Titulo
As vitrines
Observação
Este enredo foi elaborado para ser apresentado na avenida por uma escola do Grupo B, e para tanto, foi respeitado o roteiro de desfile apresentado pela Unidos da Ponte no carnaval de 2016.
Como o enredo é baseado em uma música, a introdução será a própria letra da música, ilustrando o que será desenvolvido na sinopse, construída a partir da análise dos pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) Luiz Tatit e Ivã Carlos Lopes.
Introdução
Eu te vejo sumir por aí
Te avisei que a cidade era um vão
Dá tua mão
Olha pra mim
Não faz assim
Não vai lá, não
Os letreiros a te colorir
Embaraçam a minha visão
Eu te vi suspirar de aflição
E sair da sessão, frouxa de rir
Já te vejo brincando, gostando de ser
Tua sombra a se multiplicar
Nos teus olhos também posso ver
As vitrines te vendo passar
Na galeria
Cada clarão
É como um dia depois de outro dia
Abrindo um salão
Passas em exposição
Passas sem ver teu vigia
Catando a poesia
Que entornas no chão
(As vitrines, de Chico Buarque)
Sinopse
O amor platônico é a tônica da canção ora retratada, um sujeito que observa sua amada pelas ruas da cidade sem poder tocá-la, sem ter sequer sua presença por ela notada. Assim, tal como na letra da canção, nosso enredo será filtrado pela visão do eu - lírico, observando poeticamente os movimentos dessa mulher pelas ruas da cidade. Para isso dividiremos o enredo em dois setores, um deles retratando a cidade, que é o local por onde se entrelaçam as situações e o outro é formado pelas ações, formado por gestos cotidianos, que dada a condição de apaixonado do narrador, ganham contornos poéticos.
“eu te vejo sumir por aí”
Ela aos poucos foi sumindo, pela cidade afora, ou seria adentro? Perdida entre figuras pelas quais cruzamos no caminho estende o braço e entrega a um morador de rua uma moeda, depois compra balas, ou um chocolate, ou alguma coisa assim de um camelô. Anda um pouco mais cruza os baladeiros e foliões, que colorem a manhã depois
de noites de intensas festas. Aos poucos ela percebe o público mudando, e os que estavam indo para casa aos poucos vão sendo substituídos pelos que estão saindo de suas casas para se divertir em um dia de sol, são farofeiros buscando a praia ou até um piquenique em um parque, também cruza os torcedores, que vão aos estádios assistir o time jogar. E assim ela caminha, por entre as ruas da cidade, repleta de letreiros e propagandas, que embaraçam a visão de seu admirador.
“a poesia que entornas no chão”
Enquanto caminha pelas ruas ela é surpreendida pela arte que a confronta, exibida nos
muros, através de graffitis que fazem denúncias sociais. A observação arranca leves suspiros de aflição pelos que sofrem cotidianamente injustiças. Para escapar um pouco da dura realidade, ela se distrai indo ao cinema para ver uma comédia, e sai da sessão frouxa de tanto rir. Enquanto caminha iluminada pelos postes, brinca pelas ruas vendo a própria sombra se multiplicar, enquanto brinca, aprecia a luz, essa mesma luz que a permite brincar coma própria sombra, e que, por ser luz, proporciona a ela reconhecer e apreciar as formas e cores que cruzam seu caminho.
Formas e cores que são refletidas em seu olhar, despertando nela diferentes emoções, tornando seus olhos o espelho da sua alma. E é justamente através dos olhos que o apaixonado, que se auto intitula vigia, aprecia as emoções da amada. É por eles também que o vigia vê as vitrines passando, enquanto ela caminha por galerias e por shoppings. Assim, tal qual um gari, o vigia aprecia cada ação de sua amada, catando a poesia de cada pequeno gesto por ela realizado. E a sucessão dos clarões proporcionados pelas luzes das lojas é para ele, como um dia após de outro dia, no qual ele sofre por não ser notado, construindo assim, a poesia do amor.
Desenvolvimento
Setor 1
“eu te vejo sumir por aí”
Neste setor retratamos a cidade, através de alguns de seus habitantes, que, na visão do narrador, camuflam a amada, que some.
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Comissão de Frente
“eu te vejo sumir por aí”
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A comissão de frente é formada pelo narrador, que na figura de alguém que não é notado e nem se comunica com a amada, vem representado por um integrante de estátua viva. Ainda, a comissão traz a figura da mulher e as figuras típicas da cidade que fazem a conexão com as alas a seguir: mendigos, foliões, baladeiros, camelôs, farofeiros e banhistas. Durante a coreografia, a mulher interage com os demais integrantes, sem que o homem, representado pela estátua viva, possa tocá-la, ou sem que ele seja notado.
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Mestre-sala e Porta-bandeira
Os moradores de rua
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O primeiro casal da escola retrata uma cena poética, na qual a mulher entrega uma moeda a um morador de rua. Assim, a porta-bandeira vem representando a mulher amada, enquanto o mestre-sala vem representando um morador de rua,
uma das muitas figuras da cidade que distraem e ajudam a camuflar a moça.
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Ala
Os camelôs
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A ala representa o comércio informal que toma conta das ruas da cidade. As fantasias trazem penduricalhos com diversos produtos que os camelôs comercializam, como chocolates, flores e brinquedos contrabandeados.
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Ala
Baladeiros e Foliões
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A ala representa as pessoas que cruzamos nas ruas na alvorada, indo para casa depois de intensa festa. As fantasias trazem detalhes como pulseiras coloridas para os baladeiros ou colares de flores para os foliões.
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Ala
Farofeiros, banhistas e torcedores
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A ala representa as pessoas que saem de casa para aproveitar o dia, seja na praia, no parque ou mesmo em um estádio de futebol. As fantasias trazem detalhes como bandeiras de times, cestas de piquenique ou ainda bóias e pranchas.
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Alegoria
Os letreiros que embaraçam a minha visão
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O abre-alas da escola é inspirado na estética utilizada por Fernando Pinto emTupinicópolis, apresentando os vários letreiros que cruzamos pela cidade: o homem sanduíche anunciando a compra de ouro, os cartazes que anunciam promoções e as grandes placas da frente das lojas. Ainda, no alto do carro, um letreiro em neon destaca o nome da escola.
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Setor 2
“a poesia que entornas no chão”
Neste setor retratamos a poesia criada pelo homem apaixonado, a partir das ações cotidianas de sua amada.
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Ala
Suspiro de aflição
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A ala representa as emoções desencadeadas na amada ao observar a arte das ruas da cidade, principalmente a dos muros que trazem denúncia social. As fantasias trazem elementos dos graffitis espalhados pelos muros.
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Ala
Frouxa de rir
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Esta ala representa ainda as emoções trazidas pela arte, aqui é destacado o gênero da comédia no cinema. A fantasia apresenta rolos clássicos de cinema e os integrantes trazem nas mãos um saco de pipoca.
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Baianas
A sombra a se multiplicar
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A fantasia das baianas traz a representação da amada brincando com a sombra que se multiplica. Assim, são aplicadas figuras de sombra de uma mulher na saia das baianas, fazendo que o movimento dos giros delas crie a impressão de
multiplicação das sombras.
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Passistas
Apreciação da luz
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Os passistas vêm representando a luz, apreciada pela amada em sua caminhada. A mesma luz que proporciona ela brincar com a própria sombra.
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Bateria
Formas e cores
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A bateria da escola vem com fantasias diferentes, cada uma delas representando uma forma e uma cor distinta, essas formas e cores que podem ser apreciadas pela luz que a amada admira.
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Ala
Seus olhos, espelhos
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Esta ala representa os olhos da amada, os espelhos pelos quais o apaixonado contempla as emoções pelas quais ela passa. Olhos como espelhos da alma.
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Velha Guarda
Seu vigia
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A velha guarda representa o homem, na figura de vigias da amada. A roupa é tradicional e eles trazem pendurado no pescoço um binóculo.
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Tripé
As vitrines
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O tripé é formado por vitrines de lojas, com manequins e alguns produtos. O único destaque é justamente uma mulher, para a qual todos os manequins estão voltados.
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Ala
Catadores de poesia
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A ala cria poesia trazendo uma fantasia de gari, inspirada em Renato Sorriso. Assim eles agem como elementos que coletam a poesia que a amada espalha no chão.
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Mestre-sala e Porta-bandeira (Segundo casal)
Um dia depois de outro dia
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O segundo casal representa aseqüência dos dias, nos quais o observador segue contemplando as ações da amada. O mestre-sala representa o Sol e a porta-bandeira representa a Lua, criando assim, com a coreografia, a seqüência entre dia e noite.
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Ala
Toda poesia do amor
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A última ala da escola traz uma fantasia que representa a criação da poesia das ações. A fantasia tem aplicação de notas musicais, indicando a transformação desta poesia em música.
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Bibliografia
“As vitrines” de Chico Buarque: exercício de análise. Luiz Tatit e Ivã Carlos Lopes.
Assinatura
Beto Limberger
Atua na coordenação e execução de projetos culturais. Acompanha o carnaval desde 1993, e esteve pela primeira vez na Sapucaí em 2001. betolimberger@gmail.com
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