Título
Um carnaval literal...
Justificativa
Homenagens ao carnaval feitas pelas escolas de samba são bastante comuns e algumas entram para a história, como o enredo desenvolvido por José Felix em 1995 para a Portela, o inesquecível “Gosto que me enrosco”.
A proposta do enredo “Um carnaval literal...” é fazer também uma homenagem ao próprio carnaval, brincando com a literalidade das expressões da festa, dos nomes de blocos, ranchos, cordões, permeando um pouco da história da maior festa popular do país.
O enredo apresentado é pensado para uma escola do Grupo A do Rio de Janeiro.
Sinopse
LITERAL
adjetivo de dois gêneros
1. que reproduz exatamente, palavra por palavra, determinado texto ou trecho de um texto.
2. conforme ao próprio e genuíno significado das palavras, por oposição ao seu sentido figurado; exato, rigoroso.
O carnaval agora é literal. E se vai ser literal, tem que ser literalmente, sem aspas.
A comissão de frente tem que ficar de frente, o abre-alas precisa realmente abrir alas, as baianas precisam ser baianas de verdade, não invenções malucas de carnavalescos criativos. A ala das crianças precisa vir vestida de criança, a bateria tem que bater samba, os passistas precisam de liberdade para apresentar seus passos.
A história do carnaval do Rio de Janeiro é vasta e em diversos momentos um prato cheio (aqui não literalmente) para pesquisadores. Diferenciar ranchos, blocos e cordões, definir a formação das escolas de samba e como elas se dissociaram de outras expressões carnavalescas...
E se é pra ser literal na abordagem, que a “Flor do abacate” seja uma flor de abacate de fato, que a “Bola Preta” seja uma bola preta e que a história do carnaval se sinta lembrada, mesmo que tangencialmente.
As escolas de samba possuem ótimos nomes para representações literais. Uma passista sambando em um tripé de relógio seria uma boa representação para “Em Cima da Hora”. Árvores poderiam representas mangueiras e salgueiros... Mas para homenagear carnaval há sempre de se lembrar daquelas que deram um tempo ou que sumiram de vez. Escolas que nem todo mundo conhece, mas que quem conheceu não esquece tão facilmente.
Vem ver um carnaval meio desajeitado, mas que preza o LITERALMENTE.
Desenvolvimento
É carnaval... Bem literal
O primeiro setor da escola traz os principais elementos das escolas de samba da atualidade, em sua versão mais crua e literal.
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Comissão de Frente
Comissão de Frente
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A comissão de frente da escola é formada por 14 integrantes (parecerão 28 pelo efeito). Todos vestem roupas luxuosas estilo malandro e possuem um grande resplendor com penas, no estilo das fantasias utilizadas no começo dos anos 90. Atrás de cada componente há um boneco igualmente trajado e feito de acordo com a altura, de forma a formar um espelho do próprio componente do outro lado, assim ao apresentar a coreografia para o júri, ela será refletida para o setor em lado oposto. Assim, será garantido que realmente a comissão estará de frente para todos.
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Abre-alas
Abre-alas
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O abre-alas da escola é uma espécie de túnel retangular vazado, com destaques de resplendores bem grandes nas extremidades do fundo. “Dentro” do túnel, há uma ala com fantasia semelhante aquelas utilizadas pela comissão de frente, e uma pequena réplica do próprio abre alas, que se movimenta em linha reta afastando os componentes da ala, abrindo, literalmente, ela.
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Ala 1 (Baianas)
Ala das Baianas
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A ala de baianas traz baianas ricamente vestidas nas cores da escola. Trazem os elementos clássicos da ala, como colares, pano de costas e um tabuleiro na cabeça.
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Ala 2 (Crianças)
Ala das crianças
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As crianças da escola vêm vestidas com macacões curtos e camisa branca por baixo, trazem um chapeuzinho infantil e um costeiro com algumas plumas.
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Primeiro Casal
Mestre-sala e Porta-bandeira
Mestre-sala e Porta-bandeira
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O primeiro casal da escola vem com uma fantasia clássica, com muita aplicação de paetês nas cores da bandeira. O mestre-sala traz uma capa plissada e um bastão na mão. A saia da porta-bandeira possui várias penas na sua base, trazendo ainda mais leveza para o bailado.
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Ala 3 (Bateria)
Bateria
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A bateria da escola vem com fantasia leve, formada por uma calça com a cor da escola e uma boca de sino formada por rendas brancas. Cobrindo o peito há uma ombreira de forma triangular com aplicação geométrica da bandeira da escola. Na cabeça um chapéu com aplicação de plumas.
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Ala 4 (Passistas)
Passistas
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Os passistas da escola também vêm com trajes bastante clássicos. Os homens com calças com boca de sino de rendas e blusas com magas com rendas também, na cabeça um chapéu clássico com penas. As mulheres possuem biquínis bordados e cabeça tirara de plumas. A ala evolui mais aberta, com passistas formando as clássicas pirâmides humanas, e batendo pandeiros.
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Alegoria 2
Alegoria
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A alegoria traz elementos alegóricos bastante comuns em desfiles. As laterais apresentam cabides empilhados lateralmente com destaques em cima, para lembrar as alegorias que eram basicamente um cabide de destaques. No centro, a base possui uma espécie de coroa com destaques que giram em forma de carrossel. O centro da coroa possuiu uma estrutura que remete ao carro do DNA, mas os destaques que ocupam o cone não executam coreografia.
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Setor 2
O segundo setor da escola é uma homenagem a ranchos, blocos, cordões e toda a folia das ruas, antes e depois do surgimento das escolas de samba.
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Ala 5
Sereias
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A ala representa o Rancho das Sereias, apontado por pesquisadores como o primeiro Rancho do Rio de Janeiro, formado na Pedra do Sal. A ala é composta apenas por mulheres, de perucas azuis claras, cauda em espuma volumosa coberta com tecido brilhante, joias e peitos descobertos.
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Ala 6
Flor do Abacate
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A ala representa o Rancho Flor do Abacate, um dos mais vitoriosos dos concursos do Rio. A fantasia da ala é uma espuma em forma de abacate, de cor verde. A cabeça é uma reprodução de uma flor de abacate, na quais os pistilos são substituídos por plumas brancas com as pontas pintadas de preto.
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Ala 7
Estrela
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A ala representa o Cordão Estrela da Aurora, primeira entidade que se denominava cordão registrada no Rio de Janeiro em 1886. A fantasia é também em espuma, em formato de uma grande estrela cintilante com véus alaranjados para trazer a impressão de uma estrela da aurora.
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Ala 8
Bola Preta
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A ala representa o Cordão da Bola preta, fundado em 1918 com o objetivo de reviver as tradições dos antigos cordões, que já estavam em declínio. Apesar do nome, o Cordão hoje funciona como um bloco. A fantasia é também de espuma, em formato de uma gigante bola preta no corpo dos componentes. A cabeça é formada por tecido branco, com bolinhas pretas, presentes nas fantasias de grande parte da corte do Cordão.
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Ala 8
Suvaco do Cristo
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A ala homenageia o bloco Suvaco do Cristo, batizado com base na expressão cunhada por Tom Jobim, na década de oitenta. A fantasia dos componentes é basicamente uma túnica em tons ocres e poucas plumas pretas representando pelos. Diagonalmente eles trazem na cabeça uma reprodução em espuma do Cristo Redentor, transformando assim o próprio corpo em sovaco.
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Alegoria 3
Bafo da Onça
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A alegoria faz referência a um dos mais antigos blocos em atividade no Rio de Janeiro, o Bafo da Onça. A alegoria tem formato de uma imensa cabeça de onça, que desfila de boca aberta. Da sua boca sai efeitos de fumaça colorida, para criar a impressão de bafo. Há destaques apenas nas laterais do carro, fantasias de onça e um destaque central, logo atrás da cabeça com uma imensa fantasia representando o bafo do animal.
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Setor 3
As escolas de samba
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Ala 9
Tupy
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A ala vem fantasiada de índio, em azul e branco, para homenagear a escola Tupy de Brás de Pina, fundada em 1951 e extinta em 2018.
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Ala 10
Boi
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A ala vem com uma fantasia antropozoomórfica, com metade boi e metade homem vestido de vermelho em homenagem a escola Boi da Ilha do Governador, que encontra-se com a bandeira enrolada.
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Ala 11
Gato
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A ala apresenta uma fantasia antropozoomórfica com metade gato e metade homem vestido de azul e branco, para homenagear a escola Gato de Bonsucesso, fundada em 1999 e que realizou 20 desfiles em diversos grupos do carnaval do Rio de Janeiro.
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Ala 12
Corações
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A ala apresenta uma fantasia com aplicações em acetato de corações amarelos unidos, representando a extinta Corações Unidos do Amarelinho, fundada em 1992 e que desfilou pela última vez em 2017.
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Alegoria 4
Canário
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A alegoria é toda vazada e apresenta uma revoada de canários amarelos. No centro, há uma reprodução também vazada em neon da bandeira da Canários das Laranjeiras, com grande destaque para a clave em forma de pássaro. A escola foi fundada em 1949, e que até 1989 saia apenas como bloco de enredo. Desfilou pela última vez em 2012.
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Ala 13 (Velha Guarda)
Velha Guarda
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A Velha Guarda da escola vem com traje de gala, reverenciando a vida dedicada aos desfiles das escolas de samba.
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Bibliografia
Nota: as imagens utilizadas nas composições que ilustram o enredo estão todas disponíveis na internet, servindo apenas como ilustração da temática, sem constituir elemento fundamental para compreensão da proposta.
Autor
Atua na coordenação e execução de projetos culturais. Acompanha o carnaval desde 1993, e esteve pela primeira vez na Sapucaí em 2001. betolimberger@gmail.com
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