07. Tema-Enredo (Título do enredo e sub-títulos, se houverem)
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Xamãs - Pássaros da Noite, Senhoras da Cura
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08. Autor(es) do Enredo
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Rafael de Lima
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09. Enredo (Direcionado aos julgadores)
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“Xamãs – Pássaros da
Noite, Senhoras da Cura”
JUSTIFICATIVA:
Celebremos o poder
daquelas “que sabem” curar – as xamãs. Coloquemos a mulher em papel de
destaque, sejam parteiras, guerreiras, profetas. Se um dom especial é dado para alguém, é
para fazer o bem na luta contra a dor e o sofrimento. Desta forma, a crença
nos espíritos de animais ou animais de poder, a força curativa e sagrada das
plantas, o transe, o êxtase, a existência de outros mundos paralelos ao mundo
material são os principais fundamentos do xamanismo. E a mulher, com o poder
feminino do sangue de seu útero que gera a vida, cuja força assemelha-se
àquela que cria o universo, é a sacerdotisa deste culto, mediadora entre o
mundo espiritual de antepassados ou animais e os seres viventes. Toda magia e
misticismo inserem-se na floresta amazônica e com a incorporação da mistura
de culturas brasileira, recebe o nome de pajelança. A Pajé, depois de uma
delicada e séria iniciação, com o auxílio dos encantados e dos caruanas,
energias mágicas das florestas e rios, incorporando-as, realiza os rituais de
cura. Toda essa transcendência da encantaria xamânica é o pilar de equilíbrio
do mundo, portal para afirmação do amor e do respeito à natureza como
essências de novos tempos.
SINOPSE:
“Eu sou o
grito mais vibrante
Eu sou o
silêncio da aldeia
Eu sou a
serpente e a águia
Eu sou a chama
que clareia…
Claridade,
unidade, diversidade, singularidade, fraternidade.
Somos
movimento cósmico que se entrelaça
Esferas do
globo terrestre em transe
O açoite que
arrebenta em todas as tormentas
Lapidar a vida
na manhã dourada
Transcendente,
inerente, matéria criativa,
A vida do
planeta em arrebol
Ao redor do
atol, a dança dos pajés. Axé”!
(Adaptação –
Xamã - Shamrá).
Canto
01 – Parto do mundo, a origem do xamanismo.
Que as energias
positivas do sangue feminino, revoltas no útero do mundo, na passagem do
plano interior para a materialização na esfera exterior, no momento sublime
de um parto, funcionem como a força de criação do cosmos. Que elevem o poder
feminino de quem dá a luz e à parteira que traz à vida, a uma condição
liminar, concedendo a energia necessária para verdadeira consagração da
mulher como aquela hábil a curar e perpetuar o dom da existência.
Desde a época
pré-histórica há o culto à mulher que se transforma em ave para alçar um voo
da alma ao mundo espiritual, recebendo dos espíritos o dom da cura para
suprir a dor. Eis a força vital para conduzir o trabalho das que são
inspiradas pelos espíritos a curar (xamãs), especialmente força maior do
poder da mulher em exercer esse atributo de levar alento e a profetizar o
caminho dos que têm dúvidas e revelar os mistérios da vida. Da Sibéria
paleolítica há registro de mulheres xamãs usando em seus rituais, com o
auxílio de tambores, gongos e chocalhos, o poder da fé e a sensibilidade
religiosa para curar.
Canto
02 – Xamanismo africano primitivo.
A arte tem poder.
Através das pinturas nas paredes de cavernas e talismãs de cerâmica,
encontradas no continente africano constata-se a prática dos rituais
xamânicos por rainhas guerreiras, que mesmo lutando ao lado dos homens, eram
as responsáveis por sua recuperação após as batalhas. No reino de Daomé,
mulheres eram as curandeiras e oráculos do rei. Da convicção que todos os
seres estão interligados, através de uma relação de causa e efeito no cosmos,
os espíritos dos animais sagrados são o elo entre os diversos mundos
espirituais e cabe à tartaruga manito
realizar essa interconexão para a cura.
Canto
03 – Fundamentos do xamanismo, voos espirituais
Invoque-se, então, os
poderes espirituais dos animais. Águias, ursos, baleias, cobras, cada um com
um dom divino de cura. Apontam os caminhos para a cessação da dor e
incorporam-se ao corpo das xamãs para poderem realizar os rituais sábios de
renovação e revitalização.
Na Mongólia, cavalos
são os guardiões de espírito das xamãs. E um voo xamânico é expresso como o
galope de um cavalo levando a amazona para uma jornada de êxtase em outros
mundos. Os tambores combinados com a dança, o canto e a expressão corporal,
são a invocação mais poderosa para entrar em transe, permitindo que os xamãs
cavalguem seus cavalos, viajando para frente e para trás entre os reinos
superior, médio e inferior. Esses galopes são o encontro e a possessão do
corpo da xamã pelos espíritos protetores, interpretando suas sábias lições:
as respostas para os aflitos.
Canto
04 – O mundo dos sonhos e a cura revelada.
As jornadas
espirituais que as xamãs experimentam, quando do transe ou êxtase, guiam-nas
para o submundo aquático, através dos sonhos, no qual são reveladas profecias
e visões. Símbolos e animais em interação sensorial são a base para a
interpretação deste sonho, indicando o caminho a ser explorado. Através dos
espelhos de bronze, que absorvem e irradiam uma energia poderosa, abre-se a
passagem capaz de gerar sonhos proféticos. Entre as águas, fonte de vida, os
golfinhos com colar de diamantes permitem o acesso ao passado e ajudam na
autonomia do futuro.
Assim como as fases
da lua, somente o sangue feminino, essencialmente sazonal, confere às
mulheres a percepção sensorial para tocar, escutar o canto e sentir a planta,
sabendo qual deve ser a usada. Ervas, em chás e infusões, cada uma possui
diferentes características, dependendo da hora do dia e da estação do ano em
que são colhidas. E, ao colhê-las, não esquecer da oferenda destinada à cura,
pois este nobre ato exige interação entre as ervas, xamãs e pacientes.
Plantas psicodélicas rompem o campo visual em imagens caleidoscópicas e
liberam a alma do corpo para fazer um voo mágico no tempo e no espaço míticos,
conversando com os deuses. A energia de vida dos xamãs move-se tão livre como
a fumaça ou a eletricidade, rodopiando, penetrando em corpos.
Canto
05 – A importância da mulher e o poder Xamã transformadora.
As mulheres tecelãs,
ceramistas, artesãs são seres criativos, geradores de vida que moldam o poder
do cosmos com a representatividade dessa arte. A autoridade feminina é
percebida uma vez que os processos de fiar e tecer, assim como o do
nascimento, evocam a habilidade de acessar o mundo espiritual para obter o
poder de criar algo novo. Como todos os seres e planos espirituais estão
interligados, o cruzamento e entrelaçamento de fios durante a tecelagem forma
uma trama da vida, assim como as teias de aranha que determinam o fim de uma
vida, a transformação (simbolizada pelas borboletas), contrabalanceando a
morte e o renascimento. Daí a capacidade de transcendência entre os sexos,
com predominância da sensibilidade e da força do nascimento e da vida do polo
feminino. Os jaguares são o símbolo-chave do poder de transformação
xamanista, especialmente na ameríndia.
Canto
06 – Pajelança xamânica brasileira. A importância das Pajés.
O xamanismo insere-se
na região amazônica e sob a influência da miscigenação de raças e culturas,
mestiçagem brasileira, recebe o nome de pajelança cabocla: crenças e práticas
de cura difundidas e praticadas no norte do país. A pajé visa sanar doenças
naturais e não naturais, auxiliado pelos encantados e pelos caruanas
(entidades que vivem no fundo dos rios e matas, detentores de poder e
sabedoria). É a responsável pela comunicação entre o mundo dos viventes e o
mundo dos encantados; detentora da sabedoria e dos segredos dos rituais de
pajelança em que há troca de energia entre ela e os caruanas.
Sendo o sangue
feminino, símbolo de poder desde tempos imemoráveis, cujo movimento cíclico
representa o próprio pulsar da vida, a mulher assume um poder muito mais
forte e venerável que o masculino. Desta forma, as Pajés da região amazônica,
após longo ritual de iniciação, repleto de provações e proibições, aprendem e
perpetuam os segredos do culto originário das tribos indígenas do Marajó,
sendo, também, defensoras e guardiãs da natureza e de sua sabedoria. É a
pajé, que incorporando e sentindo o pulsar dos caruanas, metamorfoseia-se em
ave, transitando entre o mundo dos vivos e dos mortos, para ter o dom de
ministrar as ervas, orações, infusões e chás para curar doenças das
populações ribeirinhas; afastar Anhangá
dos pacientes e das calamidades.
Transcendendo do
passado, observando o futuro, segue o xamanismo com sua sabedoria ancestral
como pilar de equilíbrio entre os mundos. Saudações ao poder feminino, em
voos cada vez mais profundos na alma para propagar a luz necessária para o
bem de quem a ele se socorre. Em rituais de dança, canto, celebração, segue a
mulher como principal responsável pela comunicação entre o mundo vivente e o
espiritual para, com as lições dos animais sagrados, das plantas que curam e
a força de florestas e águas, estabelecer a paz e a harmonia pela eternidade.
1º setor:
As origens do
xamanismo. A presença de mulheres xamãs desde épocas pré-históricas. Os
poderes do sangue feminino, cuja força assemelha-se à criação do universo,
trazida para a força do parto, realizado por parteiras, carregadas de
sabedoria e energia, verdadeiras xamãs.
2º setor:
O xamanismo africano
descoberto em inscrições e artefatos de longa data. As rainhas guerreiras
africanas, verdadeiras xamãs, pois além de lutarem exerciam papel de
curandeiras, oráculos, curadoras.
3º setor:
Os fundamentos do xamanismo:
a invocação e incorporação dos espíritos de animais. E o voo da alma da Xamã
ao plano espiritual, para buscar a cura para as mazelas e dores.
4º setor:
O mundo dos sonhos,
nos quais as xamãs têm as revelações sobre suas visões e podem retirar a sabedoria
para seus ensinamentos e ministrar a cura. O conhecimento acerca do poder das
ervas e plantas na aplicação do bem para cessação das dores e mazelas.
5º setor:
Os ensinamentos
xamânicos da ameríndia: o poder de transformação das xamãs, como guardiãs da
teia da vida, a importância definitiva da mulher como poder maior no
exercício do xamanismo.
6º setor:
A inserção do
xamanismo na Amazônia brasileira, que recebendo a influência da mestiçagem de
raças e culturas, recebe o nome de pajelança cabocla. Os ensinamentos e
importância das pajés do norte do país no ministério da cura e alento para as
populações ribeirinhas.
REFERÊNCIAS:
KOSS,
Monika Von. Rubra Força: Fluxos do poder feminino. Coleção Ensaios
Transversais. São Paulo: Escrituras, 2004.
LIMA,
Zeneida. O Mundo Místico dos Caruanas da Ilha do Marajó. 6ª ed. Belém: Cejup,
2002.
MONTAL,
Alix de. O Xamanismo. São Paulo: Martins Fontes, 1986.
TEDLOCK,
Barbara. A Mulher no Corpo de Xamã: o feminino na religião e na medicina. Rio
de Janeiro: Rocco, 2008.
VILLACORTA, Gisela M.
Mulheres do Pássaro da Noite: pajelança e feitiçaria na região do Salgado
(nordeste do Pará). Dissertação de mestrado em Antropologia da Religião,
apresentada no Departamento de Antropologia da UFPA. Belém, 2000.
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14. Número de elementos de desfile (Número de alas; de carros
alegóricos; de tripés e quadripés, incluindo os utilizados pela comissão de
frente, se houver; de casais de mestre-sala e porta-bandeira; de destaques de
chão e afins, se houver)
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22
alas, 06 carros alegóricos, 1 casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, 2
destaques de chão
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15. Organização dos elementos de desfile (a setorização é obrigatória;
alas obrigatórias devem ser devidamente discriminadas)
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SETOR 1
01 - Comissão de Frente:
O ritual Xamânico da Pajelança
02 - Casal Mestre-Sala e
Porta-Bandeira: A transformação em ave e o voo espiritual
03
– Ala 01: Xamãs Paleolíticas
04
- Alegoria 01: O parto do mundo e o nascimento do Xamanismo
SETOR 02
05
- Ala 02: Inscrições Rupestres
06
- Ala 03: Cerâmicas da visão do saber
07
- Ala 04: Candaces – Rainhas Guerreiras Africanas
08
- Ala 05: Agotime - Curandeiras Reais de Daomé
09
- Alegoria 02: A barca de tartaruga –
O xamanismo africano
SETOR 03
10
– Ala 06: Águias
11
– Rainha de Bateria (Amanda Mattos): Cobras
12 – Ala 07: Tambores em
Transe (Bateria)
13
– Ala 08: Pedrarias que Curam
(Passistas)
14
– Ala 09: A fé nos animais sagrados – O Cisne
15
– Alegoria 03: Cavalos ao vento na Mongólia
SETOR 04
16
– Ala 10: Golfinhos com colar de diamante
17
– Ala 11: A visão: Submundo aquático dos sonhos
18
– Ala 12: Espelhos de Bronze
19
– Ala 13: A força das plantas sagradas
20
– Alegoria 04: A cura: chás, infusões – fases da vida
SETOR 05
21
– Ala 14: Tecelãs Celestiais – Teias de Aranha, Trama da Vida
22
– Ala 15: Borboletas ao Luar: A transformação
23
– Ala 16: Transcendência entre os sexos
24
– Ala 17: Jaguares – Símbolo da transformação
25
– Alegoria 05: Ameríndia – Totens, Jaguares, Sabedoria Indígena
SETOR 06
26
– Ala 18: Sabedoria Marajó
27
– Ala 19: A cura pela floresta – Os Caruanas
28
– Porta Estandarte (Diego Araújo): A força da Pajé
29
– Ala 20 – Anhangá – O rito contra o mal
30 – Ala 21 – Baianas: Zeneida
Lima e o Caruana Beija-Flor
31
– Alegoria 06: A pajelança brasileira na ilha encantaria
32 – Ala 22 – Velha Guarda: O
legado para a eternidade
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Descrição
dos Elementos de Desfile
(em ordem de
apresentação)
01: Comissão de Frente: O ritual Xamânico da
Pajelança
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Representada
por senhoras sagradas que marcam, em passos místicos, o ritual da Pajelança
Cabocla brasileira, expressão maior nacional do culto xamânico. Cada gesto,
grito, movimento, palavra profetizada, o agitar dos chocalhos na dança é a
reunião e mescla entre as diversas etnias que formaram o país. Sacramentadas
através dos ensinamentos das matas e florestas, a mulher, como sacerdotisa
essencial dos saberes dos espíritos, transmite, com sua força e energia de
seu sangue, a cura tão buscada e clamada pelos que delas se socorrem. Através
desta celebração, a sabedoria das pajés lança um olhar ao passado para
decifrar os fundamentos e origens do xamanismo.
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02: Casal Mestre-Sala e
Porta-Bandeira: A transformação em ave e o voo espiritual
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O
termo xamã advém de uma língua da Sibéria e significa “aquele que sabe”. Desde
tempos passados, há o culto à mulher que se transforma em ave para alçar um
voo da alma ao mundo espiritual, recebendo dos espíritos o dom da cura para
suprir a dor. Eis a força vital para conduzir o trabalho das guias, que são
inspiradas pelos espíritos a curar, através da força maior do poder feminino
levando alento e profetizar o caminho dos que têm dúvidas e revelar os
mistérios da vida. Em um bailar seguro e fascinante, conscientes de toda sua
importância e de toda energia que a dança do casal traduz, em cada passo, promovendo
um voo sinestésico e repleto de energias. Sob a luz das estrelas, as
vibrações dos espíritos respondem elucidando a cura para os males que
afligem. Sempre com muita luz, assim como é a luz irradiada pela dança do
Casal.
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03: Ala 01: Xamãs Paleolíticas
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Escavações em um
sítio arqueológico que remonta ao período Paleolítico encontraram um
esqueleto feminino, com o corpo de uma raposa em uma de suas mãos. Os
pesquisadores concluíram, com certeza, que o corpo pertenciam a uma xamã e a
raposa fora sua guia espiritual. Junto com o corpo foram encontradas pontas
de lança evidenciando o aspecto real e guerreiro da xamã. O culto já era
praticado desde tempos imemoriais.
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04: Alegoria 01: O parto do mundo e o
nascimento do Xamanismo
Composições: Espírito guerreiro das antepassadas.
Destaque superior: Universo Cósmico
Destaque frontal: Pássaro Sagrado.
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Segundo
o ritual xamânico originário, ainda no período paleolítico (antes da pedra
lascada), o cosmos nasceu quando uma mulher liberou seu sangue feminino
sagrado. O sangue, que purifica e revigora, reproduz a força de criação do
universo, no momento, em que, através da força de um parto, uma nova vida é
trazida à luz. As primeiras xamãs foram as parteiras que, no momento sublime
de um parto, direcionam as energias positivas do sangue feminino para o mundo
exterior, tal qual a força poderosa da criação. Desta forma, a mulher xamã é
consagrada como hábil a curar e perpetuar o dom da existência. Escritos
astecas antigos pregavam a metáfora que uma mulher grávida enfrentando o parto
é descrita como uma guerreira pronta a lutar
A
alegoria apresenta o período pré-histórico, em um ambiente gelado, decorado
em palha e gelo, lanças que aludem ao espírito guerreiro das xamãs
antepassadas (composições laterais da alegoria). O primeiro módulo da
alegoria traz a raposa, guia espiritual da astúcia, observação e habilidade, que
norteia a viagem da escola pelo xamanismo. No segundo módulo, o calor do
sangue feminino jorrando, decorrente da força do parto do mundo (escultura
frontal), ladeado pelas esculturas de parteiras, consagrando ao cosmos, as
novas vidas, que se assemelham à força da criação do universo, representado
pela figura central – Xamã em seu ventre: A terra. Na base da alegoria,
maracás estilizados nas figuras rupestres, encontradas em cavernas,
representando os espíritos que elucidam a cura às xamãs.
Destaque
superior: Universo cósmico, representando a força feminina vital. Destaque
frontal: Pássaro Sagrado, ave na qual a xamã se transforma para fazer o voo
espiritual.
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05: Ala 02: Inscrições Rupestres
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As
raízes da atividade xamânica se estendem em um passado longínquo, bem como os
sinais de que as mulheres foram ativas e participantes. Nos sítios históricos
de escavação, arqueólogos encontraram imagens antigas de mulheres que metamorfoseavam
formas ou mulheres em transe pintadas ou gravadas nas paredes das cavernas.
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06: Ala 03: Cerâmicas da visão do saber
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Junto
ao esqueleto feminino mais antigo conhecido de uma xamã foram encontrados
pedaços de argila endurecidos por fogo, em fornos. Não eram utensílios para
casa e sim talismãs ou figuras para serem usadas em rituais, curas
espirituais e profecias. As xamãs usavam seus dons como seres geradores de
vida, moldando o poder do cosmos com a representatividade dessas artes.
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07: Ala 04: Candaces – Rainhas Guerreiras
Africanas
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Ao
contrário do que a história oficial registra, pesquisadores confirmam que as
mulheres assumiram a condição de rainhas guerreiras, que governavam seus
povos e venciam guerras, especialmente no continente africano. Lutavam lado a
lado com os homens, usando as atividades xamânicas conectadas estreitamente
com a guerra, através do uso de máscaras e folhas de palmeira sagradas,
significando sinal de perigo aos inimigos, por causa de seu forte compromisso
espiritual. Foram conhecidas por “candaces” e cantadas pelo Salgueiro, em seu
aclamado carnaval de 2007.
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08: Ala 05: Agotime - Curandeiras Reais de
Daomé
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No reino de Daomé
na África Ocidental, uma elite de mulheres serviu como guarda-costas pessoais
do Rei, assumindo o papel de curandeiras, videntes e oráculos. Assim agiu
também a Rainha Agotime, que, através de suas visões defendeu seu reino, nas
guerras, auxiliando seu marido, o rei nas vitórias contra os inimigos. A
história da rainha Agotime foi contada pela Pajé, D. Zeneida Lima e serviu de
inspiração para enredo da escola de samba Beija-Flor, em 2001.
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09: Alegoria 02: A barca de tartaruga – O xamanismo africano
Composições: Corte de guerreiras
africanas.
Destaque Superior: Sacerdotisa real.
Destaque frontal: Feitiçaria negra.
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As xamãs sagradas africanas recebiam, em suas viagens ao mundo dos
espíritos, a visita de uma tartaruga com poderes de cura. Sendo um dos ícones
mais importantes para as xamãs daquela região do continente negro, a
tartaruga promovia a comunicação adequada entre todos os seres vivos, em
interação, carregando-os em seu casco, com uma enorme barca de transporte dos
que se socorriam aos seus ensinamentos, através das xamãs, navegando para a
tão sonhada e querida cura para os males existentes. A experiência xamânica é
complexa e mística porque propicia a integração entre o mundo físico e
espiritual e seus seres, auxiliando as xamãs na prática de sua missão.
A alegoria é a barca de tartaruga carregando sobre seu casco o Reino
de Daomé, decorado por palhas, ossos, máscaras sagradas e toda suntuosidade
real, no qual são apresentadas a corte de guerreiras africanas (composições
laterais). O destaque superior é a Sacerdotisa Real, responsável por ser a
curandeira, oráculo, responsável pela defesa do reino. O destaque frontal é a
Feitiçaria Negra, a magia ruim combatida pela cura fornecida pelas xamãs
africanas.
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10: Ala 06: Águias
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As
xamãs acreditam em uma teia da vida, em que todos os seres são
interdependentes e interconectados. Através de uma relação de causa e efeito
no cosmos, os espíritos dos animais sagrados são o elo entre os diversos
mundos espirituais Invoque-se, então, os poderes espirituais dos animais:
cada um com um dom divino de cura, incorporando-se ao corpo das xamãs para
poderem realizar os rituais sábios de renovação e revitalização. As águias
são consideradas bons presságios. Representam a proteção, sabedoria, força,
espiritualidade. Durante as rezas ou cerimônias xamânicas, a aparição das
águias significa que as preces serão atendidas, uma vez que, no mundo dos
espíritos estas aves carregam os pedidos diretamente ao Grande Espírito.
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11: Rainha de Bateria: Cobras (Amanda Mattos)
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As
cobras personificam as passagens entre os diversos níveis espirituais, que
conectam a superfície da terra com o submundo e, por fim, com o céu. É a
representação poderosa do conhecimento de astronomia, habilidade especial
dessa xamã. A cada passo de samba de nossa Rainha, luzes evocam os espíritos
para elevarem o desfile de nossa escola à plenitude superior.
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12: Ala 07: Bateria – Tambores em Transe
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Durante os rituais, o estado xamanístico da mente aparece como um
estado alterado de consciência. É a combinação de percepções intuitivas e o
movimento entre eles que caracteriza a atuação do xamã, materializado no
fluxo da luz da energia vital corporal, chamada “relâmpago difuso”. A batida
forte dos tambores de nossa bateria, o canto de nossa escola são uma forma
poderosa de entrar em transe, nos quais as xamãs viajam para frente e para
trás entre os diversos reinos e planos espirituais, buscando a cura. Cada
rufar do tambor, marca a presença da escola neste desfile e transforma o
espírito em matéria, permitindo curar.
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13: Ala 08: Passistas – Pedrarias que Curam
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O
reino mineral é essencial aos trabalhos xamânicos. As pedras são parte do
planeta e do cosmos, antes de qualquer forma de vida e presenciaram a
evolução. Cada pedra tem poder de receber e transmitir energias, podendo ser
usadas para curar, meditar, transmitir vibrações, como o samba de nossas
Passistas. No centro do chapéu da fantasia, a Roda da Cura mineral. O
figurino é adornado com a Citrino para estimular a consciência cósmica e a
Pedra da Lua, que exalta o lado feminino, de sensualidade de nossas musas,
aliviando as emoções e trazendo paz de espírito.
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14: Ala 09: A fé nos animais sagrados – O
Cisne
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Em
todas as tradições xamânicas, os animais são considerados arquétipos de
energia que existem e que podemos encontrar e manifestar dentro de nós. Nas
jornadas das xamãs, a cada toque de tambor, o animal se apresenta para quem o
evoca. Todos os animais são sagrados e todos trazem um significado e valor
espiritual específico. O cisne apresenta habilidade para navegar entre
estados alterados de consciência, desenvolver a intuição e dons proféticos. É
evocado para guardar, celebrar, proteger o amor e a fé e celebrar a
elegância.
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15: Alegoria 03: Cavalos ao vento na Mongólia
Composições: Tocadores dos tambores
mongóis.
Destaque central: Xamã Mongol.
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Nas terras da
Mongólia, em que o xamanismo tem uma forte influência, crença e aceitação,
cavalos são os guardiões de espíritos das xamãs. E um voo xamânico é expresso
como o galope de um cavalo, levando a amazona para uma jornada de êxtase em
outros mundos. O tocar e bater de tambores, produzindo um som compassado e
crepitante transcendem as xamãs, que, em um profundo transe, cavalgam o
cavalo tambor de volta para o céu. O cavalo é a visualização da energia
espiritual e seu galope é sentido pelas sacudidelas do corpo da xamã. Na
fusão do cavalo espiritual com o corpo e mente, centelhas de fogos faíscam do
corpo, permitindo a sapiência do presente, passado e futuro.
A alegoria é um
templo xamânico de adoração mongol, um templo de saber, com adornos e
decoração daquele país. Capitaneado pelo cavalo ao vento, espírito de luz,
propagador da sabedoria, que se funde com a xamã, em um profundo transe,
causado pelas batidas dos tambores mongóis, revelando os questionamentos
buscados. As composições são os tocadores de tambor. O destaque central é a
Xamã Mongol, detentora do saber e dominadora do galope dos cavalos
espirituais.
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16: Ala 10: Golfinhos com colar de diamante
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Seres
fantásticos, guias e guardiões das xamãs pelo oceano do mundo dos sonhos. Os
golfinhos dão a luz, o conhecimento dos cristais dos colares. Estes fornecem
a iluminação para o que queremos saber, o que desejamos que aconteça. Essa
luz pulsante é boa; é o conhecimento do cristal, para que possa reconhecer,
no escuro, o caminho para a cura. Assim como os golfinhos, as xamãs enviam e
recebem energia vital (calor ou eletricidade) e sons (cantando e tocando
tambores) que permitem localizarem e comunicarem com a psique de seus
clientes. Permitem o acesso ao passado e ajudam na autonomia do futuro.
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17: Ala 11: A visão: Submundo aquático dos sonhos
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Ao adormecer, os
poderes sensoriais das xamãs continuam em trabalho e o calor e força do
sangue feminino as levam à caverna do mundo subaquático dos sonhos, que as
xamãs visitam durante suas jornadas espirituais. Um sonho que se pode ver na
água, é um sonho claro, desejado, mas não se sabe como apanhá-lo. A xamã deve
ajudar cada um a entender seus sonhos, aprender a completa-los, conhecer seu
destino e curar a si mesmo. É a cura advinda do treinamento do sonho das
xamãs, visões de símbolos que devem ser interpretados e materializados como a
resposta para o que se quer saber.
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18: Ala 12: Espelhos de Bronze
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Os espelhos são
considerados canais para os espíritos dos ancestrais. As mulheres usam
espelhos durante os rituais xamânicos para atrair e capturar os espíritos,
através da luz mística brilhante irradiada pelo objeto de cobre. No momento
em que um espírito entra no corpo da xamã, seu rosto muda drasticamente, o
espelho se aquece como se uma corrente elétrica passasse por ele, revelando
sonhos proféticos e nítidos.
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19: Ala 13: Curandeiras – A força das plantas
sagradas
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Estágio anterior à xamã é a curandeira, que domina o segredo do uso e
combinação de folhas, ervas, flores e plantas, em uma sinfonia de flora
mística e mágica. Com a primeira menstruação, a xamã aprende o que as plantas
ensinam o que ela deve saber. As espécies de plantas possuem diferentes
características, cada qual com uma serventia específica, ou que pode ser
combinada, sabendo que a cada hora do dia, sua destinação se altera. A xamã
sabe desses ensinamentos e não deve esquecer de retornar o que se usa par a
mãe natureza, como uma oferenda por tudo que é oferecido.
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20: Alegoria 04: A cura: chás, infusões –
fases da vida.
Composições: Emanações do Sagrado.
Destaque central: Caleidoscópio Mágico no
tempo e no espaço.
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Cada
espécie vegetal possui características e químicas diversas, dependendo da
hora do dia e da estação do ano em que são colhidas. Determinadas ervas só
devem ser apanhadas pela manhã, bem cedo; outras devem ser colhidas sobe a
luz da lua cheia. Ao deixar a oferenda, a xamã deve saber para que vai usar a
erva e captar a permissão da planta. Se resistisse, ao ser puxada, não
poderia colhê-la. Cada planta possui uma energia própria.
A alegoria é uma
grande simbiose entre animais e plantas, os guias das xamãs. As ervas e
plantas sagradas são utilizadas com o fervor de águas límpidas para chás e
infusões, que promovem a cura das doenças e dores. As composições são as
Emanações do Sagrado: as energias de ervas e animais são unidas em uma grande
infusão no caldeirão central comandada pela escultura da Alma Xamã, que
representa a vida, o sopro do sagrado, o Grande Espírito. As serpentes que
adornam o carro representam o grande poder de cura. Têm a capacidade de devorar
doenças, comendo tumores e outros patógenos virulentos, pois o organismo da
Serpente não é vulnerável às mesmas doenças que os nossos. Os cristais presentes na alegoria são
usados para equilibrar e curar o ser humano, energizar remédios, trazendo
alento para tantos necessitados.
A parte
frontal da alegoria, “o grande espirito encontra qualquer forma impossível e imaginável pra
se fazer presente, se fazer ressonante dentro de nós”, é a roda da cura
xamânica com as caveiras da cura e sabedoria. O destaque central Caleidoscópio
Mágico no Tempo e Espaço: plantas
psicodélicas rompem o campo visual da Xamã em imagens caleidoscópicas e
liberam a alma do corpo para fazer um voo mágico no tempo e no espaço
míticos, conversando com os deuses.
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21: Ala 14: Tecelãs Celestiais – Teias de
Aranha, Trama da Vida
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Os
americanos nativos associaram as teias de aranha aos poderes protetivos e
curativos, uma vez que as teias não podem ser destruídas ou perfuradas com
facilidade. Funcionam como escudos. Desta forma, a xamã torna-se a divindade
cujo trabalho de tecelã cria e conserta o universo. Os processos de fiar e
tecer, assim como o do nascimento, evocam a habilidade de acessar o mundo
espiritual para obter o poder de criar algo novo. Como todos os seres e
planos espirituais estão interligados, o cruzamento e entrelaçamento de fios
durante a tecelagem forma uma trama da vida.
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22: Ala 15: Borboletas ao Luar: A
transformação
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A
borboleta simboliza a chegada da puberdade feminina, a iniciação da menina em
xamã. Assim que o sangue jorra, o espírito da jovem se liberta e ela
metamorfoseia-se em uma borboleta subindo ao céu em sua jornada xamanista
inicial. Da mesma forma, que tal processo segue as fases lunares, que marcam
a passagem do tempo: a lua cresce, fica cheia, mingua, desaparece por três
noites antes de renascer como Lua nova. Esse ciclo recorrente conecta-a com
os ritmos da vida: concepção, nascimento, morte e renascimento. A borboleta
ao luar simboliza a renovação, imortalidade e eternidade.
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23: Ala 16: Transcendência entre os sexos
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Tradições
astecas acreditam que as xamãs são uma combinação de aspectos femininos e
masculinos, com uma alma masculina e uma feminina. Desse modo, embora as
mulheres sejam em geral nutridoras, elas também podem ser valentes e
poderosas quando assumem o papel guerreiro de curandeiro. É a prática
xamanista da mudança de gênero que possibilita as xamãs de manipular os
poderes cósmicos durante os rituais. Nesses momentos transcendentes, as
mulheres são capazes de atrair as dimensões masculinas e femininas em suas
mentes e corpos. Os peixes representam a renúncia, o sacrifício, a
transcendência, os anseios da alma em busca da cura.
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24: Ala 17: Jaguares – Símbolo da
transformação
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Nos trópicos
americanos, os jaguares são animais de grande força, majestade e poder. São o
símbolo-chave do poder de transformação xamanista. A xamã interage tanto com
o jaguar que acabam sendo chamados pelo mesmo nome. Nas tradições da América
Central e do Sul, a alma de uma xamã morta toma a forma de um jaguar que
acaba pro rondar e proteger o seu vilarejo. A devoção ao felino é tão grande
que encontraram pinturas de humanos com atributos de jaguar datadas de épocas
pré-históricas, além de cerâmicas, estátuas de deuses e esculturas.
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25: Alegoria 05: Ameríndia – Totens, Jaguares,
Sabedoria Indígena
Composições: Jovens ameríndias iniciantes
no xamanismo.
Destaque central: “Pachamama”.
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A
cultura xamânica é sentida no continente americano desde a época antes de sua
descoberta. Estudiosos dizem até mesmo que em períodos bem iniciais do
surgimento do homem neste continente. Do ventre das terras do norte, passando
por todos os seus territórios, até às terras austrais, há vestígios e crença
no poder das xamãs, como senhoras da cura, guerreiras e até mesmo líderes de
povos, tribos e comunidades – A grande escultura de destaque do carro, a
índia das tribos do norte, guerreira xamã, remete a essa representação.
Os
totens representam os espíritos sagrados dos animais místicos que são unidos
como forma de proteção e de espantar as maldades que, porventura, venham
assolar as tribos na América do Norte. Nos trópicos americanos, a civilização
asteca foi a grande difusora e crente no xamanismo feminino, com suas
sacerdotisas místicas que embarcavam em voos condoreiros espirituais para
buscar a cura para as mazelas. A força do jaguar e sua veneração é latente no
seu recorrer para participação nos rituais místicos, embalados pelo transe
dos tambores amazônicos. As composições são as jovens ameríndias, iniciantes
na formação de xamã.
A
destaque central é “Pachamama”, divindade relacionada com a terra e os frutos
que dela advêm, a fertilidade, a mãe, todo universo feminino.
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26: Ala 18: Sabedoria Marajó
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O xamanismo
insere-se na região amazônica e sob a influência da miscigenação de raças e
culturas, mestiçagem brasileira, recebe o nome de pajelança cabocla: crenças e
práticas de cura difundidas e praticadas no norte do país. De acordo com a tradição marajoara, a iniciação da
menina como xamã vem de uma grande fonte, um útero sagrado, onde são gerados
esses mistérios e revelações, o Patu Anu. Os olhos dos caruás (presentes na
fantasia) são os encantados das águas
salgadas, de índole ruim, que são os combatidos pelas pajés em sua missão de
curar o mundo.
27: Ala
19: A cura pela floresta – Os Caruanas
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A
pajé visa sanar doenças naturais e não naturais, auxiliado pelos encantados e
pelos caruanas. Caruanas são entidades espirituais, as energias de animais,
que vivem no fundo dos rios e nas matas, detentores de poder e sabedoria. A
pajé é a responsável pela comunicação entre o mundo dos viventes e o mundo
dos encantados; detentora da sabedoria e dos segredos dos rituais de
pajelança. Ao manifestarem-se nas pajés, durante as sessões xamanísticas, há
troca de energia entre ela e os caruanas, com a finalidade de cura dos males
da população ribeirinha.
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28: Porta-Estandarte: A força da Pajé (Diega
Azêda)
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Trazendo
o pavilhão do nosso Enredo, com evoluções graciosas e passos cadenciados com
muito samba no pé, nossa Porta Estandarte Diega Azêda, representa as Pajés da
região amazônica. Após longo ritual de iniciação, repleto de provações e
proibições, aprendem e perpetuam os segredos do culto originário das tribos
indígenas do Marajó, sendo, também, defensoras e guardiãs da natureza e de
sua sabedoria.
A
representação é uma homenagem divertida ao amigo Diego Araújo, figura ímpar
da história da Liesv, por sua paixão pela cultura da região norte.
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29: Ala 20 – Anhangá – O rito contra o mal
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Anhangá é a
energia negativa das florestas, alagadiços e águas sujas e paradas. É a
energia quem vem em resposta aos males causados à natureza. O mundo, então,
descontrolado, precisava de uma força maior que regesse, um mantenedor aos
qual os caruanas devessem obediência. Daí nasceu o “Patu-anu”. A luta maior
das pajés do norte do país é afastar Anhangá e promover a preservação da
natureza, através dos rituais xamânicos da pajelança, promovendo e propagando
a cura a gente que não tem mais esperanças, nem ninguém que olhe por eles.
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30: Ala 21 – Baianas: Zeneida Lima e o
Caruana Beija-Flor
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Dona
Zeneida Lima é a mulher pajé mais conhecida do Brasil. Cabocla da Ilha do Marajó, sua vida foi
dedicada ao processo de cura, pelo qual não cobra um centavo, e à defesa da
floresta, das águas, dos direitos das crianças daquelas comunidades. As
práticas e crenças desta pajé são permeadas por saberes construídos a partir
de sua própria cultura local, por conhecimentos adquiridos ao longo de sua
vida , seja por meio de livros que tenha lido sobre temas como encantaria,
mitologia e cultura amazônica ou por meio de sua própria experiência e
vivência dessa religiosidade.
Escreveu
cerca de dezessete livros, cujo mais famoso “O mundo místico dos caruanas e a
revolta de sua ave” serviu de inspiração para o enredo do carnaval Campeão da
escola de samba Beija-Flor, em 1998, por isso a representação do Caruana
Beija-Flor na fantasia, que é o mensageiro da cura, claridade, graça e sorte.
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31: Alegoria 06: A pajelança brasileira na
ilha encantaria
Composições: Energias caruanas.
Destaque central: Peixe de sete asas.
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A
pajelança é uma magia nativa da região Amazônica, tipicamente indutiva, atuando
sobre qualquer elemento vivo e mantendo estreita relação com os demais reinos
da natureza: animal, vegetal, mineral, com base no xamanismo indígena.
A
saia da alegoria reproduz as folhas das copas das árvores da floresta
amazônica, especialmente as árvores paraenses, a folha do paricá e do sacaca.
Demais plantas brasileiras com poderes de cura completam a mata mágica do
carro, como a comigo-ninguém-pode. Decoração com palhas de café trançadas.
A
flor frontal do carro representa o sangue feminino, que, ao desabrochar, revela
as mulheres guerreiras e sábias que, por muito tempo, foram suprimidas e
esquecidas nas culturas que evidenciavam os pajés masculinos. Aqui, recebem a
justa e merecida consagração e aclamação como verdadeiras senhoras da pajelança
brasileira.
O
símbolo da escola, a coroa reduz ao centro do carro. Os pontos de energia vital
para o nosso desfile, assim como os chakras do corpo humano. O chakra da alegoria
recebe os raios e faz a coroa girar e em uma interação com os demais pontos
liga-se ao chakra da raiz que une os pontos.
As
composições laterais são as Energias Caruanas, canalização das vibrações dos
elementos, especialmente a água, para abençoar a terra e todas as formas de
vida nela existentes, que acabam por interagir entre si. Os cabelos são
energizados, tanto das composições, como das esculturas, por isso a tonalidade
branca, prateada.
As
esculturas laterais são as pajés no momento da celebração do ritual da
pajelança, agitando maracás, que quando sacudidos cadenciadamente, criam uma
estrutura energética que permite o ingresso na seara da paranormalidade. Exalam
fumaça de chanupa para elevar as preces ao sagrado.
A
escultura central é a pajé, que sentindo o pulsar dos caruanas,
metamorfoseia-se em ave, transitando entre os planos dos vivos e dos mortos,
para ter o dom de ministrar as ervas, orações, infusões e chás para curar as
doenças dos necessitados. O destaque central é o Peixe de Sete Asas, ser
fantástico, translúcido, responsável pela interações e trocas de energia entre
a pajé e os caruanas.
O
caruana beija-flor ganha destaque na composição do carro, uma vez que é o
responsável pela cura e sorte, além do que foi o desfile Campeão da escola de
samba Beija-Flor, em 1998, que divulgou para o Brasil, os fundamentos e
ensinamentos da pajelança cabocla.
32: Ala 22 –
Velha Guarda: O legado para a eternidade
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Transcendendo
do passado, observando o futuro, segue o xamanismo com sua sabedoria ancestral
como pilar de equilíbrio entre os mundos. A sabedoria de nossos baluartes
saúda, com fervor, ao poder feminino, em voos cada vez mais profundos na alma
para propagar a luz necessária para o bem de quem a ele se socorre. Eis o
legado maior: perpetuar os fundamentos do xamanismo, da pajelança, para
estabelecer a paz e a harmonia pela eternidade.
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