Nome da Escola: Grêmio Recreativo Escola de Samba Virtual 18 KLT’s.
Presidente: Danilo Guerra.
Presidente de Honra: Fábio Granville.
Carnavalesco: Danilo Guerra.
Diretor Geral e Assessor de Imprensa: Marcos Couto.
Cores Oficiais: Azul, Verde e Branco.
Símbolo: Diamante.
Fundação: 1º de Março de 2003.
Localização: Caxias do Sul – RS.
Bateria: Tsunami.
Escola-Madrinha: Acadêmicos do Grande Rio.
Contato: dgcouto77@gmail.com.
... E o Império Tupiniquim “Bailou”!
Justificativa do Enredo: O Enredo busca resgatar um importante acontecimento de nossa história, um tanto quanto que esquecido: O Grande Baile na Ilha Fiscal. Com boa pitada de humor e certo grau de detalhamento e pesquisa, tentaremos mostrar todas as fases deste evento, da expectativa criada, seus preparativos, seus homenageados, da festa em si e de suas consequências, sob o olhar de Catarina, personagem fictícia retiradas das páginas do romance O Baile de Despedida de Josué Montello. O polêmico e simbólico baile ficou caracterizado pela sua gastança exorbitante, extravagância e finesse, e, sobretudo, por marcar o fim de uma era, de um regime. A Monarquia brasileira dava adeus ao poder seis dias após a faustosa festa. Literalmente foi uma despedida em grande estilo, uma verdadeira noite de gala! E bailando o Império Tupiniquim... “Bailou”!
Sinopse do Enredo:
Sexta-Feira, 13 de Dezembro de 1889*
Querido Diário...
Somente hoje, passado o enorme frisson dos últimos dois meses, venho a lhe preencher estas linhas com uma amostra do que foi O Baile da Ilha Fiscal. Quero dividir minhas memórias com você e registrar tudinho o que foi esse derradeiro evento da Monarquia Tupiniquim brasileira, uma verdadeira festa de arromba, até então nunca vista neste solo varonil.
É sábado, início de um outubro primaveril de 1889, o dia amanheceu ensolarado na capital do Império, um verdadeiro alívio depois de tantos dias fechados e chuvosos. Fui acordada com uma grande agitação diante do sobrado em que estou instalada, na Praça do Carmo, no Largo do Paço Imperial junto ao Cais Pharoux, desde que saí “fugida” do meu Maranhão, mas isso já faz parte de outra história, deixamos para lá... Saí de lá feliz da vida! Então, jornaleiros anunciavam aos quatro ventos um grandioso baile na corte promovido pelo nosso monarca, sob a batuta (organização) do Visconde de Ouro Preto, ou melhor, o “Afonso Vintém”, como era pejorativamente chamado por criar um imposto sobre a passagem dos bondes. Um concorrido festim em homenagem aos oficiais de um encouraçado chileno que estava aportado no país, e a nação chilena, por conseguinte, e também para celebrar as bodas de prata da Princesa Isabel e do Conde D’Eu.
Desde já fiquei animada em participar deste grandioso evento e já “maquinava” uma forma de conseguir o meu já tão desejado convite. Quando um emissário chegou para entregar alguns convites naquelas redondezas, não pensei duas vezes em tentar seduzi-lo. Como bem sabe, amigo diário, sou uma mulher muito avançada, moderna e bem liberal para a época, não fico esperando uma oportunidade passar, vou a luta. E quando quisesse ser de um homem, seria. Mas este meu intento foi em vão, o rapaz só se aproveitou de mim e eu dele, ha, ha, ha, mas o convite que é bom... Mesmo assim não sou de desistir tão fácil nem de perder as esperanças: Iria àquele festim de qualquer jeito, nem que fosse de penetra.
Inicialmente marcado para o dia 19 de outubro teve sua data postergada para 9 de novembro, em razão do falecimento de um regente português, parente do nosso D. Pedro II. Ufa! Pois até então eu não havia conseguido o meu tão sonhado convite e graças a esse adiamento, acabei, enfim, conseguindo o meu, vinte e poucos dias foram distribuídos outros 500 convites extras. Mas depois eu te conto como acabei conseguindo isso...
A festa foi marcada para o “castelinho” da Ilha Fiscal, recentemente inaugurado. Local estrategicamente escolhido, uma verdadeira joia arquitetônica incrustada na Baía da Guanabara. A Ilha que era conhecida antigamente como Ilha dos Ratos, pela grande presença desses roedores que, segundo contam, fugiram da vizinha Ilha das Cobras, e foi rebatizada por Ilha Fiscal por abrigar a partir de então um posto aduaneiro. A Ilha foi construída por um famoso engenheiro que teve seu projeto premiado na Escola Imperial de Belas Artes. De vários estilos mourisco, manuelino, gótico provençal. Exibia vários símbolos monárquicos, lindos vitrais importados e estava equipada com grandes modernidades: Luz elétrica, um potente farol, um relógio de 4 faces e um artigo chamado de telefone, onde se podia ouvir a voz de uma outra pessoa que estava no continente.
O baile da Ilha Fiscal foi organizado para estreitar laços de amizade entre o Brasil e o Chile, ao homenagear o couraçado chileno que estava ancorado no país, desde o início de outubro, em escala de boa vizinhança e, dessa forma, demonstrar aos seus vizinhos, entenda-se aqui, Argentina, a sua força e sua importância e influência na América do Sul. Até um hino foi composto para marcar a presenças dos gringos marinheiros chilenos no país e se tornou obrigatório nos diversos eventos em que foram agraciados com homenagens e honrarias. E o que não faltou a essa missão chilena foi uma agenda cheia: Provas de Turfe, competições de canoagem, visitas aos mais diversos e pitorescos lugares, de zoológico, Jardim Botânico à Casa da Moeda, recitais de poesia, peças teatrais, e mais condecorações, homenagens, honrarias e recepções. Nossos convidados especiais não poderiam imaginar que ancorariam numa Monarquia e zarpariam semanas depois de uma República.
Apesar de ainda não ter o meu convite, eu já estava providenciado meu toilettes* nas modistas e mais finas lojas, maissons e boutiques da Rua do Ouvidor. Os artigos de luxo masculinos ficavam concentrados nas Ruas 1º de Março, antiga Rua Direita, e da Alfândega. Logo o estoque desses artigos de luxo importados se esgotou das vitrinas. Quando fui ao centro, na Rua do Ouvidor, comprar luvas numa boutique para finalizar meu “look” pra festa, que encontrei Benito. O meu Benito! O grande amor de minha vida! Um guapo oficial da marinha chilena do couraçado de guerra estrangeiro que estava atracado na corte. Foi amor à primeira vista, ou melhor, ao primeiro esbarrão ha, ha, ha.
Dias depois um marinheiro entregava no sobrado a seu mando um convite e uma bela joia para usá-la no Baile da Ilha Fiscal, um colar com um grande diamante, o 18 KLT’s. Junto um bilhete que dizia que me esperava e que queria ser meu par. Desde então meus pensamentos se dividiram entre a festa e o meu amado Benito. Como sou bem precavida e decidida, reservei um quarto no Hotel dos Estrangeiros para o pós-festa. Eu seria dele e ele meu... Como não durmo no ponto, reservei também para a manhã do dia do baile, com muita antecedência, com o mais famoso cabeleireiro francês a domicílio.
Ao longo do dia do grande Baile houve uma corrida ao comércio em busca das últimas encomendas e dos pequenos ajustes em seus trajes nas costureiras e alfaiates. Os Salões e as Barbearias também ficaram concorridíssimos. Nos jornais a cobertura é total! Do sobrado vejo o Cais Pharoux ir ficando cada vez mais cheio com o passar das horas. Cerca de 100.000 curiosos foram ver ao desfile do “Crème de la crème” da sociedade.
No palacete já estava quase tudo pronto. Eram feitos os últimos ajustes na decoração, na iluminação e na segurança, a cargo da Guarda Imperial. Orquestras repassavam suas partituras e afinavam seus instrumentos. A Confeitaria Paschoal, a preferida do Imperador, já entregara as encomendas da ceia. O Visconde de Ouro Preto, o mestre de cerimônia, estava bastante agitado com o avançar das horas, nada poderia dar errado.
Quando anoitece, a Ilha Fiscal se transforma numa Ilha Encantada. Iluminada. No céu estrelado fogos de artifícios. Do Cais o povo vê partir balsas lotadas com elegantes convidados. A suntuosidade era notada já no cais de embarque onde seis grandes arcos a gás e dois candelabros ornavam e iluminavam o local e uma orquestra, das seis contratadas, animava a todos. Já na Ilha, os convivas eram recepcionados por belas moças fantasiadas de fadas e ninfas. Tudo um primor! A Ilha estava deslumbrante!
Um fato curioso e até premonitório aconteceu na chegada de sua Majestade D. Pedro II à festa. O Monarca brasileiro tropeça num tapete, se desequilibra, sendo amparado por dois jornalistas, não chega a cair, apruma-se e diz bem-humorado: “A monarquia escorregou, mas não caiu...”. Mal sabia ele que seu reinado estava com os dias contados.
O Imperador foi saudado com uma salva de palmas, ouviu-se a seguir o Hino Nacional, depois de alguns discursos e de um brinde em homenagem aos oficiais chilenos teve inicio o grande Baile da Ilha Fiscal. No Salão Principal dancei com Benito valsas, polcas e Schottisch. O Monarca dançou uma única vez e não foi com a Imperatriz. Já a Princesa Isabel e o Conde D’Eu riscaram diversas vezes os salões e comemoram para valer suas bodas.
Os Arautos anunciam que o banquete está na mesa... O rega-bofe vai começar! O serviço foi de primeira. E que fartura, verdadeiramente uma lauta ceia, me esbaldei. Um buffet de números nababescos, nunca se tinha visto nada igual, tamanho requinte e extravagância, digno de um Rei e de uma Rainha, como eu, que tenho nome e porte de uma. Tinha de um tudo, até aves exóticas, só não vi o peru que havia no menu. E depois vieram os doces. Ah! As sobremesas! Provei de um tudo um pouco para manter a silhueta, dos refrescantes gelatos aos saborosos pudins, enfim, e que dó me deu em desmanchar os açucarados castelinhos, réplicas do castelo original da Ilha.
Retirei-me do Baile, como o casal imperial, logo após a sobremesa, muito bem acompanhada, rumo ao Hotel dos Estrangeiros. E que noite... No outro dia, comprei todos os jornais e revistas para saber sobre todas as notícias daquela grande festança que só acabou na manha do domingo. A repercussão na imprensa (republicana) foi bastante ácida, críticas das mais variadas estampavam as suas páginas: Da quantidade de convidados, da estrutura do palacete, das brigas e principalmente, dos altos gastos e do grande bacanal que se transformou o baile com o avançar das horas.
Não sabia a realeza que em suas “barbas” militares conspiravam contra o seu regime e os motivos não eram poucos. A gastança exorbitante com o Baile foi o estopim que faltava para o golpe final contra a Monarquia. Especulou-se, na época, que verbas do orçamento para Seca no Ceará tenha sido desviada para cobrir os elevados custos do faustoso festim. Antes disso, os altos custos dispendidos na Guerra do Paraguai, a crescente insatisfação do tratamento dado aos militares desde a vitória nesta Guerra e a própria libertação dos escravos são também fatores que corroboraram para a derrocada da Monarquia.
... E enquanto o Império “bailava”... E o fazia em grandíssimo estilo! A República sorrateiramente “aplaudia”! E assim, como a Monarquia, pouco tempo depois, a missão chilena também partiria... e o Benito? E o nosso amor? Bem, isso eu vou deixar nas entrelinhas... Um Salve à República!
Catarina*
Pesquisa, Texto - Danilo Guerra, Carnavalesco
Colaboração – Marcos Couto
* Data do diário, 1ª sexta-feira 13 após o Baile na Ilha Fiscal, isto é, no mês seguinte ao evento, a escolha desta data é por pura superstição do carnavalesco.
* Toilettes: (sf) Vestuário; roupa e acessórios agrupados de forma a combinar, para serem usados em certas ocasiões. Peça de indumentária; roupa de cerimônia, especialmente, para mulher. Fonte:http://www.dicio.com.br/toilette/.
Outras Informações Julgadas Necessárias:
* Catarina é a personagem central do romance O Baile da Despedida, de Josué Montello. No livro um jornalista vai ao Maranhão entrevistá-la, uma “personagem viva” da história, que afirmava ter ido ao famoso Baile da Ilha Fiscal. Muitos a tinham como louca, pois havia ficado internada num manicômio, e não acreditavam nos seus delírios. Mesmo assim, o jornalista decide ouvi-la. Catarina conta que chegou ao Rio, depois de ter sido expulsa pelo próprio pai do Maranhão por ter falsificado sua assinatura e ter alforriado os escravos de suas fazendas. Ao final do livro é revelado se ela realmente tinha ou não estado na festa ou era tudo fantasia de sua cabeça. Nossa personagem será o fio condutor deste enredo. Em seu diário “fictício” (nossa Sinopse) ela narrará, em 1ª pessoa, o grande festim de que teria participado e encontrado seu verdadeiro amor, Benito. Foi preciso fazer pequenas adaptações da obra original.
* Ao longo do nosso desfile será necessário utilizarmos atrizes trigêmeas para interpretar Catarina já que ela aparecerá em destaque em três momentos, a saber: Na Comissão de Frente em sua busca incessante por um convite; na Alegoria 4 “O Comércio de Luxo” onde ela encontra seu amado, o marujo chileno Benito em meio as suas compras pela Rua do Ouvidor. Através do oficial chileno ela, enfim, recebe o tão sonhado ingresso e um precioso colar de diamantes, o 18 KLT’s, para usá-lo no dia da grande festa; e na 5ª Alegoria “O Grande Baile se Inicia no Salão Principal” onde reaparecerá dançando com seu amado no grande baile, estará usando sua joia.
* Também serão necessários dois atores gêmeos para encarnarem o oficial-marinheiro estrangeiro, Benito, o grande amor de Catarina, nas Alegorias nº 4 e 5.
Nossa Escola em Números:
Nº de Alas: 41 Alas.
Nº de Setores: 8 Setores.
Nº de Alegorias: 8 Alegorias.
Nº de Tripés: 3 Tripés (CF – O Sobrado, O Chafariz do Cais e a Carruagem Imperial).
Nº de Componentes: 4.000 Componentes. 300 Ritmistas, 200 Baianas (2 Alas de 100 integrantes), 1 Ala de Crianças com 100 integrantes, 1 Ala das Baianinhas, 4 Grupos Performáticos, 3 Casais de Mestres-Salas e Porta-Bandeiras, sendo 1 Casal Mirim, e 1 Ala Especial formada por Cadeirantes.
... E o Império Tupiniquim “Bailou”!
Roteiro do Desfile:
Responsável pelo Roteiro do Desfile: Danilo Guerra.
1º Setor - Abertura: Um Convite Especial Para Você! A Escola de Samba 18 KLT’s saúda a todos os presentes e tem o prazer de lhes convidar, para uma grande festa. Rememoraremos o grandioso Baile na Ilha Fiscal no apagar das luzes da nossa Monarquia. Serão quase quatro mil convidados, fora os penetras, de um grande festim regado de muita fartura, luxo, ostentação e extravagância. E nossa personagem central, Catarina, saída das páginas de um livro, nos guiará por esse grande marco de nossa história... Ela quer por que quer conseguir o tão especial convite para esse grande evento e não medirá esforços para este contento.
Comissão de Frente: Um Convite Especial! A Comissão de Frente representa o anúncio pelos jornais da grande festa na Ilha Fiscal e a distribuição dos convites ao faustoso evento que o Império Tupiniquim brasileiro irá patrocinar em homenagem a uma Missão Chilena que estava no país e também para celebrar as bodas de prata da Princesa Isabel e do Conde D’Eu. A bem da verdade, o governo imperial estava disposto a demonstrar a sua solidez, o que convenhamos, estava redondamente enganado, já que 6 dias após o baile a monarquia, literalmente, “bailava”. Além dos integrantes da Família Imperial, os mais de 4 mil convites foram distribuídos para membros do governo, do corpo diplomático, das mais altas patentes militares e da nata da sociedade da corte, além da Comitiva Chilena. Os convites começaram a ser entregues a partir de outubro. Todos na corte queriam ser convidados, inclusive Catarina, nossa personagem.
Integrantes da Comissão de Frente: Sempre 15 dançarinos aparentes: 1 menino jornaleiro (depois substituído por 1 emissário), 1 jornalista (Raul Pompéia), o povo que será formado por 12 personagens reais que prestigiaram o evento (faixas serão usadas para identificá-los: barões, duques, condessas, políticos, artistas, entre outros), e Catarina, que já sonha em ir ao suntuoso baile e irá fazer de tudo para conseguir o “precioso” convite.
1) Menino jornaleiro (participa do 1º Ato; entrará no tripé para ser substituído pelo emissário entregador de convites no 2º Ato). 2) André Rebouças, engenheiro, um dos raríssimos negros convidados à festa. 3) Catarina, nossa personagem. 4) Rui Barbosa, político, jurista, escritor e diplomata (esteve no Baile e foi um dos conspiradores e organizadores da República). 5) Visconde de Cabo Frio, Ministro das Relações Exteriores. 6) Viscondessa de Maracaju. 7) Barão de Sampaio Vianna, inspetor da Alfândega. 8) Baronesa de Sampaio Vianna. 9) Artur Napoleão, pianista. 10) Guimarães Passos, poeta. 11, 12) Conde e Condessa de Carapebus. 13) Baronesa de Loreto. 14) Barão de Drummond (Foi presidente do Jockey Club Brasileiro e idealizador do Jogo do Bicho). 15) Baronesa de Muritiba. Curiosidade: Todos eles “oficialmente” estiveram presentes no Baile da Ilha Fiscal, com exceção de Catarina que esteve presente de forma fictícia.
Apresentação da Comissão de Frente. A apresentação será realizada em 2 Atos.
1º Ato: Um menino jornaleiro anuncia ao povo a notícia do Baile da Ilha Fiscal. O povo fica num alvoroço só, um verdadeiro frenesi toma conta de todos. Entre nobres, jornalistas e políticos está Catarina, uma plebeia rica, recém-chegada do Maranhão, e desconhecida na corte Tupiniquim, também escuta o anuncio do jornaleiro. Curiosos, compram todos os jornais do garoto e o assunto vira a grande manchete. Catarina já se imagina naquele grande evento, e já planeja uma forma de conseguir um convite ao Baile da Ilha Fiscal.
2º Ato: Um emissário da corte chega trazendo alguns convites ao baile. Distribui entre os nobres que estão por ali, que portarão faixas com seus títulos de nobreza, menos para Catarina, que quer por quer ir àquela festança. Para tal, nossa “ingênua” personagem usará de alguns artifícios e de seus atributos para tentar conseguir o tal bilhete. Com o seu charme, seduz o jovem emissário e o “arrasta” para seu quarto de hotel, no antigo sobrado, para uma tórrida noite de amor. O emissário não resiste a seus encantos. Quando sai do sobrado, está satisfeito, mas Catarina abre sua janela com cara de poucas amigas e joga coisas nele, pois ela não consegue seu intento, motivo: todos os convites são nominais e intransferíveis. Toda apresentação e a encenação da Comissão de Frente é feita de forma leve, debochada e bem humorada. Catarina precisava agora pensar numa outra forma de conseguir um convite para ir ao baile, mas ainda estava otimista.
Tripé Comissão de Frente: O Sobrado: O sobrado onde nossa personagem, Catarina está instalada no Rio de Janeiro, desde que veio fugida de seus pais do Maranhão, ficava na antiga Praça do Carmo (hoje Praça XV) junto ao Cais Pharoux e será a representação do Tripé alegórico da nossa Comissão de Frente. Está construção de dois andares, terá uma escada lateral (interna) e a fachada é típica de construções da época. No primeiro ato, Catarina estará na janela do Sobrado e ouvirá o jornaleiro noticiando o Baile e descerá, rapidamente, pra comprar um dos seus jornais e saber mais sobre o evento. E também servirá de cenário para Catarina levar o entregador de convites ao seu quarto e tentar conseguir um dos convites, aparecerá “atacando” o jovem e fechando as cortinas do seu quarto, depois reaparecerá abrindo a cortina e atirando coisas no emissário quando não consegue seu objetivo para encerrar este 2º ato.
1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Os Monarcas Tupiniquins. Suas Majestades D. Pedro II (Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Bragança e Bourbon) e sua Consorte Teresa Cristina Maria de Bourbons filha de Francisco II das Duas Sicílias é a representação de nosso 1º casal que empunham nosso pavilhão com muito respeito e galhardia. Representam os Monarcas que autorizaram a realização do suntuoso festim da Ilha Fiscal. Um fato curioso aconteceu na chegada de D. Pedro II no Baile, já na Ilha Fiscal, o monarca tropeça e quase cai, sendo amparado por dois jornalistas, levanta-se e diz bem-humorado: “A monarquia escorregou, mas não caiu...”, mal sabia ele que seu reino ruiria alguns dias após o elegante festim. Mas diferentemente do nosso Imperador, nosso Mestre-Sala não tropeçará e fará uma apresentação segura e majestosa juntamente com a sua Porta-Bandeira. Ele veste trajes de Imperador (ver figura), com coroa imperial, capa, e na mão carrega uma espécie de cetro com o dragão, símbolo dos Bragança, na ponta. Ela trajará rico vestido (ver figura) com detalhes em dourado, capa e coroa na cabeça. Quem apresentará nosso 1º Casal é o nosso Presidente de Honra: Fábio Granville.
Guardiões do 1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: A Casa Reinante dos Bragança. Os guardiões que anunciam e protegem nosso casal imperial que trazem consigo nosso maior tesouro, o nosso pavilhão, representam a Dinastia Reinante dos Bragança. O soberano brasileiro, D. Pedro II, o Magnânimo, pertencia ao ramo brasileiro da Casa de Bragança. Na Fantasia o belo brasão da casa imperial estará no peito dos foliões e trazem lanças com o Monograma Imperial de D. Pedro II e bandeirolas nas pontas como adereço de mão. Este brasão está presente tanto no convite ao famoso Baile quanto na ornamentação do castelo da Ilha Fiscal.
Ala 1: A Imperial Guarda de Honra. Logo atrás, vem quem de fato faz a guarda da família imperial e fará também a proteção de todos os convivas* na noite do grandioso Baile na Ilha Fiscal. Na Fantasia a elegante farda de gala da Guarda Imperial. Na cabeça usam vistosos capacetes da Imperial Guarda de Honra com o dragão símbolo da Casa dos Bragança, plumas e rabo de cavalo.
* Conviva (S.M. e F.): Pessoa que toma parte num banquete. Cada uma das pessoas que comem juntas; comensal. Fonte: http://www.dicio.com.br/conviva/.
Ala 2 - 1ª Ala de Baianas: As Carpideiras*. Nossas Baianas encarnam as carpideiras profissionais, que “choram” e velam o monarca defunto português. O grandioso evento teve sua data postergada de 19 de outubro para 9 de novembro de 1889, em respeito ao estado de saúde e posterior luto pelo falecimento do Rei Português Dom Luís I, sobrinho do Imperador brasileiro. Esta alteração de datas representou um grande prejuízo financeiro à corte brasileira já que a maior parte das encomendas de comidas já estava pronta e precisou ser doada (para asilos, orfanatos, presídios, pobres e mendigos, aos negros, para os hospitais como a Santa Casa, para quem pedisse). Estes 20 dias acabaram também por inchar ainda mais o evento, cerca de 500 convites extras foram distribuídos neste curto intervalo de tempo. Esperanças renovadas para nossa personagem Catarina que seguia sem um convite. A Fantasia será toda negra com dois tipos de saias diferentes (o detalhe nos babados das saias que acabará diferenciando-as). Na barra das saias terão três camadas de babados. Umas terão a representação dos mais de 500 convites extras entregues por causa do adiamento de datas e outras saias terão a representação de cédulas de dinheiro e moedas numa analogia ao aumento significativo dos gastos causados pela remarcação do Baile com seus serviços pagos à custa da tristeza alheia (neste caso da Carpideira). Véus de renda, luvas e xales pretos, velas, lenços de seda, terços, flores compõe também esta fantasia.
* Carpideira: Mulher mercenária que pranteava os mortos durante os funerais.
Alegoria 1 - Abre-Alas: O Império Tupiniquim Convida ao Grande Baile da Corte. Na alegoria a reprodução “gigante” de um Convite e do Bilhete de Ingresso, que vinha junto a ele, ambos pessoais e intransferíveis, ao Baile da Ilha Fiscal. O brasão do Brasil Imperial, com os ramos de café frutificado e de fumo (tabaco), florido, tem ao centro a esfera armilar portuguesa, cujos anéis representam os meridianos e paralelos do globo terrestre. Simbolizava as dinastias de Bragança e Habsburgoe. Mais acima a majestosa coroa adornada por um belo diamante, o 18 KLT’s, símbolo de nossa escola. Sacas de café representando a maior riqueza do período também estão na alegoria. Vários estandartes com o brasão imperial estarão por todo carro alegórico. Na frente da alegoria quatro belas esculturas de dragões imperiais, símbolos da dinastia brasileira, circulam a belíssima cora imperial. Na parte acoplada do Abre-Alas o Destaque Central: O Visconde de Ouro Preto, Presidente do Conselho de Ministros e Chefe de Cerimonial do grande evento. Ficou conhecido nas ruas por “Afonso Vintém”, o sr. Afonso Celso de Assis Figueiredo, por ter criado um imposto compulsório sobre as passagens dos bondes, o Vintém, o que gerou grande revolta na população. Coube a ele assinar os milhares de convites, ele virá em uma bela biblioteca com mobiliários antigos, uma estante com livros, com mesa e cadeira, onde um ator o representará assinando, com sua pena e tinteiro, uma grande quantidade de convites. Haverá grandes pilhas de convites por todos os lados desta sala. Na parte traseira da alegoria teremos a reprodução de um selo postal comemorativo e alusivo ao Baile da Ilha Fiscal (ver figura) e bandeirolas do império com hastes longas e flexíveis. Um grande telão de Led mostrará integrantes da nossa escola recendo um convite (ver figura do convite oficial e do bilhete) pra fazer parte desta festa. Na saia desta parte da alegoria, trará reproduções dos convites e dos bilhetes, além de selos do monarca D. Pedro II.
Convite para o Baile (Capa e Contracapa)
2º Setor: Baile! Onde? Nesta 2ª parte mostraremos o local estrategicamente escolhido para abrigar a suntuosa festa. Antiga Ilha dos Ratos, uma verdadeira joia na Baía da Guanabara, a Ilha Fiscal. “Um delicado estojo de uma Joia Preciosa” foi assim que se referiu D. Pedro II ao contemplar a obra de estilo gótico provençal, finalizada em abril de 1889.
Destaque de Chão: A Estrela-do-Mar. Representa a Madrinha da Ala de Crianças da escola.
Ala 3 – Ala de Crianças: Seres Marinhos. A Ala representa o Mar e os Seres Marinhos, como golfinhos e cavalos-marinhos da Baía de Guanabara. O Imperador D. Pedro II era encantado com a beleza daquele lugar. A Ilha Fiscal era rodeada por águas límpidas da Baía e “habitado” por golfinhos e cavalos-marinhos e por sua posição estratégica o imperador decidiu construir um edifício de características marcantes e imponentes. Na fantasia cavalos-marinhos, golfinhos, estrelas-do-mar.
Ala 4: Ilha dos Ratos. Chamada antigamente pelos europeus de Ilha dos Ratos. Tais roedores teriam fugido da Ilha vizinha, a Ilha das Cobras. Na fantasia ratos e cobras.
Ala 5: De Depósito Carvoeiro à Quartel dos Guardas e Remadores da Alfândega. Antes da construção do castelo havia na ilha um depósito de carvão e depois em 1881 passou a ser quartel dos Guardas e Remadores da Alfândega. A Ala trará duas fantasias: Uma de sacas de carvão mineral, com malhas e perucas negras, rostos encarvoados e trajados com sacas de carvão feitas em espuma, com uma faixa com o nome deste carvão (Carvão 18 KLT’s, pra melhor identificação do público). E a 2ª fantasia trará uniformes da Guarda do Quartel da Alfândega. Remos cruzados estarão no costeiro desta fantasia para representar os remadores da Alfândega.
Ala 6: A Construção do Castelo e suas Modernidades. A Ala representa o projeto, inspirado nas antigas construções francesas do século XIV, e a execução da obra feita pelo engenheiro Adolpho Del Vechio. Construído em estilo mourisco Manuelino*, tendo sido premiado com a Medalha de Ouro pela então Escola Imperial de Belas Artes. Na festa de inauguração do palacete, em abril de 1889, a então Ilha dos Ratos foi rebatizada para Ilha Fiscal. O edifício de cor esverdeada estava dotado de algumas modernidades para a época: 1) Luz Elétrica, uma das grandes novidades, a Ilha contava com um gerador de energia; 2) Possuía um grande farol de 60 mil Watts na torre central, capaz de iluminar grande parte da Baía de Guanabara em todas as direções; 3) Relógio de 4 faces, conectado por cabos elétricos ao Observatório Astronômico Imperial, fabricado pela alemã Krussman e Cia, posicionado também na torre central do castelo e que teria originalmente iluminação noturna para fornecer a hora-local aos navios estrangeiros que aqui aportavam; 4) Um cabo submarino permitia a comunicação entre a ilha e prédio principal da Aduana (que ficava no continente), por uma linha telefônica recém-chegada dos Estados Unidos. Na fantasia plantas do projeto do palacete e trajes em estilo mouro. Mapas e outros acessórios de engenheiros, como esquadro, serão os adereços de mão. Na cabeça sobre um típico turbante mouro o famoso relógio de 4 faces importado traz iluminação (lâmpadas de leds) e indicará a hora do início do nosso desfile. No costeiro um antigo telefone e em um dos ombros um farol também iluminado. Lâmpadas simbolizando a luz elétrica também estarão nestas fantasias.
* Estilo Manuelino: Variação portuguesa do gótico, bem como da arte luso-mourisca ou arte mudéjar, marcada por uma sistematização de motivos iconográficos próprios, de grande porte, simbolizando o poder régio. (https://pt.wikipedia.org/wiki/Estilo_manuelino).
Ala 7: Os Vitrais da Ilha Fiscal. A Ala traz os belos Vitrais Ingleses. Os preciosos vitrais importados da Inglaterra foram pintados a fogo e trazem a figura de D. Pedro II e da Princesa Isabel, além de vários outros símbolos Imperiais: águia, flor de lis, etc. Na fantasia, as saias dos foliões reproduzem fielmente os vitrais ingleses. No peito uma bela águia. Na cabeça a coroa imperial.
Alegoria 2: O “Castelinho Encantado” da Ilha Fiscal. O palacete foi encomendado por D. Pedro II para servir de posto de vigilância alfandegária de navios de carga e foi inaugurado, em 27 de abril de 1889, em uma grande festa com a presença do Imperador, depois de 7,5 anos de obras. No carro alegórico teremos a reprodução desta bela construção neogótica (gótico-provençal), com suas torres e seus detalhes arquitetônicos, destaques para o raro relógio de 4 faces posicionado no torreão* principal do castelo e suas grandes janelas ogivais mouriscas. Popularmente chamado de “castelinho” da Ilha Fiscal. Palmeiras-Imperiais, também estarão presentes decorando o carro. Adornando a parte dianteira da alegoria um cortejo de Golfinhos e Cavalos-Marinhos* (grandes esculturas). Teremos também uma escada em caracol dando acesso à parte superior do torreão principal (também chamado de salão nobre ou câmara do Almirante) onde estava o gabinete do chefe da aduana com a reprodução do famoso piso parquet em mosaico, ricamente decorados por 14 tipos de madeiras brasileiras da Mata Atlântica, aqui o Destaque Principal: Inspetor da Alfândega / Guarda-Mor da Alfândega, o Comendador Hasselmann. Na alegoria teremos também um telefone antigo, artigo raro para a época, instalado a mando do imperador na Ilha através de cabos submarinos (D. Pedro II foi quem introduziu no Brasil o telefone em 1877). Fantasias das Composições: Mouros e Mouras, Ratinhos e Ratinhas. Destaque Central: Fantasia: O Idealizador. Representará o diretor de obras do Ministério da Fazenda e engenheiro Adolpho Del Vechio, responsável pelo projeto e execução da obra da construção do palacete da Ilha Fiscal.
* Torreão: Torre grande e larga, no topo de um castelo.
* Sob as águas da Baía de Guanabara, cavalos-marinhos da espécie Hippocampus reidi, nativos da região, resistem em meio à poluição e podem ser considerados um verdadeiro tesouro escondido e pouco conhecido por cariocas e até mesmo ambientalistas. (Matéria publicada em http://oglobo.globo.com/rio/especie-de-cavalo-marinho-resiste-poluicao-da-baia-de-guanabara-18110784).
3º Setor: A Missão Chilena Na Corte Tupiniquim. Neste setor um dos principais “supostos motivos” para a realização do famoso Baile na Ilha Fiscal, adiplomacia. Uma retribuição à acolhida feita a uma comitiva brasileira naquele país, na forma de uma homenagem ao Chile e à tripulação do Couraçado El Cochrane chileno atracado na Baía de Guanabara. Um hino foi composto e se tornou obrigatório nos diversos eventos oferecidos para saudar a comitiva chilena. Além do grande Baile da Ilha Fiscal, várias outras condecorações, honrarias e homenagens foram prestadas aos oficiais chilenos, ficando conhecidas por “Festas Chilenas”. Na capital do Império todos queriam ter a honra de receber os estrangeiros, sua presença era muito disputada por clubes, teatros e até igrejas e foram feitas diversas visitas: Casa da Moeda, Zoológico, Jardim Botânico entre outros.
Ala 8 – A Missão Chilena. A Ala representa a chegada dos oficiais e marinheiros chilenos ao Brasil e o grande rebuliço causado na corte. Fantasias de marinheiros, nas cores do Chile (vermelho, branco e azul), com gravata e elementos náuticos, trarão o escudo chileno como adereço de mão na forma de um escudo (arma defensiva). Na cabeça usarão típicos chapéus da marinha nas cores chilenas.
Ala 9 – Ala dos Compositores: Hino Chile-Brasil. A Ala representa o Hino Chile-Brasil e seu compositor Francisco Braga, obra composta para saudar a tripulação do Almirante Cochrane e que se tornou obrigatória nas “festas chilenas”, realizadas entre outubro e novembro de 1889. Na Fantasia notas musicais e trechos do Hino Chile-Brasil, o azul-marinho destaca-se nessa fantasia que terá faixas atravessadas no peito nas cores tricolores chilenas de alguns e brasileiras de outros.
Rainha da Bateria: Maria Concha. Representa a esposa do Comandante Bannen que o acompanhou na missão diplomática-militar chilena aqui no Brasil e foi agraciada com flores, joias e até um belo relógio de pulso.
Mestre da Bateria: Comandante Constantino Bannen. Representa o líder da tripulação do navio chileno. Na cabeça usa um quepe do comandante e elegante farda com várias medalhas e comendas no peito, além de uma vistosa faixa. Nos ombros dragonas* douradas.
* Dragonas: É uma peça metálica ornada com franjas de fios de seda ou ouro, e era usada como distintivo no ombro do uniforme militar. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Dragona.
Ala 10 - Bateria: A Tripulação do Couraçado Chileno. Nossa Bateria Tsunami representa os 300 tripulantes (esse número diverge entre as fontes pesquisadas que apontam 210 tripulantes) da Fragata chilena Almirante Cochrane que estava ancorada no Brasil. Na Fantasia a roupa de gala dos marinheiros chilenos, prontos pro Baile, na predominância da cor branca com pequenos detalhes em vermelho e azul. Nos ombros trazem dragonas douradas. Na cabeça usam quepes de gala. Serão 300 Ritmistas.
Ala 11 – Ala de Passistas: Os Gringos Marujos e as Mariposas da Noite. Representam os bordéis, as zonas de meretrício e as prostitutas do cais carioca (passistas femininas) que fazem a festa com a chegada dos gringos, os marujos chilenos (passistas masculinos) no Rio. Na Fantasia eles trajam roupas mais sociais, das horas de lazer, como camisas listradas com brilho nas cores branca e azul celeste, características de marinheiros, calça branca e chapéu Panamá (aqui um misto de gringo com o malandro). Elas vestem roupas curtas com franjas e brilho nas cores chilenas ao estilo melindrosas, carregam estolas em plumas (boas), sapatos e rosa vermelha no cabelo, além de pesada maquiagem, grandes acessórios (colares de pérolas, brincos, pulseiras etc) e muita alegria e samba no pé.
Ala 12: Provas de Turfe. Logo no início de sua estada em solo varonil os oficiais chilenos foram agraciados com uma corrida de cavalos em sua honraria no Derby Club*. A Ala representará as duas provas de turfes oferecidas à missão chilena, a primeira ainda com a Monarquia reinante aconteceu no Derby Club e a outra, já na República, no Jóquei Club. O páreo do Jóquei Club precisou ser adiado três vezes. Na fantasia o integrante usará roupas de jóquei, com seu chapéu característico, terá um cavalinho de espuma preso por alças (tipo suspensório) e no pescoço terá uma ferradura, no peito uma comenda de campeão e nas mãos uns terão um ramalhete de flores. Os convites oficiais das provas do Derby (ver figura) e do Jóquei Club virão nas costas dos desfilantes.
* Derby Club x Jóquei Club: Existia grande rivalidade entre esses dois clubes de turfe, o Derby Club era tido como mais moderno no embate das corridas de cavalo do que o tradicional e conservador Jóquei Club. O Derby Club fez sua primeira reunião em 2 de agosto de 1885, com 82 animais inscritos em nove páreos, número até então inédito em toda a América do Sul. Inovador, o Derby Club logo na sua primeira corrida fez funcionar um cronógrafo elétrico, destinado a marcar com precisão o tempo de cada páreo.
Ala 13: Provas de Canoagem. A Ala representa as regatas de canoagem realizadas em honraria aos oficiais chilenos na enseada de Botafogo no dia 27 de novembro de 1889. Na Fantasia um grande tecido contínuo representará o mar e terá canoas de espumas em cima, os foliões possuem lugares certos para se posicionarem (são buracos, eles entram por debaixo destes furos) e usam roupas de banho da época e trazem remos com adereços de mãos. Alguns estão no “mar” com boias. A maioria formará o mar que também terá lugares fixos e buracos para adentaram por debaixo deste tecido maleável.
Ala 14: Agenda Lotada. Representa a intensa agenda dos oficiais Chilenos no Brasil. São recepções, matinês dançantes como no Encouraçado Riachuello, banquetes como no Cassino Fluminense, apresentações de peças teatrais, recitais de poesia, visitas, passeios e excursões por lugares pitorescos como no Jardim Zoológico, Jardim Botânico, Casa da Moeda, etc, entre muitas outras mais homenagens e honrarias à comitiva chilena, culminando com o Grande Baile da Ilha Fiscal. A agenda cumprida pelos marujos chilenos era atração e divulgada com destaque pelos jornais da corte, em um deles tinha até uma coluna intitulada “Brasil Chile”. Na fantasia essas diversas atividades da agenda dos oficiais chilenos em visita ao Brasil estarão sendo retratadas: cofre-forte e moedas (Casa da Moeda), diferentes animais estarão em um dos ombros dos foliões (Zoológico), bromélias, orquídeas entre outras flores silvestres estarão no outro ombro da fantasia (Jardim Botânico), máscaras teatrais da comédia e da tragédia (Peças teatrais) serão adereços de mão.
Alegoria 3: Couraçado Chileno El Cochrane. A Alegoria traz a representação da fragata de batalha Chilena Almirante Cochrane, que aportou no Brasil em 11 de outubro de 1889, vindo de uma reforma na Inglaterra. O couraçado ficou ancorado no porto do Rio de Janeiro, em uma escala de boa vizinhança, partiu em 5 de dezembro daquele ano, e pode acompanhar uma passagem importante da nossa história: A queda da Monarquia e a chegada da República. Na noite do famoso baile os holofotes (refletores) da fragata chilena e de outros navios da Marinha Brasileira (Riachuello e Aquidabã) ancorados nas redondezas projetavam à ilha, e para as imediações, jatos de luz deixando-a ainda mais iluminada. A bordo, em seu convés, uma banda tocou valsas e polcas por toda a madrugada. Na alegoria trará também alguns dos seus treze canhões de guerra, galhardetes* chilenas, o brasão de armas chilenas (ver figura) entre outros elementos náuticos decorativos. Composições de marinheiros e marinheiras. Destaque Principal: Capitão Mor.
* Galhardete: É uma pequena bandeira, uma flâmula, geralmente de forma triangular usada como insígnia de clube desportivo, unidade militar, embarcações, etc. Usado no mastro grande dos navios de guerra e à proa das embarcações. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/ Galhardete.
4º Setor: Com Que Roupa Eu Vou Pro “Baile” Que Você Me Convidou? Convites entregues! Com lugar e hora já sabidos! Vamos agora providenciar um traje de gala mais adequado para o faustoso e suntuoso evento que se aproxima. Neste setor será retratada a moda e alguns costumes da época. Sem perder tempo, vamos às compras! De bonde iremos ao Centro do Rio, e nossa primeira parada é na famosa Rua do Ouvidor. Lá estão as mais sofisticadas e elegantes maisons*, boutiques e casas de alta-costura à moda francesa para as madames e donzelas. Modistas*, os tecidos, os mais diversos adereços e apetrechos femininos (sapatos, leques, bolças, luvas, espartilhos, perfumes, loções, sombrinhas, chapéus etc) e as joias. Na mesma Rua, precisaremos também marcar hora nos concorridos salões de beleza ou até mesmo contratar, com muita antecedência, um profissional a domicílio. Para os senhores, alfaiatarias e os finos trajes, chapelarias, sapatarias, artigos masculinos e barbearias das Ruas 1º de Março, antiga Rua Direita, e da Alfândega, onde o domínio do comércio local fica a cargo dos ingleses. Os engraxates também fazem a festa com a grande clientela. Compras feitas, sacolas cheias... Barriga vazia? A sugestão é fazer um lanchinho e por o papo em dia por entre os diversos cafés, casas de chá, confeitarias, como a Paschoal, das redondezas, para depois andar um pouco por entre vendedores de flores e livrarias.
* Maison: Casa, lar em francês. Na moda são lojas de alta-costura. Fonte: http://www.significados.com.br/maison/
* Modistas: Costureiras; pessoas que confeccionam roupas para senhoras. Fonte: http://www.dicionarioinformal.com.br/modistas/
Ala 15: Mademoiselles* - Moda à Francesa (Ala das Damas). A Ala representa as principais Casas, Maisons, Boutiques e Lojas de Trajes finos Femininos (por exemplo, a Casa de Mme. Roche), os tecidos mais usados (seda, renda, chamalote e veludo) e as Modistas/Costureiras da famosa Rua do Ouvidor de forte sotaque francês. Fitas métricas, tecidos, revistas de modas, botões, tesouras, agulhas, entre outros utensílios estarão nas fantasias. Bandeirolas nas cores francesas (azul, vermelho e branco) também estarão presentes nesta indumentária.
* Mademoiselle (S.f.): Palavra francesa que significa moça ou mulher respeitada/respeitosa, de boa educação e conduta, prendada e delicada. Fonte: http://www.dicionarioinformal.com.br/ mademoiselle/.
1º Grupo Performático: Os Manequins Estão Nus! Os 15 integrantes deste 1º Grupo estarão usando apenas malhas simulando os manequins de lojas, outros vestem manequins do tipo de gaiola* para demonstrarem que o setor da moda na capital do império não estava preparado para essa grande soirée* aqui nos trópicos; A falta de previsão por parte dos lojistas de seus estoques que se esgotaram rapidamente e não puderam repô-los a tempo, pois a maior parte destas mercadorias era importada da Europa, principalmente da França e da Inglaterra. Os integrantes do grupo “mais desinibidos” sambam assim mesmo, outros, mais “recatados e pudicos” caem no samba protegendo “as partes” com folhas de jornais, tudo de uma forma leve e bem-humorada.
* Soirée (S.f.; palavra Francesa): Reunião social, festa. Fonte: http://www.dicio.com.br/soiree/
* Manequim de Gaiola: Espécie de manequim para confeccionar ou expor roupas, vestidos, etc. Ver figuras.
Manequim de Gaiola.
Ala 16: Os Adereços e Acessórios. A Ala representa os mais variados adereços e acessórios femininos: Leques, luvas, perfumes, águas de colônia, espartilhos, lenços, sombrinhas, sapatos, cosméticos, meias, chapéus, enfim, tudo o que havia de mais chique e que pudesse embelezar ainda mais as vaidosas damas da corte. Duas Fantasias, a feminina trará esse mix de coisas, parecendo um verdadeiro cabide ambulante, trazem leques, sombrinhas como adereços de mão, e carteiras dos maridos recheadas de reis e vinténs; a fantasia masculina trará roupas típicas de um vendedor de loja, com avental com nome fictício da boutique, com os bolsos cheios de dinheiro e nas mãos cheias de sacolas e caixas de produtos nos braços fruto de suas vendas para as ávidas senhoras e senhoritas.
Ala 17 – Ala das Baianinhas: Estojos de Joias. O luxo e o exagero se refletiram também nas joias e bijuterias usadas pelos convidados. As mulheres se cobriram com suas mais caras joias para completar o visual. "brilho e o ruge-ruge das sedas, os colos salpicados de brilhantes, safiras, esmeraldas e os diademas rutilantes dos penteados", conforme noticiou jornalTribuna Liberal em 10 de novembro de 1889. A fantasia, inspirada neste antigo porta-joias abaixo, a nossa componente será a representação da própria joia, virá banhada em tinta e roupa imitando o ouro e a prata, joias esta que estará em seu pescoço, orelhas, braços e dedos, na forma de colares, brincos, anéis, pulseiras, braceletes, etc; na cintura sua saia trará o estojo de joias em seu formato arredondado e na cabeça, o chapéu retratará a tampa deste porta-joias no formato de uma bela bailarina. Ala coreografada (A intenção é representar o abre e fecha deste utensílio).
Ala 18: Quem Faz Nossas Cabeças? Representam os cabelereiros, muitos deles franceses, que trabalhavam para os mais diversos salões de cabelereiros, muitos destes estabelecimentos concentrados na Rua do Ouvidor, como na disputada e famosa Casa A Dama Elegante, onde seus profissionais e penteados eram os mais requisitados das senhoras e donzelas da corte. 72 horas antes do baile já não havia mais vagas nos mais finos salões de cabeleireiros da cidade. As tranças e os coques estavam entre os penteados favoritos, outras optaram pelas perucas e apliques. Os senhores não ficavam para trás e abusavam da brilhantina inglesa usada tanto nos cabelos quanto nos bigodes. Duas fantasias: A feminina trará mulheres de camisolas com travesseiros, despertador e até ursos de pelúcia, toca na cabeça, carregam também cadeiras cenográficas, para poderem simular àquelas senhoras e senhoritas mais precavidas que chegaram a ficar até três dias dormindo sentadas e sem tomar banho tudo para conservarem e não desmancharem seus penteados. Na fantasia masculina representando o cabeleireiro / barbeiro, terá tesouras, escovas de cabelo, bobes, papelotes, tubos de laques e espelhos, destaque para os vistosos bigodes dos rapazes e seus aventais, botas e gravatas borboleta nas cores rosa pink. No costeiro das fantasias placas destes estabelecimentos (tipo a figura).
Ala 19: Os Trajes e os Artigos Masculinos. Localizadas às Ruas da Alfândega e 1º de Março, de sotaque inglês, é onde se concentrava a venda de artigos para “senhores finos”. Nesta ala estarão representados, além dos tecidos, os alfaiates e a sua arte da alfaiataria (também chamada de “fatos feitos” ou à medida), relógio de bolso, meias e lenços de seda, luvas, casacas, sobrecasacas, jaquetas, uniformes de gala, chapéus (cartola), bengalas, coletes de seda e de outros tecidos menos finos, gravatas, jaquetas, pistolas, artigos para montaria e sapatos. As cores eram escuras, com muito azul e preto, mas alguns itens coloridos eram trazidos ao Brasil e tinham boa aceitação entre os cavalheiros. Um item muito procurado, considerado o “novo chic masculino do momento”, foi o monóculos que esgotaram o estoque nas óticas. Na Fantasia os elegantes senhores estarão com todos esses artigos.
Alegoria 4: O Comércio de Luxo. A Alegoria acoplada retratará fachadas e letreiros de casas comerciais do centro do Rio de três de suas principais ruas de comércio de artigos de luxo: Rua do Ouvidor que virá na 1ª parte do acoplamento, voltada, principalmente, ao comércio de artigos femininos e dominado por comerciantes de sotaque francês e as Ruas Primeiro de Março, antiga Rua Direita, e da Alfândega, no 2º acoplamento, de concentrado comércio de produtos masculinos de predominância inglesa. Na parte “feminina” teremos elegantes maisons, joalheria, salão de cabeleireiro, loja de tecidos, alternado entre uma casa de chá, uma confeitaria e uma pequena revistaria; na calçada vendedores de flores, bancos e luminárias de rua típicas da época. Composições vestidas de hobbys de seda estarão em destaque em queijos no formato de frascos de perfumes em torno da toda esta parte alegórica, trazem nas mãos espelhos. Na parte frontal deste carro alegórico estará a representação de uma fina boutique de acessórios variados onde Catarina irá comprar luvas pra completar seu “look” para o Baile, mesmo ainda não tendo seu convite garantido; lá encontrará Benito, um oficial chileno, seu grande amor, de quem conseguirá, enfim, a tão sonhada entrada ao baile e uma bela joia para usá-la na festa, o colar de diamantes 18 KLT’s. Destaque Central Alto: Fantasia: O Cabeleireiro das Coquetes*. Representa o famoso cabeleireiro Henrique Thomas da afamada casa francesa deEugéne Chesneau, contratado para acudir as senhoras do Baile caso necessitassem conservar e retocar seus penteados após as danças. Na Ilha Fiscal tinha uma sala chamada de salão toucador para essa finalidade. Na parte “masculina” teremos uma alfaiataria, uma sapataria, uma ótica, uma barbearia, alternada por um café (onde teremos mesas e cadeiras na calçada), uma livraria e uma pequena tabacaria; na calçada também teremos bancos e luminárias típicas da época, engraxate e vendedor de jornais. As composições masculinas estarão em destaque em cima de cartolas e vestirão roupões. Um bonde passará por essa rua, que terá um trilho, onde ele ficará num vai e vem. Muitos figurantes, trajados com roupas da época estarão em ambas às partes da alegoria, e encenarão compras e passeios pelas ruas com sacolas e caixas cheias de produtos. Mulheres com elegantes trajes e chapéus da época, carregam sombrinhas e buquês de flores e algumas estarão acompanhadas por mucamas.
* Coquete (Etm. do francês: coquete; s.f.): Diz-se de ou pessoa que pretende buscar a admiração de outrem através da aparência. Fonte: http://www.dicio.com.br/coquete/.
5º Setor: Enfim... Chegou O Grande Dia! Cais Pharoux abarrotado de curiosos, cerca de 100.000 pessoas. Terraços, sacadas, chafarizes e até árvores eram disputados, tudo para se ter a melhor vista. O evento atraiu milhares de embarcações para as proximidades. Ninguém quer perder um lance do grande evento! O povão se encanta com os fogos de artifícios, com o Palacete iluminado com luz elétrica, uma novidade, com os ilustres convidados que chegavam e engarrafavam o cais com suas carruagens e charretes, entre outros veículos. Balsas levam o seleto grupo de convidados até a ilha encantada! Uma banda anima o público no cais. Na Ilha os convidados desembarcam em meio a um bosque e eram recepcionados por moças fantasiadas de fadas e ninfas. Seis salões foram preparados para o Baile, três de cada lado do 1º pavimento. Os salões estavam ricamente decorados, com muita pompa e extravagância.
Ala 20: O Povo no Cais Pharoux. Do Cais Pharoux a multidão se acotovelava para ver o grande evento. De lá partiam as embarcações que levavam os convidados para a Ilha fantástica. O povo se dividia entre aplausos e vaias. A ala traz fantasias simples, roupas do dia-a-dia do povão em geral. Binóculos (licença atemporal) serão usados como adereços de mão para melhor ver toda àquela agitação e movimentação.
Tripé 2: O Chafariz do Cais. O tripé traz a reprodução do Chafariz Mestre Valentim, popularmente conhecido como Chafariz da Pirâmide do Cais Pharoux, que foi disputado pelo povo, tudo para se ter a melhor vista. O tripé virá no meio da Ala 20 “O Povo no Cais Pharoux” e terá algumas esculturas do povão em cima dele que jorrará água e no topo do chafariz estará um felizardo destaque que conseguiu subir até lá com uma luneta como adereço de mão.
Ala 21: Os Músicos da Banda. A Ala representa a 1ª das seis bandas e orquestras contratadas para o evento. A Banda de Música do Corpo Policial do Rio de Janeiro tocava no Cais junto à ponte flutuante montada para o embarque dos convidados. O povão que estava reunido no Cais vendo àquele movimento todo também aproveitava e se divertia com a música tocada pela banda. Na Fantasia reprodução do garboso uniforme da banda de música.
Ala 22 – Os Ferry-Boat’s (Mini Ala). A Ala representa as 3 embarcações a vapor da Cia Cantareira Ferry-boat’s, as faluas e demais lanchas que transportaram os convivas até a Ilha fantástica no dia do baile, todas iluminadas e garbosamente decoradas com tapetes luxuosos e bandeiras do Brasil e do Chile. Foi um corre-corre e um empurra-empurra quando o transporte marítimo começou a funcionar às 20 horas da noite. Houve até madames perdendo a compostura e pagando mico, caindo nas águas do cais. O povão do cais se divertia! “A Primeira” era das mais admiradas já que foi caprichosamente decorada para transportar a família Imperial. Às 22 horas partiu a barca com Suas Majestades Imperiais e com Sua Alteza o Príncipe D. Pedro Augusto. Já na Ilha foram saudados com uma salva de palmas, ouvindo-se a seguir o Hino Nacional e foram conduzidos para uma sala reservada para ela. Será uma pequena ala composta de apenas duas fileiras de foliões que carregam um grande elemento simbolizando as embarcações. Na Fantasia malhas em azul, para representar o mar, nos ombros carregam a reprodução das embarcações (em espuma), será preciso o uso de dois foliões para carregar tais adereços pelo seu tamanho, por isso, será necessário termos duas fileiras dedesfilantes. O integrante da frente desta “mini ala” terá um grande leme giratório na altura do seu peito e o folião de trás levará uma âncora.
Ala 23: O Grande Engarrafamento. A Ala coreografada representa o grande congestionamento de carruagens, charretes, coches, vitórias e tilburis* ocorrida nas imediações do CaisPharoux no dia do Baile, entre 700 a 1000 carruagens se enfileiravam em frente ao Cais. Até a família Imperial sofreu com esse imprevisto quando vinha de São Cristóvão na altura do Campo de Santana, só chegando ao Cais perto das 22:00 horas. Na Fantasia garbosos cocheiros carregam hastes de madeiras nas mãos com adereços nas pontas que simbolizam os mais variados tipos de transportes envolvidos, carruagens, charretes, coches, vitórias e tilburis, no grande engarrafamento (tudo em espuma, bem leves, assim como os cavalos, os cocheiros (que vestirão a mesma fantasia do folião humano), a boleia e de alguns tripulantes trajados para o baile, um trabalho bem artesanal).
* Tilburis: Espécie de carroça. Tílburi é um carro de duas rodas e dois assentos (tibureiro e passageiro), sem boleia, com capota, e tirado por um só animal Fontes: http://pt.wiktionary.org /wiki/tílburi ehttps://pt.wikipedia.org/wiki/Tílburi.
Tripé 3: A Carruagem Imperial. Representa a carruagem Imperial que trouxe a família real ao Baile da Ilha Fiscal e que ficou “presa” num grande engarrafamento. Em cima do tripé, dois destaques com requintadas fantasias de cocheiros imperiais. Em uma das janelas estará um boneco do nosso monarca com a cabeça para fora do veículo como se estivesse surpreso com aquele congestionamento e estaria perguntando a um dos cocheiros sobre o ocorrido. As demais janelas estarão cerradas por cortinas. O Tripé terá belas esculturas de cavalos negros.
2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: As Bodas de Prata da Princesa e do Seu Consorte Francês. O segundo casal representa a Princesa Isabel, o Conde D’Eu e suas bodas de prata (ocorridas em 15 de outubro) comemoradas, justamente, no Baile da Ilha Fiscal. Embarcaram às 22h15 min. Nosso 2º casal vestirá trajes inspirados nas suas roupas originais da festa. A Princesa Isabel causou muito boa impressão pelo luxo e pela beleza: trajava uma roupa de moiré preta listada com branco, tendo na frente um corpete alto bordado a ouro. Nos cabelos, ela usava um diadema (tiara) de brilhantes. Já o francês Conde D’Eu portava elegante traje militar com faixa no peito. Os dois bailaram bastante na pista de dança durante a grandiosa festa.
Guardiões do 2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: A Guarda Negra da Princesa. Os integrantes representam a Guarda Negra. A Guarda Negra era um grupo composto por ex-escravos e negros alforriados, exímios capoeiristas, que zelavam pela proteção da Princesa Isabel e pela manutenção da Monarquia. A gratidão à Princesa, o desejo de participarem como cidadãos na sociedade levaram os negros ao fanatismo e ao ódio contra o movimento republicano e aos fazendeiros escravistas e passaram a ser muito temidos. Os Guardiões carregam seis grandes arcos a gás e dois candelabros que iluminavam os convivas na ponte flutuante montada junto ao Cais Pharoux para o embarque às barcas de acesso a Ilha Fiscal. Aqui esses arcos e candelabros iluminam e clareiam os passos do nosso segundo casal.
Ala 24: Fadas e Ninfas. Já na Ilha, em frente ao ancoradouro, os convidados eram recepcionados em um bosque artificial, especialmente construído para a ocasião, de palmeiras tropicais, por demoiselles* vestidas de fadas e ninfas, que recolhiam os convites, um verdadeiro “cenário encantado” como comparou o Jornal do Commercio. Em frente ao ancoradouro, fora construído para a ocasião um bosque artificial de palmeiras tropicais. Duas fantasias nesta Ala formada só por mulheres: Fadas e Ninfas. Ramos de flores será o adereço de mão.
* Demoiselles (S.f.): Palavra francesa que significa moças, donzelas.
2º Grupo Performático: As Comitivas. O Grupo Performático nº 2, composto por 15 integrantes, representará os dois grupos de comitivas formadas para “bem” receber os convidados na Ilha Fiscal. O 1º Grupo* é para recepcionar os convidados da alta sociedade e o 2º Grupo ou comissão especial recepcionaria integrantes da Família Imperial. Eles encenam rapidamente, de forma leve e bem humorada, a atuação destas comitivas no esplêndido evento. Um integrante será uma espécie de arauto que recebe o convite e anuncia a sua chegada. Quatro integrantes representam dois casais de convidados, um da sociedade e outro da família imperial. Os demais 10 representarão alguns dos integrantes destas comitivas (os mesmos terão que trocar seus trajes, casacos, para representarem as duas diferentes comitivas de recepção). Para tal, terão que trocar suas casacas conforme a linhagem do convidado. A casaca e vestido dourados são da comissão especial e a casaca azul será da outra comitiva. As casacas e/ou vestidos estarão dependurados numa arara de roupas que acompanhará a apresentação, alguns integrantes, inclusive, terão que colocar perucas para representarem as mulheres do grupo da comissão especial.
* O 1º Grupo era formado por 15 integrantes, todos homens: Visconde de Figueiredo, Visconde de São Francisco, Barão do Paraná, Barão de Javari, Barão de Drummond, Comendador Luís Rodrigues de Oliveira, Comendador Ferreira Sampaio, Conselheiro Carlos Augusto de Carvalho, Doutor Carlos Claudio da Silva, Doutor Carlos César de Oliveira Sampaio, Doutor João da Costa Lima de Castro, Doutor Deodato Cizino Vilela dos Santos, Doutor João dos Reis de Sousa Dantas, J. Carlos de Sousa Ferreira e o engenheiro Adolfo José Del Vecchio, que fora o construtor do palacete. (A título de curiosidade)
* O 2º Grupo ou Comissão Especial era composto por 17 pessoas: Barão e Baronesa de Sampaio Viana, Comendador Hasselmann, Viscondessa de Ouro Preto, Viscondessa de Maracaju, Baronesa de Loreto, Baronesa de Ladário, Baronesa de Maia Monteiro, Baronesa de Javari, Dona Francisca M. Cavalcanti de Albuquerque, Amélia Leopoldina Correia Diana, Amélia B. de Sousa Dantas, Eugênia Celso, Alice Chermont, Florentina da Gama Berquó, Maria de Sousa Dantas Frontin e Angélica de Lacerda Hasselmann. (A título de curiosidade)
Ala 25: Os Penetras – Ala dos Amigos da Escola. Os penetras, também chamados de bicões e furões, não poderiam faltar a uma boa festa. São os verdadeiros termômetros de um grande festim. Como passaram pela segurança e pelas Comitivas eu não sei. Sei que no grande Baile da Ilha Fiscal para cada dois convidados, um era penetra. Foi assim nas folias da corte e continua desta mesma forma na República. Os amigos da escola 18 KLT’s representam também os penetras do carnaval. Vestem elegantes trajes inspirados (um masculino e outro feminino) nas roupas usadas naquele festim. Em alguns jornais após o Baile foi publicado os pormenores de inúmeros trajes da festa, com críticas aos “micos” e elogios para os mais vistosos e elegantes.
Figurinos de J. Senna para a peça “Último Baile da Ilha Fiscal”, publicados Revista O Cruzeiro.
Ala 26: A Jogatina. A Ala representa uma das seis salas do “Castelinho da Ilha Fiscal”: O Salão de Jogos. Duas Fantasias: O Bobo da Corte traz o Coringa do Baralho para eles, com seu chapéu, roupa e calçado característicos, trazem cetros com cartas de baralho em uma das pontas e na outra são tacos de bilhar como adereços de mão; elas vestem uma fantasia intitulada As Donas do Jogo e da Banca que traz um mix de jogos: Na cabeça coroa com dados e trevos de 4 folhas da sorte, no pescoço uma roleta em forma de uma gola bufante tipo de rainhas, suas saias são em formato de mesas de bilhar, com sua superfície verde e as caçapas pintadas, com várias bolas coloridas de sinuca (de isopor) presas distribuídas pela “mesa” toda e ainda com 4 grandes peças diferentes de xadrez dependuradas nas quatro quinas da mesa, as mangas também bufantes do “vestido” serão formadas com várias cartas de baralho.
Destaque de Chão: A Bela Debutante. A jovem musa representa a filha do Barão de Sampaio Vianna que completava 15 anos naquele dia, com quem o Imperador D. Pedro II dançou sua única valsa na noite.
Alegoria 5: O Grande Baile se Inicia no Salão Principal. O carro alegórico trará a reprodução de um dos seis salões da elegante festa. Serão reproduzidas colunas típicas do palacete, as grandes janelas ogivais, o assoalho, e a ornamentação do salão com palmeiras, lindos vasos franceses, âncoras douradas e prateadas com flores nativas, frisos dourados e prateados, de iluminação variada (além da luz elétrica, cerca de 10.000 balões venezianos, lanternas chinesas e milhares de velas), antigas cadeiras ao redor do salão, além de várias bandeirolas brasileiras e chilenas espalhadas por todos os cantos e quadros do monarca brasileiro e do comandante da embarcação homenageada. Casais ricamente trajados com roupas da época coreografam as danças: Valsas, Polcas e Schottisch*. Uma orquestra com violinos entre outros instrumentos estará simulando a execução das músicas. Chuvas de confetes e papéis picados serão jogadas desta alegoria, simbolizando os fogos de artifícios. Decorando o fundo do carro uma preciosidade: a única foto do Baile da Ilha Fiscal, do fotógrafo franco-brasileiro Marc Ferrez, mostra um dos salões decorados do suntuoso evento. Destaques Principais: D. Pedro II trajava uniforme de almirante, casaca preta folgada (na lapela sua condecoração predileta, o “fiel carneirinho”, símbolo da Ordem do Tosão de Ouro) e cabeça descoberta. D. Tereza Cristina trajava vestido de renda de chantilly preta e guarnecido de vidrilhos. Catarina e Benito, nossos personagens, dançam alegremente nesta alegoria e que comandam o grupo coreografado de dançarinos, ela usa o colar de diamantes, o 18 KLT’s, que ganhou do amado para a ocasião. O Baile começou por volta das 23 horas.
* Schottisch: Antiga dança de salão aos pares, que se movimentam sincronicamente, geralmente em compasso binário. Aproxima-se da polca. Fonte: http://www.dicionariompb. com.br/schottisch.
Figurinos de J. Senna para a peça “Último Baile da Ilha Fiscal”, publicados Revista O Cruzeiro.
Foto do Baile
6º Setor: Rega-Bofes*. O setor traz toda a fartura, opulência e exageros dos comes e bebes servidos aos convidados no portentoso Baile. A ceia realmente foi um capítulo a parte! O requintado Buffet ficou a cargo da Casa Paschoal, a preferida do Imperador, e fora servido ao ar livre em 5 mesas no formato de ferraduras (em “U”) a meia noite em ponto. Sorte de que não choveu! Toda a louça em porcelana foi feita alusiva e exclusivamente para a ocasião. Os números da maior comilança de que o país tem notícia foram impressionantes e serão retratados neste setor. A crítica feita pela imprensa foi pela pouca presença de produtos tipicamente nacionais no menu.
* Rega-Bofe: Festança; festa repleta de muita comida e de bebidas. Fonte: http://www.dicio.com.br/rega-bofe/
Ala 27: A Criadagem: A Ala representa os profissionais envolvidos no suntuoso banquete: 8 Chefes, 40 Cozinheiros e outros 50 Ajudantes de Cozinha (só para atualizar, preparar, esquentar, decorar, etc a comida que, em sua maioria, já veio pronta), levaram 3 dias para deixarem tudo pronto e 150 Copeiros. Um serviço de alto requinte realizado pela empresa Casa Pascoal. Fantasias diferentes devidamente paramentadas e caracterizadas conforme as diferentes atividades. Panelas, colheres de pau e menus são os adereços de mão. O Cardápio tinha 12 páginas e era escrito em francês, guarnecido com as cores das bandeiras brasileira e chilena, um luxo só.
Ala 28: Um Brinde, Tim-Tim! A Ala representa o excesso de bebidas consumidas naquele festim, 304 caixas ao todo (3.096 garrafas abertas no total, cerca de duas a três garrafas para cada convidado), dentre as quais: Champanhe (cerca de 80 caixas de 4 qualidades diferentes), Vinhos de 23 qualidades diversas, cerca de 12 mil garrafas servidas (cerca de 188 caixas: 20 caixas de vinho branco, 78 de vinho tinto, incluindo os franceses Bordeaux e Borgonha e os portugueses do Porto e Algarve, e outros 90 vinhos de sobremesa), Conhaques (26 caixas), Vermutes (4 caixas) e Licores (6 caixas), Água Mineral (100 caixas), Cerveja (mais de 10 mil litros) e cerca de 50 mil Kg de gelo. Na Fantasia garrafas e mais garrafas vazias dos mais variados formatos e tipos de bebidas, rolhas, taças e demais copos, cubos de gelo. Na cabeça um balde de gelo com uma garrafa de Champanhe. Nas mãos trazem o menu com a carta de vinhos.
3º Grupo Performático: Tá na Mesa Pessoal! O Grupo Performático nº 3, formado por 13 integrantes, representam os Arautos Imperiais. A meia-noite, em ponto, os arautos soaram suas trombetas e anunciaram que a mesa estava posta e a ceia estava servida. Foi a maior correria, uma comilança desenfreada. Os Arautos carregam trombetas presas com bandeirolas do Império e do Chile.
Ala 29 - 2ª Ala de Baianas: A Lauta Ceia. Nossa 2ª Ala de Baianas representa a lauta ceia, os mais variados e requintados pratos servidos durante o banquete. Entre os 11 pratos quentes e os 15 frios, algumas delicadas iguarias e as grandes surpresas do Buffet: As peças inteiras de caça e pesca e as aves exóticas servidas. Seguiam-se pratos de peixe e de caça colocados alternadamente nas grandes mesas. Foram consumidas cerca de 3 mil sopas e mais 3000 latas de ervilha, 1200 latas de aspargo, 400 diferentes saladas (sendo 50 tipos de saladas com maionese), 12 mil frituras, 20 mil sanduíches diversos, 18 mil salgadinhos, milhares de canapés, 50 caixas de peixes grandes de água doce e salgada, 800 latas de lagosta, 800 kg de camarão, 500 tigelas de ostras, 100 latas de salmão, 800 latas de trufas, 1500 costeletas de carneiro, 25 cabeças de porco, leitões, 300 peças de pernis de presuntos, 100 línguas de boi e vaca, 12 cabritos, 1300 frangos, 250 galinhas e uma infinidade de aves exóticas: 50 macucos, 800 inhambus, 64 faisões, 18 pavões, 80 marrecos e patos, além de codornizes (espécie de perdiz), jacutingas (aves da Mata Atlântica muito usada na culinária da época) e pombos selvagens. Tudo foi decorado com legumes, flores ou frutas. Será um grande Ala com fantasias ricas em detalhes dos mais diversos pratos e iguarias servidas na ceia. Na cabeça um chapéu no formato de uma grande panela de barro com vários condimentos e temperos (alho, cebola, ervilha, cenoura, etc). Nas mãos trazem bandejas de pratas com um dos pratos servidos, a cabeça de porco recheada.
Destaque de Chão: Visconde de Cabo Frio. O Muso da Escola representa o aflito Visconde de Cabo Frio, Ministro das Relações Exteriores da Corte, que tentou “proteger as penosas aves”, os perus assados.
Ala 30: Cadê o Peru do Menu? Essa Ala, bem-humorada, representará uma passagem curiosa e engraçada ocorrida no memorável Baile. No meio da festa o Visconde de Cabo Frio resolve fazer diplomacia. Ao saber que 500 perus assados, recheados com castanhas, fariam parte do cardápio da ceia, ele fica muito preocupado com o que poderia pensar a comitiva do governo peruano e manda esconder tudo no porão do castelo. A notícia vaza e um grupo de nobres decide aprontar. Suborna o dono de uma embarcação na tentativa de “sequestrar” as aves. A polícia deteve os fanfarrões. A imprensa com ironia noticiou: "A polícia não encontrou os perus no barco, mas descobriu 604 peruas no baile". Na Fantasia perus e peruas, assados e “recheados”, que tentam escapar de serem 1º devorados e depois “sequestrados”.
3º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira (Casal Mirim): A Sensação dos Gelatos. Nosso Casal Mirim representa uma das grandes novidades para a época e um dos pontos altos da ceia, o sorvete ou gelato. Nas suas roupas “glaciais” em tons de prata e branco para representarem o frio e o gelo que conservou o sorvete, com detalhes em bolas coloridas representando os variados sabores. Foram servidas mais de 12 mil taças de sorvetes dos sabores mais diversos, dentre os quais: Creme de amêndoas, baunilha e de frutas diversas, como o caju e o abacaxi, inclusive o de pitanga, grande preferido do monarca, o qual não poderia faltar. Nas cabeças coroas em forma de taças de sorvete com bolas coloridas dentro delas e pitangas para decorá-las.
Ala 31: Doçuras Especiais! Além do sorvete, outros 11 tipos de sobremesas também se destacaram na ceia. Cerca de 800 pratos de pastelaria, 600 de gelatinas, 300 de pudins, 400 de doces de fio de ovos, 18 mil frutas, além de 24 miniaturas do castelo da Ilha esculpido em açúcar, em cujos torreões foram colocados bombons. A Família Imperial deixou a Ilha pouco depois da sobremesa. A Ala especial formada por cadeirantes e seus auxiliares representa esses 11 tipos de doces servidos como sobremesas. As cadeiras de rodas serão ornadas como se fossem as bandejas de prata onde os mais variados doces são servidos. Nas bandejas e nas cabeças dos foliões, em forma de chapéus, gelatinas, pudins, manjares, folhados, bombons, docinhos, frutas e castelos de açúcar. O auxiliar do cadeirante virá trajado de garçom.
Alegoria 6: O Grande Banquete! A Alegoria terá uma gigantesca mesa em formato de ferradura. Na mesa estarão os nove tipos de copos de cristais (três brancos e seis coloridos) à frente de cada prato, os talheres, as louças alusivas e confeccionadas especialmente para a ocasião, garrafas de bebidas e os mais variados pratos. Os enormes pavões empalhados e suas caldas multicoloridas (ao todo eram 20 pavões, 2 em cada uma das cabeceiras das mesas; eram 5 mesas ao todo na ceia), ricos candelabros em bronze em cima de toalhas brancas de renda, com arranjos de flores e frutas exóticas. A Capa do Menu, gigante, estará a frente do carro alegórico. Destaques: Aves Exóticas do Buffet.
7º Setor: O Novo Festim De Baltazar – Um Grande Bacanal! Neste setor traz a repercussão do pós-festança, como se uma imensa nuvem negra tomasse conta dos céus e da vida das autoridades da corte. A imprensa “republicana” não deixou por menos e fez severas críticas a estrutura do palacete (aperto dos salões, falta de banheiros), ao reprovável comportamento dos convivas (brigões e, principalmente, do escândalo envolvendo as “castas” donzelas) e, posteriormente, aos elevados custos (que serão vistos no último setor).
Ala 32: Nuvens Negras – Pré e Pós-Festança. Na semana do baile desabou um grande temporal no Rio, deu uma folga bem no dia da festa e, logo após o término do Baile da Ilha Fiscal, no amanhecer do domingo do dia 10 de novembro de 1889 (a festança varou a noite e só acabou por volta das 6 horas da manhã), nuvens negras de chuva se formaram e ela veio forte novamente. Desabou um aguaceiro sobre a cidade, como há muito tempo não se via. Esta Ala também fará uma analogia aos “tempos fechados e carrancudos” que se seguiu na corte ao término deste mega evento, e que culminará na queda da Monarquia em 6 dias. Metaforicamente a Ala igualmente simbolizará a “enxurrada” de ferrenhas críticas e fofocas / maledicências advindas da cobertura jornalística dada ao badalado festim. A Fantasia Nuvem Negra reproduzirá fielmente a da bela figura que se segue.
Ala 33: A Repercussão na Imprensa. A Ala traz a repercussão do Baile nos jornais e revistas da época: as manchetes, os acontecimentos, as fofocas e as polêmicas publicadas pelos jornalistas e colunistas sociais. Representa também os próprios jornalistas que cobriram o evento do Baile da Ilha Fiscal como Raul Pompéia (um dos mais críticos ferrenho ao regime monárquico), entre outros. Teve até cobertura da mídia estrangeira, como jornalistas chilenos. A Fantasia traz um típico vendedor de jornais. Nas mãos os foliões trarão os jornais e revistas da época com as manchetes de capa sobre a festa.
Destaque de Chão: A Rainha do Cardume. Sua Fantasia será toda em prata com escamas e estará envolta por uma espécie de rede de pesca.
Ala 34 – Latas de Sardinhas. A Ala coreografada simula um minueto e traz casais fantasiados de latas de sardinhas (da fêmea e do macho), uma fantasia para elas com vestidos, topes e babados na cor rosa e outra para eles, com fatiotas e cartolas azuis. A Ala representa o aperto que foi dançar naqueles salões da Ilha abarrotados de convidados, essa foi uma das críticas feitas por um dos jornais da época ao comentar sobre o local escolhido para o concorrido evento. O espaço não havia sido projetado para aquela quantidade de pessoas e o aperto foi enorme, para dançar foi um sacrifício. A Fantasia será de espuma na forma uma grande lata de sardinha, com orifícios para o rosto, braços e pernas ficarem para fora. Os foliões terão seus rostos pintados com tinta, como se fossem parte da própria lata de sardinhas.
Ala 35: Os Mijões – Um Festim Com Dous Toilettes. Farta comida combinada ao consumo “a la vontê” de várias bebidas e a presença de apenas dois toaletes femininos em pontos opostos em toda a Ilha para cerca de 4.000 convivas, o resultado disso tudo é? Um aperto geral. Quando a bebida começou a fazer efeito os homens não se apertaram e se aliviaram mesmo nas águas da Baía da Guanabara. Já as dondocas e donzelas que não se aguentavam esperar nas imensas filas dos sanitários recorriam a uma curiosa solução: baldes de prata com areia. O aperto foi tão grande que foi preciso trazer as pressas baldes extras do continente. A certa altura da madrugada, as latrinas transbordaram e um odor desagradável infestou os salões. A família imperial tinha um espaço privativo equipado com banheiro. Duas Fantasias: Os homens virão com malhas azuis e armação no pescoço tudo em azul como se fossem as águas da Baía da Guanabara, nas cabeças carregam um menino fazendo xixi (Fantasia inspirada no mascote do Botafogo, ver figura. O boneco virá trajado com cartola e tudo mais). Os foliões terão um mecanismo em suas mãos que ao apertarem um botão o bonequinho jorra purpurina amarela, simulando o xixi. As moças virão ricamente trajadas com baldes de pratas nas mãos (será o mesmo modelo de vestido, mas de várias cores). Duas moças, representando os dois banheiros do palacete virão em lados opostos desta ala, com os mesmos trajes das demais, com uma plaquinha no pescoço com os seguintes dizeres: “Ocupado! Aguente-se!” e trazem nos seus costeiros dois magníficos espelhos presentes nos tais toaletes.
4º Grupo Performático: Os Brigões. Em uma boa festança não pode faltar uma boa confusão e brigas. No Baile da Ilha Fiscal também não foi diferente. Esse 4º Grupo, formado por 15 integrantes, retratará os brigões do festim que foram retirados algemados pelo Chefe de Polícia e seus guardas. Alguns integrantes virão fardados de policiais. Os brigões virão fantasiados de presidiários (com listras em branco e preto).
Ala 36: O Novo Festim de Baltazar*. “O Baile da Ilha Fiscal parecia a orgia de Balthazar” foi assim que publicou o Jornal a Gazeta de Notícias ao se referir a festa e aos pertences deixados por alguns e algumas convidados mais saidinhos. Além de copos quebrados, garrafas espalhadas, cartões de dança das moças*, 7 xales e mantilhas, 8 cartolas, 16 sombrinhas, 13 lenços de seda, 9 de linho e 15 de cambraia, 16 chapéus, 9 dragonas de militares, condecorações perdidas, alguns artigos inusitados encontrados pós-festa causaram grande escândalo e foram manchetes dos jornais: Peças de roupa íntima feminina (17 pufes*, 8 raminhos de corpete* e uma grande quantidade de cintas ligas). E assim como na passagem bíblica, que previu a queda do Rei Babilônico, o Baile da Ilha Fiscal também ficou marcado pela queda do Monarca brasileiro. Na Fantasia mucamas da limpeza recolhem em seus balaios de vime os mais variados pertences, alguns estarão dependurados nestes balaios como as cintas ligas das damas. No costeiro trazem a reprodução do famoso quadro de Rembrandt O Festim de Baltazar.
* O Festim de Baltazar: Grande banquete bíblico, do Antigo Testamento, que conta o grande festim dado pelo Rei babilônico Baltazar, neto de Nabucodonosor. Festa para mil nobres regada de muita fartura, mulheres e orgia. Durante a festa uma mão misteriosa escreveu uma mensagem na parede do palácio, predizendo a queda de Baltasar. Nome também de um quadro famoso do pintor Rembrandt sobre o tema.
* Nos cartões de dança as mulheres anotavam os nomes dos cavalheiros com quem haviam se comprometido a dançar.
* Pufes ou Puffs: Eram almofadinhas que realçavam os contornos das madames.
* Raminhos de corpete: Eram usados para esconder o decote das mulheres.
Alegoria 7: Um Grande Bacanal... Digo, Carnaval! Na Alegoria a representação de mais um dos salões do Baile (Salão Espelhado), que com o passar das horas e com o desenrolar da festa se transformou numa verdadeira orgia, uma esbórnia romana como no tempo dos Césares, foi assim que expressou em seu diário o engenheiro André Rebouças: “foi um verdadeiro bacanal!”. Na alegoria cortinas de veludo e tapetes vermelhos, além de espelhos e jarros de porcelana. Terá algumas colunas espelhadas onde os convidados entram vestidos e saem despidos. As composições vestem trajes sumários: Elas usam calcinhas, cintas ligas, sutiãs, algumas estão com os seios nus, corpetes, meiões, e joias, eles usam calças, sem camisas, alguns usam somente cuecas samba-canção, meias, gravatas borboletas. Encenam carícias pelos cantos, atrás de cortinas, numa grande escada em caracol (que não dá acesso a lugar algum), e até em cima de um belo piano de calda, etc. Alguns homens saem em perseguição de donzelas. Algumas roupas de festas e cartolas estarão jogadas pelo chão, em cima de vasos decorativos e, até mesmo, num grande lustre no meio do salão. Nos queijos em formato de taças de champagne, casais seminus estarão mergulhados e misturados na bebida entre abraços, beijos e chamegos. Frutas como uvas e maças estarão nesta alegoria. Outras composições estarão vestidas de diabinhas e de diabinhos. Garrafas de bebidas serão adereços de mão de algumas das composições. Donzelas “castas” dançam na “boquinha da garrafa”. Destaque Central: Sob a Regência do Deus Baco*. Destaque Central-Alto: A Santinha do Pau Oco, na Fantasia uma metade de santinha / anjinha, e outra de diabinha. Outro Destaque: Príncipe Pedro Augusto (que dançou animadamente madrugada adentro) virá com sua faixa, coroa, calça, sem camisa, comandando um animado trenzinho com beldades no salão. Preservativos serão jogados ao público durante a passagem desta alegoria.
* Deus Baco: É o deus romano do vinho, da ebriedade, dos excessos, especialmente sexuais. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Baco.
8º Setor: A República Nos Calcanhares. Nosso último setor retratará algumas das causas que levaram a queda da Monarquia Tupiniquim, deflagrada seis dias após a festança da Ilha Fiscal, o que acabou por transformá-la num marco simbólico da sua derrocada. A gastança exorbitante com o Baile foi o estopim que faltava para o golpe final contra a Monarquia. Especulou-se, na época, que verbas do orçamento para Seca no Ceará tenha sido desviada para cobrir os elevados custos do faustoso festim. Antes disso, os altos custos dispendidos na Guerra do Paraguai, a crescente insatisfação do tratamento dado aos militares desde a vitória nesta Guerra e a própria libertação dos escravos são também fatores que corroboraram para a derrocada da Monarquia. Dom Pedro II foi deposto a 15 de novembro de 1889 com a Proclamação da República; o governo provisório deu-lhe 24 horas para deixar o país. Era o fim da Monarquia! Um Salve à República!
Ala 37: Nas Trevas da Noite – O Rebu dos Militares. Enquanto a Monarquia bailava nos suntuosos salões da Ilha, um grupo de 116 militares republicanos, aquartelados no Clube Militar, reuniu-se para tramar e articular um golpe para derrubá-la, sob a batuta do Tenente-Coronel Benjamin Constant. Dois dias depois, na casa de Rui Barbosa, alguns oficiais, incluindo Benjamin Constant e o Marechal Deodoro da Fonseca, além de outros dois civis (Quintino Bocaiúva e Aristides Lobo) confirmaram a realização do golpe. Na Fantasia militares camuflados com asas de morcegos, seres noturnos.
Ala 38: O Flagelo da Seca no Ceará. A Ala representa os elevados custos para bancar toda àquela opulência. Gastos exorbitantes e desmedidos equivalentes a quase 10% do orçamento anual da província do Rio de Janeiro, cerca de 250 contos de réis ceifados dos cofres públicos. Um valor estimado entre R$ 650 mil a R$ 1,2 milhões de Reais. As “más línguas” diziam que parte desta dinheirama (100 contos de réis) estava destinada ao auxílio de vítimas da seca no Ceará. Os miseráveis da seca que esperassem para morrerem de sede e fome. Na Fantasia o sertanejo nordestino típico, com seu traje de couro, seu chapéu de palha, sandália; o sol, o mandacaru, cabeças de gado e ossos de animais para representar a seca. Mulheres carregam latas d’água na cabeça.
Ala 39: A Libertação dos Escravos. A Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel, em 13 de Maio de 1888, que libertou os escravos no Brasil também interferiu fortemente para que os ideais republicanos ganhassem força, principalmente com a aristocracia rural, pois ocasionou na perda de prestígio do imperador e o baile foi o pretexto que faltava. Os fazendeiros empobrecidos, ex-senhores dos escravos, sem nenhum tipo de compensação (indenização), estavam bastante irritados e desgostosos com esta medida da princesa já que ocasionara uma grave crise econômica em consequência da falta de trabalhadores braçais no campo e, consequentemente, em uma queda vertiginosa na produção do café e do açúcar; acabaram se baldeando às ideias republicanas. Até mesmos os escravos libertos estavam descontentes e atordoados com as suas situações. Foram atirados nas estradas e ruas, sem casa, sem comida, muitos perambulavam pelas cidades sem ocupação e sem renda, sem nenhuma compensação pelos anos de trabalho na escravidão.
Ala 40: A Guerra do Paraguai. A Ala representa os impactos causados ainda pela Guerra do Paraguai encerrada em 1870 (quase 20 anos depois). De um lado, os ruralistas insatisfeitos por financiaram parte dos altos custos dispendidos na Guerra do Paraguai, combinado com a posterior libertação de seus escravos. De outro, os militares envolvidos naquele conflito estavam muito desgostosos com o tratamento dado a eles pelas autoridades imperiais. O Exército achava que por ter ganhado a guerra, a nação lhe devia algo a mais, além de títulos de nobreza. A fantasia será do tipo “frente-e-verso” tendo a representação de um lado de uma farda azul de soldados “aliados” da tríplice aliança e no seu verso, suas “costas” que terá na altura das cabeças máscaras para simular rostos, farda vermelha dos soldados do ditador Solano López do Paraguai. A ala simulará um combate entre as duas tropas rivais e está fantasia tem a intenção de dar maior “volume” a mesma. Nas mãos como adereços trarão carabinas, mosquetes, espadas, baionetas e fuzis, armas utilizadas neste embate.
* A Guerra do Paraguai foi o maior conflito armado internacional da América do Sul. Travado entre a Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai) contra o Paraguai de dezembro de 1864 a março de 1870, com vitória dos Aliados. Deixou um saldo de 300.000 mortos (dizimando grande parte da população masculina daquele país) no lado paraguaio contra 71.000 mortos. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_do_Paraguai.
Ala 41 – Ala da Velha Guarda: Um Salve à República! A Velha Guarda brinda-nos com os novos tempos, enche-se de esperança e abençoa a República Federativa do Brasil. Virão elegantemente trajados nas cores da nova bandeira do Brasil com ternos e cartolas para eles e vestidos e delicados chapéus com renda para elas. Estrelas bordadas representando os 27 Estados e o DF e o Cruzeiro do Sul estarão por todo o traje da Galeria da Velha Guarda. Trazem faixas no peito com os dizeres: “Ordem, Progresso e Carnaval!”.
Alegoria 8: E O Império “Bailou”... A República “Aplaudia”! Está Alegoria retratará a derrocada da Monarquia brasileira e a instauração da República. Neste carro alegórico terá uma grande estátua da efígie da República, estátua do Marechal Deodoro da Fonseca montado em seu cavalo, a nova Bandeira Nacional, estrelas da bandeira que representavam aquelas que mais brilhavam no céu do Brasil na histórica madrugada de 15 de novembro de 1889, dentre as quais o Cruzeiro do Sul. Na Alegoria terá também a escultura (ver figura abaixo) representando a 1ª nação a reconhecer nosso novo governo, a Argentina e em destaque no centro do carro o quadro A República de Helios Seelinger, de 1922. Destaque Principal: Marechal Deodoro Fantasia: O Proclamador da República. Na parte traseira do carro alegórico, além de esculturas de cupidos e corações, terá uma grande tela em aquarela (pintura), com uma bela moldura, representando o embarque da tripulação estrangeira se preparando para a partida do encouraçado chileno do cais brasileiro, lotado de curiosos que se despedem, e o mar da Baía da Guanabara, com nossos personagens fios-condutores do enredo, Catarina e Benito, abraçados na popa do navio. Na lateral desta moldura telas reproduzem a imagem de um beijo dos atores que representaram nossos personagens. Manchetes dos principais jornais e revistas da época com a notícia da Proclamação da República e da partida do navio chileno decoram a saia de todo o carro.
Revista Ilustrada
A República de Helios Seelinger
A Bateria Retorna do Recuo. Com o navio de guerra chileno se preparando para alçar âncoras e tomar seu rumo de casa, sua tripulação (a Bateria) retorna do recuo e parte também para encerrar sua participação, despedindo-se do público, e nosso desfile.
Obs: Nossos Diretores de Alas, Diretores de Harmonia e de Evolução e integrantes da Diretoria representarão os Guardas Imperiais, trajarão uniformes normais, como se em serviço estão, e estarão zelando, cuidando e protegendo nossos convidados e foliões, diferentemente, dos integrantes da Ala 1: A Imperial Guarda de Honra que usará trajes de gala pois estarão presentes nesta festa como convidados.
Referências Bibliográficas:
Livro: 1889. Autor: Laurentino Gomes. 1ª Edição. Editora: Globo. 2013.
Livro: Casos Verdade da História do Brasil. Coleção Brasileira de Ouro. Autor: Sérgio D.T. Macedo. Editora: Ediouro. 1982.
Livro: Festas Chilenas – Sociabilidade e Política no Rio de Janeiro no Ocaso do Império. Organizadores: Jurandir Malerba, Cláudia Beatriz Heynemann e Maria do Carmo Teixeira Rainho. Editora:EdiPUCRS. Porto Alegre. 2014.
Livro: O Baile da Despedida – O Adeus da Monarquia na Grande Noite da Ilha Fiscal. Autor: Josué Montello. 2ª Edição. Editora: Nova Fronteira. 1992.
http://imperiobrazil.blogspot.com.br/2010/07/dom-pedro-ii_11.html
http://pt.slideshare.net/ycaro1201/ultimo-baile-nailhafiscal
http://www.paulocannizzaro.com.br/post.asp?id=98&t=o-ltimo-baile-da-monarquia-brasileira-baile-da-ilha-fiscal
http://www.museuhistoriconacional.com.br/mh-e-31p.htm
http://www.jlourenco.com/JLSN/15deNovembroRepublicaBrasileira.htm
http://blogues.publico.pt/olhos-barriga/2011/12/11/receitas-centenarias-na-moda/
Gazeta de Notícias de 22 de abril de 1897 pesquisada no site http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx?aspxerrorpath=/DocReader/Hotpage/HotpageBN.aspx
http://www.waldircardoso.com.br/2012/05/o-festim-de-baltazar.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário