Título
Ex Libris Brasil – sete pecados sob o céu azul anil
Introdução
Ex Libris (do latim: da biblioteca de) é o nome dado a selos ou desenhos utilizados para identificar livros de coleções particulares. Embora muito comuns durante a Idade Média e Idade Contemporânea, ainda hoje alguns preservam o hábito de identificar os livros da sua biblioteca com o Ex Libris.
Assim, nosso enredo tem como proposta a criação do selo Ex-libris Brasil, para identificar as obras da literatura nacional e apresentar na avenida personagens de livros importantes. Personagens estes, que a sua maneira, representaram e viveram, no papel e no nosso imaginário, cada um dos sete pecados capitais.
Ex Libris Brasil – sete pecados sob o céu azul anil abrirá as páginas de grandes obras da literatura brasileira, para apresentar ao mundo alguns de nossos personagens mais pecaminosos.
Desenvolvimento
Sinopse
A sinopse do enredo
será apresentada em formato de livro, dividido em capítulos, tendo em vista a
temática abordada pelo enredo.
Considerações sobre a sinopse
As citações apresentadas em itálico (que são reproduções diretas ou com pequenas adaptações dos textos dos livros) no texto da sinopse fazem referência direta às obras citadas, assim, o próprio texto da sinopse apresenta em seu corpo a bibliografia do enredo. A música, que não pertence a nenhum livro, aparece ao final do capítulo correspondente. A frase de Clarice Lispector é utilizada como uma citação solta intencionalmente, já que não há contexto do livro (A Hora da Estrela) no epílogo apresentado.
Ainda, tendo em vista o formato de livro, portanto de história fictícia, pretendido na sinopse, é claro o uso de uma metáfora. Para evitar qualquer contratempo: apenas o guardião possui “voz”, ou seja, apenas são destacadas as falas dele, uma vez que ele representa a escola, os visitantes representam o público, convidados da escola a embarcar nesta viagem.
Os subtítulos do prólogo e dos capítulos são citações a grandes sambas-enredo. O subtítulo do epílogo é citação ao “samba-enredo escolhido pela escola neste ano” (ou seja, indicação de frase que deverá obrigatoriamente estar no samba-enredo da escola).
Desenvolvimento
E eles verão a Deus
O primeiro setor da escola apresenta a gênesis dos personagens a partir da criação dos autores, também, apresenta o ingresso dos personagens na eternidade, a partir de sua perpetuação no imaginário dos leitores.
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Comissão de Frente
Criador e Criatura
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A comissão de frente da escola é composta por 15 integrantes, sendo que 14 deles representam autores retratados pelo enredo e 1 deles o guardião da sala E eles verão a Deus. A coreografia representa o processo de criação, quando os autores debruçam-se sobre mesas e começam a escrever. Aos poucos, vão saindo das mesas balões infláveis brancos, no formato dos personagens. O guardião sobe então no elemento cenográfico O portão e abre as grades. Drones instalados nos balões, levam os personagens das mesas dos autores para o meio da Ala 1, onde se misturam ao branco das fantasias.
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Elemento cenográfico
O Portão
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Elemento cenográfico de suporte para apresentação da comissão de frente. É um grande portão, com grades e laterais brancas.
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Ala 1
Pecadores a caminho da eternidade
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A primeira ala da escola representa os personagens a caminho da sua eternização. Ela é composta por todas as fantasias das outras alas, produzidas com menos detalhes e apenas na cor branca.
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Alegoria 1 (Abre-Alas)
E eles verão a Deus
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O abre-alas da escola é branco e com muita fumaça. Representa a simbólica absolvição dos pecados dos personagens. Todos os destaques possuem fantasias idênticas às da Ala 1. E na parte central há um grande selo representando o enredo.
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Ex Libris Brasil – Gula
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Ala 2 (Baianas)
Ceiuci – a mulher do gigante
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A ala das baianas da escola vem representando a velha gulosa, mulher do gigante e devoradora de tudo. O pano da costa traz estampado um índio, representando a guloseima que ela tentou comer.
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Ala 3
Terrina com a sopa de Ralfo
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A ala apresenta a estilização de uma fantasia de mordomo, com uma terrina com sopa na cabeça.
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Ala 4
Leonardinho comendo coxa
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A ala apresenta fantasia lúdica com uma grande coxa de frango sendo dentada por uma cabeça de menino.
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Ala 5
Tapiocas da Gulosa
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A fantasia é uma noiva estilizada na parte da frente e a roupa toda feita de ‘tapiocas’ atrás, representando o segredo escondido no conto A gulosa disfarçada.
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Ala 6 (Crianças)
Marquês da boa mesa é freguês
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A ala das crianças vem representando o Marquês de Rabicó, com guloseimas representativas da obra de Monteiro Lobato como uma espiga de milho e um quindim.
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Alegoria 2
Hoje tem melancia, Magali
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A alegoria é uma enorme fatia de melancia. No lugar das sementes, há queijos que trazem destaques fantasiadas de Magali.
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Setor 3
Ex Libris Brasil – Avareza
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Ala 7
Mercado do Halim
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A ala representa gondolas de supermercado, concebidas a partir da estética comum na periferia de São Paulo, apresentadas no livro Capão Pecado.
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Ala 8
Faz a mala, José
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A ala representa José Severo e tem como fantasia uma mala repleta de moedas.
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Ala 9 (Damas)
A sombrinha da Sinhazinha
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A ala das damas de escola vem com uma fantasia típica, trazendo uma sombrinha na mão. Há no chapéu uma referência a uma roda dentada de engenho.
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Ala 10
Achei a porca, Euricão
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A ala vem de porquinha de madeira, com algumas notas de dinheiro escapando pelas frestas.
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Alegoria 3
O cortiço e a riqueza de João
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A terceira alegoria é um grande cortiço criado a partir da obra de Aluísio Azevedo. No centro da alegoria há uma grande panela cheia de moedas, com uma destaque principal, representando Bertoleza, que era quem trabalhava para enriquecer João Romão.
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Ex Libris Brasil – Luxúria
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Ala 11
Garcia no Armário
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A ala representa um militar com uma roupa estilizada, na frente em tons usuais de verde oliva e atrás em tons de lilás, com muitas plumas.
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Ala 12
Lucíola bumbum piscante
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A fantasia é de vaga-lume com bumbum piscante. Todos os vagalumes são estilizados com elementos, como meia-arrastão, representando assim também as cortesãs.
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1° Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira
O picante amor de Nacib e Gabriela
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O primeiro casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira da escola representa o amor picante de Nacib e Gabriela. A fantasia traz especiarias afrodisíacas, como cravo, canela e, claro, pimenta.
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Elemento Alegórico / Madrinha de Bateria
Solange no lotação
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O elemento alegórico é um ônibus vazado, sem laterais ou teto. O corredor é largo permitindo a evolução da madrinha de bateria, que vez ou outra, convida um ritmista para uma apresentação mais ousada.
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Ala 13 (Bateria)
Nelsinho, o vampiro
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A bateria vem com uma fantasia preta representando o personagem Nelsinho. Trazem também uma capa com várias fotos ousadas de mulheres e seminuas.
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Ala 14 (Passistas)
Lori lambe com calda
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Os passistas da escola vêm com uma fantasia em tom marrom, representando a calda de chocolate utilizada por Lori Lamby para agradar a si e aos parceiros.
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Ala 15
Abelardo fez da ilha a casa da sogra
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A ala traz velas com as chamas trocadas por folhas de coqueiros, fazendo referência ao episódio da ilha tropical da peça O Rei da Vela.
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Alegoria 4
Confissões de CLB
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A alegoria é um emaranhado da parte magnética das fitas de gravador. Tem também vários gravadores e estátuas de budas em posições (sexuais) e composições (individuais, duplas, trios e afins) sexuais vividas pela personagem CLB no livro A Casa dos Budas Ditosos.
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Ex Libris Brasil – Ira
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Ala 16
Do sertão bruto, o bruto Manecão
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Com uma fantasia de vaqueiro sertanejo, a ala vem com cores cruas representando a brutalidade do sertão, que transformou-se em fator de personalidade do personagem Manecão.
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Ala 17
O bom Amaro marinheiro
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Com uma fantasia de marinheiro, com âncoras pontiagudas, representam Amaro, o bom crioulo.
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Ala 18
Aldo ganha, Aldo perde
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A ala representa a faca de dois gumes, com duas representações no costeiro em cores opostas: da esposa traidora e do filho suicida.
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Ala 19
A fuga da grávida Lenita
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A fantasia representa a raiva da fuga de Lenita grávida. As enormes barrigas apresentam algumas garras saindo para fora
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Alegoria 5
Sou Nicolino, um desgraçado
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A alegoria é composta por várias fontes que jorram um líquido vermelho (sangue). No centro uma grande estátua de um homem algemado, com espuma saindo pela boca, em frente a um microfone antigo, remetendo a canção do final do conto Amor e Sangue.
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Ex Libris Brasil – Inveja
Nem sempre podemos ter aquilo tudo que desejamos. Os personagens apresentados neste setor são movidos pela vontade de ter o que os outros tem, aliás, a eles interessa muito mais o que os outros tem do que o que eles mesmos possuem. Todas as fantasias das alas e da alegoria apresentarão um selo Ex Libris Brasil – Inveja, estrategicamente colocados, em tamanhos variados.
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Ala 20
A língua de Rosa
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A ala representa a fofoca feita por Rosa para prejudicar Isaura. É uma mistura de fantasia de escrava, com uma língua gigante.
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Ala 21
Paulo dá a vida por uma fazenda
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A fantasia da ala representa a Fazenda São Bernardo, grande objetivo da vida de Paulo Honório.
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Ala 22
A cruz de Marli
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Fazendo uma brincadeira com a cruz carregada pelo personagem principal da peça O Pagador de Promessas, a ala representa o ciúme e a inveja de Marli, em forma de cruz.
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Ala 23
Judas queima o cordeiro
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A ala representa um cordeiro incendiado, reproduzindo a passagem do livro Sombra Severa.
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Alegoria 6
40 gravatas para Eugênio
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A alegoria traz em sua base alguns carros e cavalos de corrida. A parte centra é um imenso cabide giratório, onde estão penduradas 40 gravatas. Na parte da frente um contador digital vai trocando os números cada vez que o cabide gira, sempre chegando até 40.
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Ex Libris Brasil – Preguiça
Ai, que preguiça! O sétimo setor, devagar, quase parando, apresenta personagens com pouca vontade, mas muitas histórias. Todas as fantasias das alas e da alegoria apresentarão um selo Ex Libris Brasil – Preguiça, estrategicamente colocados, em tamanhos variados.
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Ala 24
Pedro e os bilhetes de amor
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A fantasia da ala representa os bilhetes de amor que Pedro era encarregado de entregar.
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Ala 25
A ‘marvada’ que derruba o Jeca
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A ala traz referência à cachaça, uma vez que ela aparece na obra de Monteiro Lobato, como uma das causas da preguiça dos homens do campo.
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Ala 26
Os discos do Nelson
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A fantasia traz diversos discos e capas dos discos dos Beatles, ouvidos por Tio Nelson.
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Ala 27
Jácomo atrás das grades
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Representando um jacaré enjaulado, a ala exalta a preguiça que traz consequências não tão boas.
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Alegoria 7
Macunaíma gosta da floresta porque dá para pendurar rede
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A alegoria reproduz uma floresta surreal, com galhos distorcidos. Entretanto, todos os pares de árvores possuem uma rede pendurada e um destaque representando Macunaíma.
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Ex Libris Brasil – Orgulho
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Ala 28
Um café com Bento
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Representando o café envenenado que Bento quase utiliza para se matar, a ala resgata esse orgulho personagem de Dom Casmurro.
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Ala 29
Aurélia quer lanchar frutas
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A ala apresenta duas fantasias, formando pares de figos e peras, representando o par de frutas que Seixas é obrigado a comer no lanche.
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Ala 30
Lentz enjoa no mar
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A fantasia traz um alemão em trajes típicos com elementos adaptados do nazismo, destacando o orgulho ariano de Lentz. A parte debaixo é um barquinho de duas cores, representando a miscigenação, que o faz enjoar.
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Ala 31
O espelho de Ambrosina
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A fantasia é de uma dama jovem, porém o costeiro traz um grande espelho, com o reflexo de uma idosa, para demonstrar o fim da mocidade da Condessa Vésper.
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Alegoria 8
O rato roeu o dinheiro do Naziazeno
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A alegoria tem, na parte da frente, enormes ratos que roem pilhas de dinheiro. No centro uma estátua de um homem neurótico sentado em uma cama. A parte de trás da alegoria é formada por grandes garrafas de leite e uma estátua do mesmo homem da parte da frente dormindo em uma cama.
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Pecar é preciso
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Ala 32
O céu azul anil
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A ala representa o céu azul anil, inspiração para os autores.
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2° Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Os novos personagens
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O 2° Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira da escola traz na fantasia algumas letras e também algumas palavras formadas, representando a gênesis de novos personagens.
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Ala 33
Pecar é preciso
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A ala faz uma homenagem à escritora Clarice Lispector, representando outros autores, fascinados pelo proibido.
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Ala 34 (Velha Guarda)
O infinito da criação
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A Velha Guarda da escola encerra o enredo representando o futuro e o infinito da criação.
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Considerações sobre o desenvolvimento
Nem todas as referências visuais apontadas no desenvolvimento podem ser claras aos olhos de todos, ressalta-se aqui então, o fato de que representações de passagens oníricas ou herméticas, serão realizadas a partir de referências de artistas plásticos do período do lançamento do livro.
Ainda, os selos apontados no início de cada setor serão desenvolvidos oportunamente e utilizados de forma a compor parte da fantasia. Cita-se como exemplo de possibilidade, a criação de um selo avermelhado (as referências de cor estão no desenvolvimento) para o Setor 5, sendo ele utilizado levemente enrolado nas pontas das âncoras, revelando assim o sangue do crime cometido por Amaro.
Este enredo passa a fazer parte da pequena (pequena mesmo) coleção de enredos do autor.
Roberto Limberger
Atua com projetos culturais. Acompanha o carnaval desde 1993.
betolimberger@gmail.com
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