O quesito Desenvolvimento e Carnavalização julgará o desenvolvimento
apresentado, os setores (capítulos que são contados o enredo), as alas e carros
imaginados (neste caso mais os títulos, seu sentido no enredo, um projeto
inicial que o autor apresente capaz de retratar o seu enredo).
Por tanto, o julgador deverá analisar:
- O encadeamento das
ideias contidas no enredo (um enredo possui determinados capítulos, tópicos que
abordará e contará a história). É solicitado para uma maior clareza que o autor
do enredo tenha apresento uma explicação inicial dos setores;
- A armação e o
potencial de leitura do enredo representado em alas e carros baseados no texto
apresentado, ou seja, a ordem precisa estar coerente com a sinopse e permitir
uma representação em alas e carros de trechos da história que está sendo
contada;
- O equilíbrio entre
os setores, salvo raras exceções, como o primeiro setor do desfile, o tamanho
dos setores não pode ser desproporcional, principalmente a distância entre um
carro e outro deve ser mais ou menos semelhante;
- Os elementos
especiais, os significados e criatividade no lidar com alas importantes como C
de Frente, Baianas, Bateria, Mestre Sala e Porta Bandeira, Velha Guarda;
- A carnavalização,
analisar se o enredo é adequado para um desfile de escola de samba.
Informações adicionais importantes sobre
as questões levantadas:
- O objetivo desse
quesito é testar o enredo. Não adianta alguém pegar um lindo texto,
maravilhoso, copiado de um site de internet e colar no Word e achar que é um
enredo. A nossa proposta não é ser um concurso de redação ou de “ideias soltas
de enredo”. Por isso, querendo fugir dessa armadilha, queremos enxergar um
pouco mais, não significa que o desenvolvimento cobrado, se um dia retratado em
um desfile, será exatamente assim. Mas queremos enxergar nesse desenvolvimento
de desfile, um projeto potencial de carnaval. Afinal, esse enredo vai dar samba
ou não?
- É a hora que o
texto se transforma em puro carnaval e a criatividade se faz mais do que nunca
presente.
- Estaremos vendo
quase que um desfile virtual na nossa cabeça, devemos analisar se o enredo está
sendo contado com esse projeto de desenvolvimento, imaginar a leitura das alas
e carros. As alas e carros não podem estar fora de ordem, na sinopse diz que
1940 era a era do Rádio, em 1950 chegou a televisão. Aí chega no
desenvolvimento e coloca: Ala 15: Televisão, Ala 16: Rádio. Isso não pode! A
não ser que isso esteja bem explicado e justificado no texto do enredo.
- O julgador deverá
penalizar a ausência de elementos importantes retratados na Sinopse. Se
determinado setor retrata em alas, por exemplo, as cores da bandeira nacional
(azul, verde, amarelo e branco) e chega no desenvolvimento e coloca: Ala 20 –
Azul, Ala 21 – Verde, ala 22 – Branco. Notarmos que a ala do amarelo não veio e
nem se quer está presente no carro (que poderia salvar essa eventual falha).
Está mais que caracterizado um problema de leitura do enredo.
- A presença de
elementos contraditórios. Olhando para o exemplo anterior das cores da Bandeira
nacional não é aceitável aparecer do nada uma ala representando a cor vermelha.
Recomenda-se que o jurado observe que qualquer coisa aparentemente alienígena deva
estar bem explicada no texto do enredo (ou no desenvolvimento) para não ter penalidade nem no quesito
texto e nem no desenvolvimento (embora recomendamos que jurado evite penalizar
um enredo dupla pela mesma coisa).
- Observando o
projeto do desenvolvimento é inevitável olharmos o equilíbrio do número de alas
dos setores, por exemplo, se um setor tem 3 alas e o setor seguinte tem 12
alas (pode dar impressão que um carro quebrou) e com capítulos
curtos e outros extensos demais isto tenderá a resultar em problemas de
leitura.
- O primeiro setor do
desfile é um setor especial, muitas vezes pode ser composto apenas pela
Comissão de Frente e Abre Alas, alguns enredos unem no primeiro setor carro
Abre Alas e segundo carro. Isso é aceito. O último setor também é especial,
poderá fechar com carro ou depois dele ainda termos uma ala de velha guarda,
ala de compositores, amigos do “fulano” de tal. Por isso, o julgador deve ter
uma tolerância com esses setores especiais.
- A bateria e Mestre
Sala e Porta Bandeira podem ser “flutuantes”, então o julgador não deve
analisar com tanto rigor o seu posicionamento no desfile. Mas deve observar se
ela está encaixada no enredo.
- A comissão de
frente e Abre Alas nem sempre representam o começo do enredo, às vezes podem
ser síntese do enredo, apresentarem a ideia geral do enredo.
- É recomendado que
um setor tenha seu início com ala e termine com carro (salvo o primeiro e
último que são especiais). O carro encobre as alas, então é melhor deixar as
alas do setor correspondente na frente do carro. É muito comum carnavalescos
inexperientes, preocupados com o tamanho dos setores, começar a representar o
setores abrindo sempre com alegoria, como na sequência:
Setor 1: Comissão de
Frente, Abre Alas, 5 alas
Setor 2: Segundo
carro, 5 alas
Setor 3: Terceiro
carro, 5 alas.
Pois veja bem... Se
eu tenho em um enredo, por exemplo, o setor do Egito, depois o setor da China e
em seguida o setor da Índia. Observe que se eu começo sempre com carro, o carro
do Egito que começou o setor ficou sozinho, ele encobriu tudo que vem depois
dele, as alas do Egito que virão após ficarão interagindo com o carro da China!
E as alas da China acabarão ficando interagindo com o carro da Índia! E assim
sucessivamente... Resultando em uma leitura prejudicada.
Já o contrário, se eu
começo o setor com ala, eu tenho as alas do Egito com o carro do Egito que vai
fechar o setor e “colocar a cortina”, as alas do setor da China estarão com o
carro da China. Carros e alas irão interagir, se completar nas suas mensagens, a
leitura do enredo será muito mais eficiente dessa forma. Por isso o indicado é:
Setor 1: Comissão de
Frente, Abre alas
Setor 2: Alas, Carro
2
Setor 3: Alas, carro
3
Ou (não gosto, mas
sei quem faz, dá para aceitar):
Setor 1: Comissão de
Frente, Abre Alas, 5 alas, carro 2
Setor 2: alas, carro
3
Ou ainda:
Setor 1: Comissão de
Frente, ala, Carro Abre Alas, umas alas (as vezes como o carro é duplo, as alas
de trás do carro ficam interagindo com o carro de trás da acoplagem)
Setor 2: Alas, Carro
2
Setor 3: Alas, Carro
3
- “Carro é ponto
final, tripé é reticências”, uma vez vi Milton Cunha dizer isso e achei
perfeito para exemplificar o que eu quero dizer. Ilustra o caso anterior e
também chama a atenção para o tripé, que é um carro menor, é recomendado para
ligar um pedaço de um setor com outro, também em alguns casos como é menor pode
abrir um setor, também pode utilizado para substituir um carro (em caso de
número de alegorias mais limitado ou questões de orçamento), mas deve ser
utilizado para fechar um setor intermediário do desfile, mas nunca um tripé
deve servir para fechar um enredo, até uma virada importante no enredo deve ser
evitada. Recordo que é plenamente aceitável desfile terminar com Velha Guarda
ou Ala de compositores, bateria saindo do recuo, mas tratando-se de alegoria é
melhor um carro ser o último do que um tripé.
- O descrição de
materiais utilizados, cores de fantasias e carros é facultativa, se
apresentadas o julgador terá que analisar a coerência dessa descrição com o
enredo.
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