Rodrigo Lopes, abril de 2016
Justificativa:
A história do lendário Príncipe Custódio, culturalmente conhecido como um dos promissores da religião africana no Sul do Brasil.
Descobrindo as nações cultuadas na capital gaúcha encerrando com um grande Xirê para comemorar a religião e um de seus principais personagens. Axé!
NOTA: Conforme as referências, o enredo é baseado em relatos vivos, ou seja, pode ser que o Príncipe seja apenas uma lenda, uma vez que há muitas divergências nas informações.
Sinopse
Com a invasão inglesa no forte São João de Ajudá, na cidade de Daomé, hoje Benin, a fortaleza antes criada pelos portugueses para proteger o importante comércio realizado na Costa da Guiné, os britânicos determinaram a deportação de vários governantes africanos, que por amor a seu povo, e para evitar o massacre de suas tribos aceitaram, através de acordo financeiro deixarem sua terra natal, dentre eles estava Osuanlele Okisi Erupê.
Acredita-se que a escolha de vir para o Brasil, foi que por aqui havia grande número de escravos advindos da Costa da Mina.
Antes de chegar em solo gaúcho, o príncipe e a realeza africana sob o comando do rei Oba Ovonramwen Nogbaisi, seu pai, desembarcaram na Bahia e Rio de Janeiro, onde adotou o nome de Custódio Joaquim de Almeida de Xapanã.
Inicialmente aportou em Rio Grande, Bagé (onde por lá espalhou seu conhecimento de ritos e mandingas africanas, hoje conhecida como batuque), Pelotas e por fim, por convite do então governador Júlio de Castilhos, Osuanlele foi morar em Porto Alegre.
Morou na Cidade Baixa, na Rua Lopo da Costa, foi muito influente em sua estadia na capital, comerciantes, burgueses e políticos sempre participavam das grandes festas que duravam em torno de 3 dias na casa do Príncipe.
Pela forma de culto, acredita-se que sua origem é Nagô, uma das “Nações” ou “lados” que se cultua no Batuque, que conta também com a nação Oyo´, Ijexa, Jeje e Cabinda.
O Batuque Gaúcho deve muito a este mítico personagem que sem dúvida foi um dos indutores da religião de matriz africana no Rio Grande do Sul.
Salve Osuanlele! Abao Xapanã!
Roteiro de desfile:
ABERTURA
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FORTALEZA SÃO JOÃO BATISTA DE AJUDÁ (DAOMÉ – ATUAL BENIN)
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A MORADA DO DA REALEZA NA CIDADE DE DAOMÉ
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· Comissão de Frente
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Invasão Britânica – simulação da invasão ao forte, com 7 soldados e 7 escravos, e um integrante representando a paz, no final da coreografia.
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Soldados Ingleses “invadindo” o Forte de Ajudá (tripé representando o forte)
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· Mestre Sala e Porta Bandeira
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Realeza Daomênica – Fantasia na cor Dourado e preto, com cabeça de coroa e a borda da saia com faisões em fuê na cor dourada.
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Representam o Pai e a Mãe de Osuanlele e toda sua majestade
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· ABRE ALAS
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A fortaleza São João de Ajudá e A Grande árvore – 1ª parte do Carro representa o forte com em sua arquitetura original e a 2ª parte do carro seria na cor Marrom e verde limão, sendo que a saia do carro seriam raízes de árvores e a escultura central é uma árvore muito iluminada, ao redor uma roda de escravos
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Representa o forte e a árvore alojada no Porto de Ajudá, onde os escravos davam voltas para esquecer de sua vida e recomeçar depois da deportação uma nova vida
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· SETOR 1
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A PARTIDA
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REPRESENTA O TRAJETO ENTRE DAOMÉ E O BRASIL
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· Ala 01
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A porta do não retorno (com tripé – portal)
Os componentes estarão envoltos de uma caravela representando a partida
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Lugar onde partiam as embarcações com os escravos
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· Ala 02
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A partida – ingleses e a corte – carruagem carregada por súditos do rei Oba Ovonramwen)
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O grande acordo que deportou a família real africana para o Brasil
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· Ala 03
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Bahia – representada pelo pelourinho – ala colorida (verde, azul, amarelo, vermelho) os componentes com roupas típicas da época mostrando nas cores a arquitetura do conjunto.
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Primeira morada do príncipe
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· Ala 04
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Rio de Janeiro – representado pelo cais do Valongo (ala com cabeça de “vacas”: observatório do Valongo – onde “engordavam” escravos para comércio)
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Principal ponto de comércio escravo no Rio Colônia.
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· CARRO 02
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Porto de Rio Grande – Uma plataforma, com saia de pedras, cujo a frente é uma proa de navio e diversos contêineres complementando a alegoria e o fundo é a plataforma
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Representando a 1ª morada do príncipe no RS.
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· SETOR 2
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POR SOLO GAÚCHO
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RETRATA SUAS ANDANÇAS EM SOLO GAÚCHO, ATÉ A CAPITAL
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· Ala 05
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Bagé – Ala na cor verde, ornamentada com uma cruz barroca, representando a Igreja de São Sebastião
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Segunda morada de Custódio, local onde o príncipe desenvolveu mais sua religiosidade em solo gaúcho
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· Bateria
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Ogãns - com atabaques africanos incrementando a percussão
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Ogãns, é como são chamados os Tamboreiros nos terreiros de batuque
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· Passistas
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Ahosis e Béhanzin, fantasias na cor vermelha e lilás
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O rei e suas guerreiras
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· Ala 06
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Pelotas – Ala com componentes vestidos de fraque e cartola – representando o político Júlio de Castilhos
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Local onde o Príncipe conheceu Júlio de Castilhos
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· Baianas
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Yalorixás – baiana tradicional com saia em rendas, na cor branca. Guias, imperiais, trunfa e o tradicional tabuleiro de búzios pintado à mão. No último rendado, terá pedrinhas de búzios, costurado a mão
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Mães de Santo
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· Ala das crianças
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Cambonos – Calças e caftas brancas, pés no chão
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Ajudantes e serventes dos orixás
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· Ala 07
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Cais do Porto – Componentes em azul representando as águas do lago Guaíba, com costeiro na cor ver musgo, representando algas marinhas
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Chegada de Custódio em Porto Alegre, pela lagoa dos patos, finalizado no Cais Mauá
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· CARRO 03
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Lopo da Costa,438.
Representa a Rua onde o príncipe alojou sua comitiva – O carro será uma casa vazada ao centro. Envolta a rua e as demais construções do Bairro Cidade Baixa, com toda sua boemia, bares e noite da capital
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Representa a Casa do Príncipe ao chegar na capital gaúcha
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SETOR 3
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VIDA E INFLUÊNCIA
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ESTE SETOR CONTARÁ SUA FORMA DE LEVAR A VIDA NA CAPITAL
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· Ala 08
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Haras – Cavalos de barro acoplado ao corpo do desfilante
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Representa uma das atividades do Príncipe na capital, que conforme contam, era dona de um famoso haras em Porto Alegre
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· Ala 09
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Praia de Cidreira – ala na cor salmão representando lagostas (símbolo da praia do litoral norte gaúcho)
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Em momentos de lazer o príncipe partia com seus achegados para praia, sua viagem durava em torno de 7 dias
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· Ala 10
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Poliglota – Ala é uma boca com uma língua para fora pintada a mão com bandeiras de diversos países simbolizando a diversidade de comunicação de Custódio
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O príncipe além de ser poliglota, falava diversos dialetos africanos – não sabia português fluentemente
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· Ala 11
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Festas para seu povo – ala representando as festas que o príncipe dava em sua casa, com muita comida e muita bebida (tripé com uma imensa mesa com um banquete)
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Os tambores rufavam e rompiam as madrugadas da Lopo da Costa por cerca de 72 horas – por ter influência política muito forte o príncipe não era perseguido por realizar seus rituais
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· CARRO 04
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Bará do Mercado – Carro em ferro, estrutura fiel do Mercado, totalmente vazado, com a saia com diversos caixotes de madeira, frutas, verduras, carnes, imagens de santinhos e tudo que é vendido no mesmo, com uma escultura central do Bará sob uma estrutura de palha
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Acredita-se que foi Osuanlele quem “assentou” o santo bem no meio da encruzilhada do Mercado Público de Porto Alegre
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· SETOR 4
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NAÇÕES – UMA HOMENAGEM AO PRÍNCIPE NEGRO!
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NESTA PARTE DO ENREDO SERÁ CONTADO AS NAÇÕES CULTUADAS NO RIO GRANDE DO SUL
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· Ala 12
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Oyó – ala na cor vermelha – simbolizando Xangô e Oya – componentes com oxé e raios de oyá nas mãos
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Rei e rainha do Império de Oyó, hoje Benim
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· Ala 13
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Ijexá - Orummilá – ala na cor branco e prata, com cajado de Oxalá, túnica em lycra, bordada com pequenos espelhos
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Advindos da Nigéria, tem seus ensinamentos guiados através de Orummilá, métodos de Odu (inteligências que participaram da criação do universo)
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· Ala 14
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Jejê – escravos da Costa da Mina – na cor prata e preto, retratando a dor da escravidão
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Supostamente o motivo principal pela escolha de Custódio para ter escolhido o Brasil como exílio
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· Ala 15
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Cabinda – componentes representando Agotime
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Esta nação cultua os Vuduns
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· Ala 16
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Nagô – ala com todos os orixás cultuados no Candomblé da Bahia – De Bará a Oxalá.
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Esta Nação assemelha-se ao Candomblé principalmente em seus rituais, pois o sacrifício dos animais é com o bicho deitado e não em pé como nas demais nações
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· Velha Guarda
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Griôs – velhos sábios macumbeiros
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A grande sabedoria dos cultos, a experiência em prol da continuidade da cultura afro
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· Carro 05
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Batuque – homenagem a Xapanã - na cor lilás em sua totalidade, formato redondo, com a saia decorada com vassouras (ferramenta de Xapanã). Ao centro um congal estilizado com todos Orixás dançando para o grande pai Xapanã
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Um grande xirê em homenagem ao pai de cabeça de Osuanlele
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*Referências:
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