INFORMAÇÕES GERAIS:
Nome
Oficial: Grêmio
Recreativo Escola de Samba Virtual Acadêmicos do Encantado
Presidente:
Rênio
Ramos
Fundação:
Junho
de 2014
Símbolo: Sol e Lua
Cores:
Verde, Branco, Prata e Amarelo
Carnavalesco:
Rênio
Ramos
“EMÍLIA – uma biografia autorizada dA MARQUESA DE RABICÓ”
ilustração do tema
A Concepção desta Ilustração do tema consiste na ideia central do
enredo, a qual: Emília pega a caneta
para contar suas memorias, aventuras, tais como, as suas façanhas em Hollywood,
a famosa cidade das estrelas de cinema, que ela visitou ao lado de Peter Pan e
da Alice do País das Maravilhas”, ao
lado de seu fiel escudeiro Visconde de Sabugosa. Emília vira pop star.
Assediada pela mídia, lança sua biografia em grande estilo. Certamente, tantas
aventuras contidas neste livro virarão best seller. Mais famosa do que nunca, a
Marquesa sempre povoará nosso imaginário despertando a criança que existe em
cada um.
O ambiente onde se realiza essa concorrida noite de autógrafo foi
elaborado para enfatizar a essência da boneca. São tecidos, babados, botões,
carretéis e agulhas dispostos num lúdico cenário onde a celebridade esbanja
simpatia sob o foco das lentes.
justificativa do enredo
Todo mundo concorda com a importância de recordar os fatos da
vida. Sem isso não saberíamos quase nada sobre o passado da humanidade. Os
grandes personagens da História, com H maiúsculo, sempre tiveram o cuidado de
deixar registradas suas glórias e conquistas para as gerações futuras. As
pessoas comuns também têm muita coisa interessante a contar. Por meio dos seus
relatos, descobrimos detalhes e curiosidades sobre o cotidiano dos povos. Mas
será que alguém tão novinho quanto a Emília já tem assunto para uma biografia de
suas memórias? Na verdade, a boneca já passou por tantas situações
surpreendentes que poderia encher uma estante inteira de volumes. Para não
cansar as mãozinhas delicadas, dita para o Visconde de Sabugosa suas proezas
junto com a turma do Sítio do Pica-pau Amarelo. Ao longo desta sinopse, vamos
acompanhando passo a passo as andanças da Marquesa de Rabicó, desde que
"nasceu" do retalho de uma saia de Tia Nastácia e ganhou o dom da
fala. Paciente, o sabugo de milho toma nota de tudo.
No final, a própria Emília pega a caneta para contar suas façanhas
em Hollywood, a famosa cidade das estrelas de cinema, que ela visitou ao lado
de Peter Pan e da Alice do País das Maravilhas. Como se isso não bastasse,
ainda filosofa, expondo suas impressões sobre tudo e todos, sempre naquele seu
jeito "emiliano" de ser e raciocinar.
“EMÍLIA – uma biografia autorizada dA MARQUESA DE RABICÓ”
Sou
Emília, conhecida em todo o reino de Monteiro Lobato e fora dele, como a “A
MARQUESA DE RABICÓ” muito prazer...
Tenho
data e local de nascimento — e esse lugar não é o Sítio do Pica-pau Amarelo,
como todos pensam, embora, tenha sido confeccionada por Tia Nastácia com
retalhos de sua saia velha, a cozinheira me fez com um corpo todo desajeitado,
com olhos de retrós preto, sobrancelhas meio fora do lugar e recheio de macela
para a menina Narizinho, neta de Dona
Benta, mais na verdade nasci na cidade grande, em São Paulo sobre a pena de
Monteiro Lobato na Rua Boa Vista 52, o dia não sei, em algum dia do ano 1920,
creio eu, pois foi nesse ano que minha primeira historia “A menina do narizinho
arrebitado” foi publicada. Esse cara, o Lobato, conseguiu o máximo comigo, sou
o “máximo” é claro, pois em 24 livros de minhas histórias, é uma aula para
qualquer escritor ou roteirista, olha só o que ele falou de mim ao amigo
Godofredo Rangel: “Ela me entra nos dois dedos que batem as teclas e diz o que
quer, não o que eu quero. Cada vez mais Emília é o que quer ser, e não o que eu
quero que ela seja. Fez de mim um ‘aparelho’ ”, o que é uma verdade.
Voltando
a minha pessoa, nasci muda, mais não durou muito e falei num grito “Que gosto
horrível de sapo na boca!” depois de ter tomado uma pílula falante no Reino das
Águas Claras, graças ao Dr. Caramujo. Ainda bem, não aguentava mais ficar
calada ouvido as asneiras de todos, aí nunca mais parei de falar, he!he!he!he!.
Tenho o
privilégio de nunca pegar doença, pois sou de pano e elas não penetram o meu
corpo. Sabe por quê? Porque o pano é uma peneirinha
que coa a doença.... Com meus olhos feitos de retrós, vejo melhor do que
qualquer pessoa do Sítio e sou capaz de achar uma pulga na Ursa Maior. Confesso
que sinto inveja de vocês humanos em determinadas horas, por exemplo na hora de
comer, quando a “máquina de fazer comida” prepara seus quitutes no sítio, mas
isso não me impede de comer croquetes no Reino das Águas Claras. Meu time de
futebol preferido é o Palmeiras, pois seu mascote e da família de meu marido
“ecâ”, peso cinco quilos e tenho quarenta cm de altura, “tá” bom demais quero
permanece assim, em forma, o pessoal do sítio falam que só tive um emprego na
vida que é praticar bullying contra
os moradores do Sítio do Pica-pau Amarelo, pura mentira e inveja fui uma
excelente repórter para o jornal “O Grito do Pica-pau Amarelo”, embora nunca
tenha sido publicado tenho essa experiência profissional.
Posso
confessar a vocês que meu casamento com o Marques de Rabicó, de fato foi por
interesse, pois sonhava em ser uma bela princesa como nas histórias dos reinos
tão distantes — e marquesa, afinal, já era um bom começo, não é verdade. Mas
tinha vergonha do meu marido, aquele porco rosa, principalmente quando via a
Tia Nastácia fazendo um leitão para o Natal, aí ficava na comemoração,
acreditando ter ficado finalmente viúva.
Para
apresentar para vocês a minha biografia pensei em contratar o Visconde de Sabugosa
para escrever minhas memórias, mas desisti logo, quando vi que o sabugo de
milho aquele “magrelo amarelo” estava escrevendo umas “verdades” sobre mim, se eu
deixa-se seria uma biografia não autorizada, aí eu mesma decidi assumi o posto,
e contar para vocês tudinho sobre mim e minhas aventuras. Dona Benta veio me
questionar dizendo que iria inventar aventuras que jamais haviam acontecido, aí
pensei melhor é o visconde vai apenas transcrever o que vou contar sobre minhas
memórias. Disse a ela e repito para vocês, acreditem se quiserem: Minhas
memórias são diferentes de todas as outras. Eu conto o que houve e o que deveria
acontecer, simples assim. Sou, o nome da possibilidade imaginativa não me
restrinjo, ou, se quer me conformo com o que vocês chamam de princípios da
realidade. Subervirto e busco ampliar-me além dos domínios, não é atoa que sou
a que melhor faz uso da famosa invenção do engenhoso Visconde Sabugosa: O Pó de
Pirlimpimpim! Este pó possuí efeitos mágicos que possibilitam que todos os
personagens se transportem no tempo e no espaço, ou permita que os mesmos
adquiram a capacidade de ver ou sentir coisas de “outros” mundos, vocês verão
como estou certa.
Então
Visconde, por onde começo, fale seu sabugo...o pessoal está esperando para
saber minhas histórias...
- A
história do anjinho de asa quebrada serve? - indagou o Visconde, e eu respondi.
-
Ótimo, ela resumi muitas aventuras! Ninguém lá fora sabe o que aconteceu por
aqui com o anjinho que cacei na Via Láctea. Conte isso e mais outras coisas. O
que quiser. Vá contando, contando.
- Espere
deixe que eu conte, limite-se a escrever, farei como na
"Aritmética..."
O Visconde ficou de pena no papel, e por fim começou a escrever:
O
ANJINHO DE ASA QUEBRADA- Numa viagem a Via Láctea, Eu encontrei um anjinho de asa quebrada,
e o trouxe para o sítio e, com medo que ele fugisse, pedi para Tia Anastácia
cortar a ponta da asa dele, como se fazia para impedir que aves, voando,
escapassem do cativeiro. A presença desse anjinho pessoal, foi a
causa de muitas brigas no sítio, porque
ele era meu aí briguei feio com Pedrinho e com a Narizinho.
Ele trouxe confusões e brigas, vou resumir o que houve no sítio:
A história do anjinho começou a correr
mundo. Toda gente das redondezas veio vê-lo. Os jornais deram notícias. O rádio
e o telégrafo transmitiram essas notícias para todos os países, de tal modo que
a novidade se espalhou e as crianças do mundo inteiro ficaram assanha-díssimas
para conhecer o anjinho. Queriam à viva força vir ao sítio brincar com ele.
A situação tornou-se tão grave que o Rei
da Inglaterra, o Presidente Roosevelt, o Führer da Alemanha, o Duce da Itália,
o Imperador do Japão e o Negus da Etiópia se reuniram em conferência para
tratar do assunto. Depois de muita discussão ficou assentado que todas as crianças
do mundo seriam levadas ao sítio de Dona Benta. Pensei e agora?
Em
sorteio, a sorte favoreceu as crianças da Inglaterra, foram as primeiras a vim
ao sítio. Quando saiu nos jornais a notícia desse fato, foi um hurra imenso no
Império Britânico e uma choradeira ainda maior nos outros países. O Rei da
Inglaterra, então, mandou preparar um grande navio cheio de doces, brinquedos e
livros de figuras, e nele embarcou a criançada inglesa sob as ordens de um dos
seus melhores almirantes - o Almirante Brown. Ele iria levá-las ao sítio de
Dona Benta.
Imaginando o furdunço que ocorreria
aqui no Sítio quando esse bando de criança sedenta chegasse tive uma ideia
brilhante fantasiar o Visconde de Anjo, para apresentar a criançada, pena que não
deu certo, as crianças ao chegarem viram e resmungaram dizendo que o sabugo era
muito magro e feio, que de anjo não tinha nada. O lesado do sabugo esqueceu a
cartola na cabeça entregando que era um desface, e este foi descoberto pelo -
"Peter Pan!." Que veio junto com a frota vê o anjo, se esbarrou com o
Pedrinho e ficaram ali discutindo entre si, os dois meninos que pareciam um só.
Enquanto os dois discutiam, eu se atracava com a Alice do País das
Maravilhas, que também viera no bando. Alice estava torcendo o nariz a tudo e achando
que aquele sítio não parecia digno de um anjinho. - "Uma casa velha, estas
árvores tortas por aqui, aquele leitão lá longe nos espiando - então isto lá é
morada digna de um anjinho caído do céu? Os anjos querem nuvens bem redondas.
Se o levássemos para Londres, haveríamos de dar-lhe um palácio de cristal cheio
de nuvens de ouro – ouro fofo bem macio.", disse ela.
Pedrinho aquele moleque atrevido cedeu aos argumentos do menino
Peter Pan, e decidiu mostrar a criançada o anjinho verdadeiro, mesmo contra
minha vontade, pedindo uma condição em troca: que ninguém tocasse nele, porque
é um verdadeiro vidro. Todos se admiraram da poesia daquela definição, mas
Alice não queria ouvir o anjinho repisar as coisas ensinadas pela Emília;
queria saber como eram as coisas lá, curiosa ela, aí falei, deixe que eu conto
meu ANJINHO: E pus a contar as mil
coisas passadas ali, as aventuras do pó de pirlim pim pim, o encontro do Burro
Falante lá no País das Fábulas, o casamento dela com o Príncipe Escamado, a ida
ao País da Gramática e outros episódios aventurescos que não ouço contar agora.
Nisto apareceu, inesperadamente, um
segundo vulto.
-
"Olhe!... Vem vindo outro. A coisa se complica..." Pedrinho não
tardou a reconhecê-lo.
-
"Popeye! O marinheiro Popeye, Peter." Peter Pan não conhecia esse
figurão.
-
"Quem é ele?" - perguntou.
-
"Um homenzinho terrível, Peter. Não há no mundo quem o vença. Derrota
tudo. Será que é cúmplice do Capitão?” Disse o menino, uma vez que o Capitão
Gancho pelo sitio também estava.
E o Capitão exclamou num grito: - "Viva, Senhor Popeye! - Que é que o traz por aqui?" A parti
desse momento pessoal, foi uma briga feia entre o Popeye e o Capitão Gancho, e
não conteve em brigar apenas com o Capitão lutou também contra os marinheiros do Wonderland foi
dessas coisas que só gênios do tamanho de Shakespeare e Dante se atrevem a
descrever - e mesmo assim descrevem mal. Nunca houve tanta pancada no mundo. Se
fôssemos juntar toda a imensa pancadaria que há no Dom Quixote de La Mancha e
com ela formássemos um monte, esse monte ficaria pequeno diante da pancadaria
que houve no pomar de Dona Benta. É o Sitio estremeceu. Aterrorizada descobri
que o segredo do Popeye, chama-se: espi-na-fre. Sem espinafre este senhor vale
tanto como um homem qualquer. Descobri também que o seu espinafre só faz efeito
por quinze minutos. Passados quinze minutos o ele “bambo” outra vez. O plano
dele, era levar o Anjinho para transformar você em estrelinha de cinema em
Hollywood.
Tive
uma ideia brilhante para acabar com o Popeyer trocar o espinafre por couve
cortadinha, assim ele ficaria sem força. Assim, vencemos esse perigoso inimigo.
Mais o inevitável aconteceu o
Anjinho fugiu, pois as crianças o atropelavam demais. Não havia para ele um só
momento de sossego.
-
"O anjinho voou! - gritava a criançada.
-
Vai voando alto! Vai sumindo no céu!..." E se foi o meu anjinho querido.
Foi um chororó só.
Chegou a hora de dá adeus a todos, ao Peter Pan, a Alice e ao
almirante. Vou contar o que teria acontecido se Tia Nastácia houvesse cortado a
ponta da asa do anjinho, como mandei:
Teria ido para Hollywood no Wonderland, com toda a criançada
inglesa, Peter Pan e o Almirante. E Alice também. Fugiria do sítio. Eu já
andava enjoada de bolinhos, de pitangueira, de países-da-gramática. Fugi - fugi
- fugi com o anjinho e o Visconde. A viagem foi ótima, exceto para o Visconde,
que enjoou a ponto de deitar ao mar metade da sua ciência. Vomitou logaritmos,
ângulos e triângulos, leis de Newton - uma trapalhada. Eu não enjoei coisa
nenhuma, nem o anjinho. Em vez disso, aproveitei o tempo para estudar com o
Almirante a língua de Alice. Em Nova York desembarcamos. Houve briga. O
Almirante queria levar-me para Washington, a fim de apresentar-me ao tal
Presidente Roosevelt. Eu só queria saber do cinema. Queria Hollywood, que é a
cidade do cinema. Não discuti. Fingi que ia para Washington e fui parar em
Hollywood, de avião.
Vocês pode estar se indagando como assim? - e eu respondo a vocês:
Não me amolem os cornos. Comigo não há como. Fui e acabou-se.
Lá chegando, com o anjinho por uma das mãos e o Visconde pela
outra, fui logo em procura da Shirley Temple. Bati na porta da casinha dela.
Veio uma criada.
-
"Dona Shirley está?" - perguntei.
Quando
a criada nos viu, arregalou os olhos e abriu uma boca deste tamanho.
-
"Shirley, corra!... Venha ver três fenômenos - gritou ela. - Um anjinho,
uma boneca e um sabugo de cartola..." Shirley veio de galope. Mas não
mostrou o menor espanto. Abraçou-me, dizendo: Hollywood, era o meu sonho.
Espantei-me da forma como fui recebida e disse:
-"Então...
então já me conhecia?", e ela me disse:
-
"Ora, Emília! Quem não conhece a Marquesa de Rabicó? Fiquei sabendo que em
Hollywood todos sabemos de corzinho aqueles livros onde vêm contadas as suas
histórias. O caso da pílula falante, da viagem ao País da Fábula, onde Dona
Benta se sentou em cima do dedo do Pássaro Roca pensando que era raiz de
árvore... Quem não sabe essas histórias?"
Fui direto
ao ponto, pois então, minha cara Shirley, estamos mais do que pagas - disse eu
-, porque no Brasil não há quem não conheça você. Aquela sua fita do tempo da
guerra, quando você foi pedir ao Presidente Lincoln que soltasse o prisioneiro,
e começou a comer maçã no colo dele - 'Este pedaço é meu' - 'Este agora é o
seu' - não há por lá quem não conheça. Sabemos você de cor, Shirley."
-
"Ótimo! - disse ela. - E que pretendem fazer por aqui?"
-
"Que pergunta! Pretendemos virar estrelas. Minha ideia é empregar-me na
Paramount, eu e estes companheirinhos. Formaremos o mais estupendo trio que
ainda houve.
Que
acha?"
-
"Acho que vai ser um sucesso louco, Emília! Nunca apareceu no cinema um
anjo de verdade, nem uma boneca falante, nem um sabugo científico."
Para não prolongar essa historia fizemos um belo ensaio nos
estúdios da Paramount, éramos Sancho Pansa, Dom Quixote, em seu castelo, os
moinhos estavam lá, a lança, o burro magro... foi um sonho, até ser acordada
pela Dona Benta, e me fez caí na real
Antes de pingar o ponto final quero que saibam que é uma grande
mentira o que anda escrito a respeito do meu coração. Dizem todos que não tenho
coração. Afirmo aqui, tenho, sim, um lindo coração - só que não é de banana.
Coisinhas à toa não o impressionam; mas ele dói quando vê uma injustiça. Dói
tanto, que estou convencida de que o maior mal deste mundo é a injustiça.
Quando vejo certas mães baterem nos filhinhos, meu coração dói.
Quando vejo trancarem na cadeia um homem inocente, meu coração dói. Quando ouvi
Dona Benta contar a história de Dom Quixote, meu coração doeu várias vezes,
porque aquele homem ficou louco apenas por excesso de bondade. O que ele queria
era fazer o bem para os homens, castigar os maus, defender os inocentes.
Resultado: pau, pau e mais pau no lombo dele. Ninguém levou tanta pancadaria
como o pobre cavaleiro andante – e estou vendo que é isso que acontece a todos
os bons. Ninguém os compreende. Quantos homens não padecem nas cadeias do mundo
só porque quiseram melhorar a sorte da humanidade? Aquele Jesus Cristo que Dona
Benta tem no oratório, pregado numa cruz, foi um. Os homens do seu tempo que só
cuidavam de si, esses viveram ricos e felizes.
Mas Cristo quis salvar a humanidade e que aconteceu? Não salvou
coisa nenhuma e teve de agüentar o maior dos martírios.
Falo a vocês que eu era uma criaturinha feliz enquanto não sabia
ler e, portanto não lia os jornais. Depois que aprendi a ver como é na
realidade o mundo. Tanta guerra, tantos crimes, tantas perseguições, tantos
desastres, tanta miséria, tanto sofrimento...
Por isso acho que o único lugar do mundo onde há paz e felicidade
é no sítio de Dona Benta. Tudo aqui corre como num sonho. A criançada só cuida
de duas coisas: brincar e aprender.
Narizinho eu quero muito bem, porque é uma espécie de minha mãe.
Brigamos bastante, é verdade, e ela implica deveras comigo quando 'me excedo'.
Mas já vi que briga é prova de amor.
Quem não ama não briga. Gosto dela no fundo do coração, e não
admito que haja outra menina que a valha. Nem Alice. Nem Capinha Vermelha. Para
mim, a primeira menina do mundo é Narizinho.
E Pedrinho? Um excelente rapaz. Muito sério, de muita confiança,
menino de palavra. Também temos brigado bastante, e havemos de brigar ainda;
mas que ele é um menino que vale a pena isso é. E bem valente. Só que ficou um
pouco prosa demais depois da surra que deu no Popeye, esquecido de que se não
fosse eu, com a minha ideia da couve, quem levava a surra era ele, e das
grandes. Mas eu perdôo essas coisinhas. Peter Pan também era gabola e vaidoso -
e Wendy lhe perdoava o defeito.
A
minha imagem foi criada pela televisão. Afinal, na primeira descrição que me
deram em livro eu era muito feia e tinha “cara de bruxa”, culpa do Monteiro,
aquele “velho gagá”. Ainda bem, que ao longo de meus 24 livros, minha aparência
foi melhorando, mudando, inclusive pelas mãos dos de vários ilustradores. Estes
diabos que desenham a minha figura nos livros, cada qual me fazem de um jeito,
muito chato isso.
Mais
em fim, posso dizer que tive uma vida e tanto! Conheci os lugares mais lindos
do mundo, encontrei grandes personagens da história e da literatura, aprendi gramática,
aritmética, história e geografia, fiz amizade com Hércules, Dom Quixote, Alice
(a do País das Maravilhas), Branca de Neve e Gato de Botas. Viajei ao céu,
trouxe um anjinho de verdade para a Terra, reformei a natureza, diminui o
mundo, enfim... tive uma vida cheia de emoções.
É esse é o espanto da Tia Anastácia, a minha confeccionadora pois minha
historia se renova, de geração em geração, através da leitura das obras de
Monteiro Lobato, meu idealizador, fazendo em cada um de vocês , a possibilidade
de vir também habitar, com o uso do pó de pirlim pim pim, neste lugar encantado
chamado Inconsciente, .......quer dizer, o meu mundo, o Sítio do Pica-Pau amarelo.
Bom. Vou acabar com estas Memórias. Já contei tudo quanto sabia;
já disse várias asneiras, já dei minhas opiniões filosóficas sobre o mundo.
Resta agora despedir-me do respeitável público. Então, respeitável público, até
logo. Disse que escreveria minha biografia em Memórias e escrevi e falei para
vocês. Agora vou me preparar para a noite de autógrafos, sob os cliques das
câmeras, na certeza que em livro se tornará um best seller. Se gostaram delas,
muito bem. Se não gostaram, pílulas! Tenho dito."
Vocês podem
ainda estarem se perguntando quem sou Eu
?
- Te respondo: Sou a Independência ou Morte!
Rênio Ramos
INFORMAÇÕES
ADCIONAIS
DATA DE
NASCIMENTO: Algum dia de 1920, ano de “A menina do narizinho arrebitado”.
LOCAL
DE NASCIMENTO: Rua: Boa Vista, 52, São Paulo
PRIMEIRA
FRASE QUE FALOU: “Que gosto horrível de sapo na boca!”
RECHEIO:
O
interior da boneca é feito de macela, planta usada para confeccionar
travesseiros.
TIME: Palmeiras
ALTURA: 40 Centímetros
PESO: 5 Quilos
EXPERIÊNCIA
PROFISSIONAL: Repórter do jornal “O grito do Picapau Amarelo”,que nunca foi
publicado.
PALAVRAS
PREFERIDAS: Meu e Minha
PÁSSARO
PREFERIDO: Pombinha branca
PLANET
PREFERIDO: Saturno
UMA
ÁRVORE: Pitangueira
NO
PEITO:
Emília
não tinha coração
ACIDENTES
QUE SOFREU: Queda no Ribeirão durante uma pescaria, sufocamento com um Jaca
DOENÇAS
(DE BONECA) QUE JÁ TEVE: Anemia Macelar no
pernil barrigide esquerdo
REFERÊNCIAS
Lobato,
Monteiro, 1882-1948. Memórias da Emília
/ Monteiro Lobato; ilustrações Paulo Borges. - São Paulo : Globo, 2007.
Quintães, Marcus, Emília- A ousadia de uma boneca sem papas
na língua. Artigo apresentado a revista Ártemis em dezembro de 2005.
Resenha, apresentada em: http://trecosetrapos.org/weblog/2011/01/26/memorias-da-emilia-e-peter-pan-de-monteiro-lobato/,
de Cyntia Bandeira em: 17/07/2014.
COMISSÃO
DE FRENTE
CORRIDA
PELA FAMA - Emília para conseguir o estrelato sonhado, o
reconhecimento dentro e fora do reino de faz de conta, disputará o título com
outras 14 Bonecar. Quem vencerá a corrida e vivará POP estar “Internacional”
veremos na avenida.
I
MESTRE SALA E PORTA BANDEIRA
Da
Inspiração divina cria-se EMILIA. O
casal representará a Inspiração Divina, numa fantasia de pluma e faisão de
cores celestiais, em tons de branco, lilás claro e azul bebê.
BAIANAS
– Homenageará a artesã que costurou e deu forma a Personagem mais
conhecida de Monteiro Lobato.
ANASTACIA – “A
MÁQUINA DE FAZER COMIDA”
ALA
01 – Tributo a Monteiro Lobato – A fantasia retratará o grande Criador de
tantas histórias, bem como, da nossa homenageada Emília, a mais querida e
conhecida de Lobato.
ABRE-ALAS - NO
REINO MONTEIRO LOBATO SURGE A SUA MAIOR CRIAÇÃO “A MENINA DO NARIZ ARREBITADO”.
Na parte central
da frente do carro terá uma grande escultura de Monteiro Lobato, escrevendo seu
livro sobre a escrivaninha, na parte de trás do carro uma grande escultura da
Tia Anastásia confeccionando a Boneca Emília.
ALA 02
- Pó de PERLIM PIM
PIM – A fantasia representa o pó Mágico que conduzirá o público nessa viagem.
ALA 03 – MATERIAIS DE COFECÇÃO- Tecidos velho, linhas coloridas e
botões
A fantasia representa os matérias para a
confecção da tagarela Boneca.
ALA 04 –TIA A ANASTÁCIA/ Mão a OBRA – Representa a Senhora Negra
que costurou a boneca idealizada por Lobato.
ALA 05 - Cântico de criação – A fantasia representa a cantoria
enquanto a Tia Anastácia a costurava.
CARRO II – NASCE A PRINCESA DE RABICÓ – EMÌLIA
O segundo carro da escola
trás a Emília, num grande baú de
retalhos... representando o quarto de Costura o mágico ambiente.
ALA 06 - Dona Benta – A vó de todos. A fantasia representa a vovozinha
de todos dentro e fora do sítio, detentora de paciência e sabedoria, grande
contadora de histórias.
ALA 07 – Pedrinho e Narizinhos – A fantasia mostra os melhores amigos da
boneca Emília.
ALA 08 – Marques de Rabicó – O marido da Marqueza, porco rosado e
roliço, a fantasia representa este animal...marinho rejeitado por Emília.
TRIPÉ I - O REINO DAS
ÁGUAS CLARAS
ALA 09 - Dr. Caramujo e sua Pílula Falante – A
fantasia representa o Dr. Caramujo que deu a Pirula falante a Boneca que
desandou a falar asneira.
CARRO III – O SITIO DO PICAPAU AMARELO – O REINO DE HISTÓRIAS
O Cenário do carro, retrata
o sítio que tanto nos encantou e nos revelou histórias de imaginários reinos, que tantos visitantes
recebeu.
ALA10 – Portão de Sonhos – O Sitio possui um mágico portal que captura os grandes personagens para
entrarem neste sonho.
ALA11 – O Burro falante – grande Amigo do Marques e grande conselheiro.
ALA12 – Pé de Jabuticabeira – a fantasia representa esta planta que
sobre ela a Emília refletiu sobre suas memorias.
ALA 13 – Memórias da Emília – a fantasia representa as memorias da
torneirinha de Asneira.
PASSISTAS : Imaginário criativo de Emília
BATERIA : Visconde de Sabugosa –
o Milho escritor e cientista. A fantasia representa o Escudeiro fiel e sapiente
de EMILIA.
CARRO IV – MEMÓRIAS DE
EMILIA –
A alegoria está em forma de livro onde Visconde
e Emília estão cada um num lado da alegoria...Visconde Escrevendo e A Boneca
Emília ditando.
ALA 14 – Emília Reporte - A
fantasia representa o único emprego na vida que foi ser repórter para o jornal
“O Grito do Pica-pau Amarelo”, embora nunca tenha sido publicado tenho essa
experiência profissional.
ALA 15 - O casamento por
Interesse – A fantasia represento o elo de interesse entre Emília e o Marques
de Rabicó, tudo pelo título de nobreza.
ALA 16 (a) – Um passeio pela ARITMETRICA - A fantasia representa a viagem pelos números
realizada pela boneca.
ALA 16 (b) – Um passeio no país da GRAMÁTICA - A fantasia representa a
viagem pelas letras e suas regras realizada pela boneca.
ALA 17 - UMA VIAJEM A VIA LACTÉA – Um passeio pelo espaço sideral onde
cansou um anjo. A fantasia remete a uma astronauta
ALA 18 – O ANJINHO DA EMILIA – Na viagem ao céu a atrevida boneca tras
consigo um anjo com a assa quebrada, e chama-o de seu. A fantasia remete a um
anjinho.
CARRO V –
VIALACTÉA CELESTIAL – MEU ANJO
A quinta alegoria remete
este momento celestial vivido pela Emília, na qual trás do Céu um ANJO que
estava doente. Logo, o carro todo em tons claros e azul céu, com a escultora de
anjos em volta e no centro Emílio segurando em seu colo Um pequeno Anjo. Nesta
Alegorias as composições serão apenas crianças.
ALA 19 – BOATO ATRAVESSA O OCEANO – A noticias do Anjo no sítio ultrapassa
as barreiras do sítio e ganha o mundo.
ALA 20 – OS REIS EM CONFERÊNCIA –
Ao saber da notícias os reinos se reúnem em conferência para decidirem como
faram para conhecer o ANJO.
ALA 21 – ALMIRANTE BROWN – A fantasia de um
Almirante Inglês.
ALA 22 – CRIANÇAS INGLESAS – A fantasia representa as crianças que
primeiro veio conhecer o ANJO.
II CASAL DE MS E PB – ALICE e PETER PAN
A fantasia do casal
representada pela figura destes dois emblemáticos personagens da literatura
infantil que povoa o nosso imaginário.
CARRO VI –
O NAVIO DO CAPITÃO BROWN
Nesta Alegoria representada
por um grande Navio Inglês, onde também estará cheio de Crianças representando
as crianças inglesas em busca de conhecer um ANJO de verdade.
ALA 23 - POPEYE – O marinheiro Popeye também
embarcou em Busca de raptar o Anjo, aqui nesta história ele não é bonzinho. A
fantasia representa este personagem e seu espinafre revigorante.
ALA 24
– CAPITÂO GANCHO – O capitão Gancho veio escondido no navio em busca de Peter
Pan. A fantasia também remete a este personagem.
ALA 25
– A FUGA DO ANJO – A fantasia remete ao Anjo, para representar a fuga.. a fantasia
terá aspecto de gaiola na qual será aberta, como referencia a libertação.
TRIPÉ II – ADEUS AOS
VISITANTES ILUSTRES
Neste
II tripé se dividiremos em dois
momentos, a parte da frente terá as esculturas dos personagens da Alice, do
Almirante e do Peter Pan. Na parte de trás do tripé representa a metade de um
navio, representando a partida de volta ao mar.
ALA 26 – CHEGUEI A HOLLYWOOD - lugar de estrela é em Hollywood, então Emília
realizar o seu sonho estrelar em Hollywood. A fantasia trás a mensagem bem vido
a Hollywood, fantasia tons de azul, vermelho e branco como os americanos.
ALA 27 – MADAME SHIRLEY – A grande Diva Americana acolhe a
boneca e o seu sonho POP STAR. A fantasia faz mensal a esta musa do cinema
americano.
A sétima alegoria, trás
Emilia Americanizada, escultura da estatua da Liberdade, do cinema Americano
dos filmes da Madame Shirley musa inspiradora da Boneca.
VELHA
GUARDA – Em noite de Galã
ALA 28 – DOM QUIXOTE (a) e SANCHO
PANÇA (b) - Emília encenou na grande
Cidade Estelar, este clássico da literatura, a fantasia está dividida em duas
partes, uma que representa o Dom Quixote e a outra o Sancho.
ALA 30 – Coração Humano de Emília – Aqui a boneca humanizada, com as
questões sociais que a entristece.
ALA 31 – AOS MEUS FÃS ÉS AÍ A MINHA BIOGRAFIA AUTORIZADA –
A fantasia representa a
biografia pronta, da Boneca.
CARRO VIII - NOITE DE AUTÓGRAFOS / MINHA CONSAGRAÇÂO
A
última alegoria representa a grande noite estelar da Emília, o seu
reconhecimento, a sua glória, os cliques, as câmeras e o grande público
exaltado a estrela da noite.
ALA DE COMPOSITORES -
MONTEIRO LOBATO IMORTAL CRIADOR
Minha escola passou bonito ...nasegunda noite.
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