Atenção carnavalescos e presidentes de escolas de samba!

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segunda-feira, 26 de abril de 2021

JUSTIFICATIVAS – J4 - Humberto Mansur

JUSTIFICATIVAS – Humberto Mansur

 

CLOROQUINA

Título: 10

Não há problemas com o título, dada a proposta obviamente cômica do enredo.

Introdução: 9,5

Ver Exploração.

Apresentação: 9,1

O excesso de imagens, todas em péssima qualidade, compromete massivamente a apresentação do enredo. A maioria dos textos está muito desalinhada, sem coesão ou razão pelas escolhas de formatações, o que torna o resultado uma completa bagunça.

Argumento: 7,5

Ver Exploração.

Desenvolvimento: 7,5

Ver Exploração.

Exploração: 5,0

Esse é um enredo difícil de julgar pelo motivo de não ter intenção de ser sério. Quando você trabalha nessas esferas, os critérios normais de julgamento devem ser “jogados de lado” por um tempo, o que pode causar alguma revolta na hora das notas. Eu gosto da brincadeira feita, criticando os pontos ruins do Governo Bolsonaro. Mas ela não parece um enredo de escola de samba. Por mais que haja uma armação de alas e uma sinopse, o trabalho todo parece mais um texto de WhatsApp do que um enredo virtual. As brincadeiras são divertidas, mas são escrachadas em excesso a ponto de não terem graça. Não sei quais critérios seriam adequados para julgar esse enredo, então optei por julgar ele como um todo nos quesitos pertinentes, primeiro selecionando qual porcentagem do enredo seria considerável como um enredo propriamente dito e escalando essa porcentagem para as notas. Optei por 50%, portanto, todas as notas exceto a de Título e Apresentação são 50% da nota possível para o quesito.

O PROFETA

Título: 10

Simples, mas efetivo. É uma escolha segura.

Introdução: 9,3

Eu estava lendo e achando alguma coisa estranha. Li, reli, reli e reli até que eu percebi qual é o problema: é a mesma história do desfile da Grande Rio de 2001, mas com uma pegada mais religiosa. Tive que dar uma penalização alta.

Apresentação: 9,6

O uso excessivo de negrito causa problemas em alguns casos, então poderia ser evitado. Mas é um problema pequeno. O que realmente pesa contra é o uso excessivo de imagens, uma em cada ala, muitas delas em má qualidade, algumas das quais não têm nenhum propósito e/ou não fazem nada para ilustrar alas. Acredito que você deva dosar esses recursos em seus próximos enredos.

Argumento: 5,0

Não posso avaliar esse argumento com justiça quando ele é copiado da sinopse da Unidos de Padre Miguel de 2015.

Desenvolvimento: 8,3

Eu gosto de ver que seus enredos evoluíram no sentido de apresentarem narrativas minimamente coesas. Dito isso, graças à ausência de um argumento relacionado à sua narrativa, à história que você quer contar, é difícil acompanhar a história do enredo. As alas oferecem algum esclarecimento através das descrições, mas a narrativa geral fica incompleta. Não entende-se porque tal coisa aconteceu ou qual mensagem foi passada. Existe uma história aí, mas ela não é visível.

Exploração: 7,5

Essa nota foi baseada no que eu consegui compreender do enredo.

Eu não sei ver o mundo através dos seus olhos, Leo. Mas eu percebo que você demonstra vontade de melhorar e se esforça além do que suas capacidades normalmente aparentariam para continuar fazendo um bom trabalho. Então, eu vou sugerir alguns pontos onde você pode melhorar:

Trabalhe mais a sua escrita. A capacidade de escrever textos originais e coesos é muito importante para suceder no carnaval.

Tente descrever as suas alas ao invés de ilustrá-las com imagens da internet. Imagens prontas colocam um limite no quão criativo você pode ser.

Deixe claro qual é o tipo de narrativa que seu enredo passa: se é uma história real, fictícia, inspirada em uma obra, etc. Use a introdução para explicar esses detalhes, deixando a história do enredo pro argumento.

Boa sorte e saiba que estamos do seu lado pra tudo.

SAMBALANÇO

Título: 10

Acredito que o título deveria aparecer mais destacado no enredo, fora de uma imagem, mas isso não é penalizável. O título cumpre seu propósito.

Introdução: 10

Me incomoda um pouco o fato da introdução explicar mais sobre o enredo do que o argumento, mas os dois se complementam bem o suficiente.

Apresentação: 9,9

O modelo do Livro Abre-Alas para as alegorias não é adequado para um Concurso de Enredos. O espaço que isso cria entre as alegorias e o resto do enredo faz parecer que há partes apagadas do desfile, e até causar confusões em casos extremos.

Argumento: 10

Como eu falei na Introdução, talvez parte do texto dela devesse estar no Argumento, mas como ambos cumpriram sua proposta, a nota é dez.

Desenvolvimento: 10

Pelo nível da obra apresentado, ao menos no limiar do que é julgado no CBE, penalizar alguma coisa aqui seria procurar pelo em ovo.

Exploração: 10

Não sei se é a primeira vez de vocês aqui, mas espero que não seja a última. O enredo é muito bem-feito, bem escrito, traz uma temática interessante e está praticamente pronto para uma avenida real. Meus mais sinceros parabéns.

CANTO DAS LAVADEIRAS

Título: 9,9

O título parece bom. Porém, apesar do enredo se vender como passando pelas histórias das lavadeiras da região do Jequitinhonha (é isso?), ele fala muito mais sobre a história da própria região do que sobre as lavadeiras. Por isso, -0,1.

Introdução: 10

Não tenho motivos para descontar algo aqui.

Apresentação: 10

Impecável.

Argumento: 10

Eu cheguei a considerar um 9,9 porque me incomoda o fato dos últimos setores terem descrições razoavelmente menores do que os primeiros. Mas, no fim das contas, não acho que isso seja uma falha grande o bastante pro seu enredo ter a mesma nota de Umbu nesse quesito.

Desenvolvimento: 10

Alas bem-descritas com funções explícitas no enredo e um bom encadeamento tornam o enredo altamente visível na mente do leitor. Parabéns.

Exploração: 9,7

Essa nota talvez seja surpreendente, dados os dez que esse enredo recebeu em quase todo o resto. Mas esse desfile tem uma fraqueza incômoda, que eu vou explicar com o meu próprio trabalho.

Para a Edição Especial Milton Cunha do Carnaval Virtual LIESV, eu apresentei um enredo chamado “Uma cidade que você precisa conhecer”. Esse enredo é um enredo satírico que critica como muitos enredos CEP sobre cidades brasileiras seguem uma fórmula altamente genérica: começa-se falando dos índios que moravam na terra, depois chega o invasor europeu em busca de riquezas, os negros escravizados, o progresso, a mistura de culturas, os festivais... algo te parece familiar? O seu enredo segue essa fórmula quase perfeitamente! Por mais que a presença das lendas indígenas se estenda e torne o enredo mais interessante, a base dele é repleta de lugares comuns que já foram vistos milhares de vezes no Carnaval. Era preciso criar alguma coisa pra que ele se destacasse e não soasse como um enredo genérico, e você falhou nesse aspecto. Sem dúvida, o grande defeito desse enredo. Se a abordagem fosse menos genérica, seria digno de nota 10.

Além disso, também há a questão das Lavadeiras. O enredo se propõe a mostrar a história da região “sob os olhos das Lavadeiras”... mas cadê elas no enredo? Aparecem na comissão de frente e depois disso só aparecem pra valer lá na ala 23. Até lá, elas são mero detalhe. Uma possível solução pra isso seria utilizar as canções das próprias Lavadeiras pra embasar o enredo*. Não parece que elas têm uma presença significativa no enredo, que poderia ser tranquilamente alterado para “é sobre Jequitinhonha” e nada mudaria.

Mas, apesar de tudo isso, ainda é um excelente enredo. Faltou um pouco de apuro técnico, mas tem qualidade aí.

Nota: É possível que você tenha, de fato, usado as canções das Lavadeiras para embasar as alas. Mas se o fez, faltou explicitar no decorrer do enredo – tenha em mente que o jurado não é obrigado a conhecer e/ou pesquisar tudo sobre o enredo.

FOLIAS DE JUCU

Título: 10

Ok.

Introdução: 9,3

A introdução me parece copiada de algum lugar, assim como no caso anterior.

Apresentação: 9,6

Mesma nota de O Profeta pelos mesmos erros.

Argumento: 5

Mesmo problema do anterior, exceto que dessa vez foi Lins Imperial 1976.

Desenvolvimento: 8,3

Eu acabei repetindo a nota de O Profeta, mas a verdade é que eu não sei o que avaliar aqui. O desenvolvimento desse enredo é embasado em uma sinopse que não é sua e desenrolado de uma forma que eu não tenho como avaliar o quão verdadeiro ou bem-proposto ele é. Embora a história pareça mais sólida que a de O Profeta, a leitura dos setores é desconexa de tal maneira que eu, em certo momento, achei que você tinha copiado e colado setores de desfiles diferentes para juntar em um único desfile.

Exploração: 6,9

Seus enredos são difíceis de serem julgados, Leo. Um problema muito grande que eu vejo é que, apesar de serem histórias diferentes com temáticas diferentes, todos parecem ser iguais, por terem exatamente os mesmos tipos de problemas, sejam técnicos, sejam conceituais, sei lá. No caso do Profeta, eu até dei uma nota maior porque eu consegui ver mais da sua presença no enredo. Esse aqui não é o mesmo caso. Sem dúvida, o mais confuso dos três enredos que você apresentou no concurso.

UMBU SE TÃO

Título: 10

Eu considerei descontar porque o uso dos apóstrofos como aspas me confundiu sobre o título. Mas depois de analisar de novo, achei que eu seria muito carrasco se eu fizesse isso.

Introdução: 10

Minha única ressalva: cuidado ao associar a buceta ao sexo feminino. Hoje em dia, a associação excessiva da vagina com o sexo feminino pode ser considerada uma maneira de excluir as mulheres trans. De resto, não tenho reclamações.

Apresentação: 9,7

COMIC SANS AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

Mesmo quando você é a Rainha Tartalla, o uso da Comic Sans é completamente inadequado. Copio e colo aqui uma parte de uma justificativa não-divulgada minha para outro Concurso:

“O seu enredo acabou contribuindo para um movimento que há muito tempo tira o sono da galera que trabalha com design gráfico e web design: o uso inadequado da Comic Sans. Sim, é uma fonte bonitinha e legal, já que ela não é como a maioria das opções de fontes que o Windows e os programas de escrita em geral te apresentam, mas ela é uma fonte que, como o próprio nome diz, é indicada para algo que relacione-se ao cômico. Você pode ler mais sobre o assunto aqui e aqui (o segundo link está em inglês).”

Embora seu enredo seja, de fato, cômico, ele não é condizente com o tipo de formatação que a Comic Sans oferece. Tinham opções melhores e mais... sensuais pra combinar com o enredo.

O resto da penalização é pela qualidade baixa das imagens apresentadas. São engraçadas, mas a baixa resolução polui o enredo.

Argumento: 9,9

Eu fiquei razoavelmente indeciso sobre se eu deveria penalizar a sinopse por algum motivo – apesar de eu ter vários poréns com ela, não dá pra negar que ela cumpre o proposto. No fim das contas, eu decidi descontar -0,1 pela maneira que você descreveu a história de Adão e Eva. Ou você refere-se sutilmente a uma história conhecida ou você conta ela toda – esse “meio-termo” que você botou não ficou legal.

Desenvolvimento: 8

Aqui, faltou a Tartalla ser Tartalla. Seu estilo é claro – enredos curtos e com muito bom-humor e deboche. Mas as alas são descritas de tal maneira que elas são quase impossíveis de visualizar. Havia muito espaço pra você colocar mais e mais do seu estilo e fazer esse enredo ser ainda melhor, mas o que se vê são vazios enormes, que passam uma sensação de que o enredo está incompleto (o que não é ajudado pelo erro de enumeração na Velha Guarda).

Exploração: 8,5

Ironicamente, o maior defeito desse enredo também é a sua maior qualidade - é um enredo da Tartalla. Isso significa uma temática leve, descontraída e deliciosa de se ler. Mas também significa que a exploração do enredo tem um teto de qualidade que não é superável a menos que os planetas se alinhem e você decida “jogar sério” no Concurso. Só que aí, não é Tartalla. Sim, seria lindo ver um enredo completo sobre o tema que você propôs. O potencial é imenso – você só tocou nas histórias bíblicas e em algumas celebridades, mas tem coisas como Scheherazade, Bill Clinton e etc. que poderiam aumentar esse enredo. Dava até pra encaixar uma parte falando sobre “como pode o pau do umbu ser tão gostoso” pra contornar o problema da possível leitura transfóbica que eu mencionei. Mas mesmo assim, ainda achei divertidíssimo e espero ansiosamente o dia em que vou descobrir como pode o umbu se tão gostoso.

HISTÓRIA DAS PENAS

Título: 10

Qualquer crítica que eu tenha aqui é exagerada ou questão de “poderia ser assim”. Não há erros.

Introdução: 10

Acredito que a escrita poderia estar mais polida, mas o texto está compreensível o suficiente e cumpre seu papel.

Apresentação: 9,9

Eu tenho pequenos incômodos com a falta de centralização das imagens e com a falta de uma formatação nas alas que ajude a separar o ala a ala. Mas o real problema é que, da metade pra baixo do enredo, ele começa a degringolar no uso das imagens, colocando elas em alas aleatórias e poluindo o desfile. Dica: mantenha padrões – uma imagem no começo de cada setor pra ilustrá-lo é uma boa ideia.

Argumento: 9,9

Embora a sinopse narre bem a intenção do enredo, sou forçado a descontar um décimo por causa da descrição curtíssima do setor do carnaval. O fato de ele ter menos da metade do comprimento dos outros dá a impressão que faltou criatividade ali.

Desenvolvimento: 9,1

Aqui, houveram muitos erros que infelizmente custaram caro ao enredo. Embora o desfile esteja bem-organizado na questão de alas e setores, as descrições individuais das alas são, no mínimo, irregulares, e no máximo, extremamente confusas. Alguns exemplos:

“Como estará a nossa Comissão de Frente: Os 15 componentes estarão vestidos com um tipo de borracha e escondido na roupa estarão diversas estruturas epidérmicas que aparecerão durante a sua coreografia.”

Que estruturas seriam essas? Eu sou de exatas, não consigo deduzir como seria essa fantasia.

“Como estará o nosso casal: Nosso casal estará com uma roupa multicolorida com diversos tipos de penas e cores.”

Ok, então vamos fazer um joguinho. Eu pensei num número. Tente adivinhar qual é ele. Uma dica: é um número que é escrito com algarismos arábicos.

(ou seja, essa descrição foi tão vaga que poderia se encaixar em 99% das fantasias de MSPB)

“Como estará a ala: Nossa ala utilizará duas camadas de tecido, uma aparente sem penas representando os dinossauros e outra com penas escondida representado as aves. Em certo momento da coreografia os dinossauros se transformarão em aves na avenida de desfile.”

Tenho dificuldades em imaginar como seria feita essa fantasia. Além disso, se a ala é coreografada, é bom sinalizar (e dar uma ideia mais geral de como seria a coreografia).

“Carro irá compor uma tribo indígena com diversas ocas, representado toda a variedade e beleza da arte plumária indígena.”

Primeiramente – nas alas anteriores, simplesmente não há descrição do que a fantasia representa, o que é um erro grosseiro e dificulta a compreensão do enredo como algo além de alas aleatórias (felizmente, a sinopse embasa bem essa parte para que ela não comprometa o enredo em excesso). Segundo: um carro com uma tribo indígena com diversas ocas? Esse carro alegórico poderia aparecer em uns 500 outros enredos. Não tem nada sobre penas descrito nesse carro. É importante que você faça fantasias e alegorias que sejam para ESSE enredo, e não para qualquer enredo com uma mínima sobreposição de temáticas.

“Ala 16 - O possível sofrimento das animais - Pena sem pena

Componentes vestidos com várias aves que sofrem sem suas penas. A fantasia não terá quase penas, predominara borracha para simbolizar a pele das pobres aves.”

Isso aqui me incomoda profundamente. Então, nessa ala há uma preocupação em demonstrar que os animais sofrem com a extração de penas, mas nas 15 alas anteriores, não tinha problema nenhum em usar penas de animais? Eu vejo isso como uma falta de coerência imensa – TODAS as penas do desfile deviam ser, explicitamente, sintéticas, sem nenhuma exceção, mesmo por motivos históricos. Existem jeitos melhores de representar o uso das penas do que simplesmente usar o mesmo tipo de pena.

Exploração: 9,6

A temática desse enredo me agrada muito. É fácil de relacionar com o carnaval, não vista com frequência e tem bastante conteúdo em várias esferas. O grande erro foi na execução final. Mas é algo que dá pra consertar com o tempo. Bom trabalho.

FESTA DA PENHA

Título: 10

Ok.

Introdução: 9,2

Mesma história dos outros dois enredos, exceto que com um décimo a mais de desconto porque ela parece recortada (o começo dela refere-se a um tema que deveria ter sido apresentado antes).

Apresentação: 9,6

Continuar falando nessas justificativas seria chover no molhado.

Argumento: 5

Viradouro 2004. Come on, Léo, não vamos tornar minha avaliação um jogo de “adivinhe de qual enredo essa sinopse foi plagiada”.

Desenvolvimento: 8,6

A boa notícia é que eu consigo ver muito mais da história e do seu “dedo” do que nos outros dois enredos. A má notícia é que todos os outros problemas permanecem.

Exploração: 7,7

Acho que essa terceira justificativa vai servir mais como uma outra sugestão: pare de tentar enviar três enredos apressados por concurso. Escolha um enredo só e foque-se nele. Use suas palavras, sua mente e sua voz pra se expressar. O resto vai vir naturalmente. É o melhorzinho dos seus enredos, mas ainda tem muito chão pela frente.

BRASIL CAFÉ

Título: 10

É um título bom.

Introdução: 9,9

Eu quase dei o dez aqui. Mas eu reli ela várias vezes e continuei achando ela muito prolixa. “Vó Iaiá” aparece quatro vezes, “memórias” aparece duas vezes em frases consecutivas, “Negro Rei” idem, “história(s)” aparece várias vezes em múltiplas frases... precisava de tudo isso?

Apresentação: 9,9

A parte inicial do enredo não tem formatação de enredo. Ela dá a impressão de que o “corpo” do enredo é simplesmente o Livro Abre-Alas da LIESV com as páginas referentes à LIESV cortadas.

O outro problema é o posicionamento das imagens das alegorias no começo dos setores quando as mesmas aparecem no fim. Isso força o leitor a botar o scroll pra trabalhar desnecessariamente. Não é problema você colocar imagens da alegoria perto da sua descrição pra ilustrá-la – contanto que isso não crie um problema de consistência.

Argumento: 10

Impecável.

Desenvolvimento: 9,9

Lembra do que eu disse sobre o Livro Abre-Alas ali em cima? Então, aqui ele volta a pesar. Porque as descrições das fantasias claramente foram feitas para um ambiente onde você tem a imagem dela do lado para orientar. Porém, o CBE não funciona desse jeito. O resultado é que as descrições das fantasias variam muito no quão bem elas ficam visíveis na mente do leitor – algumas perfeitamente, algumas com detalhes faltando e algumas que simplesmente causam confusão.

Exploração: 10

Ter visto aqui um enredo que eu já vi na JJ30 é uma experiência... curiosa, para dizer o mínimo. Como enredo puro, ele tem pequenas falhas. Como desfile de carnaval virtual, por outro lado, ele me surpreendeu positivamente, especialmente comparado ao que a Leões havia apresentado no ano anterior. Meus cumprimentos à agremiação e meu sincero desejo de sorte para 2021... agora que competiremos no mesmo grupo novamente.

URIHI

Título: 10

Simples e satisfatório.

Introdução: 9,9

A função da introdução de um enredo é ser a primeira impressão pro leitor. Ajudar a resumir pontos focais, dar uma base a quem lê e, principalmente, chamar atenção. É nesse último ponto que tem uma pequena falha. A falta de polimento no começo do texto combinada ao excesso de descrição de setores (algo que se encaixa melhor no corpo do enredo) faz com que ele pareça mais um spoiler do que virá do que um começo propriamente dito pro enredo.

Apresentação: 9,8

Normalmente, eu criticaria o uso da fonte Papyrus, que tem um problema similar ao da Comic Sans (ver justificativa de Umbu), mas um enredo indígena é exatamente o tipo de lugar onde esse tipo de fonte pode ser usado. O que não dá pra deixar passar é a irregularidade com a qual o enredo é formatado – algumas alas têm títulos completamente minúsculos, outras possuem maiúsculas, tem imagens em posições aleatórias, tem um espaço em branco enorme depois da ala 14 (desfile virtual com buraco é novidade pra mim)... muito estranho.

Argumento: 9,9

Novamente, meu maior problema aqui é com a falta de esmero. Nos outros enredos que eu vi aqui, os erros na escrita ou eram pouco incômodos ou eram propositais (excluindo-se dessa conta os enredos do Leo Vidal). Não é o caso aqui. A impressão que dá é que você realmente não teve cuidado na hora de finalizar o enredo. De resto, a sinopse está OK.

Desenvolvimento: 9,8

Em certas alas, a descrição da fantasia é excepcional e dá pra entender todos os detalhes e motivos. Em outras alas, como as alas 8, 13 e 14, você só descreve as cores, e no caso da ala 15, nem isso. Mais um quesito em que a falta de regularidade e de cuidado pesou.

E outro décimo sai por causa dos setores. Não existe esse treco de “setor zero” ou “setor de abertura” – é o primeiro setor e ponto final. Não é porque ele é mais curto ou tem uma proposta diferente dos demais que ele deixa de ser um setor.

Exploração:

Sabe, enredos indígenas são uma coisa curiosa. Eles seguem fórmulas repetitivas e são visualmente muito similares, com as diferenças partindo da tribo que embasa o enredo, em geral. Mesmo com isso, eles nunca vão deixar de existir. Por quê? Porque um desfile de escola de samba é composto por três fatores principais: festa, expressão e espetáculo. Enredos indígenas são a parte da “expressão”, onde um povo que sofre até hoje com ataques à sua cultura ganha um palco para gritar suas dores. A parte da festa não é muito relevante para o CBE, então pulemos ela. Sobra o espetáculo. É aqui que você precisa ser carnavalesco acima de tudo, mostrar seu talento. Fazer seu enredo indígena não ser “um” enredo indígena, mas ser “O” enredo indígena. É isso que diferencia uma Rosa Magalhães de um Fábio Ricardo, por exemplo. É isso que diferencia um Tupinicópolis de um Kararaô. O seu enredo tem seu melhor momento no penúltimo setor, onde você demonstra o fim do mundo na visão Yanomami, justamente porque essa é a parte que é menos “batida”, a parte em que seu enredo chama mais a atenção e se destaca. Ali, ele não é uma mensagem vazia de “salvem os índios” que já foi repetida ad nauseam no carnaval, e sim uma demonstração de como o mal trazido aos índios é uma coisa caótica. E é isso que falta no resto do seu enredo – algo que torne ele um enredo indígena de destaque. É nessa parte que você precisa trabalhar. Seu enredo é bom, não se engane. Mas faltou o dedo de um carnavalesco de verdade. Descubra como fazer isso e você será um ótimo carnavalesco.

E tenha mais cuidado com a apresentação. Revise melhor a grafia do seu enredo para ele ser mais agradável de ler.

 

 


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