“Respeite a
majestade da minha coroa”
INTRODUÇÃO:
Eis a nossa Imperatriz, rainha de Ramos,
que leva esta alcunha graças à sua portentosa coroa bordada e bem trabalhada no
centro de seu pavilhão. Nosso símbolo maior então se torna, neste carnaval, a
personagem principal do nosso desfile.
Desde os primórdios, há necessidade de o
homem criar seus ídolos, manifestando o desejo da perfeição. Elegemos os
líderes religiosos, reis, rainhas, imperador, imperatriz, numa batalha de
poderes e força. Detém a coroa quem é vencedor, quem é especial. Assim como há
os coroados celestes, deuses e anjos abençoando nossa escola, reinando
esplendorosa no reino de Momo.
E assim ela vem, a rainha de Ramos,
trazendo todas as histórias, as festas, os jogos, os reis abstratos, os reis da
natureza, as batalhas, as conquistas, as riquezas, as joias, ou seja, tudo
aquilo que esse símbolo maior do poder trás através da história.
Portanto, que chore o cavaquinho
imperial, entre na corte do carnaval e respeite a majestade da minha coroa,
coroando a história desse símbolo imortal.
SINOPSE:
“Surgem
os tamborins, que emoção”, mais uma vez é carnaval, está aberto o reino da
alegria a esta criação. O Momo recebe a chave da cidade e lá de longe alguém
anuncia: ”o rei mandou cair dentro da
folia”. Façamos então nossa reverência a ela, esta joia que estampa nossa
bandeira; a ela, que tem formatos de diversas maneiras; a ela, que brilha com
ouro, prata, pedras e muito mais; a ela, que adorna as cabeças reais; a ela,
que está representada no céu, na terra, nas florestas; a ela, que também está
nos jogos, nas representações religiosas e nas festas. Seja onde for. Se se
reverencia ou se abençoa, no sagrado ou no profano, lá está ela, a majestosa
coroa.
Não se sabe exatamente quando as coroas
foram criadas. O que se sabe é que desde os primórdios, os homens elegem seus
representantes e têm na coroa o símbolo máximo do poder. Algo místico, divinal,
estabelecido pelo contato com o sobrenatural. Poder esse que exerce sobre nós,
o carnaval. Poder que a nossa rainha de
Ramos detém, apresentando sua coroa em todos os carnavais. “Linda, majestosa, tão querida, ela se agiganta e encanta a avenida”. É a nossa representação! Nosso amuleto!
Símbolo maior da nossa escola! Orgulho desta nação!
Com a bênção de vários baluartes, que
hoje formam a nossa velha guarda, e apadrinhada pela coroa do Império Serrano,
a Imperatriz é criada. E em sua bandeira, ela, a coroa dourada. Nascíamos com a
bênção dos deuses do carnaval. Que felicidade! Escola coroada vencedora por
oito anos, diante de seus mais de 50 anos de idade.
A coroa também é representada como
símbolo do sagrado, da iluminação. O reino dos céus. Reino de anjos com
auréolas, do espírito santo abençoado. Reino este que há mais de 2.000 anos
atrás nos enviou um presente, um menino que nasceria para reinar sobre a Terra
e invocar a paz. Guiados por uma estrela cadente, os reis Magos seguiram até a
manjedoura de um simples lugar. O rei que o céu enviou a Terra viveu sua vida
em prol da fraternidade, guiando-nos a um melhor caminhar. Mostrou-nos que não
estamos sozinhos. Mas foi afrontado,
desacreditado, terminando crucificado com uma coroa de espinhos.
A coroa também representa o poder do
homem sobre os outros homens. Forte e poderoso, o homem tirou a coroa do
sagrado e a vestiu. Surgiram os impérios (China, África, Roma,...) com suas
diversas coroas. O cacique com seu cocar, o faraó com sua coroa egípcia, foram
os primeiros. Com eles vieram também os
guerreiros. Os samurais, os gladiadores com seus elmos protetores. Surgiram os
líderes religiosos e sua coroa papal. Os homens batalhavam pelo poder e faziam
da coroação um sagrado ritual. Os feitos heroicos eram condecorados. A coroa de
louros fez-se um marco. Os deuses do Olimpo estavam ali representados.
Na Idade Média, castelos imponentes são
construídos, dividindo os reinados. Brasões foram criados, demonstrando a
dinastia de cada região. Leste, oeste, sul ou norte. As lutas medievais e os
símbolos monárquicos se tornavam cada vez mais fortes. Os reinos eram temidos e
caçava-se até dragões. Artefatos bélicos eram aprimorados. Mas tinham nos bobos
da corte uma das poucas diversões. As coroas ficavam maiores, mais bonitas e
formosas. Mais imponentes e recheadas de ouro, prata e pedras preciosas. As coroas
eram mais importantes que as rainhas majestosas.
E aqui no Brasil? Foi por causa de uma
fuga que a coroa veio pra cá. O medo do Imperador Napoleão fez a família Real
no Rio de Janeiro desembarcar. E o que se viu? Um rei bufão e uma rainha
exagerada. Um futuro Imperador da nação. Mas e a Imperatriz? Essa chegou
depois, casada por procuração. E por aqui, por algum tempo, reinaram a fio.
Durante esse período uma imagem foi achada num rio. Era Nossa Senhora, de
argila, venerada em um altar de madeira. Coroada pela Princesa Isabel, virou
nossa padroeira.
“Liberdade,
liberdade, abra as asas sobre nós”. A monarquia não mais presta. E aos
poucos se foi dando lugar a outros reinados. Nosso país tornou-se o império das
festas. Do congado, do reisado, do samba. No país do carnaval, fez-se a corte
de bambas. Sensacional! Blocos, corsos, cordões. Escolas de samba. As coroas
tomando conta de vários pavilhões. Malandros coroados com seus chapéus,
conquistando paixões! E o povo brincava também nos salões! Dá a chave para o
dono. É carnaval, reinado de Momo se fez. Mas há também outras rainhas, outros
reis. Rei do cangaço, rei do baião, rei do rock, rei sol. Rei na barriga, rei
da selva, rei do futebol. Rainhas do funk, rainha da bateria, rainha do mar.
Reis e rainhas que o povo assim quis. Não podemos esquecer também da coroa de
miss.
Como bons observadores, podemos ver que
tem coroa aqui, ali, em tudo quanto é lugar. Tem a coroa dentária. Tem a coroa
do abacaxi. Tem a coroa de flores para quem partir. Tem coroa nas princesas
infantis. Tem até aquela panela velha que faz comida boa.
Cara ou coroa? É sua vez. De brincar de
baralho ou de xadrez, não importa o que o reizinho mandar. Nos jogos a coroa
também se fez. E continua a se fazer, bom à beça. O jogo que mostra nosso
verdadeiro poder. Da coroa que temos dentro de nossa cabeça.
Então, “ao longe faz se ouvir”. Estão abertas as portas deste reino chamado
Sapucaí. Escutem o que o povo diz: “Quem
não sabe o que é amar não sabe o que é ser feliz, quem não sabe o que é sambar,
não sabe o que é Imperatriz”. O cavaquinho imperial chora de alegria. E o
intérprete anuncia. Respeite a majestade da minha coroa. E seja mais um rei
nesta folia.
DESENVOLVIMENTO:
1º
setor – Nossa
coroa, nossa história
Comissão de frente: Rainhas de Ramos
Relembrará
a ousada comissão de frente dos anos 70 composta apenas por mulatas,
substituindo os eternos baluartes da velha guarda. Aqui, elas serão as rainhas
de Ramos.
MS/PB (1º CASAL): De mãe para filho
A
madrinha, Império Serrano, dá sua bênção e batizam a mais nova escola de samba
da Leopoldina. A porta bandeira representará a coroa, símbolo também do Império
Serrano. O mestre sala representará os outros símbolos do pavilhão, a estrela e
a faixa verde.
1ª ala: VELHA GUARDA – Oito vezes coroada
Bem
vestidos, homens de terno verde e mulheres de branco, todos com o número 8 nas
costas, dourado, comemorando os 8 títulos coroados de nossa escola.
2ª ala: ALA DOS COMPOSITORES – Liberdade,
liberdade!
A
coroação de um samba enredo por sua ala de compositores.
1º
CARRO: COROA DA IMPERATRIZ
Uma
coroa dourada, símbolo da nossa escola.
2º setor –
Coroação dos céus (ideia de elevação, iluminação)
3ª ala: BAIANAS: NUVENS
O
reino dos céus. Todas de branco, com azul celeste.
4ª ala: ANJOS
Auréolas
- coroas divinas. Rende-se também uma homenagem barroca aos anjos de Rosa
Magalhães. Fantasia branca, com tons rosados.
5ª ala: DIVINO ESPÍRITO SANTO
Coroa
abençoada. Estandarte, representando o divino espírito santo. Branco, com tons
de azul mais escuro.
6ª ala: REIS MAGOS (presentes para o menino)
Coroação
do menino. Reproduzindo as túnicas dos reis magos, misturando-se os três na
mesma ala. Fantasias em tons de azul, verde claro e vermelho.
TRIPÉ:
PRESÉPIO
Todo
em palha, com uma estrela em sua parte superior, havendo uma interação com a
ala dos Reis Magos à sua frente.
7ª ala: CRUZ
Coroação
da vida. Inspirado no filme “o pagador de promessas”, representando a vida
coroada de Jesus. Tons de vermelho e cáqui.
8ª ala: A MALDADE
Coroa
de espinhos. Ala em tons marrons, representando a maldade.
2º
CARRO: A RESSUREIÇÃO DE CRISTO
Carro
inspirado na Capela Sistina. A ligação do homem com o reino dos céus. A coroa
representada como símbolo de adoração.
3º
setor – O homem no poder
9ª ala: REI DAVI
Coroa
judaica. Fantasia em tons de azul com um estandarte representando a estrela de
Davi.
10ª ala: CACIQUE
Coroa
indígena. Grandes cocares em tons de preto e vermelho. Homenagem ao bloco
Cacique de Ramos.
11ª ala: REI IORUBÁ
Coroa
africana. O reino de Ifé. Fantasia pele de onça.
12ª ala: FARAÓS
Coroa
egípcia. Inspirada nos faraós, com seu adorno na cabeça, a barba pontiaguda.
Dourada e preta.
13ª ala: SAMURAI X GLADIADORES
Coroa
protegida pelos guerreiros. Ala coreografada movimentos de lutas de espadas.
Samurais representados pela figura do guerreiro samurai e gladiadores com seus
elmos, escudos e espadas. Predomínio do dourado e do vermelho
14ª ala: MITRA
Coroa
papal. Túnica branca e com tons de vermelho.
15ª ala: LOUROS DA VITÓRIA
Coroa
de louros. Os atletas gregos. Tons brancos e verdes.
3º
CARRO: O OLIMPO
Representação
do Olimpo, o Partenon. Cores mais rústicas. Elemento alegórico vivo, inspirado
nas pinturas gregas, simbolizando os esportes olímpicos.
4º
setor: A Idade Média
16ª ala: EMBLEMAS (reinos)
As
coroas como símbolos das famílias e das cidades. Diversos brasões. Cores
selecionadas entre o vermelho, o amarelo e o preto.
17ª ala: CASTELOS
A
morada da coroa. Torres empurradas por rodinha nas periferias e entre elas, personagens
de teatro medieval.
18ª ala: BATERIA: CAVALEIROS MEDIEVAIS
Os
protetores da coroa. Tons de verde.
19ª ala: PASSISTAS: REIS E RAINHAS
Diversão da coroa. Fantasias
quadriculadas em tons de verde.
20ª ala: PEDRAS PRECIOSAS
Adornos da coroa. Tons coloridos, entre
verde, vermelho e amarelo brilhantes.
21ª
ala: PRATA
Adornos
da coroa. Fantasias com grande estandarte prateado.
22ª
ala: OURO
Adornos da coroa. Fantasias com
estandarte de penas pontudas de um brilhante dourado.
4º
CARRO: DRAGÃO
Um
grande dragão colorido, com papel espelhado em vermelho e amarelo.
Representação da soberba e da imponência que a coroa exercia na época medieval.
5º
setor: A coroa no Brasil
23ª ala: Portugal: Família real
A
coroa portuguesa. Estandarte com o símbolo da coroa. Tons verde e vermelho.
24ª ala: Napoleão e a fuga
O
imperador expulsa a coroa. Tons azuis e vermelhos.
25ª ala: A quinta da boa vista
A
casa da coroa no Brasil. Tons de verde.
26ª ala: Carta de procuração pelo casamento
entre D. Pedro e Leopoldina
A
coroa da Imperatriz. Leopoldina vem ao Brasil. Tons de bege.
2º casal de MS/PB; D. Pedro I e Leopoldina
Os
imperadores. Fantasias em tom de verde.
27ª ala: A coroação de D. Pedro
A
coroação do líder. Inspirado na obra de Debret. Tons de verde e amarelo.
28ª ala: Princesa Isabel
Coroação
da libertação dos escravos e da bênção da santa. Fantasia azul esverdeada.
5º
CARRO: COROAÇÃO DA NOSSA SENHORA – PADROEIRA DO BRASIL
O
achado no rio Paraíba do Sul. Pescadores com suas redes acham a santa padroeira.
Velas que acenderam e apagam sozinhas em seu altar. O carro vai representar
tudo isso. Velas gigantes, a figura em argila representando Nossa Senhora e o
barco de pescador.
6º setor: Reinado do povo
29ª aula: Congado
Coroa
do escravo. Chico rei. A lenda do escravo que levava ouro nos cabelos, fazendo
dele um rei. Grandes perucas brilhantes.
Ala negra de capoeiristas coreografada.
30ª ala: Reisado
Coroa
de fitas. Fantasia de chita e suas fitas.
TRIPÉ. BONDE
31ª ala: Cordões
A
corte carnavalesca. Pierrô, colombina, arlequim, Momo, Zé Pereira, Clóvis. Homenagem ao bloco Bola Preta.
32ª ala: MALANDROS
Reis
da rua e suas coroas em forma de chapéus. Terno branco e gravata vermelha. Zé
pelintra.
33ª ala: BANDEIRAS COROADAS
Coroa
de bamba. Bandeiras de escolas com suas respectivas coroas (Imperatriz, Império
Serrano, Mangueira, Vila Isabel, Santa Cruz, Grande Rio, Viradouro, Paraíso do Tuiuti, Tradição, Vai-vai,
Imperador do Ipiranga, Imperadores do Samba).
6º
CARRO: O REI MOMO (reis e rainhas do povo)
O
maior rei da nossa festa, que com sua coroa ordena para cairmos na folia. Nesta
festa carnavalesca, um grande salão com os vários reis eleitos por nós - Elvis,
Pelé, Roberto Carlos, Luiz Gonzaga, Lampião, Elizabeth, Iemanjá, etc. Além das
rainhas de carnaval e as misses.
7º setor –
Vários outros tipos de coroas
34ª ala: O SOL
Coroa
solar. O rei do Universo. Fantasia laranja e vermelha.
35ª ala: O ABACAXI
Coroa
de fruta. Carmem Miranda.
36ª ala: ALA DAS CRIANÇAS - O DENTE
Coroa
dentária. Uma fantasia inteira em formato de dentes.
37º ala: OS DESENHOS
Coroa
infantil. Príncipes e princesas das histórias infantis. Cinderela, Branca de Neve, Jade, Bela, Ariel,
Aurora, Tiana e Rapunzel.
TRIPÉ: O REI LEÃO
38ª ala: A MORTE
Coroa
de flores. Fantasia de caixão.
39ª ala: QUARENTÕES
Panela
velha é que faz comida boa. Fantasia com panelas nas cabeças dos coroas.
40ª ala: TRÍPLICE COROA
Campeões
no futebol. Fantasia inspiradas na bola.
41ª ala: O BARALHO
Coroa
de naipes. Baralho inspirado no exército de Alice no País das Maravilhas.
7º
CARRO: JOGOS
O tabuleiro de xadrez. Em busca da coroa
da rainha e do rei. Moedas da cara e coroa. Escultura de um menino com um
cérebro piscando de várias cores, mostrando o raciocínio e provando que a verdadeira
coroa está dentro de nossa cabeça.
AUTOR
DO ENREDO:
Nome:
Fabio Granville
Idade:
33 anos
Profissão:
Professor
Ama
o carnaval: desde 1993
Frequenta
a Sapucaí: desde 1994
Mora
em: Santos/SP
Adorei o tema e o desenvolvimento do enredo, embora bem leiga no assunto. Parabens pela criatividade na ideía das fantasias das alas, que já me levaram, na imaginação, para um belo desfile de carnaval. Torço por vc !!!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirUm dos melhores, estará com certeza entre os campeões
ResponderExcluirDanilo Guerra