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domingo, 12 de outubro de 2014

Enredo 12 - “EMÍLIA – UMA BIOGRAFIA AUTORIZADA DA MARQUESA DE RABICÓ”





INFORMAÇÕES GERAIS:

Nome Oficial: Grêmio Recreativo Escola de Samba Virtual Acadêmicos do Encantado
Presidente: Rênio Ramos
Fundação: Junho de 2014
Símbolo: Sol e Lua
Cores:   Verde, Branco, Prata e  Amarelo
Carnavalesco: Rênio Ramos



EMÍLIA uma biografia autorizada dA MARQUESA DE RABICÓ




ilustração do tema



A Concepção desta Ilustração do tema consiste na ideia central do enredo, a qual:  Emília pega a caneta para contar suas memorias, aventuras, tais como, as suas façanhas em Hollywood, a famosa cidade das estrelas de cinema, que ela visitou ao lado de Peter Pan e da Alice do País das Maravilhas”, ao  lado de seu fiel escudeiro Visconde de Sabugosa. Emília vira pop star. Assediada pela mídia, lança sua biografia em grande estilo. Certamente, tantas aventuras contidas neste livro virarão best seller. Mais famosa do que nunca, a Marquesa sempre povoará nosso imaginário despertando a criança que existe em cada um.
O ambiente onde se realiza essa concorrida noite de autógrafo foi elaborado para enfatizar a essência da boneca. São tecidos, babados, botões, carretéis e agulhas dispostos num lúdico cenário onde a celebridade esbanja simpatia sob o foco das lentes.








justificativa do enredo

Todo mundo concorda com a importância de recordar os fatos da vida. Sem isso não saberíamos quase nada sobre o passado da humanidade. Os grandes personagens da História, com H maiúsculo, sempre tiveram o cuidado de deixar registradas suas glórias e conquistas para as gerações futuras. As pessoas comuns também têm muita coisa interessante a contar. Por meio dos seus relatos, descobrimos detalhes e curiosidades sobre o cotidiano dos povos. Mas será que alguém tão novinho quanto a Emília já tem assunto para uma biografia de suas memórias? Na verdade, a boneca já passou por tantas situações surpreendentes que poderia encher uma estante inteira de volumes. Para não cansar as mãozinhas delicadas, dita para o Visconde de Sabugosa suas proezas junto com a turma do Sítio do Pica-pau Amarelo. Ao longo desta sinopse, vamos acompanhando passo a passo as andanças da Marquesa de Rabicó, desde que "nasceu" do retalho de uma saia de Tia Nastácia e ganhou o dom da fala. Paciente, o sabugo de milho toma nota de tudo.
No final, a própria Emília pega a caneta para contar suas façanhas em Hollywood, a famosa cidade das estrelas de cinema, que ela visitou ao lado de Peter Pan e da Alice do País das Maravilhas. Como se isso não bastasse, ainda filosofa, expondo suas impressões sobre tudo e todos, sempre naquele seu jeito "emiliano" de ser e raciocinar.

EMÍLIA uma biografia autorizada dA MARQUESA DE RABICÓ


Sou Emília, conhecida em todo o reino de Monteiro Lobato e fora dele, como a “A MARQUESA DE RABICÓ” muito prazer...
Tenho data e local de nascimento — e esse lugar não é o Sítio do Pica-pau Amarelo, como todos pensam, embora, tenha sido confeccionada por Tia Nastácia com retalhos de sua saia velha, a cozinheira me fez com um corpo todo desajeitado, com olhos de retrós preto, sobrancelhas meio fora do lugar e recheio de macela para a menina Narizinho,  neta de Dona Benta, mais na verdade nasci na cidade grande, em São Paulo sobre a pena de Monteiro Lobato na Rua Boa Vista 52, o dia não sei, em algum dia do ano 1920, creio eu, pois foi nesse ano que minha primeira historia “A menina do narizinho arrebitado” foi publicada. Esse cara, o Lobato, conseguiu o máximo comigo, sou o “máximo” é claro, pois em 24 livros de minhas histórias, é uma aula para qualquer escritor ou roteirista, olha só o que ele falou de mim ao amigo Godofredo Rangel: “Ela me entra nos dois dedos que batem as teclas e diz o que quer, não o que eu quero. Cada vez mais Emília é o que quer ser, e não o que eu quero que ela seja. Fez de mim um ‘aparelho’ ”, o que é uma verdade.
Voltando a minha pessoa, nasci muda, mais não durou muito e falei num grito “Que gosto horrível de sapo na boca!” depois de ter tomado uma pílula falante no Reino das Águas Claras, graças ao Dr. Caramujo. Ainda bem, não aguentava mais ficar calada ouvido as asneiras de todos, aí nunca mais parei de falar, he!he!he!he!.
Tenho o privilégio de nunca pegar doença, pois sou de pano e elas não penetram o meu corpo. Sabe por quê? Porque o pano é uma peneirinha que coa a doença.... Com meus olhos feitos de retrós, vejo melhor do que qualquer pessoa do Sítio e sou capaz de achar uma pulga na Ursa Maior. Confesso que sinto inveja de vocês humanos em determinadas horas, por exemplo na hora de comer, quando a “máquina de fazer comida” prepara seus quitutes no sítio, mas isso não me impede de comer croquetes no Reino das Águas Claras. Meu time de futebol preferido é o Palmeiras, pois seu mascote e da família de meu marido “ecâ”, peso cinco quilos e tenho quarenta cm de altura, “tá” bom demais quero permanece assim, em forma, o pessoal do sítio falam que só tive um emprego na vida que é praticar bullying contra os moradores do Sítio do Pica-pau Amarelo, pura mentira e inveja fui uma excelente repórter para o jornal “O Grito do Pica-pau Amarelo”, embora nunca tenha sido publicado tenho essa experiência profissional.
Posso confessar a vocês que meu casamento com o Marques de Rabicó, de fato foi por interesse, pois sonhava em ser uma bela princesa como nas histórias dos reinos tão distantes — e marquesa, afinal, já era um bom começo, não é verdade. Mas tinha vergonha do meu marido, aquele porco rosa, principalmente quando via a Tia Nastácia fazendo um leitão para o Natal, aí ficava na comemoração, acreditando ter ficado finalmente viúva.
Para apresentar para vocês a minha biografia pensei em contratar o Visconde de Sabugosa para escrever minhas memórias, mas desisti logo, quando vi que o sabugo de milho aquele “magrelo amarelo” estava escrevendo umas “verdades” sobre mim, se eu deixa-se seria uma biografia não autorizada, aí eu mesma decidi assumi o posto, e contar para vocês tudinho sobre mim e minhas aventuras. Dona Benta veio me questionar dizendo que iria inventar aventuras que jamais haviam acontecido, aí pensei melhor é o visconde vai apenas transcrever o que vou contar sobre minhas memórias. Disse a ela e repito para vocês, acreditem se quiserem: Minhas memórias são diferentes de todas as outras. Eu conto o que houve e o que deveria acontecer, simples assim. Sou, o nome da possibilidade imaginativa não me restrinjo, ou, se quer me conformo com o que vocês chamam de princípios da realidade. Subervirto e busco ampliar-me além dos domínios, não é atoa que sou a que melhor faz uso da famosa invenção do engenhoso Visconde Sabugosa: O Pó de Pirlimpimpim! Este pó possuí efeitos mágicos que possibilitam que todos os personagens se transportem no tempo e no espaço, ou permita que os mesmos adquiram a capacidade de ver ou sentir coisas de “outros” mundos, vocês verão como estou certa.
Então Visconde, por onde começo, fale seu sabugo...o pessoal está esperando para saber minhas histórias...
- A história do anjinho de asa quebrada serve? - indagou o Visconde, e eu respondi.
- Ótimo, ela resumi muitas aventuras! Ninguém lá fora sabe o que aconteceu por aqui com o anjinho que cacei na Via Láctea. Conte isso e mais outras coisas. O que quiser. Vá contando, contando.
- Espere deixe que eu conte, limite-se a escrever, farei como na "Aritmética..."
O Visconde ficou de pena no papel, e por fim começou a escrever:
O ANJINHO DE ASA QUEBRADA- Numa viagem a Via Láctea, Eu encontrei um anjinho de asa quebrada, e o trouxe para o sítio e, com medo que ele fugisse, pedi para Tia Anastácia cortar a ponta da asa dele, como se fazia para impedir que aves, voando, escapassem do cativeiro. A presença desse anjinho pessoal, foi a causa de muitas brigas no sítio, porque  ele era meu aí briguei feio com Pedrinho e  com a Narizinho.
Ele trouxe confusões e brigas, vou resumir o que houve no sítio: A história do anjinho começou a correr mundo. Toda gente das redondezas veio vê-lo. Os jornais deram notícias. O rádio e o telégrafo transmitiram essas notícias para todos os países, de tal modo que a novidade se espalhou e as crianças do mundo inteiro ficaram assanha-díssimas para conhecer o anjinho. Queriam à viva força vir ao sítio brincar com ele. A situação tornou-se tão grave que o Rei da Inglaterra, o Presidente Roosevelt, o Führer da Alemanha, o Duce da Itália, o Imperador do Japão e o Negus da Etiópia se reuniram em conferência para tratar do assunto. Depois de muita discussão ficou assentado que todas as crianças do mundo seriam levadas ao sítio de Dona Benta. Pensei e agora?
            Em sorteio, a sorte favoreceu as crianças da Inglaterra, foram as primeiras a vim ao sítio. Quando saiu nos jornais a notícia desse fato, foi um hurra imenso no Império Britânico e uma choradeira ainda maior nos outros países. O Rei da Inglaterra, então, mandou preparar um grande navio cheio de doces, brinquedos e livros de figuras, e nele embarcou a criançada inglesa sob as ordens de um dos seus melhores almirantes - o Almirante Brown. Ele iria levá-las ao sítio de Dona Benta.
            Imaginando o furdunço que ocorreria aqui no Sítio quando esse bando de criança sedenta chegasse tive uma ideia brilhante fantasiar o Visconde de Anjo, para apresentar a criançada, pena que não deu certo, as crianças ao chegarem viram e resmungaram dizendo que o sabugo era muito magro e feio, que de anjo não tinha nada. O lesado do sabugo esqueceu a cartola na cabeça entregando que era um desface, e este foi descoberto pelo - "Peter Pan!." Que veio junto com a frota vê o anjo, se esbarrou com o Pedrinho e ficaram ali discutindo entre si, os dois meninos que pareciam um só.
Enquanto os dois discutiam, eu se atracava com a Alice do País das Maravilhas, que também viera no bando. Alice estava torcendo o nariz a tudo e achando que aquele sítio não parecia digno de um anjinho. - "Uma casa velha, estas árvores tortas por aqui, aquele leitão lá longe nos espiando - então isto lá é morada digna de um anjinho caído do céu? Os anjos querem nuvens bem redondas. Se o levássemos para Londres, haveríamos de dar-lhe um palácio de cristal cheio de nuvens de ouro – ouro fofo bem macio.", disse ela.
Pedrinho aquele moleque atrevido cedeu aos argumentos do menino Peter Pan, e decidiu mostrar a criançada o anjinho verdadeiro, mesmo contra minha vontade, pedindo uma condição em troca: que ninguém tocasse nele, porque é um verdadeiro vidro. Todos se admiraram da poesia daquela definição, mas Alice não queria ouvir o anjinho repisar as coisas ensinadas pela Emília; queria saber como eram as coisas lá, curiosa ela, aí falei, deixe que eu conto meu ANJINHO: E pus  a contar as mil coisas passadas ali, as aventuras do pó de pirlim pim pim, o encontro do Burro Falante lá no País das Fábulas, o casamento dela com o Príncipe Escamado, a ida ao País da Gramática e outros episódios aventurescos que não ouço contar agora.
            Nisto apareceu, inesperadamente, um segundo vulto.
- "Olhe!... Vem vindo outro. A coisa se complica..." Pedrinho não tardou a reconhecê-lo.
- "Popeye! O marinheiro Popeye, Peter." Peter Pan não conhecia esse figurão.
- "Quem é ele?" - perguntou.
- "Um homenzinho terrível, Peter. Não há no mundo quem o vença. Derrota tudo. Será que é cúmplice do Capitão?” Disse o menino, uma vez que o Capitão Gancho pelo sitio também estava.
E o Capitão exclamou num grito: - "Viva, Senhor Popeye!  - Que é que o traz por aqui?" A parti desse momento pessoal, foi uma briga feia entre o Popeye e o Capitão Gancho, e não conteve em brigar apenas com o Capitão lutou também  contra os marinheiros do Wonderland foi dessas coisas que só gênios do tamanho de Shakespeare e Dante se atrevem a descrever - e mesmo assim descrevem mal. Nunca houve tanta pancada no mundo. Se fôssemos juntar toda a imensa pancadaria que há no Dom Quixote de La Mancha e com ela formássemos um monte, esse monte ficaria pequeno diante da pancadaria que houve no pomar de Dona Benta. É o Sitio estremeceu. Aterrorizada descobri que o segredo do Popeye, chama-se: espi-na-fre. Sem espinafre este senhor vale tanto como um homem qualquer. Descobri também que o seu espinafre só faz efeito por quinze minutos. Passados quinze minutos o ele “bambo” outra vez. O plano dele, era levar o Anjinho para transformar você em estrelinha de cinema em Hollywood.
            Tive uma ideia brilhante para acabar com o Popeyer trocar o espinafre por couve cortadinha, assim ele ficaria sem força. Assim, vencemos esse perigoso inimigo.
            Mais o inevitável aconteceu o Anjinho fugiu, pois as crianças o atropelavam demais. Não havia para ele um só momento de sossego.
- "O anjinho voou! - gritava a criançada.
- Vai voando alto! Vai sumindo no céu!..." E se foi o meu anjinho querido. Foi um chororó só.
Chegou a hora de dá adeus a todos, ao Peter Pan, a Alice e ao almirante. Vou contar o que teria acontecido se Tia Nastácia houvesse cortado a ponta da asa do anjinho, como mandei:
Teria ido para Hollywood no Wonderland, com toda a criançada inglesa, Peter Pan e o Almirante. E Alice também. Fugiria do sítio. Eu já andava enjoada de bolinhos, de pitangueira, de países-da-gramática. Fugi - fugi - fugi com o anjinho e o Visconde. A viagem foi ótima, exceto para o Visconde, que enjoou a ponto de deitar ao mar metade da sua ciência. Vomitou logaritmos, ângulos e triângulos, leis de Newton - uma trapalhada. Eu não enjoei coisa nenhuma, nem o anjinho. Em vez disso, aproveitei o tempo para estudar com o Almirante a língua de Alice. Em Nova York desembarcamos. Houve briga. O Almirante queria levar-me para Washington, a fim de apresentar-me ao tal Presidente Roosevelt. Eu só queria saber do cinema. Queria Hollywood, que é a cidade do cinema. Não discuti. Fingi que ia para Washington e fui parar em Hollywood, de avião.
Vocês pode estar se indagando como assim? - e eu respondo a vocês: Não me amolem os cornos. Comigo não há como. Fui e acabou-se.
Lá chegando, com o anjinho por uma das mãos e o Visconde pela outra, fui logo em procura da Shirley Temple. Bati na porta da casinha dela. Veio uma criada.
- "Dona Shirley está?" - perguntei.
Quando a criada nos viu, arregalou os olhos e abriu uma boca deste tamanho.
- "Shirley, corra!... Venha ver três fenômenos - gritou ela. - Um anjinho, uma boneca e um sabugo de cartola..." Shirley veio de galope. Mas não mostrou o menor espanto. Abraçou-me, dizendo: Hollywood, era o meu sonho. Espantei-me da forma como fui recebida e disse:
-"Então... então já me conhecia?", e ela me disse:
- "Ora, Emília! Quem não conhece a Marquesa de Rabicó? Fiquei sabendo que em Hollywood todos sabemos de corzinho aqueles livros onde vêm contadas as suas histórias. O caso da pílula falante, da viagem ao País da Fábula, onde Dona Benta se sentou em cima do dedo do Pássaro Roca pensando que era raiz de árvore... Quem não sabe essas histórias?"
Fui direto ao ponto, pois então, minha cara Shirley, estamos mais do que pagas - disse eu -, porque no Brasil não há quem não conheça você. Aquela sua fita do tempo da guerra, quando você foi pedir ao Presidente Lincoln que soltasse o prisioneiro, e começou a comer maçã no colo dele - 'Este pedaço é meu' - 'Este agora é o seu' - não há por lá quem não conheça. Sabemos você de cor, Shirley."
- "Ótimo! - disse ela. - E que pretendem fazer por aqui?"
- "Que pergunta! Pretendemos virar estrelas. Minha ideia é empregar-me na Paramount, eu e estes companheirinhos. Formaremos o mais estupendo trio que ainda houve.
Que acha?"
- "Acho que vai ser um sucesso louco, Emília! Nunca apareceu no cinema um anjo de verdade, nem uma boneca falante, nem um sabugo científico."
Para não prolongar essa historia fizemos um belo ensaio nos estúdios da Paramount, éramos Sancho Pansa, Dom Quixote, em seu castelo, os moinhos estavam lá, a lança, o burro magro... foi um sonho, até ser acordada pela Dona Benta, e me fez caí na real
Antes de pingar o ponto final quero que saibam que é uma grande mentira o que anda escrito a respeito do meu coração. Dizem todos que não tenho coração. Afirmo aqui, tenho, sim, um lindo coração - só que não é de banana. Coisinhas à toa não o impressionam; mas ele dói quando vê uma injustiça. Dói tanto, que estou convencida de que o maior mal deste mundo é a injustiça.
Quando vejo certas mães baterem nos filhinhos, meu coração dói. Quando vejo trancarem na cadeia um homem inocente, meu coração dói. Quando ouvi Dona Benta contar a história de Dom Quixote, meu coração doeu várias vezes, porque aquele homem ficou louco apenas por excesso de bondade. O que ele queria era fazer o bem para os homens, castigar os maus, defender os inocentes. Resultado: pau, pau e mais pau no lombo dele. Ninguém levou tanta pancadaria como o pobre cavaleiro andante – e estou vendo que é isso que acontece a todos os bons. Ninguém os compreende. Quantos homens não padecem nas cadeias do mundo só porque quiseram melhorar a sorte da humanidade? Aquele Jesus Cristo que Dona Benta tem no oratório, pregado numa cruz, foi um. Os homens do seu tempo que só cuidavam de si, esses viveram ricos e felizes.
Mas Cristo quis salvar a humanidade e que aconteceu? Não salvou coisa nenhuma e teve de agüentar o maior dos martírios.
Falo a vocês que eu era uma criaturinha feliz enquanto não sabia ler e, portanto não lia os jornais. Depois que aprendi a ver como é na realidade o mundo. Tanta guerra, tantos crimes, tantas perseguições, tantos desastres, tanta miséria, tanto sofrimento...
Por isso acho que o único lugar do mundo onde há paz e felicidade é no sítio de Dona Benta. Tudo aqui corre como num sonho. A criançada só cuida de duas coisas: brincar e aprender.
Narizinho eu quero muito bem, porque é uma espécie de minha mãe. Brigamos bastante, é verdade, e ela implica deveras comigo quando 'me excedo'. Mas já vi que briga é prova de amor.
Quem não ama não briga. Gosto dela no fundo do coração, e não admito que haja outra menina que a valha. Nem Alice. Nem Capinha Vermelha. Para mim, a primeira menina do mundo é Narizinho.
E Pedrinho? Um excelente rapaz. Muito sério, de muita confiança, menino de palavra. Também temos brigado bastante, e havemos de brigar ainda; mas que ele é um menino que vale a pena isso é. E bem valente. Só que ficou um pouco prosa demais depois da surra que deu no Popeye, esquecido de que se não fosse eu, com a minha ideia da couve, quem levava a surra era ele, e das grandes. Mas eu perdôo essas coisinhas. Peter Pan também era gabola e vaidoso - e Wendy lhe perdoava o defeito.
A minha imagem foi criada pela televisão. Afinal, na primeira descrição que me deram em livro eu era muito feia e tinha “cara de bruxa”, culpa do Monteiro, aquele “velho gagá”. Ainda bem, que ao longo de meus 24 livros, minha aparência foi melhorando, mudando, inclusive pelas mãos dos de vários ilustradores. Estes diabos que desenham a minha figura nos livros, cada qual me fazem de um jeito, muito chato isso.
Mais em fim, posso dizer que tive uma vida e tanto! Conheci os lugares mais lindos do mundo, encontrei grandes personagens da história e da literatura, aprendi gramática, aritmética, história e geografia, fiz amizade com Hércules, Dom Quixote, Alice (a do País das Maravilhas), Branca de Neve e Gato de Botas. Viajei ao céu, trouxe um anjinho de verdade para a Terra, reformei a natureza, diminui o mundo, enfim... tive uma vida cheia de emoções.  É esse é o espanto da Tia Anastácia, a minha confeccionadora pois minha historia se renova, de geração em geração, através da leitura das obras de Monteiro Lobato, meu idealizador, fazendo em cada um de vocês , a possibilidade de vir também habitar, com o uso do pó de pirlim pim pim, neste lugar encantado chamado Inconsciente, .......quer dizer,  o meu mundo, o Sítio do Pica-Pau amarelo.
Bom. Vou acabar com estas Memórias. Já contei tudo quanto sabia; já disse várias asneiras, já dei minhas opiniões filosóficas sobre o mundo. Resta agora despedir-me do respeitável público. Então, respeitável público, até logo. Disse que escreveria minha biografia em Memórias e escrevi e falei para vocês. Agora vou me preparar para a noite de autógrafos, sob os cliques das câmeras, na certeza que em livro se tornará um best seller. Se gostaram delas, muito bem. Se não gostaram, pílulas! Tenho dito."
            Vocês podem ainda estarem se perguntando quem sou Eu ?
- Te respondo: Sou a Independência ou Morte!


Rênio Ramos

INFORMAÇÕES ADCIONAIS



DATA DE NASCIMENTO: Algum dia de 1920, ano de “A menina do narizinho arrebitado”.

LOCAL DE NASCIMENTO: Rua: Boa Vista, 52, São Paulo

PRIMEIRA FRASE QUE FALOU: “Que gosto horrível de sapo na boca!”

RECHEIO: O interior da boneca é feito de macela, planta usada para confeccionar travesseiros.

TIME: Palmeiras

ALTURA: 40 Centímetros

PESO: 5 Quilos

EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL: Repórter do jornal “O grito do Picapau Amarelo”,que nunca foi publicado.

PALAVRAS PREFERIDAS: Meu e Minha

PÁSSARO PREFERIDO:  Pombinha branca

PLANET PREFERIDO: Saturno

UMA ÁRVORE: Pitangueira

NO PEITO: Emília não tinha coração

ACIDENTES QUE SOFREU: Queda no Ribeirão durante uma pescaria, sufocamento com um Jaca

DOENÇAS (DE BONECA) QUE JÁ TEVE:  Anemia Macelar no pernil barrigide esquerdo



REFERÊNCIAS


Lobato, Monteiro, 1882-1948. Memórias da Emília / Monteiro Lobato; ilustrações Paulo Borges. - São Paulo : Globo, 2007.

Quintães, Marcus, Emília- A ousadia de uma boneca sem papas na língua. Artigo apresentado a revista Ártemis em dezembro de 2005.

Resenha, apresentada em: http://trecosetrapos.org/weblog/2011/01/26/memorias-da-emilia-e-peter-pan-de-monteiro-lobato/, de Cyntia Bandeira em: 17/07/2014.






COMISSÃO DE FRENTE

CORRIDA PELA FAMA -  Emília para conseguir o estrelato sonhado, o reconhecimento dentro e fora do reino de faz de conta, disputará o título com outras 14 Bonecar. Quem vencerá a corrida e vivará POP estar “Internacional” veremos na avenida.


I MESTRE SALA E PORTA BANDEIRA

Da Inspiração divina cria-se EMILIA.  O casal representará a Inspiração Divina, numa fantasia de pluma e faisão de cores celestiais, em tons de branco, lilás claro e azul bebê.


BAIANAS – Homenageará a artesã que costurou e deu forma a Personagem mais conhecida de Monteiro Lobato.

ANASTACIA – “A MÁQUINA DE FAZER COMIDA”

ALA 01 – Tributo a Monteiro Lobato – A fantasia retratará o grande Criador de tantas histórias, bem como, da nossa homenageada Emília, a mais querida e conhecida de Lobato.

ABRE-ALAS  -  NO REINO MONTEIRO LOBATO SURGE A SUA MAIOR CRIAÇÃO “A MENINA DO NARIZ ARREBITADO”.

Na parte central da frente do carro terá uma grande escultura de Monteiro Lobato, escrevendo seu livro sobre a escrivaninha, na parte de trás do carro uma grande escultura da Tia Anastásia confeccionando a Boneca Emília. 

ALA 02 - Pó de PERLIM PIM PIM – A fantasia representa o pó Mágico que conduzirá o público nessa viagem.

ALA 03 – MATERIAIS DE COFECÇÃO- Tecidos velho, linhas coloridas e botões
 A fantasia representa os matérias para a confecção da tagarela Boneca.

ALA 04 –TIA A ANASTÁCIA/ Mão a OBRA – Representa a Senhora Negra que costurou a boneca idealizada por Lobato.

ALA 05 - Cântico de criação – A fantasia representa a cantoria enquanto a Tia Anastácia a costurava.

                                         
CARRO II – NASCE A PRINCESA DE RABICÓ – EMÌLIA

O segundo carro da escola trás a Emília, num grande baú de  retalhos... representando o quarto de Costura o mágico ambiente.

ALA 06 - Dona Benta – A vó de todos. A fantasia representa a vovozinha de todos dentro e fora do sítio, detentora de paciência e sabedoria, grande contadora de histórias.

ALA 07 – Pedrinho e Narizinhos – A fantasia mostra os melhores amigos da boneca Emília.

ALA 08 – Marques de Rabicó – O marido da Marqueza, porco rosado e roliço, a fantasia representa este animal...marinho rejeitado por Emília.


TRIPÉ I  - O REINO DAS ÁGUAS CLARAS

  ALA 09 -  Dr. Caramujo e sua Pílula Falante – A fantasia representa o Dr. Caramujo que deu a Pirula falante a Boneca que desandou a falar asneira.

CARRO III – O SITIO DO PICAPAU AMARELO – O REINO DE HISTÓRIAS

O Cenário do carro, retrata o sítio que tanto nos encantou e nos revelou histórias de  imaginários reinos, que tantos visitantes recebeu.

ALA10 – Portão de Sonhos – O Sitio possui um mágico portal  que captura os grandes personagens para entrarem neste sonho.

ALA11 – O Burro falante – grande Amigo do Marques e grande conselheiro.

ALA12 – Pé de Jabuticabeira – a fantasia representa esta planta que sobre ela a Emília refletiu sobre suas memorias.

ALA 13 – Memórias da Emília – a fantasia representa as memorias da torneirinha de Asneira.

PASSISTAS : Imaginário criativo de Emília

BATERIA :   Visconde de Sabugosa – o Milho escritor e cientista. A fantasia representa o Escudeiro fiel e sapiente de EMILIA.


 CARRO IV – MEMÓRIAS DE EMILIA –

 A alegoria está em forma de livro onde Visconde e Emília estão cada um num lado da alegoria...Visconde Escrevendo e A Boneca Emília ditando.


ALA 14 – Emília Reporte -  A fantasia representa o único emprego na vida que foi ser repórter para o jornal “O Grito do Pica-pau Amarelo”, embora nunca tenha sido publicado tenho essa experiência profissional.

ALA 15 -  O casamento por Interesse – A fantasia represento o elo de interesse entre Emília e o Marques de Rabicó, tudo pelo título de nobreza.

ALA 16 (a) – Um passeio pela ARITMETRICA -  A fantasia representa a viagem pelos números realizada pela boneca.

ALA 16 (b) – Um passeio no país da GRAMÁTICA - A fantasia representa a viagem pelas letras e suas regras realizada pela boneca.

ALA 17 - UMA VIAJEM A VIA LACTÉA – Um passeio pelo espaço sideral onde cansou um anjo. A fantasia remete a uma astronauta 

ALA 18 – O ANJINHO DA EMILIA – Na viagem ao céu a atrevida boneca tras consigo um anjo com a assa quebrada, e chama-o de seu. A fantasia remete a um anjinho.


CARRO V – VIALACTÉA CELESTIAL – MEU ANJO      


A quinta alegoria remete este momento celestial vivido pela Emília, na qual trás do Céu um ANJO que estava doente. Logo, o carro todo em tons claros e azul céu, com a escultora de anjos em volta e no centro Emílio segurando em seu colo Um pequeno Anjo. Nesta Alegorias as composições serão apenas crianças.


ALA 19 – BOATO ATRAVESSA O OCEANO – A noticias do Anjo no sítio ultrapassa as barreiras do sítio e ganha o mundo.

ALA 20 –  OS REIS EM CONFERÊNCIA – Ao saber da notícias os reinos se reúnem em conferência para decidirem como faram para conhecer o ANJO.

ALA 21ALMIRANTE BROWN – A fantasia de um Almirante Inglês.

ALA 22 – CRIANÇAS INGLESAS – A fantasia representa as crianças que primeiro veio conhecer o ANJO.

II CASAL DE MS E PB – ALICE e PETER PAN

A fantasia do casal representada pela figura destes dois emblemáticos personagens da literatura infantil que povoa o nosso imaginário.
CARRO VI –  O NAVIO DO CAPITÃO BROWN

Nesta Alegoria representada por um grande Navio Inglês, onde também estará cheio de Crianças representando as crianças inglesas em busca de conhecer um ANJO de verdade.

ALA 23 - POPEYE – O marinheiro Popeye também embarcou em Busca de raptar o Anjo, aqui nesta história ele não é bonzinho. A fantasia representa este personagem e seu espinafre revigorante.

ALA 24 – CAPITÂO GANCHO – O capitão Gancho veio escondido no navio em busca de Peter Pan. A fantasia também remete a este personagem.

ALA 25 – A FUGA DO ANJO – A fantasia remete ao Anjo, para representar a fuga.. a fantasia terá aspecto de gaiola na qual será aberta, como referencia a libertação.


TRIPÉ II – ADEUS AOS VISITANTES ILUSTRES

Neste II tripé  se dividiremos em dois momentos, a parte da frente terá as esculturas dos personagens da Alice, do Almirante e do Peter Pan. Na parte de trás do tripé representa a metade de um navio, representando a partida de volta ao mar.

ALA 26 – CHEGUEI A HOLLYWOOD -  lugar de estrela é em Hollywood, então Emília realizar o seu sonho estrelar em Hollywood. A fantasia trás a mensagem bem vido a Hollywood, fantasia tons de azul, vermelho e branco como os americanos.

ALA 27 – MADAME SHIRLEY – A grande Diva Americana acolhe a boneca e o seu sonho POP STAR. A fantasia faz mensal a esta musa do cinema americano.

CARRO VII – BEM VINDO A HOLLYWOOD

A sétima alegoria, trás Emilia Americanizada, escultura da estatua da Liberdade, do cinema Americano dos filmes da Madame Shirley musa inspiradora da Boneca.

 VELHA GUARDA –  Em noite de Galã

ALA 28 –  DOM QUIXOTE (a) e SANCHO PANÇA (b) -  Emília encenou na grande Cidade Estelar, este clássico da literatura, a fantasia está dividida em duas partes, uma que representa o Dom Quixote e a outra o Sancho.


ALA 30 – Coração Humano de Emília – Aqui a boneca humanizada, com as questões sociais que a entristece.

ALA 31 – AOS MEUS FÃS ÉS AÍ A MINHA BIOGRAFIA AUTORIZADA –
A fantasia representa a biografia pronta, da Boneca.


CARRO VIII - NOITE DE AUTÓGRAFOS / MINHA CONSAGRAÇÂO
 
A última alegoria representa a grande noite estelar da Emília, o seu reconhecimento, a sua glória, os cliques, as câmeras e o grande público exaltado a estrela da noite.

ALA DE COMPOSITORES -  MONTEIRO LOBATO IMORTAL CRIADOR








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