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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Enredo 1406 - O palanque das amarras

Título

O palanque das amarras




Introdução


A política sempre moveu o país e a forma que qualquer do povo tem para tentar mudar sua realidade e transformar o mundo ao seu redor. Representantes são eleitos e espera-se que estes possam cumprir com o que foi prometido na campanha eleitoral.
            Mas sempre surgiram indivíduos que não aceitam as regras do convívio democrático e buscam, por formas escusas e até mesmo violentas, “amarrar” o voto do cidadão para garantir que o pleito eleitoral atinja o rumo desejado. Décadas desse tipo de prática criaram um grande sistema que, ao menor sinal de qualquer coisa que o ameace, se transforma e se adapta à nova realidade, até mesmo criando a imagem de indivíduos vistos como transcendentais e infalíveis, para manter o poder estabelecido e o povo no cabresto.
            O presente enredo trata sobre o coronelismo, prática nefasta da política brasileira, o voto de cabresto, principal mecanismo do poder do coronel, e os salvadores da pátria, sintomas da metamorfose do sistema.
           




Sinopse


            Ele controla tudo. A política brasileira está em poder de uma entidade de várias formas. Alguns o chamam de “coronelismo”, “acordão”, “ajuste entre amigos”. Mas seu nome principal é “sistema”. E ele sempre se transforma e evolui, criando agentes para continuar controlando os rumos eleitorais.
            E é com a ajuda do sistema que surgem os salvadores da pátria, com seus discursos populistas e sedutores, para roubar a nação e lavar a mente dos eleitores.

            Mas para entender o presente é necessário conhecer o passado. A raiz do mal está nos antigos coronéis dos rincões do Brasil. Expressões de um poder decadente que se mantinha colocando o homem do campo e das cidadezinhas no cabresto e detendo poder sobre sua vida ou morte. Ofertavam cargos públicos para comprar apoio, surrupiavam verbas públicas para satisfazer interesses próprios e até mesmo usavam de violência contra o povo. Tudo para garantir a vitória eleitoral. Até o dia em que um poderoso gaúcho conseguiu dominar os coronéis, tomando para si o poder político.
           
            Não tardou para o coronelismo alcançar os grandes centros urbanos, se adaptando para sobreviver. No rastro dos retirantes, marginalizados de uma sociedade onde as leis são apenas papel, os “homens de braços longos” conseguem favores para o povão, que em troca oferece o voto. Usando máscaras, tratam as pessoas como burros famintos por migalhas e fraudam o pleito eleitoral com ajuda dos falecidos. São iguais aos coronéis rurais, tendo as mãos beijadas pelos eleitores iludidos.
            Com essa nova configuração política surgiram duas figuras controversas: um paladino da moral e da virtude, campeão contra a corrupção e o homem que se tornaria um rei entre os comuns. Unidos no prestígio e na hipocrisia.

            Espertos como eram, e ajudando a evoluir o sistema, os coronéis urbanos resolveram dominar a mídia, usando da informação viciada e da censura aos honestos para manipular as massas. Nas ondas do rádio e da TV, prometeram colorir de novo a nação, porém mantendo tudo que havia de mais atrasado.
            A tática era tão efetiva que conseguiu influenciar os irmãos de fé, fazendo-os perceber que seu rebanho poderia ter outras utilidades. E usando um suposto exorcismo de Satanás da política iludiram fiéis ansiosos por receber a graça divina em troca. Porém, não tardou para que os escolhidos santos mostrassem que também são parte da podridão infernal que reina no meio político.

            Por meio do sistema, o voto de cabresto chegou ao Século XXI para continuar a amarrar a preferência do eleitor, comprando sua vontade com itens básicos ou um novo de par de dentes. Havendo uma dificuldade, nada que dinheiro ou um “laranja” não possa resolver.  Gastando muito óleo de peroba para parecer simpático aos olhos do povo. Caso nenhuma das outras táticas funcione, usa-se a mais covarde de todas: o temor de perder o pouco que se tem, hipnotizando os pobres pelo medo. Tudo pelo manancial de votos.

            E para quem pensasse que pior do que está não fica, o sistema novamente evoluiu. Criou inimigos imaginários, demônios políticos, ativismo judicial e fanáticos de toda espécie. Novamente o povo é iludido por discursos sedutores de um novo salvador, um ídolo dos pés de barro, como se tivesse sido enviado pelo mundo dos sonhos.

            O sistema controla tudo. E mantém o povo num cabresto eterno. Essa é a triste sina do brasileiro.



Número de alas: 28.
Número de setores: 6.
Número de alegorias: 6 carros e 2 tripés.
Obs.: as esculturas lembram biscuits.
Roteiro

Setor I
A realidade

A dura situação é que somos uma nação que cultua indivíduos comuns como divindades benevolentes, bem como ajudamos a sustentar um sistema que acaba por nos escravizar no sentido político.



Comissão de Frente – Os Salvadores da Pátria
Integrantes: 13.

Ao longo dos últimos séculos, os eleitores sempre caíram de amores por indivíduos que prometiam soluções milagrosas para todos os nossos problemas, como relatado por jornais, revistas e no meio acadêmico.

Seis componentes serão pajens vestidos como os Dragões da Independência, com casaca, calças, botas, ombreiras em forma de cabeças de dragão, carregando uma espada curta e usando na cabeça um chapéu em formato de uma pequena urna de madeira. Outros seis virão montados em corcéis brancos enfeitados com adornos dourados e representam os Salvadores da Pátria que tivemos: um gaúcho, um paladino, um general, um marajá, um operário e um paraquedista. Todos nas cores da bandeira nacional. Na frente deles vem dançando e apresentando os demais a Dama da Pátria, ornada com joias, pedrarias e um chapéu no formato do Brasão de Armas Nacional.
Os pajens empurram os cavalos e pedem votos para as arquibancadas, enquanto os políticos jogam flores e oferecem dinheiro. Em dado momento, os pajens e os salvadores passam a dançar em torno da Dama. Então começam a arrancar cada pedaço de riqueza dela. Isto simboliza os males que tais indivíduos causam à nação.



Ala 1 (velha-guarda) – Os donos do poder
Por trás dos grupos políticos, estão aqueles que detêm de fato o poder e mandam de verdade. Em prol deles é que se faz a política.

Em traje tradicional, com smokings, cartolas, bengalas com pedraria, joias e vestidos alinhados. Há muito brilho pelas roupas.

Alegoria 1 (abre-alas) – O sistema
O sistema é a máquina que beneficia castas ou grupos restritos de pessoas que usam do voto de cabresto, dentre outras táticas infames, para viciar o processo eleitoral.  

Um grande maquinário acinzentado, inspirado na Moloch do filme Metrópolis, com uma enorme boca. Cercam o equipamento os seis Salvadores da Pátria, desta vez montados em eleitores. Estes usam nariz de palhaço, orelhas de burro e um grande sorriso, simbolizando a facilidade com que o povo é enganado. As selas são títulos de eleitor. Entre eles, componentes aparecem vestidos como magnatas com vestes feitas de dinheiro, aqueles que se beneficiam do sistema de forma indireta.
O gaúcho veste a roupa tradicional de sua terra, um grande cachimbo na boca e manchas negras de petróleo pela camisa e pela calça.
O paladino aparece com uma armadura reluzente branca e dourada, erguendo sua “arma” para o alto: uma vassoura de palha.
O general vem com trajes verde-bandeira, botas e luvas pretas e muitas medalhas por peito e costas. Tanto ele quanto sua montaria estão sujos de sangue.
O marajá usa vestes longas em vermelho-claro e turquesa e um grande turbante branco com uma pedra roxa no centro. Nas costas possui um rifle de caça.
O operário usa roupas amarronzadas e possui marcas de sujeira por todo o corpo, bem como falta um dedo em uma de suas mãos. Usa uma grande estrela vermelha como uma aureola e um par de asas.
Por fim, o paraquedista aparece com roupas em tecido camuflado e grossas luvas e botas marrons que lembram couro. Usa um chapéu de papel. Nas costas carrega a bandeira nacional e na testa está pregado um sorvete, representando a ignorância própria da qual ele gosta de se gabar.
Do “corpo” da máquina saem longos cabos que terminam em capacetes neurais colocados nas cabeças das montarias, representando o poder que o sistema exerce. No topo, um destaque representa o “cérebro” do maquinário.









Setor II
Coronelismo, enxada e voto

O finado jurista Victor Nunes Leal afirmou que existia um sistema que começava a nível municipal, a partir dos rincões do país, e se estendia para as outras esferas do poder, dominando a população para garantir que a política tivesse os rumos que eram desejados pelos chamados coronéis. Esse sistema começou a enfraquecer com a chegada de um gaúcho esperto o bastante para subvertê-lo em interesse próprio.



Ala 2 – Perdidos nos rincões
As raízes do coronelismo estavam nas cidadezinhas do interior e nos lugares isolados espalhados pelo Brasil. Os moradores desses locais eram a massa votante dominada pelos coronéis.

A ala traz componentes com roupas características do homem do campo, em xadrez verde-claro e branco, cheias de remendos e de marcas de terra contrastando com brilho. Amarrado ao corpo está um grande cabresto, que passa uma de suas partes pelo queixo. Raízes crescem pelas pernas. Usam chapéus marrons por onde crescem folhas secas e plumas verdes “nascem” pelas costas, num costeiro imitando um matagal.

Primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira – Coronel e Sinhá
Segundo Basílio de Magalhães, coronel é o nome dado para os antigos membros locais da Guarda Nacional, que geralmente eram proprietários de terras.

O mestre-sala veste uma casaca verde-bandeira, um chapéu preto com penas verdes na ponta, uma calça branca e botas escuras. Uma faixa verde transversa o tronco. Detalhes dourados, como botões e símbolos, por toda a fantasia.
A porta-bandeira uma roupa em maioria branca, com detalhes como rendas no torso e fitas e laços em dourado pela saia, além de uma tiara com extensões que relembram as folhas de um cafezal.

Ala 3 – Senhores do baraço e do cutelo
O poder dos coronéis era tanto que eles possuíam controle sobre a vida e a morte dos habitantes dos rincões. Eram como encarnações da mítica besta-fera.

Os componentes usam paletós e calças brancos, com uma camisa verde e botas e cintos marrons. Possuem mãos peludas e com garras, bem como carregam um baraço (forca para condenados) e um cutelo. Panos descem pelas juntas dos braços com painéis. O da direita mostra um coronel carregando um eleitor pelo cabresto. O da esquerda tem um sertanejo ajoelhado com um homem apontando uma arma para a testa dele.
Na cabeça, maquiagem azulada pelos olhos e brilhante pela pele e presas na boca. Uma peruca ondulada e cor de ferrugem e pelos iguais como barba. Acima, um chapéu listrado com plumas corais e amarelas, como uma chama.

Ala 4 – Cargos públicos
Para acalmar os ânimos e se beneficiar dos votos que os oligarcas traziam, os governos Estadual e Federal davam cargos públicos para que os coronéis distribuíssem.

A ala traz indivíduos vestidos como barões, com uma casaca vermelha de detalhes em prata, gola de babados, panos desenhados com um beija-mão de um coronel enrolados pelo corpo, um charuto na boca e um chapéu creme com tetas embaixo da aba e plumas vermelhas no topo, simbolizando que tais pessoas só serviam pra sugar o Estado. No centro do tronco, um grande relógio de bolso.

Ala 5 – Salgueiro em flor
Fortuitos da natureza, como secas, são excelentes para usar dinheiro público em obras particulares, trazendo prosperidade para quem tem poder e mantendo o povo em laços de dependência. Foi assim na cidade de Salgueiro, no Pernambuco.
Esta ala traz mulheres usando uma saia em material rústico marrom-claro, como terracota, toda rachada e com galhos secos. O torso é em verde-claro com relevos de grama e folhas. Na cabeça, um chapéu com flores de salgueiro vermelhas nas abas e plumas turquesa. A metade de cima da fantasia é a riqueza dos coronéis e a de baixo é o sofrimento do sertanejo.




Ala 6 – Pistoleiros
Quando a lábia e as migalhas falhavam, restava usar da violência para lembrar ao eleitor qual seria sua obrigação.

Chapéu com penas amarelas, calças roxas com listras laterais em mostarda, camisa verde, barras em prata e losangos brancos com cifrões laranjas entalhados. Usam botas e luvas de forma que relembrem o couro, com tonalidades brilhantes No rosto, uma maquiagem sepulcral lembrando um ceifador. No pescoço, um lenço pardo. Nas costas, uma longa capa preta com um limoeiro costurado, lembrança de um famoso coronel. E nas mãos pistolas falsas com flores saindo dos canos.

Alegoria 2 – Poder decadente aos pés do gaúcho
Para Leal, os coronéis eram os representantes de um poder decadente que compunha um esquema maior envolvendo as três esferas do Executivo. Na década de 30, um gaúcho foi esperto para subverter o sistema em benefício próprio, dominando a política nacional por anos e conquistando o coração da massa incauta.

No centro do carro aparece o gaúcho sentado em uma cadeira de balanço, vestido com suas roupas tradicionais e uma faixa presidencial. Segura pela coleira três cachorros que possuem movimentos, dos quais dois são sabujos marrons com faixas no meio escrito “DOPS” e “AIB”. O terceiro é um cachorro humano, sujo de sangue, representando o militar que mais se deliciou com as arbitrariedades de quando o gaúcho foi ditador.
Na frente dos cães, componentes em um chão gramíneo representando os coronéis, mas desta vez com roupas envelhecidas ou com rasgos, simbolizando a decadência.
Nos lados e no fundo, rostos com expressões de sofrimento formando um morro em sépia, com operários em tons amarelados fazendo propaganda do gaúcho ou reverenciando-o, representando os sindicatos pelegos, popularmente chamados de “amarelos”. No alto, um destaque representando o amor do povo.



Setor III
Passagem para a vida urbana

Com as crescentes migrações do campo para a cidade, os atores da política começaram a se transformar para se adaptar a uma nova dinâmica. O sistema se modifica e passa a englobar o meio urbano em sua teia, adaptando o clientelismo e fazendo surgir figuras bem conhecidas da política nacional.



Ala 7 – Retirantes sem direitos
Milhares de pessoas deixaram o campo para tentar a sorte nas cidades. Porém, a vida nova começou difícil. Seus direitos mais básicos não eram atendidos pelo Estado. As leis que os garantiam eram apenas papel para ser usado como cobertor em noites frias.

Componentes vestindo chapéu de palha, roupas em xadrez laranja e cinza desbotado, botas escuras com sinais de uso. Usam uma maquiagem que crie contornos de magreza excessiva e sofrimento. Carregam uma trouxa de pano amarrada em um pedaço de pau. Cobertos até o pescoço com um longo manto branco, relembrando as folhas de uma Legislação. Nele estão escritos os direitos previstos para o povo, como saúde, educação, moradia e etc., indicando o nome ou número da lei onde se encontram e seus artigos e incisos.

Ala 8 – Homens de braços longos
Para Rouquié, a inoperância do aparato estatal criava o terreno fértil para certos indivíduos se aproveitarem das necessidades do povo com fins políticos. Os coronéis se adaptam ao meio urbano. O povo busca o “homem do braço longo” para ter suas necessidades básicas atendidas e oferece o voto em troca.

Os componentes usam ternos de tecido leve em tons de rosa, barras serrilhadas em preto e detalhes em tons de bronze. Uma cartola preta escrita com “vote em mim” em branco, com plumas de igual cor. E dois pares a mais de braços, que são longos. Os inferiores seguram um saco de dinheiro e um vale-consulta. Os superiores fazem o sinal do “V da Vitória”.

Ala 9 – Máscaras
O coronel urbano carrega todos os tiques de sua contraparte rural. Um dos principais é o uso de máscaras para iludir o povo, fingindo ser o que as pessoas querem que seja.

A ala vem com calças, camisa, colete, casaca, todos com babados e laços, e um chapéu com plumas rosa. A metade da esquerda é branca e a direita é preta. No rosto, uma máscara bicolor sem expressão. Por toda a roupa, máscaras de mesma cor que demonstram alegria, tristeza, medo, raiva, etc. Os componentes trocariam as máscaras a medida que o desfile transcorresse.

Tripé 1 – Rouba, mas faz
Segundo Rouquié, o coronel adaptado ao mundo urbano continuou a tratar a coisa pública como privada e a se beneficiar do dinheiro do contribuinte. Este não se importa com isso, pois o que interessa é que o político lhe dê migalhas, ou seja, faça algo, nem que seja menos que o mínimo.

O tripé traz a escultura de um aviador, famoso político, que usa uma máscara com expressão de bondade, dando um pão para um eleitor de roupas simples enquanto sorrateiramente “bate” a carteira dele. Os dois em tons envelhecidos. Cercam ambos 10 versões miniatura de carros dos anos 60, em preto, branco e vermelho, com bonecos de maquinistas ao volante, referências a escândalos nos quais o coronel em questão esteve envolvido. No fundo, estrelas e fitas. Tudo montado para parecer um pôster antigo de propaganda política.


Ala 10 – Escambo da gratidão
Feliz pela “assistência” que recebeu, o povo oferece o voto em troca de mais migalhas e é visto pelo político como um burro fácil de manipular. É o uso das necessidades e da ignorância alheia para manter projetos políticos, configurando um novo cabresto.

Os foliões estão se transformando em burros. Nas pernas ainda são humanos com sapatos brancos, calças risca de giz em rosa e laranja. Do tronco pra cima, pelos cinzas de asinino brotam em um paletó aberto de mesma cor das calças. No lugar das mãos, cascos. Usa um chapéu marrom com um boneco de um coronel sentado segurando uma varinha de pesca com uma cenoura como isca pairando em frente ao rosto do componente, representando as migalhas.

Ala 11 – Levanta-defunto
Em tempos de fiscalização difícil ou inexistente, era muito comum que gente morta votasse. Foi uma das conhecidas formas de fraude eleitoral.
Espectros usando um longo manto negro que cobre o corpo todo. Quando o tecido se abre, mostra-se o aspecto de morto-vivo dos componentes, com pele cinza, roupas deterioradas coral e amarelo, pedaços de pedra nos ombros e mangas, ossos incrustados no torso e nas pernas, e o mais importante: um título de eleitor e uma cédula de identidade nas mãos. Nos ombros, por cima do manto, bonequinhos de caveira risonhos.



Ala 12 (baianas) – Tradição dos Ilhéus
Em Gabriela, cravo e canela, retrata-se como o poder do coronel rural se esvaía e era substituído por um homem de fora de Ilhéus, que exalava virtude e renovação. Na adaptação para televisão, a cena das baianas beijando a mão do forasteiro, hábito comum no passado, revela que nada mudou e tudo não passava de discurso populista. O coronel apenas se transformou.

As senhoras vem de forma tradicional, com chapéu com plumas laranjas, torso em renda e branco. Porém a saia é feita por diversas fitas multicoloridas do Senhor do Bonfim entrelaçadas. No adorno da cabeça estão bonecos tricotados de um coronel típico da Bahia, com chapéu, bengala e roupas claras, e baianas em branco beijando suas mãos. Imagens similares aparecem no pano da costa.

Alegoria 3 – O paladino e o Rei da Bahia
Segundo estudiosos, os anos 60 foram uma época curiosa para a política brasileira. No período eleitoral surgiu um paladino da moralidade e da virtude, prometendo varrer a corrupção do país e se tornando um salvador aos olhos do povo. Também foi a época que a carreira do homem que se tornaria o Rei da Bahia se consolidou, segundo Sant’Ana, na esteira de uma visão sebastianista. Diz-se que este sujeito contratou moças de um bordel para entreter o povo na inauguração de uma obra. Ambos se beneficiaram do sistema na sua esfera urbana, em maior ou menor grau.

Na frente da alegoria aparece o paladino vestindo sua armadura branca e dourada, chapéu alado, ajoelhado num chão florido e com pombas brancas e usando sua vassoura-espada como apoio, numa pose que é uma tentativa de parecer um homem penitente e virtuoso. Atrás dele surge um bordel com luminárias vermelhas e passarelas onde as componentes, usando vestidos rosados com babados, trajadas como dançarinas de cancan de top less, dançam buscando entreter o povo. Abaixo das passarelas, homens boquiabertos e felizes se deliciam com a cena. No fundo, e mais alto que o restante, um rei com uma coroa dourada que lhe cobre os olhos, e manto azul e vestes em tons brancos. Da sua mão escorrem migalhas de pão para o povo que acompanha o espetáculo. Um Sol iluminado aparece atrás dele, como se fosse o anúncio da vinda de um salvador. O bordel representa o prestígio do Rei da Bahia e a hipocrisia do paladino ao mesmo tempo.






Setor IV
Mídia e Religião

Não tardou para que grupos políticos passassem a usar dos canais de comunicação e possuí-los, ainda que de forma a contrária à lei. Isto também vale para as os credos religiosos pentecostais e neopentecostais, que perceberam que sua massa de fiéis poderia ter mais uma utilidade.




Ala 13 – Jornais “amigos”
Contrariando a lei, veículos de todo segmento de mídia acabam vinculados a políticos ou grupos, manipulando informações conforme a vontade de seus senhores para convencer o povo. Seus jornalistas acabam se tornando animadores de plateia.

Componentes vestidos como apresentadores de circo, com a roupa característica em tons de vermelho e preto, detalhes em dourado, e uma cartola vermelha com fios que terminam numa cruzeta segurada por uma mão. Nas costas, uma capa de jornais toda ondulada, esvoaçante e enrolando em parte dos braços.


Ala 14 (passistas) – Censura
Ainda que houvesse quem tentasse dar a informação conforme a veracidade dos fatos, tal indivíduo seria devidamente reprimido pelos meios necessários. Suas opiniões seriam amarradas.

Uma fantasia feita de cordas com o formato de cobras-corais se enrolando pelo corpo, especialmente por pescoço e mãos, mas sem limitar a liberdade dos movimentos. O chapéu é uma naja laranja enrolada com a boca aberta e pronta para dar o bote. As serpentes são a representação do quão asfixiante e perigosa é a censura.

Ala 15 (bateria) – A Voz do Brasil
Nos tempos do gaúcho criou-se um programa para ser veiculado por toda cadeia de rádios do país, dedicado inicialmente a ser uma exposição dos atos do Executivo Federal. Com o passar dos anos, abarcou também os outros poderes. Muitos políticos são contra sua extinção por utilizarem desse espaço obrigatório para expor sua agenda às suas bases eleitorais.

Os componentes usam um traje de smoking completo, em tons escuros, detalhes dourados e pedrinhas brilhantes cravejadas, com uma faixa presidencial e um microfone antigo colocado próximo ao pescoço e à boca. Usam também uma peruca com um cabelo passado em gel.

Ala 16 (crianças) – Batalhas pela audiência
No Pará, o cabresto midiático alçou novos patamares quando o cacique e o romano resolveram medir forças sobre quem controla mais o eleitorado. São os dois lados de uma moeda, sendo que um assumiu mandato político e o outro preferiu os bastidores.

Metade das crianças se veste como um cacique do Xingu, com o cocar amarelo, laranja e vermelho nas pontas, tradicionais adornos de penas no corpo e falsa pele pintada com os símbolos tribais. A outra metade se veste como um nobre romano, numa túnica vermelha e azul de detalhes pretos, com uma estrela negra no torso, com uma cabeça de um lobo como chapéu. Ambos usam óculos no formato de lentes de câmera e estão numa “feroz” batalha de confetes.

Tripé 2 – O marajá e o imortal
Conforme Cristina e Caldas, dois políticos famosos possuem impérios midiáticos que dominam seus respectivos Estados: o marajá e o imortal. Especialmente o primeiro soube usar como ninguém o poder que a mídia possui para encabrestar o eleitor, o que o transformou de coronel em Salvador da Pátria.

O marajá aparece na parte frontal com um turbante verde e amarelo, com uma pedra no formato de lente no centro, joias por chapéu, pescoço e mãos e vestes em turquesa e branco parcialmente coloridas. Toca uma flauta transversal indiana, adornada de forma que lembre um bambu. Aos lados, vasos de onde saem najas, também com coloração parcial, carregando microfones, câmeras e outros instrumentos da TV. Isto representa um dos slogans de campanha usados nas Eleições de 1989. Na frente do marajá, um destaque representando Durga, a deusa que montava num tigre, numa referência à frase: “só tenho uma bala para matar o tigre”.
O imortal aparece na parte de trás com bandagens cobrindo o corpo e um manto vermelho. Usa um livro aberto como chapéu. Os pedaços de pele que aparecem aparentam envelhecimento avançado. Aponta a mão direita, na qual segura uma pena e possui um olhar ameaçador. É cercado por teias de aranha, poeira e pergaminhos, representação do que há de mais arcaico na política.



Ala 17 – Evangelistas titereiros
Segundo Zani, as Cúpulas das igrejas se reúnem para definir quem serão seus candidatos e onde será a área de atuação destes. Definido tudo, o indivíduo é apresentando em todos os canais de comunicação do grupo religioso.

A ala traz componentes vestidos como um sumo-sacerdote judaico, que é a vestimenta que tem se tornado habitual nas igrejas neopentecostais, com uma túnica branca com panos laranja com simbologia judaica em azul e vinho aplicada por cima, bem como um peitoral dourado (choshen) e fitas multicoloridas amarradas nas barras e pulsos. Na cabeça, um capacete em formato de televisão, com uma cruz entalhada no visor. Carregam nas mãos um boneco de títeres, todo engomado e com asas de anjo e um cajado.

Ala 18 – Mercadores da fé
Para reforçar a mensagem, os agentes religiosos prometem todo tipo de benesse em troca dos votos dos fiéis. Segundo Rudi, na fé de que sua vida será contemplada, eles adentram nessa negociata.

A fantasia representa um vendedor ambulante com camisa listrada em branco e vermelho brilhante, calças e sapatos escuros, gravata verde com estrelas, chapéu amarelo com plumas em azul-escuro e uma cruz em sépia, bem como uma bandeja presa ao corpo com saquinhos de pipoca, balas, doces e etc., e uma maquininha de cartão de crédito. Cada saco está escrito com as palavras “graça”, “benção”, “dinheiro”, etc...

Alegoria 4 – Domingo do milagre ungido
Na esteira do aumento da participação de líderes religiosos carismáticos na política, Oro, Rudi e Mariano preceituam que tal situação é como uma nova forma de voto de cabresto e de coronelismo, usando a fé das pessoas para alavancar projetos políticos das igrejas. Quando chegam ao poder, os líderes mostram que não as figuras virtuosas da campanha eleitoral.

O carro traz duas metades diferentes. A frente traz um palco de igreja com esculturas de lobisomens vestidos de pastores campestres usando aureolas, com cajados e material de exorcismo nas mãos. Aos pés deles um engravatado amassado e com marcas de surra. Estão cercados por componentes que representam fiéis moribundos parcialmente transformados em ovelhas, felizes com a cena que veem.  Um portal cravejado com vitrais divide a alegoria. Esta parte simboliza o suposto exorcismo do demônio que o voto de cajado promete a partir do domingo de votação.
Do outro lado do portal, que aqui é feito de pedras vulcânicas rachando, aparecem os mesmos pastores, dentro de um lago de piche com bolhas, como se estivessem se afogando. Nos lados, demônios vermelhos e marrons com asas feitas de dinheiro.
Nesta parte há “queijos” em que aparecem componentes vestidos como súcubos. Em cima do portal, um destaque representando a Salvação. No final da alegoria, outro representando a Perdição.



Setor V
Táticas para amarrar votos

O voto de cabresto se manifestava por várias formas. Este setor trata dos meios mais praticados pelos agentes políticos ou seus funcionários para comprar votos ou usar de seu poder pra viciar o processo eleitoral, já no Século XXI.


Ala 19 – O básico para viver
Para conquistar pessoas humildes, candidatos prometem cestas básicas ou sacos de cimento em troca do voto delas.

Uma ala separada ao meio. A metade feminina usa camisa amarela com colete feito de fitas azul-claro e babados nas mangas, além de uma saia rodada com arte floral aplicada em verde-claro, sapatilhas e colares de contas. Usa um chapéu no formato de uma cesta, cheia de produtos e com miçangas nos lados.
A parte masculina é composta por indivíduos de chapéu, camisa, colete, calças e sapatos, coberto por pintura que lembre cimento, formando “ladrilhos” e rachaduras no corpo do chapéu e no colete.


Ala 20 (compositores) – Um novo par de dentes
Se a necessidade do eleitor é odontológica, então o ideal é buscar o voto por meio de uma nova chapa para que o povão volte a sorrir.

Os componentes vêm como dentistas da alegria, com roupas em branco, cheias de laços verdes e azuis, brilhos, sapatos sorridentes, um jaleco espelhado e ombreiras no formato de dentaduras. Usam um nariz de palhaço e perucas multicoloridas.

Ala 21 – Meia-noite no escurinho
Usar dinheiro vivo também é um recurso comum para viciar eleições. Jorge Mattar Villela conta que, no interior de Pernambuco, indivíduos apareciam na calada da noite carregando malas cheias de dinheiro para garantir que as eleições tivessem o resultado almejado.

A ala traz pessoas fantasiadas com paletó e calças em creme, com brilho e detalhes em dourado, camisa azul-escuro com trevos em verde-brilhante bordados, uma gravata amarela frouxa e sapatos, como um caixeiro-viajante. Carregam nas mãos uma bengala e uma mala com dinheiro saindo pelas bordas. Possuem a cara de um gato e um rabo. Na cabeça, um chapéu com nuvens nas abas e um crescente no centro. Estrelas se espalham pela fantasia.

Segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira – O laranjal
Por alguns trocados ou favores, há quem aceite ceder seu nome e demais dados pessoais para que um político fraude os serviços financeiros e exerça atividades ilegais. É assim em Alagoas, onde a mídia aponta que existe um verdadeiro laranjal sendo cultivado pelo homem de Murici.

O mestre-sala usa vestes em cinza, branco e tons terrosos, em arte plumária com pedrinhas brilhantes e um par de asas se estendendo pelos braços, representando um gavião. O chapéu é a cabeça do pássaro. Usa um par de óculos e uma gravata.
A porta-bandeira possui galhos e folhas, algumas sendo dinheiro dobrado, se estendendo por toda a fantasia. Na saia, ocorrem flores de laranjeira brancas. No tronco, guizos formando pequenos brotos do fruto. Usa uma aureola solar na cabeças, com penas corais fazendo os raios.

Ala 22 – Os homens da cara de pau
Para manter o cabresto e iludir o povo com promessas impossíveis é preciso ter uma grande cara de pau.

Os componentes usam camisas e calças em tons terrosos, com ervas daninhas e cogumelos crescendo, em tons escuros como os de madeira em decomposição. Pela metade de baixo se estendem raízes. No rosto, usam uma máscara sorridente de madeira, com um grande nariz onde repousa um pica-pau. Usam uma cartola com flores azuis e penas alaranjadas.

Ala 23 – Terror psicológico
Segundo matéria da Folha de São Paulo em 2008, um funcionário de pesquisa interna de um prefeito que era candidato à reeleição no interior do Ceará, após ouvir de uma eleitora que ela votaria no adversário, ameaçou a senhora dizendo que se ela fizesse isso perderia o direito de receber Bolsa Família. Tal ato covarde e a reação da mulher expõem a existência de um cabresto psicológico pelo medo.

No Nordeste, sinônimo de medo é a lenda do “morou, tá na boca”. Isto posto, a ala vem usando um sobretudo preto, felpudo nos ombros, com mandalas e símbolos em verde-brilhante e detalhes prateados. Tapeçarias ritualísticas enroladas pelo corpo. No lugar da mãos, patas peludas de carneiro. Usam uma grande máscara como a cabeça do mesmo animal e uma peruca de pelos em cor de burro quando foge enrolados e descendo pelas costas.

Alegoria 5 – Manancial de votos
Os benefícios sociais são uma boa medida e um cumprimento da distribuição de renda prevista na Constituição Federal. Porém, em certas condições, é possível atrelar boas intenções com a seara eleitoral. Frei Betto indica que o Bolsa Família foi criado para ser temporário, mas a cúpula do partido teria percebido que ele era um grande “manancial de votos”. Além disso, prefeitos pelo Brasil passaram a usar o benefício como meio de chantagem ou de conquistar a simpatia do povo. Tal fato é uma consequência do efeito psicológico deste tipo de voto de cabresto, seja pelo medo ou pela gratidão do eleitor, colocando-o numa armadilha.

Um bosque com uma frondosa árvore de folhas com orvalho brilhante, pinceladas de âmbar pelos galhos e água cenográfica escorrendo por estes, como um manancial. Suas raízes se estendem pela alegoria, com frutos e flores caídos na parte da frente.
Componentes representando animais dóceis estão em volta. Mas, em dado momento, são substituídos por outros representando bichos ferozes, com garras e presas assustadoras.
Há um galho na frente balançando uma maçã grande com cifrões como um pêndulo de hipnotismo. Esqueletos de eleitores estão entre as raízes da parte de trás, segurando títulos de eleitor nas mãos. Uma jararaca se esconde pelas folhas, e sua enorme cabeça surge na copa da árvore, em tons sépia e esverdeados. Seus olhos são espirais de hipnose e possui uma boca aberta mostrando as presas. Um destaque aparece no meio do tronco, representando um lótus rosa, planta com propriedades hipnóticas.
Toda a beleza não passa de uma armadilha, como é o cabresto psicológico.


Setor VI
O sistema não para

O sistema sempre irá evoluir e se adaptar aos novos tempos para continuar existindo, mantendo o poder dos grupos políticos e o controle sobre o eleitor. Renovam-se as ideias que o movem e até mesmo se cria um novo Salvador da Pátria. Essa é a eterna sina da seara eleitoral no Brasil.



Ala 24 – Complexo de Dom Quixote
Criou-se a narrativa de que é necessário “derrotar o outro lado”. Destruir de vez inimigos imaginários ou fantasmas do passado, no melhor estilo do cavaleiro da triste figura.

A ala traz pessoas vestidas com o torso de uma armadura e com um escudo redondo pequeno acoplado ao braço esquerdo. Usam calças de estilo medieval em lilás, com um sapato trançado. Na mão direita, uma espada. Na cabeça, um chapéu em forma de moinho de vento.



Ala 25 – Demonização da política
Ninguém presta e todos querem apenas roubar e parasitar o Estado. Este tipo de pensamento joga na vala comum até mesmo quem é honesto e tenta mudar algo pelo caminho da política, assim como cria um efeito colateral que beneficia os velhos corruptos, pois se todos são iguais é melhor votar no bandido conhecido.

Os componentes usam um chapéu com chifres enrolados, maquiagem em roxo brilhante nos olhos e presas saindo da boca. Há garras nas mãos e nos pés. Usam trajes alinhados pretos, com um babado na gola, que possuem rasgos na barriga, costas e na altura dos joelhos, mostrando estruturas pintadas em laranja como a musculatura do corpo humano. Nas costas, um par de asas roxas e com veios, como as de um morcego, forma uma capa.

Ala 26 – Correntes pela rede
Em tempos de mídias sociais, notícias falsas e mentiras permeiam a Internet, no formato das populares “correntes”, que são compartilhadas para milhares de pessoas, sendo existindo as que acreditam cegamente no que recebem. Esse trabalho sujo é feito principalmente pelos chamados “bots” ou robôs programados.

Uma fantasia que reproduz um corpo todo metálico de cor lilás, em materiais leves, com máscara, braceletes e contornos com relevo multicoloridos. Uma corrente branca se enrola pelo corpo, com pássaros índigo pousados. Nas costas, uma chave de corda na forma de um telefone.

Ala 27 – O novo exército de Brancaleone
A expressão “exército de Brancaleone” designa um grupo que se une em prol de um mesmo
objetivo, mas que é desorganizado, atrapalhado e etc. O ativismo judicial se amolda nessa expressão na medida em que seus praticantes agem de forma atabalhoada, desorganizando as leis e criando insegurança jurídica. É mais um efeito das mudanças no sistema.

A ala traz indivíduos usando togas em roxo com mandalas douradas aplicadas e guizos nas barras. Vestem também um peitoral de armadura e um barrete preto com contornos felpudos e plumas brancas. Os componentes estão montados em cavalos brancos rajados em lilás e presos por suspensórios. Carregam um martelo de juiz nas mãos.

Ala 28 – A era dos fanáticos
Atormentados de toda estirpe, posando como gurus ou iluminados, surgem para lavar mentes e anunciar a chegada do novo Salvador. São oportunistas e pilantras, no sentido mais puro das palavras.

Uma ala composta por pessoas vestidas como profetas do apocalipse, com túnicas em branco encardido, corda amarrando a cintura, sandálias velhas e gastas e cabelos e barba longos e desgrenhados, cheios de folhas e papel picado. Na cabeça, um turbante preto, como um aiatolá, e no pescoço colares de contas, como um guru. Vestem também placas escrito coisas como “a Terra é plana”, “vacinas matam” ou “o fim está próximo, ajoelhem-se perante o Salvador”. Nas mãos, uma sineta.

Alegoria 6 – Daniel 2:31-35 – todo ídolo tem pés de barro
Há várias interpretações para a Profecia da Estátua de Nabucodonosor, presente no Livro de Daniel no Velho Testamento. A mais curiosa é a de que é uma metáfora para indivíduos que posam como exemplos de virtude e de conduta, pessoas que transcendem o plano dos meros mortais enfeitiçando com suas palavras uma massa carente de exemplos. No fim nas contas são criaturas que possuem mais defeitos do que aqueles que os idealizam. E é o caso do último Salvador da Pátria que surgiu. Ele nada mais é que um sintoma da transformação do sistema, que continua a controlar tudo mais do que nunca.

A Estátua de Nabucodonosor aparece em cima de uma base, pintada em dourado na cabeça, prata no peito e braços, bronze no ventre e coxas, tons férricos do joelho até o meio da panturrilha e tons de barro nesta metade e nos pés, como era a original. A iluminação ressalta os pés, o símbolo das falhas de uma figura idealizada.
Cercando o monumento estão vários camaleões em tons neutros, com movimentos e uma iluminação que troca de cor. São os oportunistas da política que trocam de lado como quem troca de roupa, em busca da sobrevivência.
Atrás surge um enorme polvo em tons de índigo, cobre e roxo, com olhos vermelhos, alguns pedaços de maquinário na pele e longos tentáculos em movimento. Dois deles estão agarrados à estátua e outros se agarram em componentes. É a nova encarnação do sistema.
Nuvens lilases cobrem a alegoria, como num mundo de sonhos, e formam arcos aos lados do polvo. Em “queijos” aparecem componentes vestidos uma metade de anjo e outra de demônio, indicando que o mundo perfeito é mais uma ilusão do eleitor. Carregam cabrestos nas mãos.
Em cima do octopus, um destaque representando o Coronel do Século XXI.



 


Referências

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Créditos das imagens

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Introdução - https://brasildelonge.com/2017/05/06/voto-no-bico-de-pena/
Sinopse - https://www.youtube.com/watch?v=A-BkdQOKH9M
Setor 1 - https://sinovaldo.com.br/2017/07/31/salvador-da-patria/
Comissão de Frente - http://mariaterezacunha1233.blogspot.com/2010/08/presidente-getulio-vargas-24de-agosto.html
Alegoria 1 - http://www.jacksonsenadorsa.com/2011/12/charge-da-semana-passada.html
Alegoria 1 - https://br.pinterest.com/pin/853572935596525994/?lp=true
Setor 2 - https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2017/02/07/patrimonialismo-do-coronelismo/
Ala 2 - http://www.mundohusqvarna.com.br/coluna/esforco-fisico-na-execucao-do-trabalho-rural/
Primeiro Casal - http://consciencia.net/a-ameaca-do-imediatismo-2/
Ala 3 - https://orbeproducoes.com.br/lendas/lendas.php?c=12&p=1
Ala 5 - http://marisaono.com/delicia/2011/01/01/primeiro-dia-de-2011/
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Alegoria 2 - https://www.amambainoticias.com.br/brasil/20-de-setembro-dia-do-gaucho
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Tripé 1 - http://ninja-brasil.blogspot.com/2018/04/especial-de-domingo_29.html
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Autor

Erick Araújo
26 anos
Estudante de Direito
Apreciador do mundo carnavalesco
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