.cerratinga.org.br – Acessado em 15/12/2013 às 14:13 horas.
Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba – CODEVASF (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba
Departamento de Ecologia - Instituto de Biociências - Universidade de São Paulo (USP)  http://ecologia.ib.usp.br/cerrado/ - Acessado em 14/12/2013 às 14:17 minutos.
Embrapa Cerrados
http://www.cpac.embrapa.br/unidade/ocerrado/ - Acessado em 16/12/2013 às 14:53 horas.
Embrapa Gado de Corte
http://www.cnpgc.embrapa.br/~rodiney/series/lonchophylla/lonchophylla.htm - Acessado em 20/03/2015 às 21:55 horas.
Encontro de Culturas:
http://www.encontrodeculturas.com.br/2014/ - Acessado em 24/03/2015 às 16: 58 horas.
Fundação Joaquim Nabuco
http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php - Acessado em 24/03/2015 às 16:30 horas.
Jalapão – Tocantins
http://jalapao.to.gov.br/ - Acessado em 20/03/2015 às 21:29 horas.
Revista Escola
http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/sapateie-bata-palmas-catira-423343.shtml - Acessado em 23/03/2015 às 16:36 horas.
Secretaria de estado da Cultura de Goiás
Só História
http://www.sohistoria.com.br/lendasemitos/linguas/ - Acessado em 02/03/2015 às 20:53 horas.
Unicamp
http://www.unicamp.br/folclore/folc6/festa_rosario.html - Acessado em 24/03/2015 às 17: 15 horas.
World Wide Fund for Nature (WWF)
http://www.wwf.org.br - Acessado em 14/12/2013 às 17:35 horas.

Desenvolvimento

1º Setor: Antes da história, a pré-história: a megafauna e o homem de Lagoa Santa
O Cerrado é considerado o berço das primeiras populações humanas pré-históricas do Brasil. Vestígios arqueológicos encontrados na região de Lagoa Santa (estado de Minas Gerais) permitiram que os cientistas afirmassem por meio de datações, que o mais antigo fóssil das Américas era de uma representante dos primitivos habitantes do Cerrado brasileiro: o homem de Lagoa Santa, sendo seu mais famoso membro, Luzia, uma mulher cujo crânio foi encontrado na década de 1970. Vivendo no Cerrado, o homem de Lagoa Santa se adaptou a esse ambiente e possivelmente era nômade, se alimentava de vegetais e da carne de animais abatidos, o que na época consistia nos grandes mamíferos (a megafauna).



Comissão de Frente: Os seres protetores do Cerrado
O Cerrado é um rico e importante bioma que necessita urgentemente de medidas para sua preservação e recuperação. A comissão de frente da escola representará seres imaginários protetores do Cerrado que buscam preservar a fauna e a flora. O figurino dos 15 componentes será inspirado em animais e plantas do Cerrado e cada membro da comissão carregará na parte traseira da fantasia, em harmonia com o figurino proposto, objetos que ao serem reunidos durante a coreografia formarão um grande tatu, um mamífero primitivo que vive no bioma desde o período pré-histórico e é considerado um dos símbolos do Cerrado.

1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: A seca e a chuva: o ciclo milenar da vida
O Cerrado possui duas estações bem definidas e que há milênios são responsáveis pela explosão de vida nesse bioma: a seca (de Maio a Setembro) e o período das chuvas (de Outubro a Abril). A fauna e a flora foram moldadas por gerações, se adaptando às dificuldades decorrentes de cada estação. Na época da seca, algumas árvores como os ipês florescem, atraindo animais responsáveis pela polinização como os morcegos e os insetos. As árvores para enfrentarem os períodos de seca desenvolveram raízes profundas que captam água do lençol freático, localizado a algumas dezenas de profundidade, além de cascas grossas que diminuem a transpiração causada pelo sol escaldante. Já no período chuvoso, as sementes brotam da terra, a vida animal é perpetuada pelos inúmeros nascimentos, árvores frutificam e os rios e córregos aumentam consideravelmente sua vazão. Ambas as estações são essenciais para a sobrevivência dos animais, das plantas e da gente do Cerrado e, harmonicamente, cada uma delas ocupa uma parte do ano. Essa dança harmônica de estações diferenciadas será representada pelo casal de mestre-sala e porta-bandeira: ele simbolizará as chuvas enquanto ela será a seca. A indumentária da porta-bandeira será inspirada na vegetação do Cerrado: as folhas secas, as raízes e a floração das árvores, enquanto  a do mestre-sala será inspirada no movimento da água e nas gotas que vertem do céu e fertilizam o solo seco.





http://pt.wikipedia.org/wiki/Mastodonte

Ala 1: Megafauna do Pleistoceno
Os animais que compunham a megafauna eram caçados pelos homens pré-históricos que habitavam o Cerrado. Essa ala será constituída por três fantasias que, no conjunto, demonstrarão a diversidade da megafauna do período Pleistoceno (cerca de 12.000 anos atrás). Os animais representados em fantasias serão: o megatério (preguiças gigante), os gliptodontes (animais do tamanho de um hipopótamo que possuíam uma carapaça gigantesca e que compartilhavam o mesmo ancestral dos tatus atuais) e os mastodontes (animais semelhantes aos mamutes da América do Norte e Europa e que possuía um ancestral em comum com os elefantes atuais).



Ala 2 - Baianas: Luzia: ancestralidade do povo brasileiro
As matriarcas do samba representarão Luzia, a mais antiga brasileira, cujo esqueleto (de aproximadamente 11.500 anos) foi encontrado na região de Lagoa Santa, Minas Gerais. Luzia possuía traços negroides e é uma importante fonte de estudos para o conhecimento da ocupação humana nas Américas. No chapéu do figurino, a cabeça de Luzia será retratada. Na saia e no pano da costa, haverá a representação de pinturas rupestres do Homem de Lagoa Santa.

Alegoria 1 – Abre-Alas: Luzia e a megafauna do Cerrado
O abre-alas da escola representa a pré-história do Cerrado brasileiro. Em um ambiente hostil, existia uma megafauna composta por herbívoros e carnívoros que conviviam com os “primeiros brasileiros”, o homem de Lagoa Santa que viveu há cerca de 11.500 anos atrás no atual estado de Minas Gerais. Caçando e se alimentando de brotos, frutos e raízes, estes homens possivelmente andavam em pequenos bandos e deixou registrado nas paredes de algumas cavernas da região, sua expressão artística, por nós denominada de pinturas rupestres. A mais famosa representante do homem de Lagoa Santa foi Luzia. O primeiro carro alegórico será constituído por duas alegorias acopladas (1A e 1B) que formarão um mesmo conjunto visual: na alegoria 1A, haverá a reprodução da cabeça dos grandes mamíferos (a megafauna): o megatério, o tigre-dente-de-sabre, o gliptodonte, o toxodon, o gliptodonte e o mastodonte, além da presença da reprodução da vegetação do Cerrado, composta por gramíneas e árvores. Na alegoria 1B será reproduzido no alto do carro o grande rosto de Luzia e seus traços negroides característicos do homem de Lagoa Santa que se “dissolverá” no solo, na vegetação do Cerrado e na escultura de homens de Lagoa Santa que circundarão a alegoria e estarão abaixo da representação da “primeira brasileira”. Na saia do carro, um dos vestígios dos homens do período Pleistoceno: as pinturas rupestres.

2º Setor: O tempo passa... e o Cerrado é o palco de uma das mais importantes páginas da história do Brasil
Esse setor tratará de uma importante página da história colonial brasileira: o período da mineração. Foi nas Vilas de Cuiabá (atual cidade de Cuiabá), Vila Boa (atual cidade de Goiás), Ouro Preto e Mariana, todas localizadas no Cerrado, que grande parte do ouro conduzido para a Europa foi extraído. A descoberta das minas se deu a partir da penetração dos bandeirantes paulistas (mamelucos - filhos de índias e pais portugueses) pelo interior da América Portuguesa, seguindo geralmente os caminhos que os índios demarcavam para se movimentarem pelo sertão. Nesse cenário foram movidas guerras contra os indígenas, objetivando sua captura e/ou extermínio para que braços escravos movimentassem as minas e as terras fossem desocupadas para o trabalho de mineração nos córregos e rios. Posteriormente, aos índios se uniram escravos africanos para o penoso e insalubre trabalho da mineração. O auge da extração do ouro no século XVIII culminou com o período de esplendor do barroco brasileiro representado pelo talento e trabalho de artesãos mestiços responsáveis pela construção e decoração dos templos católicos construídos no período, utilizando algumas vezes, o próprio ouro como material de revestimento.



Ala 3: Índios
A ala representará os grupos indígenas que ocupavam áreas do Cerrado. Foram esses índios que os bandeirantes encontraram nos sertões do atual Brasil central nos séculos XVII e XVIII e que foram dizimados ou capturados como escravos. A arte plumária dos povos Jê (que é símbolo de status para índios deste tronco linguístico) terá atenção especial na fantasia, com os chapéus inspirados em cocares utilizados em rituais dos índios Bororo.

Ala 4: Bandeirantes
Filhos de mães índias e pais portugueses os bandeirantes foram grandes responsáveis pela demarcação de caminhos coloniais, pela queda populacional dos índios, seja por meio de extermínio ou de captura para que tornassem escravos e pela descoberta de ouros e pedras preciosas no Cerrado.


Lavragem de ouro em Itacolomi, MG - Litogravura de Rugenadas, 1827. Fonte: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos-revista/o-preco-do-risco

Ala 5: Escravos das minas de ouro
Índios e africanos foram a força física na extração do ouro nas minas coloniais. A fantasia terá elementos africanos e indígenas, para representarem a mão-de-obra escrava do período da mineração, além das bateias.    


Altar-mor da Matriz de Santo Antônio – Tiradentes (MG): http://descubraminas.com.br/Cultura/Pagina.aspx?cod_pgi=1331 – Foto de Sérgio Freitas
Santo Antônio - Sérgio Freitas
Ala 6: O Esplendor do barroco
Toda em dourado, a fantasia desta ala representará o estilo barroco presente no interior das igrejas católicas do século XVIII de Minas Gerais, cuja execução do minucioso trabalho de hábeis artistas do período colonial no interior desses templos, foi realizada também com o ouro retirado pelas mãos escravas no trabalho incessante da mineração. 

Alegoria 2: Dizimação, exploração e riqueza: a mineração e o barroco
O carro estará dividido em duas partes: na parte dianteira, haverá uma grande escultura do Anhanguera II (o Diabo Velho), descobridor das minas de Goiás, caracterizado com um diabo e carregando em suas mãos uma cuia de aguardente incandescente. A escultura do bandeirante estará cercada por índios Goyá amedrontados, formados a partir do fogo que rodeia Anhanguera. Conta a história que os índios temiam que os rios se transformassem em fogo, conforme o bandeirante havia feito com a aguardente que estava no recipiente e por isso indicaram a Anhanguera, a localização do ouro às margens do Rio Vermelho, em Goiás.  Na parte traseira do carro (toda em dourado) e em toda a parte lateral, haverá esculturas de escravos indígenas e africanos segurando as bateias, instrumento utilizado na mineração. Foram eles os grandes responsáveis pela extração do ouro na então colônia portuguesa. A parte central da segunda parte do carro contará com ornamentos característicos do barroco brasileiro e será inspirado na extraordinária decoração do interior da Igreja Matriz de Santo Antônio em Tiradentes (estado de Minas Gerais).

3º Setor: O povo do Cerrado: origem plural, riqueza singular
O povo do Cerrado foi formado a partir da união de índios, brancos e negros, não diferindo da formação da população brasileira como um todo. A partir do conhecimento do ambiente pelos indígenas, posteriormente repassado por meio de diferentes contatos para negros e brancos, uma população se configurou em harmonia com o ambiente, conhecendo suas estações, o momento certo para o plantio e colheita, o solo, os animais, as plantas e as potencialidades que o bioma proporciona a partir do extrativismo e da coleta de produtos de origem vegetal. Foram então se formando comunidades tradicionais com traços característicos, como os quilombolas, os geraizeirosvazanteiros, ou a reunião de grupos que possuíam o mesmo tipo de interesse a partir do desenvolvimento de uma atividade econômica, como as quebradeiras de coco babaçu e as artesãs do capim dourado.

Ala 7: Quilombolas
Representa as comunidades quilombolas formadas a partir da fuga de escravos nos séculos XVIII e XIX e que atualmente lutam pelo reconhecimento e pela demarcação de suas terras.


Quilombolas: http://www.cerratinga.org.br/populacoes/quilombolas/ - Foto de: DoDesign-s

Ala 8 – Bateria: Geraizeiros
Os geraizeiros vivem às margens do Rio São Francisco em Minas Gerais, praticando a agricultura em encostas e vales do Cerrado. Vivendo em comunidades solidárias, possuem um vasto conhecimento das características do bioma. Seu nome deriva do termo “Gerais”, que era utilizado pelos antigos moradores para designar o Cerrado.


Artesã do capim dourado: http://static.coto.me/image/11/11325-tarcisio-lima.jpg - Foto de Tarcísio Lima

Ala 9 - Passistas: As artesãs  e o capim dourado
Passistas Masculinos - Fantasia: O capim dourado
O capim dourado é a haste de uma planta (a sempre-viva) endêmica do Cerrado e que como o próprio nome menciona, possui a cor dourada.
Passista Feminino - Fantasia: As artesãs
Colhido, o capim dourado, a partir de técnicas de confecção de origem indígena e que foram repassadas de geração em geração, é transformado pelas mãos de hábeis artesãs em uma variedade de produtos como pulseiras, brincos, chapéus e bolsas, gerando renda e sustento para inúmeras famílias.

 Tripé 1: Agricultura familiar
O tripé representa a agricultura familiar que responde por cerca de 70% da produção de alimentos no Brasil. Aliando agricultura e pecuária às práticas extrativistas, e contrária à exploração irracional e destruição do Cerrado e ao uso de agrotóxicos, a produção agrícola familiar se aproxima cada vez mais de práticas agroecológicas que assim, permitem a preservação do bioma. Consistirá em duas grandes esculturas de um homem e de uma mulher, vestidos para o trabalho no campo: ele com uma enxada e ela com uma cesta de produtos hortifrutigranjeiros. A base do tripé será uma horta e contará também com a escultura de um espantalho.



Ala 10: Vazanteiros
Os vazanteiros representam uma das comunidades tradicionais que habitam o Cerrado. Eles vivem nos barrancos dos Rios Araguaia, Tocantins e São Francisco e possuem como uma de suas atividades principais para a sobrevivência, a prática da pesca, feita com linha e anzol ou com rede. Como povos ribeirinhos, utilizam constantemente os barcos para se deslocarem. São também agricultores.


Quebradeiras de coco babaçu: http://www.cerratinga.org.br/populacoes/quebradeiras/ - Foto de Peter Caton

Ala 11 – Ala das Damas: Quebradeiras de coco babaçu
Cerca de 300.000 mulheres vivem da prática extrativista de coleta e quebra do coco babaçu no Brasil. Nos babaçuais do Cerrado, em grupos e com cestos na cabeça, elas vão coletando o coco que posteriormente será quebrado e que servirá de alimento ou será utilizado para a fabricação de sabão, azeite ou farinha. Da palha do babaçu são confeccionados cestos. As quebradeiras de coco babaçu simbolizam a luta pela preservação da natureza e do livre acesso aos babaçuais (cercados por agropecuaristas inconscientes que tentam impedi-las de realizar a coleta).

Alegoria 3: O Cerrado e sua gente
A alegoria número 3 representará as comunidades tradicionais que vivem no Cerrado e que conhecem como ninguém a fauna e principalmente a flora, útil para a sobrevivência por meio da coleta e do extrativismo, como alimentação, fabricação de remédios ou mesmo para a produção de artesanato. O carro consistirá em esculturas que levarão em suas mãos, produtos do cerrado: um índio (trazendo em sua mão as plantas medicinais), um quilombola (com um saco de farinha de mandioca), um geraizeiro (com grãos), a artesã (o artesanato de capim dourado), o vazanteiro (com peixes) e a quebradeira de coco babaçu (com uma cesta com o coco babaçu). A saia do carro será toda em fibra vegetal trançada, representando o artesanato das comunidades tradicionais.

4º Setor: Ritmos, festas e danças da gente do Cerrado
A gente do Cerrado, a partir de elementos da cultura indígena, africana e portuguesa, criou e atualmente busca preservar, diferentes formas de manifestações culturais como danças, festas religiosas e a música. São manifestações que fortalecem vínculos sociais entre as comunidades. Nas festas e danças, a presença da música produzida por violeiros e suas violas (objeto de influência portuguesa) é marcante. Entre as festas da gente do cerrado, a Folia de Reis é bastante presente no mês de janeiro e nas danças, a catira e a sussa ou sússia (praticada por comunidades quilombolas) são preservadas e ensinadas aos mais jovens para que a cultura do homem do Cerrado seja preservada.



Ala 12: Folia de Reis
Festa de origem portuguesa e trazida para o Brasil durante o período colonial celebra o nascimento do menino Jesus. Trajando roupas coloridas e utilizando instrumentos musicais enfeitados com fitas, os participantes da folia entoam versos que tratam no nascimento de Jesus Cristo e percorrem casas nas cidades ou nas áreas rurais, levando consigo a bandeira, uma representação dos três Reis Magos e de Jesus Cristo. Posteriormente, uma grande festa é realizada para a socialização da comunidade que contribuiu para a realização da folia. 



Ala 13: Catira
Também chamada de cateretê, sua origem é controversa: alguns pesquisadores dizem que é indígena enquanto outros, portuguesa. Na época do Brasil colonial era dançada para os santos de devoção em agradecimento pela farta colheita. Consiste em uma dança ao som de uma viola em que os dançarinos devidamente trajados (com camisa xadrez, calça, botina, chapéu de aba larga e lenço no pescoço) e dispostos em duas fileiras, seguem uma coreografia que une o ato de bater palma e o sapatear ao ritmo do instrumento musical (a viola).  



Ala 14: Sussa
É uma dança de influência africana, praticada por comunidades quilombolas do Tocantins. Ao som de instrumentos musicais como caixa, sanfona, pandeiro e viola, as mulheres trajando saias coloridas de chita, a partir de passos sapateados, dispostas em uma formação semelhante ao samba de roda, fazem seus giros equilibrando garrafas de cachaça na cabeça. É uma dança feita para o pagamento de promessas, como uma boa colheita por exemplo.



Ala 15: Congados
Auto popular de influência africana, o Congado é a síntese do encontro do modelo religioso do “branco” (o católico) com a capacidade adaptativa e de recriação do negro. Na manifestação cultural e religiosa, os Santos da Igreja católica (Nossa Senhora do Rosário, São Benedito, Santa Efigênia e Nossa Senhora Aparecida) são reverenciados ao som de ganzá, pandeiro bumbo e viola. Divididos em pequenos grupos (ternos) o clímax da manifestação se dá com a coroação do Rei Congo.  

Ala 16: Moda de viola:
É o som que está presente em grande parte da manifestação da cultura dos povos do Cerrado. Influência portuguesa, geralmente é cantada em duas vozes (dois cantores) acompanhados da viola e em tom recitativo (contando uma história, geralmente abordando a vida cotidiana das comunidades rurais do Cerrado).

Alegoria 4: Manifestações culturais da gente do cerrado
A alegoria, bastante colorida, representará as manifestações culturais dos moradores do cerrado (danças, festas e música). Acoplado ao carro, dois tripés com 6 esculturas de dançarinas de sussa com saias floridas que se movimentarão em círculos. O carro contará com escultura dos participantes da Folia de Reis (foliões, mestre, bandeireiro e palhaços) dispostos de forma uniforme, em cortejo, com trajes característicos e os instrumentos musicais enfeitados com fitas coloridas. Atrás destas esculturas, a representação em proporção maior, dos Três Reis Magos carregando cada um deles os presentes ofertados ao Menino Jesus. Após a escultura dos Reis Magos, compondo a parte traseira da alegoria, inúmeras violas com fitas multicoloridas, representarão a música que anima as festas e as danças. A saia do carro será toda confeccionada em chita e fitas coloridas.

5º Setor: No imaginário do povo do Cerrado, as lendas contadas de geração em geração
As lendas são passadas de geração em geração, geralmente pelos membros mais velhos de uma família ou de uma comunidade. Os moradores das comunidades tradicionais do Cerrado preservam algumas lendas, como a bela lenda do pequi, importante fruto utilizado na alimentação e que gera também renda a partir de sua venda. Muitas lendas são ligadas ao ambiente fluvial (dos rios) como o Minhocão a Mãe D’Água e o Caboclo ou Negro D’Água. Tem também a lenda de um ser assustador chamado Arranca-Língua. Alguns moradores que fazem questão de contar as lendas do Cerrado juram que esses seres existem e que se deve ter muito cuidado para não enfurecê-los, inclusive ensinando técnicas para evitar o contato.




Ala 17 – Baianinhas: Lenda do Pequi
Conta a lenda que uma índia teve um filho (Uadi) que foi levado ao céu por Cananxuié (o senhor de tudo). Cananxuié então, diz para a índia que para compensar a perda de seu filho, nasceria de suas lágrimas, uma árvore frondosa com flores e frutos cheirosos. Dentro de cada fruto de casca verde, haveria caroços com uma polpa dourada, a cor dos cabelos de Uadi. Mas no interior de cada um desses caroços haveria uma semente com muitos espinhos, que simbolizaria a dor do coração da mãe de Uadi. O pequi então, de aroma e gosto bastante tentador, tornaria inesquecível a quem o provasse, dourando todos os alimentos que a ele forem misturados.

Ala 18: Arranca Língua
Nas noites escuras do Cerrado, um ser chamado Arranca-Língua sai em busca de suas vítimas e de seu principal alimento: a língua de bois, porcos, cabras e até mesmo de gente. Segundo a lenda contada pelos moradores do Cerrado, o Arranca-Língua se assemelha a um grande gorila.



Ala 19: Caboclo ou Negro D’Água
O Caboclo D’Água ou Negro D’Água é um ser que habita as margens dos rios. Criatura aquática é descrito de diversas formas. Possui mãos e pés de pato, com cabeça grande e uma aparência assustadora. Aparece para pescadores e canoeiros no fim da tarde ou nas noites de luar com o intuito de viras as embarcações.

Ala 20: Mãe D’Água
A Mãe d’Água é uma sereia que habita o Rio São Francisco (o Velho Chico) e que sai de suas águas no momento em que o rio para de correr para procurar uma canoa para pentear seus cabelos.

Ala 21: Minhocão
O Minhocão é uma serpente gigantesca que com seu movimento por debaixo da terra, destrói cidades e casas, escava grutas, assusta pescadores e moradores ribeirinhos e também naufraga barcos. A ala consistirá em uma gigantesca serpente, cujo corpo será movimentado pelos integrantes da ala.

Alegoria 5: Lendas do Cerrado
Três lendas do Cerrado estarão representadas na alegoria 5, especialmente as que são contadas por povos ribeirinhos e que por isso tem os rios caudalosos como importantes cenários. A alegoria transmitirá o clima de mistério e consistirá em uma imensa escultura de um Minhocão enrolado em si mesmo e furioso. A saia do carro contará com a representação de peixes que vivem nos rios do Cerrado, como o dourado, o pacu e o surubim. No entorno da grande serpente, esculturas de sereias representando a Mãe D’Água. No centro da alegoria, (ladeado pelo corpo do Minhocão) haverá a reprodução das águas revoltas dos rios causada pela movimentação da grande serpente e sobre essas águas haverá um barco. Atrás desta embarcação, a escultura do Caboclo ou Negro D’Água enfurecido, tentando amedrontar e virar a embarcação.  

6º Setor: O homem observa, conhece e (re)ocupa o Cerrado
O solo do Cerrado até a década de 1970 era considerado pouco produtivo. Com o advento de técnicas avançadas como a adubação química, os produtos corretores de acidez de solo e o melhoramento genético de sementes, áreas de Cerrado que até então eram desprezadas, passaram a despertar o interesse de agropecuaristas. O cultivo e a criação de animais em áreas do Cerrado atualmente contribuem significativamente para o abastecimento de produtos de origem animal e vegetal do país. Paralelamente a essa expansão, árvores foram cortadas e queimadas, sendo transformadas em carvão. Animais foram caçados ou mortos pelas queimadas para a abertura de fazendas. Ou seja, o custo para a produção agropecuária no Cerrado foi alto, com a destruição da natureza. Mas hoje, agropecuaristas conscientes buscam preservar áreas de mata, replantando árvores nativas, protegendo nascentes de rios e córregos e optando pela agricultura orgânica que cresce em ritmo constante, buscando o equilíbrio e o respeito à natureza.


Pecuária: http://www.cpac.embrapa.br/noticias/noticia_completa/14/ - Foto de Gustavo Porpino



Agricultura: http://www.ecoticiasbrasil.com/noticia/uso-e-cobertura-da-terra-no-cerrado-sera-pound-o-mapeados-pela-embrapa_1372

Ala 22: Agropecuária
O Cerrado abastece o Brasil de produtos de origem animal e vegetal: cerca de 40% da produção de carne e leite e 25% do que o país produz de grãos, são originários de fazendas estabelecidas no Cerrado.


Nascente do Rio São Francisco: http://www.infoescola.com/geografia/rio-sao-francisco/ - Foto: Luciano Queiroz / Shutterstock.com



Ala 23: Águas do Cerrado
Os rios do Cerrado são responsáveis pela irrigação de lavouras e pelo abastecimento de cidades, além de gerarem energia elétrica. Cerca de 9 entre cada 10 brasileiros consomem energia elétrica produzida a partir da água de rios que nascem ou percorrem o Cerrado. Das 12 grandes regiões hidrográficas brasileiras, 8 recebem água de rios que nascem no Cerrado. O rio São Francisco, um dos mais importantes do país, nasce no Parque Nacional da Serra da Canastra, criado para a preservação do bioma.



Tripé 2: Destruição do cerrado
O cerrado continua a ser destruído de muitas formas: queimadas e derrubadas de árvores para a abertura de fazendas e produção de carvão, a coleta extrativista realizada de forma irracional, a pesca e a caça, os incêndios florestais nos Parques Nacionais e a criação de barragens, contribuíram e contribuem ainda para um panorama que merece atenção de todos: resta atualmente cerca de 50% da cobertura original do cerrado brasileiro. É necessário conscientizar o homem para a preservação desse importante bioma. O tripé consistirá na reprodução de uma grande mata em chamas e no seu entorno, a representação de diferentes tipos de animais em fuga.


Araticum:
http://ambientes.ambientebrasil.com.br/biotecnologia/artigos_de_biotecnologia/frutas_nativas_do_cerrado%3A_qualidade_nutricional_e_sabor_peculiar.html – Foto de Tânia Agostini Costa








Murici: http://www.saudedica.com.br/os-9-beneficios-do-murici-para-saude/

Ala 24: Cores, aromas e sabores do Cerrado
A fantasia da ala será formada pela reprodução de frutos do Cerrado que podem ser consumidas de forma natural ou processadas e transformados em sucos, doces, geleias, licores, sorvetes, pães, bolos e demais produtos. São típicos do bioma, frutos como o araticum, o baru, o murici, o jatobá, o bacuri e o babaçu.


Ala 25: Plantas que curam: o conhecimento tradicional, a fitoterapia e a alopatia
O conhecimento das plantas, passado de geração em geração por centenas de anos, chega aos dias atuais conservado e ensinado por membros das comunidades tradicionais (os chamados raizeiros e raizeiras) que habitam o Cerrado e que produzem garrafadas, xaropes, chás e emplastros. Um conhecimento que provém do saber indígena e africano. Plantas como o barbatimão, o cajueiro do campo e o pacari são excelentes cicatrizantes; o algodãozinho é um potente anti-inflamatório com propriedades para curar a dor de ouvido; a batata purga combate vermes, alergias e inflamações; o buriti combate doenças do coração, a tosse e problemas de pele enquanto o velame é usado para combater problemas respiratórios e o reumatismo. Cientistas passaram a estudar as propriedades medicinais dessas plantas do Cerrado muitas vezes a partir do conhecimento e da informação das comunidades tradicionais, buscando substâncias que podem ser transformadas em medicamentos para a cura de doenças.

Ala 26 – Velha Guarda: Os cientistas do Cerrado
A velha guarda, cujos membros detêm o conhecimento e a sabedoria, representará os cientistas que pesquisam o bioma Cerrado.

Alegoria 6: A exploração sustentável: elemento-chave para a preservação do bioma
O carro 6 tratará da utilização do cerrado pelo homem moderno. A saia do carro consistirá de engrenagens de diferentes tamanhos, uma alusão à mecanização do Cerrado. No entorno do carro, tubos de ensaio de diferentes tamanhos com plantas germinando representarão o melhoramento genético de vegetais. No centro do carro, a caricatura do homem do campo com um ramo de capim na boca, chapéu, blusa xadrez e calça, juntamente com uma vaca leiteira e um bando de seriemas, aves típicas do cerrado (todos com uma expressão bem humorada), que representará a consciência de parte dos agropecuaristas pela preservação do bioma. No entorno das esculturas, sacos de grãos produzidos no Cerrado (café, soja, milho, arroz e feijão).

7º Setor: A (bio)diversidade: riqueza e o risco iminente da extinção
O 7º setor representará a riqueza da fauna e da flora do cerrado: são cerca de 12.000 espécies de plantas, 6.700 de invertebrados, 1.200 espécies de peixes, 837 de aves, 199 espécies de mamíferos, 180 de répteis e 150 de anfíbios. Procura abordar também a necessidade de conservação do bioma a partir da conscientização dos brasileiros para a preservação do Cerrado, tendo importante papel a criação dos Parques Nacionais e o turismo consciente.

Ala 27: O turismo que preserva
Buscando a preservação do bioma Cerrado, foram criados os Parques Nacionais, ótimos espaços para o turismo consciente. Alertados para a necessidade da preservação do bioma, aos turistas é permitido vivenciar cada momento junto à natureza, levando consigo, além da contemplação de um ambiente com uma beleza ímpar, apenas as fotografias que eternizam um momento importante de comunhão entre o homem e a natureza. Preservação sem destruição!



Ala 28: O lobo-guará
É o maior canídeo da América do Sul e parente dos lobos selvagens e cachorros domésticos. É um animal de pelagem laranja-avermelhada de hábito solitário e que não apresenta como um perigo para os humanos por ser bastante tímido e desconfiado. Encontra-se ameaçado de extinção pela caça e por atropelamentos, quando saem das áreas dos campos e matas se dirigindo para as estradas que cortam o Cerrado.



Ipê branco: http://www.plantei.com.br/muda-de-ipe-branco-aproximadamente-60-cm-pr-392-350075.htm

Ala 29: Ipês em floração
No período da seca (de Maio a Setembro), quando as gramíneas encontram-se secas e algumas árvores perdem suas folhas, o Cerrado explode em vida com a floração dos ipês (rosas, brancos e amarelos) que atraem diversas formas de vida animal, como os insetos e morcegos. Esta ala contará com a representação de ipês das três cores citadas, possibilitando a visualização do espetáculo da floração que colore de forma ímpar o Cerrado brasileiro.


2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Morceguinho-do-Cerrado e as flores
O casal bailará no desfile representando o encontro entre o morceguinho-do-cerrado e as flores que desabrocham nas noites nesse bioma. O animal é endêmico (ou seja, só ocorre no Cerrado) e um dos animais responsáveis pela polinização de flores e consequentemente, pela formação de frutos que são alimento para animais e o homem. Encontra-se ameaçado de extinção devido à destruição do Cerrado. As flores do cerrado como a dos ipês e a do jatobá, perfumam e colorem o ambiente, atraindo além de morcegos, outros insetos. 



Ala 30: A ema
No desfile, a imponente ema será a representante das aves do Cerrado. É considerada a maior ave das Américas e o animal mais rápido que vive nesse bioma. Andam em bandos e são animais onívoros.


Buriti: http://www.achetudoeregiao.com.br/arvores/buriti.htm

Tripé 3: O buriti
O tripé representará um terreno alagadiço comum no cerrado, com plantas características do ambiente e o buriti, uma palmeira que indica água nos locais em que vegeta e que pode chegar a crescer até 30 metros de altura. Das fibras retiradas das folhas, as populações indígenas e não-indígenas fabricam cestos, chapéus, cordas e esteiras. As folhas também são empregadas para a cobertura de casas. De seus frutos são feitos suco, vinho, doce e óleo.

Ala 31: O macaco bugio
Também chamado de Guariba, é um macaco que habita as matas do Cerrado. Possui coloração que vai do vermelho ao preto. Alimenta-se de frutas e folhas e é conhecido por emitir um forte grito ao amanhecer para demarcação do território. Com a destruição do ambiente em que vive, encontra-se ameaçado de extinção.



Ala 32 – Ala das crianças: O cajueiro do campo
É uma variedade de caju nativa do Cerrado. Menor que o caju convencional, possui frutos que variam entre as cores amarela e vermelha. De sua castanha (que é o verdadeiro fruto) os moradores extraem óleo com poderes medicinais (é cicatrizante e antisséptico) sendo o pseudofruto consumido em sucos, doces, geleias ou ao natural, servindo também de alimento para os animais.


Arara-canindé: http://www.projetoarara.com.br/pereira-barreto/arara-caninde/

Alegoria 7: A fantástica e exuberante flora e fauna do Cerrado
Todo em tons verdes, a base do carro será a representação do dorso de um imenso tamanduá-bandeira (cabeça, costas e a parte traseira do carro será a imensa e característica cauda do animal). Sobre o dorso da escultura do tamanduá, no centro do carro, haverá a representação de um grande pé de pequi com frutos. Ao redor do pequizeiro, haverá esculturas de grandes cabeças de animais do Cerrado (arara-canindé, carcará, lagarto teiú, jacaré, anta, onça parda) e também em menor tamanho, de flores e insetos voadores como borboletas e as abelhas indígenas. A parte traseira da alegoria, em tom humorado, consistirá na caricatura de um turista trajando bermuda e camisa florida, fazendo uma “selfie” com uma ema, um papagaio galego e um tucano, ambos risonhos, representando o turismo consciente e que preserva o meio-ambiente.



Ala 33: A música do Cerrado (Compositores)
Encerrando o desfile, a ala de compositores da escola representará a música do Cerrado produzida pelas aves canoras que habitam o bioma.
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Número de alegorias: 7
Tripés: 3
Número de alas: 33
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Identificação: Robert
E-mail: rmmineiro@hotmail.com

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