Atenção carnavalescos e presidentes de escolas de samba!

Atenção carnavalescos e presidentes de escolas de samba!
Gostou de uma ideia, Clique na lâmpada e leia a nossa recomendação!

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Enredo 1018: Grandes histórias coloridas em Preto & Branco

Grandes histórias coloridas em
Preto & Branco


Na foto: Construção da Torre Eiffel, julho de 1888. Foto tirada originalmente em preto e branco.

G.R.E.S.V. Ninho do Yata

Fundação: 22/02/2016
Escola Madrinha: GRESV 18 KLT's
Cores: Azul, laranja e prata
Símbolo: Yatagarasu
Presidente e Carnavalesco: Humberto Mansur
Diretor de Carnaval: Diego Pilintra
Diretor de Harmonia: Moisés Zileão
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Hermes e Diana Abayomi
Coreógrafa da Comissão de Frente: Nádia de Oliveira
Bateria: Asas da Revolução - 288 ritmistas
Mestra de Bateria: Mestra Niágara
Intérprete: Luana D'Arc
"O mundo é nosso! Alô, comunidade do Ninho do Yata! Abre as asas!"










Enredos sobre cores - já existem, já existiram e ainda vão existir.

Sobre uma cor? Portela, 1992.
Sobre duas cores? Leandro de Itaquera, 2010.
Sobre todas as cores? Até que existe. X-9 Paulistana, 2007?*

Mas o que exatamente significa uma cor? Tudo que é associado a ela naturalmente? Tudo que alguém pensa quando vê aquilo? Somente parte do espectro de luz? E o mais importante...

Qual o significado que uma cor tem?

A partir de um devaneio desses e da ideia de fazer um carnaval focado no monocromático, nasceu “Grandes histórias coloridas em preto e branco”. O enredo falará não só sobre o significado de uma cor, mas sobre o significado de DUAS cores juntas e da imagem que elas carregam quando são opostas. O misticismo que cerca esse contraste, o simbolismo que o “preto e branco” construiu e até mesmo as suas aparições mais mundanas. Da cozinha de uma casa até o mundo inteiro, o preto e branco é parte vital deste mundo.

Vale lembrar que a expressão “Preto e branco” inclui também a escala de cinza.

*O enredo da X-9 Paulistana em 2007 falava sobre o Brasil através de suas cores, portanto, esta definição pode não ser a mais exata.





Não há escape.

Tudo leva ao preto e branco.

Tudo leva ao fascínio que a humanidade tem pelo preto e pelo branco.

Pelas duas cores, que tão opostas à primeira vista, trazem juntas uma visão encantadora.

De onde vem isso? Por que o preto e o branco? Porque não o verde e o vermelho? Porque não o azul e o laranja? Porque não o amarelo e o roxo?

Porque todas as cores levam ao preto.
E todas as cores levam também ao branco.

Se hoje em dia, é a ciência que explica o porquê do preto e do branco serem tão importantes, o homem primitivo pensava de outra maneira. A luz era boa. A escuridão dava medo. O dia era a hora de buscar a vida. A noite era a hora de se recolher.

E assim, começava a saga do preto e do branco.

A saga em que a magia branca curava e a magia negra amaldiçoava. A saga em que os anjos vestiam branco e os demônios vestiam preto. A saga em que os fantasmas brilhavam e os vampiros se recolhiam à escuridão. O gato branco é o gato bonito, amado e querido, mas o gato preto é símbolo de azar, de rituais, de feitiços.

Assim como hoje em dia, o Yin e o Yang trazem o preto e o branco como um emblema do taoísmo. Assim como as lojas maçônicas trazem seu ostensivo chão preto e branco porque acreditam numa disputa ferrenha entre o bem e o mal. E porque não pensar que também acreditamos nessa disputa?

E assim, o preto e branco virou símbolo.

Símbolo de reis e rainhas.
Símbolo de casamento.
Símbolo - infelizmente - de segregação.
Símbolo de disputa.

Até a natureza fez a gentileza de nos abençoar com sua própria ideia de preto e branco. “O céu está preto! Vai cair um pé d’água!”
Talvez o céu esteja preto porque está chorando e de luto. E, quando ele está coberto por nuvens brancas, ele está em paz.

Mas quando se pensa estritamente no preto e no branco, o que acontece?

Podem ser as duas cores que estão em todo lugar, mas nunca são as únicas. Não é tão simples assim quanto “sair do preto é automaticamente ir pro branco”.

Afinal, o preto e o branco se misturam.

E formam o cinza.

E formam outra cor.

E dão a chance da arte se apresentar. Fazer o seu festival e celebrar um estilo único trazido pelo preto e branco.

Como na xilogravura, que, apesar de tantas cores poder carregar, consagrou-se nesse país tropical chamado Brasil como uma arte do preto e branco.
Como a grisalha, que através da escala de cinza encanta a tantos amantes da arte antiga.
Como Picasso se eternizou através de uma pintura em preto e branco.
Como tantos querem se eternizar através das notas musicais em branco e seus sustenidos e bemóis em preto.

Até mesmo quando uma forma de arte, por limitação tecnológica, só existe em preto e branco, ela marca época.

As primeiras fotos? Preto e branco.
Os primeiros vídeos, que viraram novelas e filmes? Preto e branco.

E até hoje o preto e branco ainda define a arte, quando alguém vira uma folha para a direita, ansioso para ler a próxima página do seu mangá predileto.

É. O preto e branco está em todo lugar.

Você está no trabalho e te pedem para tirar uma xérox. Impressão em preto e branco.
Depois do trabalho, você encara o trânsito. Carros pretos e carros brancos.
Você chega em casa e vê uma reportagem sobre reformas, sobre ambientes, sobre os móveis. Que tal uma decoração… preta e branca?
“Ah, penso nisso depois”, você diz e vai tomar seu café com leite. O preto do café com o branco do leite.
Daqui a pouco você vai fazer a sua janta. Feijão branco ou feijão preto com arroz branco?
E seus filhos já pensam na Páscoa. “Papai, quero um ovo de chocolate preto!” “E eu um ovo de chocolate branco!”

Não há escape.

Você recebe uma mensagem do trabalho. “Tudo bem, mas preciso que faça um relatório amanhã que deixe tudo preto no branco, beleza?”
Tudo bem, você pensa enquanto volta a ver TV e muda de canal.
Canal musical. Michael Jackson cantando “Black or White”.
Próximo canal. Filme de Star Wars. O lado negro e o lado luminoso da força.
Próximo. Aquele desenho animado que seu filho gosta. O Mago Negro contra o Dragão Branco.
Próximo. Canal esportivo. Amanhã tem jogo do Corinthians. E do Santos. E do Vasco. E do Botafogo. E de vários outros alvinegros que movem as multidões ao estádio para pintar as arquibancadas de preto e branco.
E hoje é dia de carnaval.
Mais tarde tem Vai-Vai e Gaviões desfilando.
Até lá, você decide ouvir alguns sambas antigos, relembrar seus bons tempos na Sapucaí.

“Vou cair na gandaia com a minha bateria…”

-      É… a vida em preto e branco é muito boa.

Tudo leva ao preto e branco.







NOTA: alas/carros/destaques/etc. com o nome sublinhado são as alas do desfile que utilizarão cores além do preto, branco e de tons de cinza na fantasia/elemento alegórico. Qualquer outra parte integrante do desfile será inteiramente em preto, branco e cinza. Texto sublinhado na descrição das alas indica a presença de hiperlinks.

Setor 1
Os porquês do preto e branco

O setor de abertura do desfile funciona como uma introdução ao tema. Aqui, vamos explorar algumas possíveis explicações sobre o fascínio pelo preto e branco.

Comissão de Frente
Laboratório das cores - Tudo se encontra no preto e branco
Para abrir o desfile, temos na comissão de frente o preto e o branco como a origem e o destino de todas as cores. A comissão se baseia no conceito de “cor luz” e “cor pigmento”: de maneira simplificada, a “cor” de um objeto para os seres humanos é a cor da luz que o objeto reflete quando um raio de luz de cor branca (como a luz do sol, por exemplo) incide sobre ele, sendo que um objeto branco reflete toda a luz visível e um objeto preto não reflete nenhuma luz. A “cor luz” é a cor emitida por uma fonte luminosa e a “cor pigmento” é a cor que um objeto absorve. A “cor luz” é representada pelo sistema RGB e a “cor pigmento” pelo sistema CMYK. Dito isto, a comissão de frente virá com 12 integrantes divididos em seis pares de cientistas, cada par representando uma cor de cada sistema de cores: representando o RGB, seis integrantes vestirão jalecos em vermelho, verde-limão e azul; representando o CMYK, os outros seis vestirão jalecos em ciano, magenta e amarelo. A comissão se apresenta em um tripé com a forma de um laboratório descoberto - nesse laboratório, além de tubos de ensaio com líquidos coloridos, há várias torneiras, um béquer gigante e um painel, além de uma caixa. A apresentação da comissão de frente envolve a montagem de truques de ilusão de ótica envolvendo preto e branco no painel usando objetos prontos na caixa. Depois, os integrantes que representam as cores CMYK abrirão as torneiras e despejarão líquidos coloridos no béquer, formando uma mistura preta - representando a mistura das “cores pigmento”. O grupo das cores RGB, então, apertará um botão que fará o painel se abrir, revelando um disco de Newton. Então, o disco começará a girar, mostrando as “cores luz” se misturando no branco.

Carro Alegórico #01 (Abre-Alas)
Medo ancestral - as sombras
O abre-alas representa a representação ancestral da oposição entre a luz e as sombras - o ser humano, em seus primórdios, fazia suas atividades de sobrevivência durante o período diurno enquanto havia luz em abundância e, durante a noite, quando não havia luz, recolhia-se devido ao medo do desconhecido. Essa associação foi levada à frente por milênios, e hoje em dia se reflete na associação do branco ao pacífico e do preto ao assustador. O abre-alas tem duas fases: na primeira fase, é representada uma caverna com pinturas rupestres e homens das cavernas fazendo suas atividades de dia. Durante a passagem do carro, ele se transforma, com a caverna se transformando num vale escuro, os integrantes sendo substituídos por criaturas da noite e o carro inteiro tomando a cor preta.

Setor 2

O preto e branco dos misticismos e crenças






O segundo setor do desfile fala sobre as associações que as pessoas fazem envolvendo o preto e o branco e elementos místicos, ou meramente crenças que façam alguma associação com o dualismo dessas duas cores.

Ala #01
A magia
Quando se trata da magia, logo que se ouve o termo “magia negra”, vêm à mente artes proibidas, técnicas muito poderosas, artefatos corrompidos, entre outros. Já a chamada “magia branca” é associada aos clérigos, curandeiros e geralmente à magias benéficas, utilizadas por criaturas de bem. A fantasia da ala é dividida meio-a-meio: metade lembra um bruxo de vestes pretas e metade lembra um clérigo de vestes brancas. Os integrantes carregam um grimório numa mão e um cetro na outra.

Ala #02
Anjos e demônios
A representação visual de anjos e demônios também é um exemplo claro do preto e branco como sinônimo de ideias em oposição. A figura do anjo é representada frequentemente em branco com outras cores claras, enquanto os demônios são representados em cores escuras, principalmente o preto. A oposição dos anjos como criaturas celestiais e dos demônios como seres infernais é reforçada por suas cores. Sendo assim, a ala virá com uma fantasia de um anjo com asas demoníacas.
Ala #03
Enviados da morte
Figuras associadas à morte e aos mortos, os fantasmas e vampiros também representam a oposição entre o preto e o branco. A retratação comum dos vampiros é de seres noturnos, vestindo longos mantos pretos ou cores escuras, enquanto fantasmas são representados em cores claras e pálidas, comumente vestindo o branco. A fantasia da ala lembra um vampiro com sua alma (representando o fantasma) saindo.
Destaque de Chão
Era uma vez o azar
O gato preto é um símbolo comum do azar em muitas culturas, visto a sua associação à bruxaria. A cor preta do gato supostamente canalizaria melhor as energias espirituais utilizadas pelas bruxas, e por isso, era muito mais comum utilizar um gato preto num ritual místico. A oposição do preto e do branco acabou associando ao gato branco a imagem de um gato mais puro e mais afastado da imagem azarada. A fantasia da destaque é inspirada nas nekomimis japonesas, porém nas cores do desfile.

Ala #04 (Baianas)
Taoísmo - Yin e Yang
Um dos usos mais conhecidos do preto e branco de todos os tempos, o símbolo de yin-yang representa o pensamento taoísta através da oposição entre o yin, que representa a passividade, a noite, o negativo, o frio, o feminino, etc, e o yang, representante do ativo, do dia, do positivo, do quente, do masculino, etc. A ala das baianas forma o símbolo do yin-yang de duas maneiras: cada saia tem o formato do símbolo quando vista de cima, e através de rotações no símbolo, quando vista de frente, a ala forma um grande símbolo de yin-yang na Avenida.

Carro Alegórico #02
Bem e Mal - Crença maçônica
O preto e o branco são, em geral, usados como cores simbólicas de um dualismo entre o bem e o mal no qual não há meio-termo. A maçonaria é particularmente conhecida por isso, representando esse dualismo através de um chão xadrez em suas lojas. A alegoria imita uma loja maçônica em preto e branco com paladinos em vestes claras (representando o bem) enfrentando necromantes de vestes escuras (representando o mal) numa coreografia.

Setor 3
O simbolismo dos opostos em preto e branco

O terceiro setor foca em simbolismos visíveis que as cores preto e branco marquem. Ou seja, coisas para as quais a oposição do preto e do branco têm um significado particular.

Ala #05
França dos reis e rainhas
Nas famílias reais da França Monárquica, os homens que alcançavam o posto de reis recebiam a cor branca para simbolizar seu poder, que supostamente era concedido por Deus. Já as mulheres, como nunca poderiam alcançar o trono, vestiam o preto. Esta ala veste uma versão monocromática de trajes reais (incluindo coroa), com homens vestindo uma versão branca e mulheres vestindo uma versão preta. Além disso, a ala tem um desenho - sempre na cor oposta à do traje - de flor-de-lis na parte de trás, já que esta fazia parte das bandeiras da França monárquica.
Guardiões de Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Convidados ao Casamento
Mestre-Sala e Porta-Bandeira #01
Marido e Esposa
Num casamento, é comum que a noiva use um vestido branco e o marido use um terno preto. A cor branca do vestido da noiva sempre foi associada à pureza e à virgindade da mulher que está prestes a consolidar seu matrimônio. Já o preto dos noivos não tem um consenso sobre seu significado (e sequer é unanimidade, embora seja de longe a cor mais comum), existindo teorias religiosas, econômicas ou até mesmo para que simbolize as “duas” pessoas que tornarão-se “uma” através da cerimônia. Ainda assim, o casamento é um dos exemplos mais marcantes do dualismo do preto e branco, e por isso o casal de mestre-sala e porta-bandeira virá trajado como marido e esposa prestes a casar. Os guardiões virão vestidos em cinza, representando convidados, e jogarão confeitos de arroz* sobre o casal após o fim da apresentação.*Confeitos de arroz se desmancham ao tocar o chão, evitando assim que algum componente escorregue nos restos.

Bateria
Negros e Caucasianos - preto e branco na pele
Um dos exemplos históricos mais tristes de divergência entre o preto e o branco é a supremacia racial que foi imposta por muito tempo e que, felizmente, é menor nos tempos atuais. Por mais de quatro séculos, pessoas foram julgadas e separadas meramente pela cor de sua pele: os “brancos” (também chamados caucasianos), de pele clara e descendência em geral eurasiática, viam-se como superiores aos “negros”, de pele escura e descendência em geral de colônias europeias na África. Ao longo do último século, muitos movimentos começaram a se opôr aos ideais de segregação racial, e hoje em dia tais casos de racismo existem em escala bem menor e são, em geral, abominados. A inovação da vez é que a bateria virá exibindo a própria pele ao invés de utilizar uma fantasia: os ritmistas vestirão somente shorts da mesma cor de sua pele (e, no caso das mulheres, sutiã também da mesma cor) e estarão organizados de forma a misturar as cores de pele o máximo possível.
Ala #06 (Passistas)
Guerra no tabuleiro
A ala de passistas representará os jogos de tabuleiro em que as peças brancas se opõem às peças negras para representar a disputa tática. Jogos como Othello, Damas, Trilha (também conhecido como Moinho) e principalmente o Xadrez seguem essa regra. A ala é composta por uma série de fantasias representando peças de xadrez e damas, divididos de forma que metade represente peças pretas e metade represente peças brancas.
Ala #07
Nuvens - o simbolismo da natureza
Na natureza, nuvens brancas em geral são pequenas e indicam pouca possibilidade de chuva. Porém, com o acúmulo de vapor d’água, as nuvens começam a ficar mais espessas e a bloquear mais raios solares, ganhando cores mais escuras - e quanto mais escura a nuvem, maior é a chance de uma chuva estar próxima. A ala representa esse fenômeno com costeiros de algodão (branco) e tons bem escuros de cinza na parte de cima.
Ala #08
Tempos de luto, tempos de paz
Em geral, na cultura ocidental, a cor preta é associada à morte e ao luto, enquanto a cor branca é associada à calmaria e à paz. O branco acaba representando uma coisa boa da vida enquanto o preto representa o fim da mesma. A fantasia é composta por pombas brancas de mentira nos ombros e um caixão preto no costeiro.
Carro Alegórico #03
Pensamento dualista
Chama-se “pensamento dualista”, ou pensamento preto e branco, um tipo específico de pensamento que considera apenas dois extremos de uma situação; posicionar-se contra um dos extremos automaticamente associa uma pessoa com o outro extremo. De maneira simplificada, “se existem A e B e uma pessoa X discorda de A, então ela concorda com B”. O carro alegórico é composto por uma grande escultura do Pensador de Rodin cortada ao meio e com suas duas metades separadas por um vão visível. Metade da escultura é pintada de preto e a outra é pintada de branco. Em frente a cada uma das metades, fica uma plataforma com acrobatas numa altura considerável. Os acrobatas passam o desfile pulando de uma plataforma para a outra.

Setor 4
Preto e branco: nome da arte monocromática

O quarto setor explorará algumas das diferentes formas de arte baseadas nas cores preta e branca. Em oposição ao conceito normal de arte, as obras em preto e branco são valorizadas como um estilo próprio.

Ala #09 (Coreografada)
Bem-vindos ao Festival!
Embora geralmente associada ao antigo, devido à origem da fotografia e da cinematografia, a arte em preto e branco é um estilo de arte particular e apreciada de maneira especial em relação às artes comuns. Como incentivo para a continuação desses tipos de arte, existem festivais focados nela, como o Festival Audiovisual Black & White, em Portugal. Sendo assim, esta ala coreografada traz uma série de escudos gigantes em cor prateada que, alinhados, formam a frase “BLACK & WHITE”, estilizada numa letra mais moderna para simbolizar a transcendência de eras da arte em preto e branco. Os integrantes da ala são caracterizados como artistas de vários tipos: pintores, escritores, cineastas e até mesmo mímicos - sendo que todos vestirão apenas preto e branco. Após alinhar os escudos, os artistas soltam balões nas cores do desfile.
Ala #10
O Brasil em xilogravura
Chama-se de xilogravura um tipo específico de arte em que uma matriz, um bloco geralmente de madeira, é moldado através de cortes, riscos ou raspadas para formar uma certa imagem. Depois, o bloco é sujo com tinta somente nas partes não-entalhadas e prensado contra um papel ou pano. Assim, o desenho é formado de maneira similar aos carimbos modernos. Apesar de ser uma arte não estritamente em preto e branco, a praticidade faz com que o uso de uma única cor seja comum na xilogravura. No Brasil em particular, a xilogravura é bem mais comum em preto e branco e foi marcante principalmente na literatura de cordel nordestina. A fantasia da ala lembra um cangaceiro em preto e branco, com cactos lembrando os desenhos de xilogravura no costeiro. O integrante carrega uma matriz de xilogravura na mão.

Ala #11
O cinza da grisalha
Outra técnica de arte nascida do preto e branco é a grisalha, que envolve o uso dos tons de cinza e o contraste entre claros e escuros para delimitar formas e relevos. A ala virá com seus integrantes totalmente vestidos e pintados de cinza. No costeiro, obras de arte famosas aparecerão como seriam se fossem pintadas em grisalha - afinal, também chama-se de grisalha o “gabarito de pintura” que alguns artistas fazem antes de colorir suas obras.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira #02
Picasso e Guernica
Uma das obras de arte mais comoventes da história e um dos grandes símbolos do movimento artístico cubista, a Guernica de Pablo Picasso utiliza o contraste entre preto, branco e cinza para representar os bombardeios que assolaram a cidade de Guernica em 1937. O mestre-sala representará Picasso, carregando um pincel e uma paleta cinzentos nas costas. A porta-bandeira representará a própria tela Guernica, que será estampada em sua saia. Este casal carrega uma versão monocromática do pavilhão da escola.

Ala #12
Nas notas musicais
Fora do campo da arte visual, existe também um tipo de arte que é lembrada pelo preto e branco característico: os instrumentos musicais de teclas, que possuem teclas brancas para notas “comuns” e teclas pretas para notas com bemóis e sustenidos. A ala traz trajes de músicos em preto e branco, com cada integrante carregando um teclado falso com o texto “Ninho do Yata em preto e branco” estilizado em letras lembrando notas musicais.


Ala #13
Sorria para a foto!
Na época em que a fotografia foi inventada, não conhecia-se um método de fotografar com cor. As primeiras fotografias datam da primeira metade do século XIX, mas as fotos coloridas só se tornaram a maioria das fotografias na segunda metade do século XX, e nesse meio tempo, vários momentos históricos foram registrados no preto e branco. Nesta ala, os integrantes representam fotógrafos e carregam réplicas de câmeras antigas. Na parte de trás da ala, uma série de elementos cenográficos em forma de moldura apresenta fotos históricas que foram tiradas em preto e branco.
Ala #14
Luz, câmera, ação!
Assim como na fotografia, nos primórdios da cinematografia, as gravações eram exibidas em preto e branco. Mesmo assim, cineastas como Charles Chaplin e Alfred Hitchcock resistiram ao teste do tempo e seus filmes monocromáticos tornaram-se um símbolo cult da sétima arte. A fantasia da ala é inspirada nos trajes clássicos de Chaplin e cada integrante carrega uma claquete ou um rolo de filme - já que estes também são comumente coloridos em preto e branco.
Carro Alegórico #04
Os traços do mangá
Uma das formas de arte mais prominentes dos tempos atuais definida pelo preto e branco é o mangá, nome dado aos quadrinhos japoneses. Lidos da direita para a esquerda, os mangás são quase sempre feitos em preto e branco, possuindo páginas coloridas somente em edições especiais. O carro traz um enorme mangá aberto com o símbolo da escola - no caso, o yatagarasu - saindo das páginas e ganhando um corpo tridimensional. O destaque central do carro será um shinigami com um Death Note na mão.

Setor 5
Cores do mundano - mais preto e branco

O quinto setor mostra o dualismo do preto e branco como algo que se integrou à sociedade e que faz parte da vida cotidiana através de exemplos da presença do preto e branco em coisas comuns do dia-a-dia.

Ala #15
Boas impressões
Os negócios do mundo moderno, sejam de grandes corporativas ou de microempresas, são repletos de folhas de papéis com documentos importantes impressos ou copiados em preto e branco. Além disso, os estudantes e professores também estão acostumados a lidar com o preto e branco nas folhas de papel. Isso se deve principalmente ao fato de não haver necessidade de rebusco colorido em documentos oficiais - sendo assim, a utilização do preto e branco reduz o preço das impressões e cópias. A fantasia da ala carrega uma impressora nas costas e documentos (não-reais) como escrituras e diplomas no peito.
Ala #16
Novos, seminovos e confortáveis
No mundo inteiro, as cores preta e branca, assim como suas misturas, são de longe as cores de carros mais comuns. Parte disso se deve às capacidades de absorção das cores: carros pretos são adequados para países frios, onde o calor que incide sobre o carro é melhor absorvido pela cor preta; o oposto também se aplica a países quentes, onde carros brancos deixam seus interiores menos quentes do que outras cores. Entre essas duas, ainda há uma paleta inteira de tons de cinza nas opções dos motoristas. A fantasia da ala é de vendedor de carro, com uma chave na mão e portas de cor preta e branca no costeiro.
Ala #17 (Coreografada)
É de casa
Para os decoradores de ambientes, o esquema de cores preto e branco funciona como um coringa de estilo, uma vez que é bem aproveitado praticamente em qualquer cômodo de uma casa. O efeito de contraste entre as duas cores cria um ambiente riquíssimo e que chama muita atenção. A ala inicialmente é composta por formas aparentemente aleatórias, porém durante a coreografia os integrantes vão se posicionando estrategicamente até formarem uma sala de estar preta e branca, com sofá, mesa, televisão e bancada.
Ala #18
Café au lait
Desde o século XVIII na Europa, o leite, bebida branca, de sabor leve e considerada calmante, é frequentemente misturada ao café, uma bebida bem mais amarga, escura e energizante, numa combinação mundialmente apreciada e com muitas variações que persistem até hoje. Apesar da mistura ter uma cor marrom, o complemento entre duas bebidas tão diferentes é mais um exemplo do preto e branco no cotidiano. A ala veste trajes de mordomo, trazendo bules transparentes contendo café e leite.

Ala #19
Bota água no feijão
Muito comum no Brasil, o feijão é um alimento que carrega o dualismo do preto e do branco de duas maneiras diferentes: tanto por possuir variedades mais claras (carioca, branco, fradinho) e mais escuras (preto, vermelho, roxinho) quanto pela popular combinação de feijão preto e arroz branco. A fantasia da ala é de cozinheiro, com uma panela de pressão preta na mão e um pé de feijão em preto e branco no costeiro.

Carro Alegórico #05
Qual o melhor chocolate?
Um dos doces mais populares, se não o mais popular do mundo, o chocolate também é famoso por sua distinção entre sua versão escura, o chocolate ao leite, e sua versão clara (que não é derivada da massa do cacau, mas mesmo assim é denominada chocolate) - o chocolate branco. O chocolate ao leite acaba sendo chamado popularmente de “chocolate preto” por oposição ao chocolate branco, trazendo assim o dualismo do preto e branco para uma das iguarias mais famosas que existem. O carro alegórico traz vários dos símbolos que já apareceram no desfile (o yin-yang, as ilusões da comissão de frente, etc.) com o preto sendo substituído pelo marrom do “chocolate preto” e o branco sendo trocado pelo amarelo-claro do “chocolate branco”.

Setor 6
O preto e branco desenhando cultura

O último setor do desfile buscará exemplos do dualismo do preto e do branco na cultura popular nacional e internacional, além de encerrar o desfile com uma bela homenagem ao preto e branco no próprio Carnaval.

Ala #20
Tudo preto no branco
A expressão popular “quero tudo preto no branco” é utilizada como sinônimo de “quero que fique claro” - tal como o preto de uma tinta é facilmente distinguível numa folha de papel branca, a informação solicitada deve ser passada da maneira mais compreensível possível. A fantasia da ala traz escrivões com desenhos em preto bastante detalhados em folhas de papel brancas no costeiro.

Ala #21
Rei do Pop
Mesmo enfrentando polêmicas de diversos tipos ao longo de sua vida, Michael Jackson se tornou um ícone indiscutível da música mundial, sendo considerado o maior músico de todos os tempos pelos dados do Guinness Book. Desde sua infância no Jackson 5 até a sua morte em 2009, o cantor também acabou se mostrando como um exemplo do dualismo preto e branco, lutando contra o racismo contra a população negra em músicas como Black and White - mesmo sofrendo de uma doença de pele que fez com que ele se tornasse o primeiro artista da história a ter sido negro e branco. A ala vem com trajes bastante luxuosos e brilhantes, porém mantendo o preto e branco. Os integrantes usarão réplicas monocromáticas de adereços de Michael, como seu chapéu e sua luva cravejada de diamantes.
Ala #22
Os lados da Força
A multimilionária franquia de filmes Star Wars traz a diferenciação entre seus heróis e vilões através do dualismo do preto e branco - os heróis fazem parte do Lado Luminoso da Força, e seus algozes fazem parte do Lado Negro. A fantasia desta ala leva a máscara de Darth Vader (lado negro) e um traje branco Jedi (lado luminoso).
Ala #23 (Crianças)
É hora do duelo!
Um dos desenhos animados mais famosos da infância de muita gente era conhecido por trazer, entre seus protagonistas, uma rivalidade lembrada pelo preto e branco: em Yu-Gi-Oh!, o protagonista Yugi Muto tinha como seu monstro favorito o Mago Negro, enquanto seu rival Seto Kaiba preferia o Dragão Branco de Olhos Azuis. A ala tem duas fantasias, uma inspirada no Mago Negro e a outra inspirada no Kaibaman (cuja roupa, por sua vez, é inspirada no Dragão Branco de Olhos Azuis).
Ala #24
Gol do Alvinegro!
No futebol, muitos times, famosos ou não, trazem o preto e o branco como suas cores. Exemplos incluem Santos, Corinthians, Ponte Preta, Bragantino, União Barbarense e XV de Piracicaba do estado de São Paulo; Botafogo, Vasco, Americano e Resende do estado do Rio de Janeiro; Atlético-MG e Tupi do estado de Minas Gerais; Ceará, ABC e Treze da região Nordeste e Juventus e Newcastle de países europeus. A fantasia desta ala é composta por torcedores de cara pintada nas cores preto e branco, sendo que alguns integrantes carregam bandeirões também nessas cores e outros carregam bolas de futebol de 32 gomos - eternizadas pelo design em preto e branco.

Velha Guarda
Festa no Anhembi
A velha guarda vem homenagear duas das maiores escolas de samba do Brasil que carregam o preto e branco em seus pavilhões como suas cores principais: a Vai-Vai e a Gaviões da Fiel. Os trajes da velha guarda serão brancos, com os emblemas das duas escolas nas costas e um chapéu com duas faixas pretas.
Carro Alegórico #06
Vou cair na gandaia!
O último carro alegórico fecha a passagem da escola na Avenida relembrando o histórico carnaval da Viradouro de 1997, onde a escola abriu seu desfile com uma série de contrastes entre o preto e o branco que surpreendeu a Sapucaí, conduzindo a escola de samba de Niterói ao seu primeiro (e, até a presente data, único) título da elite do carnaval carioca. O carro, na parte da frente, possui integrantes vestidos de branco escondidos que pulam durante o refrão do samba, dando o efeito de “explosão”. O resto do carro é preto e carrega traços do estilo de Joãosinho Trinta, assim como procura lembrar o carro abre-alas do desfile da Viradouro de 97. O destaque central do carro é o enredista do CBE Cleiton Almeida - cuja escola de samba virtual também defende um pavilhão preto e branco - fantasiado de Joãosinho Trinta.



Então está aí. Mais um enredo meu pro Concurso de Enredos.

As críticas que eu recebi dos concorrentes no Nono Concurso foram bem úteis pra me ajudar a escolher esse enredo. A primeira coisa que eu percebi é que seria arriscado pegar um tema complicado de novo, mas também notei que a galera gostou da minha ousadia e de me ver correndo os riscos, apostando nos resultados.

Aí ficou o pensamento: “como eu posso fazer um desfile que seja ao mesmo tempo simples de entender e ousado na concepção?” E, do nada, eu tive essa ideia linda de fazer um desfile focado no preto e no branco (e no cinza - cinza também é preto e branco, lide com isso), com uso mínimo do resto da paleta de cores. Obviamente, não funciona tão bem num desfile teórico, mas creio que o resultado pretendido ainda vá ser alcançado.

A comissão de frente foi a minha parte favorita de fazer. No caso, desde pequeno eu conhecia, de certa maneira, o conceito de cor luz e pigmento - e também conhecia o Disco de Newton. A parte difícil foi escolher como representar a cor pigmento de uma maneira que impressionasse a galera, mas a ideia do laboratório casou perfeitamente.

Considero que algumas partes do enredo ficaram até previsíveis, como por exemplo o xadrez, o yin-yang e a segregação racial. Mas eu considero isso um custo pequeno a pagar pelo conceito geral. E sobre a bateria, eu entendo que não é lá uma escolha muito legal colocar ela representando algo tão lamentável (nem tanto, parando pra pensar agora), mas outra coisa que eu gosto de fazer é botar um clamor social nos meus enredos. Faz parte do meu estilo.

É óbvio que minhas influências japonesas iam aparecer em algum lugar, não é? Pra mim, a leitura do carro dos mangás ficaria clara o bastante com o yatagarasu e o mangá gigante, então eu me senti confortável colocando referências a Death Note nele. Além de ser um símbolo enorme da cultura dos mangás (já que mesmo pessoas que não acompanham esse universo conhecem a história), corrobora com o tema do desfile.

Originalmente, eu não tinha planos de acabar o desfile em carnaval como 416454 outros, mas foi então que eu lembrei do desfile histórico do Joãosinho Trinta na Viradouro em 97 e percebi que seria uma sacada ótima encerrar o desfile desse jeito. Além disso, eu já consigo puxar junto uma boa ideia de velha guarda.

Para encerrar, dois pequenos esclarecimentos: primeiro, o texto em itálico na sinopse é um texto dentro de outro texto. A mudança de pessoa não é erro de escrita. Segundo, o nome da ala 18 está em francês e significa…  adivinhem… “café-com-leite”. Sei que é uma grande surpresa para vocês.

Boa sorte a todos!





     http://www.significados.com.br/cores-2/ e subpáginas
     http://starwars.wikia.com/wiki/Main_Page e subpáginas

Enredo para o Concurso Brasileiro de Enredos
Por Humberto Mansur - https://www.facebook.com/humberto.mnz.3

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Marcadores