Enredo: Neni Cabral
“Introduçãozis”
Eternizado por suas participações em trabalhos em grupo, tanto como sambista quanto como palhaço, Mussum teve sua carreira, seus maneirismos e seu legado lembrados ao longo dos anos de uma forma que poucos protagonistas conseguiram.
Um enredo não basta para contar de forma integral o que o público viu durante anos. É difícil imaginar alguém que tenha conquistado plateias tão distintas ao longo de tanto tempo. De Cannes ao interior do Amazonas, como sambista ou como palhaço, batucando uma caixinha de fósforo em uma birosca do morro ou vencendo festivais em teatros lotados. Sempre sorrindo, sempre inovando e, mais importante, sempre sendo o mesmo. Boêmio, amigo e palhaço, sim um Profissional, disciplinado e persistente.
O que vamos mostrar são momentos marcantes na vida de Mussum, tudo de uma forma simples, engraçada e porque não, nostálgica.
Viva, Antônio Carlos Bernardes Gomes, Viva o eterno sambista, palhaço e amigo, MUSSUM.
“Sinopsis”
Eu nasci no morro da cachoeirinha a muito tempo atrás, nem lembro quando, e isso é “pobrema” meu, não de vocês, minha nega veia era uma batalhadora fazia o “impossivis” pra criar eu e minha irmã Nancy, era uma cozinheira de mão cheia, eu já mais crescido resolvi a ajudar minha mãe, fazia uns bicos de engraxate e carregador de sacolas, quando tinha tempo jogava uma bola, soltava pipa e jogava bola de gude, essas coisas de moleque pobre.
Eu adorava estudar, sempre achei importante aprender, isso era o único jeito que garantir algum futuro: “Burro preto tem um monte, mas preto burro não dá” ninguém teria respeito por mim sem estudo.
Anos se passaram e me formei no curso de ajustador “mecaniquis” Nesse tempo na escola, começou minha “paixãozis” pelo “Flamenguis” aquele time de 1955 era fantástico, e também me aproximei do meu santo protetor, São Benedito.
Nem sei quando, meu parceiro Nilton me deu a ideia de entrar pra aeronáutica, ele me disse que dava uns “cascalhos” bons, pensei e pense e acabei entrando, fiquei oito anos por lá, tinha que ver a beleza do neguinho aqui todo “embecadis”
Algum tempo passou conheci uns amigos pelos bares, aprendi a sambar tocar alguns “instrumentis” mas eu gostava mesmo era do reco-reco
Um dia meu “cumpadis” o Nilton, me apresentou o Morro da Mangueira, eu nem subia lá, mas um belo dia, resolvi subir, e de lá nunca sai, Conheci nas rodas de samba do morro gente muito boa, como Cartola, Zica, Neuma, Jamelão, Carlos Cachaça, Mestre Valdomiro amigos por todas “vidis”
Aquela parada legal de samba dos botecos ficou séria, eu e meus amigos formanos um conjunto OS ORIGINAIS DO SAMBA, não foi fácil o começo, mas com muito trabalho as coisas foram acontecendo, acabamos indo tocar nos México, nos Estados “Unidis” e “Europis”
Participamos de festivais pelo Brasil acompanhando Jair Rodrigues, Elza Soares e Elis Regina, ganhamos perdemos, mas também não importava, tudo era um aprendizado.
O samba me levou pra TV, toquei com meu grupo e também fiz algumas participações na escolinha do professor Raimundo, numa de minhas participações um baixinho que chamavam de GRANDE me chamou de MUSSUM deste então, só me chamam assim.
Um belo dia, meu amigo o rapaz alegre, Manfried mais conhecido como Dedé Santana me chamou pra fazer um programa na TV com ele e um cabecinha chata, lá do Ceará, eu não queria, mas cacíldis, ele insistiu tanto que acabei aceitando. De cara disse pra eles, eu não pinto a cara e não me visto de mulher, eu não sabia de “nadis” mesmo.
Pouco tempo depois o time de palhaços ficou completo, chegou um mineirinho de Sete Lagoas, o baixinho era engraçado e as vezes enfezado. Dali em diante eu fui tudo o que eu disse que não seria, e tudo aquilo que sempre sonhei.
Fui jogador de futebol, também pirata, fui garimpeiro na serra pelada, cangaceiro, astro do rock, homem de lata, fui “fantasma”, herói da princesa Xuxa, já fui da “Swat” de Tina Turner cantei e dancei, e com muita honra fiz Jesus Cristo.
Foram anos de muita alegria, tudo era motivo pra comemorar com os amigos, as festas duravam dias, eram ampolas e mais ampolas do suco de “cevadis”, só “diurético” do bom e rango delicioso, o embalo não tinha fim, era muito samba, mé e gargalhadas.
Bom é isso, “Minha vida é um litro abertis” não escondo nada de ninguém, tudo que contei é a mais pura da “verdadis” posso ter aumentado alguma história mas “quero morrer prêtis se eu estiver mentindo”.
Agora me de licença que “eu vou me impirulitazis”.
“Desenvolvimentis”
Para abrir o desfile mostraremos Mussum em estado de graça e a saudade que ele e outros gênios amigos nos deixaram.
Comissão de Frente
(Mumu da Mangueira)
Comissão composta por 15 homens, vestidos com o tradicional terno rosa com detalhes em verde, acompanhado do seu chapeuzinho também nas mesmas cores. Coreografia simples, com trejeitos do artista, sua forma de sambar única, seu andar inconfundível e até alguns golpes de lutas, como sua rasteira matadora.
1° - Ala das Baianas
(Minha nega véia)
Nossa queridas baianas entraram na avenida representando a mãe de Mussum, uma fantasia, em verde e rosa em tons claros, pequenos detalhes no vestidos representando alimentos (dona Malvina era cozinheira de mão cheia) Ala logo atrás da comissão de frente que representa Mussum, porque o mesmo sempre desfilava à frente das baianas.
1° Carro – Abre-Alas
(Um céu verde e rosa)
Carro todo em tons claros de verde e rosa, sua decoração representando nuvens, Mussum como figura central (escultura) em sua volta componentes fantasiados e caracterizados como pessoas importantes que passaram na vida do artista e infelizmente como ele já nos deixaram, exemplos: Cartola, Dona Zica, Dona Neuma, Carlos Cachaça, Chico Anysio (Professor Raimundo) Zacarias, Jair Rodrigues, Elis Regina, Clara Nunes, entre outros.
Neste segundo setor veremos um Mussum preocupado com a educação para seu futuro, suas brincadeiras e trabalhando para ajudar sua mãe a melhorar de vida.
2° Ala (Kid Mumu e Nancy)
Ala das crianças: Meninas representando Nancy irmã mais velha de Mussum, com vestidos longuetes acinturados típicos das moças da época (carnavalizado) cores claras em branco e amarelo. Os meninos de calça curta, terno velhos esfarrapados e com chapéus como do Mussum em cores, neutras, sem muito brilho.
3° Ala (Engraxate)
Fantasia toda branca muito manchada de preto (graxa) as costas uma caixa de engraxate (feita de isopor) para fácil evolução dos componentes.
4° Ala (Carregador de Sacolas)
Transparente a fantasia, com pequenos detalhes simbolizando pequenas notas de dinheiro.
5° Ala (Jogador de futebol)
Em verde e amarelo um típico uniforme de futebol mas parecendo feito com folhas de jornais.
6° Ala (Jogador de bola de Gude)
Muito colorida e grande, fantasia com traços dos desenhos formados pelas cores das bolas de gude, costeiras com grandes bolas de gude.
2° Carro
(Educação é tudo)
Carro muito colorido, nele vemos diversos elementos de mecânica, símbolos matemáticos, letras, dois grandes destaques, os demais componentes representando, uniformes de escola, de mecânicos em cores fortes.
No terceiro setor, mostraremos uma fase da vida de Mussum onde ele descobriu novas paixões e quando se aproximou de seu santo protetor.
7° Ala (São Benedito)
Ala de passo marcado apenas com homens negros (o santo negro) uma batina carnavalizada.
8° Ala (Urubu é ... Flamengo)
Fantasia em vermelho e preto, com o tradicional chapeuzinho de Mussum, nas cores do seu time do coração. Estilo uniformes antigos de futebol, na costeira pequenas bandeirinhas.
9° Ala (Mecânico)
Na cor laranja com detalhes em preto, um macacão (carnavalizado) com chapéu (capacete) com costeiras com desenhos representando ferramentas. Obs.: No setor anterior Mussum estudou mecânica (Representado no carro) nesta parte ele desenvolve o que aprendeu.
10° Ala (Cabo Fumaça) – Bateria
Típico traje de gala da aeronáutica, mas claro com muito brilho e em verde e rosa.
11° Ala (Tocador de reco-reco)
Ala apenas com negros fantasiados de arlequins, tocando reco-reco, fantasia em verde e rosa claros.
Na commedia dell` arte o arlequim tinha como função alegrar o público, trabalho que Mussum fez a vida toda com maestria.
3° Carro
(Lá em Mangueira)
Carro representando o morro de Mangueira, nele vem toda a velha guarda da escola. No carro vemos elementos como os barracos, as escadas, instrumentos musicais, em destaque o surdo de símbolo da escola.
No quarto setor mostraremos como aquele “embalo” dos botequins virou coisa séria, e acabou ganhando o Brasil e o mundo.
12° Ala (Festivais brasileiros)
A fantasia representa os festivais músicas onde os Originais do Samba ficaram conhecidos, acompanhando artistas como: Jair Rodrigues, Elza Soares entre outros. Em verde e amarelo com detalhes com representam notas musicais, nas costeiras plumas também em verde e amarelo.
Mestre Sala e Porta Bandeira (Jair e Elis)
O primeiro casal da escola, representaram os amigos de toda a vida de Mussum, Jair Rodrigues e Elis Regina, os dois foram peças fundamentais para tornar Os Originais do Samba conhecidos, no Brasil e fora dele.
Mestre sala, fantasia toda em cor preta com algumas pedras brilhosas da mesma cor, representa a força e o talento do homem negro (Jair)
Porta Bandeira, toda na cor vermelha, com pedra brilhantes da mesma cor, (Elis) tinha o apelido de Pimentinha (por este motivo fantasia em vermelho)
13° Ala (México)
Primeiro pais “estrangeiro” onde Os Originais do Samba foram tocar, um grande poncho nas cores verde, branco e vermelho calça branca, com muito brilhos e claro com tradicional “sombrero”.
14° Ala (Tio Sam)
A ala nos mostra a passagem de Mussum e seu grupo pelos Estados Unidos.
Em vermelho, branco e azul com muito brilho, compõem a fantasia, cartola, camisa, colete, casaca, gravata, para os homens calças e para as mulheres shorts ou bermudinhas.
15° Ala (Europeu Chique)
A fantasia representa a passagem do conjunto de Mussum pela bela e chique Europa.
A fantasia tem uma casaca em amarelo e capa, com uma grande gravata de época em branco, calça azul muito brilhosa, chapéus estilo “quepes” mas um pouco maiores que o normal.
4° Carro
(No Brasil e no “mundis”)
No quarto carro onde predomina as cores verde e amarelo, vemos elementos que representam alguns países onde Mussum e Os Originais do Samba passaram, vemos uma grande imagem de um mexicano, a torre Eiffel, a Big Apple em Nova Iorque nos anos 60. Claro como não poderia deixar de ser, nesta alegoria vem o conjunto Originais do Samba.
O quinto setor mostra a união de Mussum com seus companheiros de gargalhadas e alguns de seus personagens.
16° Ala (Cangaceiro Trapalhão)
Uma típica e obvia fantasia de cangaceiro mas nas cores verde e rosa.
17° Ala (Homem de lata)
Fantasia feita de material leve para evolução dos componentes, (carnavalizada) em verde e amarelo.
18° Ala (Jesus Negrinho)
Representa a fantástica interpretação de Mussum como Jesus no filme OS Trapalhões no Alto da Compadecida. Uma respeitosa representação das vestes de Jesus mas com um pouco de brilho.
19° Ala (Mussaim o Valente)
Nesta ala vemos Mussum como um grande herói de outro planeta no filme A Princesa Xuxa e os Trapalhões. Fantasia em cores neutras parecendo velha, chapéu e óculos.
20° Ala (Roqueiro)
Toda em preto com fivelas e uma peruca Black Power, acompanha uma pequena guitarra.
21° Ala (Tina Turner) – Passistas
Nossas passistas entraram na avenida fantasiadas de Tina Turner, um dos personagens mais engraçados em Mussum fez. Vestido em vermelho com muito brilho, e uma grande peruca um pouco arrepiada avermelhada.
5° Carro
(Os eternos Trapalhões)
Carro muito colorido onde em um grande telão vemos imagens de Zacarias, temos elementos que lembram os filmes do quarteto, como grandes esculturas de fantasmas, bolas de futebol, carros do exército, piratas entre outros, componentes devidamente fantasiados que lembram filmes e personagens do grupo. E sem dúvida no carro teremos Didi e Dedé.
Neste último setor mostraremos Mussum sendo Antônio Carlos Bernardes Gomes, alegre, festeiro, e amigo.
22° Ala (Todos os amigos do mundo)
Ala colorida nas cores da bandeira gay, Mussum nunca teve preconceitos sempre agregou amigos, de todas as raças, credos, e orientações sexuais.
23° Ala (Rango do bom)
Nesta ala vemos fantasias, representando comida, fantasia nas cores ouro e prata detalhes com desenhos de alimentos diferentes. Nas festas de Mussum o cardápio era variado.
24° Ala (Pagode)
Ala nas cores prata e bronze, com desenho de instrumentos músicas de samba. Nos embalos de Mussum, o pagode era obrigatório.
25° Ala (Água que passarinho não bebe)
Esta ala representa o mé (cachaça) que nunca poderia faltar nas festa de Mussum.
Toda na cor prata, toda recortada em tiras com costeiras iguais mas em tom azul celeste.
26° Ala (Suco de Cevadis)
Fantasia mostra a cerveja sempre presente nas festas de Mussum, fantasia em branco com pequenos traços, em amarelo. Ombreiras como grandes copos de cerveja
6° Carro
(Samba, mé e amigos)
Carro com grandes barris de Chopp, cervejas em grandes ampolas, ao fundo representando uma pequena fábrica de cachaça, fotos de Mussum com amigos e familiares, ao centro uma roda de samba, onde vemos todos os seus “cumpadres” em destaque Elza Soares (Eterna amiga) e sua família.
27° Ala (O compositor)
Nossos compositores representam um Mussum, compositor criativo.
A fantasia seria um terno verde brilhante com detalhes em rosa e o chapeuzinho tradicional do nosso homenageado.
Fontes de Pesquisa
Ø Documentário Canal Brasil – Retratos Brasileiros – Mussum.
Ø Site: Os trapalhões.net
Ø Livro de (Juliano Barreto) Mussum Forévis – Samba, mé e trapalhões.
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