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domingo, 23 de agosto de 2015

Enredo HC4 - Contos da Raça

Contos da Raça

 
Fábio Silva e Arthur Macedo
INTRODUÇÃO:

Orixás, mitologia pura que veio do ventre da Mãe África. Passou pelo boca a boca dos navios negreiros. Contos e lendas perdidos, mas muitos não mortificaram. Tão qual é fascinante o paraíso mitológico, este enredo quer mostrar como grande é a cultura popular que hoje é afro, é brasileira. Do terreiro para o samba os Contos da Raça, os Contos da Raça Negra!


SINOPSE:


LENDA DO ORIXÁ IEMANJÁ – Mama África, assim surge o Rio Mar.


Iemanjá é a deusa do mar, foi casada pela primeira vez com o senhor das adivinhações de nome Orumilá. Em seu segundo casamento Iemanjá casou-se com o Rei de Ifé, Odudúa. Desse segundo matrimônio surgiram dez filhos que tornaram-se orixás. De tanto amamentá-los, os seios da deusa do Mar ficaram enormes. Ela havia prevenido seu marido que jamais toleraria que ele a ridicularizava devido a seus seios. Mas certa noite o Rei de Ifé embriagou-se com o vinho de Palma e quando não mais conseguia controlar suas palavras fez comentários maldosos sobre a fartura de seios da deusa Iemanjá. Furiosa Iemanjá partiu rumo a oeste, o “escurecer da terra”. Assim Iemanjá foi instalar-se a oeste de Abeokutá. Odudúa lançou seu exército a procura de Iemanjá, ela cercada ao invés de deixar-se levar pelo exército e ser conduzida de volta a Ifé, quebrou uma garrafa que havia sido dada por Olokun, e que havia dito para a deusa que  a leva-se, pois “jamais sabe-se o dia de amanhã”. Um rio criou-se na mesma hora que foi quebrado tal objeto levando-a até Okun (o mar), lugar de residência de Olokun, e Iemanjá por lá ficou e eternizou-se.


LENDA DO ORIXÁ EXÚ – Pimenta no bode para água jorrar


Aluman estava desesperado devido a grande seca que assolava suas terras. Campos secos, a chuva não caia, rãs debulhavam-se em lágrimas de sede, rios eram cobertos de folhas secas caídas das árvores. Aluman invocou e clamou pela ajuda dos Orixás, mas não foi ouvido por estes.
Então ofereceu Aluman ao orixá Exu grandes pedaços de carne de bode. Exu faminto devorou tudo, mas não sabia ele que a receita havia recebido ingrediente especial, um molho muito apimentado. Devido a tal molho apimentado o orixá teve sede. A sede foi tão grande que a água da casa e dos vizinhos de Exu não foi suficiente para saciá-lo.
Exu então resolveu abrir a torneira da chuva para matar sua necessidade.
Então a chuva caiu sem parar, dia e noite, fazendo com que as terras de Aluman ficassem completamente verdes, as rãs coaxavam e a água seguia o curso natural do Rio. Os vizinhos saudaram Aluman, que agradecido ofereceu a Exu carne de bode, mas dessa vez com o tempero de pimenta na exata medida.

LENDA DO ORIXÁ OXUM – E de Oxum fez-se uma linda pomba


Oxum é a deusa da beleza e da fecundidade. Certa vez queria aprender os poderes da adivinhação com Exu, e este propôs um trato a bela Orixá. Ele aceitaria ensinar tal dom desde que Oxum passa-se sete anos lavando, arrumando e cozinhando para ele. A proposta foi aceita. Durante sete anos ia ela cuidando de Exu e aprendendo a arte da adivinhação. Mas neste tempo uma grande afinidade surgiu entre ambos e, ela resolveu permanecer na companhia do adivinho.
Certo dia Xangô passava pela propriedade de Exu e avistou a deusa, que com sua enorme beleza acabou por encantar Xangô. O deus da justiça estava simplesmente apaixonado por Oxum e a convidou para morar em seu lindo castelo na cidade de Oyó. Ela recusou o convite, pois não queria perder a companhia de Exu.  Xangô não aceitou tal recusa e seqüestrou a deusa da beleza, aprisionando-a na masmorra do castelo.
Sentindo falta de Oxum o deus da adivinhação saiu a sua procura pelos quatro cantos desse mundo. Quando chegou nas terras de Xangô, escutou um canto triste e melancólico que vinha da mais alta torre do castelo de Oyó. Matreiro Exu pediu ajuda a Orumilá, este cedeu uma porção que faria Oxum voltar a liberdade. Usando sua magia Exu fez a porção chegar até a deusa. Ela tomou toda a porção em um só gole e transformou-se em uma linda pomba dourada, podendo assim voltar a liberdade e as terras de Exu.

LENDA DO ORIXÁ OSSAIM – O Poder que cura


Ossaim é filho de Nanã, é possuidor do poder da cura através das folhas. Com sua magia Ossaim cura todos os males que existem. Todos os orixás recorriam a ele quando sofriam de algum mal. Todos eram dependentes de Ossaim na luta contra as doenças, ofereciam a ele seus sacrifícios e recebiam em troca preparosmágicos como banhos, chás, infusões, pomadas, abo e beberagens.
Mas um dia Xangô, deus da justiça, sentenciou que Ossaim deveria dividir seus segredos sobre as folhas e o poder da cura com todos os outros orixás. Ossaimprontamente negou-se a dividir suas folhas com os demais.O deus da justiça então pediu a Iansã que soltasse um vento que trouxesse todas as folhas ao castelo de Xangô. Ela prontamente atendeu e lançou um furacão sobre as matas de Ossaim, derrubando as folhas e lançando-as no ar em direção ao castelo. Vendo o que estava ocorrendo, o deus da cura gritou:  "Euê Uassá!". "As folhas funcionam!".
Ossaim ordenou que as folhas retornassem para suas matas e ele prontamente foi atendido. Quase todas as folhas retornaram, as que ficaram em poder de Xangô perderam o seu Axé. O orixá rei admitiu a vitória de Ossaim, mas o deus da cura resolveu ceder uma folha para cada orixá, cedeu as folhas com seus efós (cantiga de encantamento), para que não mais fosse invejado. Assim os orixás poderiam realizar proezas com as folhas, porém, os segredos profundos foram guardados por Ossaim.

LENDA DO ORIXÁ NANÃ – O jardim secreto de Nanã


Nanã era considerada uma grande justiceira. Qualquer problema ocorrido em seu reino, os habitantes iam até ela para resolvê-los, e a tinham como a juíza das causas. Mas Nanã era vista como aquela que sempre castigava mais os homens e perdoava as mulheres.
Nanã possuía um jardim em seu palácio, que tinha um quarto com eguns comandados por ela. Se alguma mulher reclamava do marido, Nanã mandava-o prender chamando os eguns para assustá-lo e libertando-o em seguida.
Oxalufã sabedor de tal atitude resolveu visitar a justiceira. Chegando faminto ao palácio ele pediu para Nanã preparar um suco com igbins e matreiro fez com que a mesma tomasse o suco, acalmando-a, e a cada dia que passava ela gostava mais do rei. Pouco a pouco ela foi cedendo aos pedidos do velho, até que um dia o levou ao jardim secreto mostrando como ela comandava os eguns. Oxalufã certo dia vestiu-se de mulher e foi ao jardim controlando os eguns, como fazia Nanã, e ordenou-lhes que a partir daquele momento apenas obedecessem ao homem que morava na casa da rainha. Sabendo do ocorrido, Nanã ficou furiosa e rogou uma praga para Oxalufã, a partir daquele momento ele nunca mais vestiria vestes masculinas.

LENDA DO ORIXÁ XANGÔ – O roubo do cavalo branco de Xangô


Xangô era filho de Obatalá, era um jovem rebelde e vez por outra saia pelo mundo pondo fogo pela boca, queimando cidades e fazendo arruaça.
Obatalá era informando de seus atos, sempre recebia reclamações e alegava que seu filho era desta forma por não ter sido criado junto dele, mas que um dia ia dominá-lo.
Certo dia, Xangô estava na casa de Obá e deixou seu cavalo branco amarrado junto à porta da casa. Obatalá e Odúdua passaram pela casa e avistaram o animal de Xangô levando-o consigo. Ao sair Xangô percebeu o roubo e enfurecido saiu perguntando, para quem aparecia na frente, onde estava o animal. Ao saber que o cavalo fora carregado por dois velhos, à fúria de Xangô aumentou, e avistando os dois velhos Xangô partiu para agredi-los. Percebendo que eram Obatalá eOdúdua, ele recuou e Obatalá levantou seu opaxorô (cajado) e ordenou: "Sangò kunlé, foribalé". Xangô caiu ajoelhado sobre os pés de Obatalá em sinal de total submissão, seu colar de contas vermelhas, fora arrebentado por Obatalá que misturou contas brancas dizendo-lhe: "Isto é para que toda a terra saiba que você é meu filho". Deste dia em diante Xangô ficou submisso ao velho rei.

DESENVOLVIMENTO:

         Nosso enredo tem como proposta viajar pelos contos da raça negra. Com base nesse pensamento, iremos fazer um desfile didático, desbravando cada conto, viajando em cada lenda, colhendo a força de cada orixá. Não seremos cronológicos, mas seremos lógicos na essência, obedecendo às vontades dos orixás, que assim quiseram que essa história fosse contada. E assim contaremos!



Setor 1:
LENDA DO ORIXÁ IEMANJÁ – Mama África, assim surge o Rio Mar.

         Setor de abertura do nosso desfile. Abriremos com um pedido de permissão, aos orixás, para contar seus contos, suas estórias. Traremos o conto de Iemanjá. A Rainha do Mar “visitará” três outros orixás, que fizeram parte de sua vida: Orumilá, Odudúa e Olokun. As adivinhações de Orumilá, o exército de Odudúa, a garrafa misteriosa e a viagem até Okum. Cada momento será retratado com a mais perfeita naturalidade, até ir para o mar da eternidade.



Setor 2:
LENDA DO ORIXÁ EXÚ – Pimenta no bode para água jorrar

         Em nosso segundo setor, traremos mais água. Veremos Aluman lutar contra a morte, assistir a seca tomar conta do lugar, os rios secarem, os animais se debaterem. Também iremos observar a oferenda a Exu, que por necessidade, fez chover muito e salvar a vida e as terras de Aluman. No ultimo momento, a oferenda do agradecimento.



Setor 3:
LENDA DO ORIXÁ OXUM – E de Oxum fez-se uma linda pomba

         Chega o terceiro setor. E nele, veremos toda a beleza de Oxum, que encantou Exu e Xangô. O encantamento de Exu e a sua proposta, o passar do tempo e a aproximação. A chegada de Xangô, o seqüestro para Oyó e a porção sagrada de Orumilá que fará de Oxum uma bela Pomba. Esse é o nosso terceiro setor.



Setor 4:
LENDA DO ORIXÁ OSSAIM – O Poder que cura

         Quarto setor, quarto conto. É o poder das folhas de Ossaim, o orixá da cura. Mostraremos toda a batalha com Xangô, que quis fazer justiça e oferecer a cura para todos os orixás. Foi vencedor e depois vencido. Traremos, por fim, a beleza de um gesto de Ossaim, filho de Nanã. A cura para todos, pelo bem da raça!


Setor 5:
LENDA DO ORIXÁ NANÃ – O jardim secreto de Nanã

         Chegamos ao quinto setor, onde traremos o conto do jardim secreto de Nanã. Um conto engraçado e místico. Nanã, possuidora de uma grande força de justiça e de um jardim secreto e sagrado, usa os eguns para promover a vitória do que ela acha ser o mais justo. A esperteza de Oxalufã faz com que Nanã caia nos seus braços, e aos poucos vai conhecendo todo o segredo do jardim. Mostraremos, no final, a maldição de Nanã para Oxalufã.


Setor 6:
LENDA DO ORIXÁ XANGÔ – O roubo do cavalo branco de Xangô

         Último setor. Traremos o último conto, o de Xangô, que era filho de Obatalá, mas não tinha sido criado junto ao pai. Xangô tinha personalidade forte, arruaceiro às vezes. Como forma de repudio aos atos do filho, Obatalá, com ajuda de Odudúa, rouba o cavalo de Xangô, que consegue descobrir e pratica um ato de maldade contra o pai. Com os poderes, Obatalá promove uma lição ao filho. E é essa a lição do nosso enredo. Lição de respeito, de justiça, de fé, de paz. Temos que ter coerência nos atos, pensar antes de fazer. Ter respeito aos superiores, oferecer a nossa vida por eles. Nosso conto termina com contos brancos de Obatalá!






Bibliografia: www.paisilvio.hpg.ig.com.br







ORGANOGRAMA DE DESFILE:

SETOR 1:

Comissão de Frente: Permissão ao Panteão

Carro 01 - Abre Alas: Abrem-se os Trabalhos – A Festa dos Orixás

Ala 01: Oxalá – O criador
Ala 02 (Ala das Baianas): A Beleza de Iemanjá
Ala 03: Adivinhações de Orumilá
Ala 04: O Exército de Odudúa
Ala 05: O Rio e o Mar, Eterno Lar

Carro 02: Iemanjá – O Poder Encantado da Rainha do Mar

SETOR 2:

Ala 06: A Seca de Aluman
Ala 07: A Luta dos Animais pela Vida
Ala 08: Oferendas Apimentadas
Ala 09: A Chuva de Exu
Ala 10: Salvação do Povo, Oferenda de Novo

Carro 03: O Bode de Exu – Salvador do Povo de Aluman

SETOR 3:

Ala 11: Encantamentos de Oxum
Ala 12: A Sabedoria das Adivinhações de Exu
Ala 13: Xangô e as Terras de Oyó

2º Casal de MS & PB: Oxum e Xangô

Ala 14: A Porção de Orumilá
Ala 15: Livre para Voar – A Beleza em Cor de Poder

Carro 04: Oxum – A Pomba Dourada da Liberdade

SETOR 4:

Ala 16: As Folhas de Ossaim

1º Casal de MS & PB: A Cura e A Justiça – O Poder dos Orixás

Ala 17 (Bateria): A Justiça de Xangô
Ala 18 (Passistas): Furacão de Xangô
Ala 19: O Retorno de Ossaim
Ala 20: Cura Para Todos os Orixás

Carro 05: Ossaim – O Curandeiro da Mãe-África

SETOR 5:

Ala 21: Belezas do Jardim Secreto
Ala 22: Justiça dos Eguns

3º Casal de MS & PB: A Sabedoria e A Justiça

Ala 23: A Sabedoria de Oxalufã
Ala 24: A Praga de Nanã e a Maldição de Oxalufã


Carro 06: Nanã – A Justiceira nos Jardins Secretos

SETOR 6:

Ala 25: A Força Destruidora de Xangô
Ala 26 (Crianças): Cavalinhos Brancos
Ala 27: A Sabedoria Eterna de Obatalá
Ala 28: Xangô e a Paz


Carro 07: Xangô – Das Tormentas à Paz de Obatalá

Ala 29 (Compositores): A Nova Era
Ala 30 (Velha Guarda): Respeito à Sabedoria!





Fábio Silva e Arthur Macedo

Observação: As ilustrações originais do enredo foram perdidas. Essa foi uma nova ilustração realizada pela organização procurando valorizar o enredo.

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