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Arlequina
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Apresentação
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Aviso: este enredo é uma ‘alegoria’, baseada em acontecimentos reais. Garanto que, ao compreendê-la minimamente (e se tiver disposto a isso, a disposição é muito importante), sentirá um orgasmo maior do que os obtidos via punhetas diárias. Para os preguiçosos... Flores! Dito isto, divirtam-se!
Quer uma ajuda?
***
Todo começo é um recomeço... Não vê os fios, cara marionete? Não leve a mal, de algum modo, todos somos Uma... Marionete de vírus, bactérias; de governos, empresas e partidos políticos; de religiões, ideologias e instituições psicanalíticas; de amantes, amigos, cidades e familiares. Marionetes da própria mente, já que grande parte dela (de sua constituição) teima não obedecer exatamente a vontade soberana de seu hospedeiro (espírito, ghost). Assim é Samsara.
Essa é uma história sobre um mundo – Nova Terra –, e sobre seu vilarejo mais conhecido, de nome Kolônia. É uma história sobre as assimetrias deste mundo, regido por uma sequência de Eras, devidamente programadas. Dizia-se que se tais Eras fossem experimentadas, em sua plenitude, uma espécie de Profecia; os habitantes desta localidade entenderiam, finalmente, a Verdade de todas as Coisas. São elas: Era do Barro, do Fogo, da Água e do Ar.
Vejam que isso não deixa de ser uma proposta de Nirvana (satisfação completa). É mesmo possível atingir este estado? Saber absoluto? Perfeição? O que você, caro leitor, acha? Diz para mim. Bem, sem delongas, os fatos se sucederam mais ou menos assim:
Do Barro, a peregrinação em busca da Cura. A ‘chave’, para isso, encontrava-se em Kolônia. Tempo místico. Em seguida, iniciou-se a Era do Fogo e, com ela, vieram o controle, a disparidade e a intolerância. Assim são as chamas, sempre em busca do Fogo. Espaço para Rebelião?
Mas, a Profecia precisava ser cumprida. Os sinos tocaram e o Fogo desvanecia. As Cinzas cobriram todo território da Nova Terra. Um novo Sistema Operacional se anunciava… Eis a Era da Água e, com ela, emergiram a instabilidade, incerteza, ‘falta de chão’ e, também, traição!
Sim, caro variante, encontrará incompreensão em sua nada fácil jornada. Porém, aquele que conseguir manter a ‘navegação’ até o fim descobrirá o Carnaval dentro de si. Porém, há que se perder o cabaço de uma vez: “nada é orgânico, é tudo programado...”.
Este Setor corresponde ao Introitus do Argumento. Tem como finalidade apresentar as características da Nova Terra (contextualização), seus mitos e rumores e os acontecimentos mais importantes da chamada Era do Barro: a peregrinação de pessoas enfermas até o misterioso vilarejo de Kolônia, localizado quase no topo da montanha Kuarup.
E O DESPERTAR DO CARNAVAL
Ficha Técnica:
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Escola: G.R.E.S.E Império do Espírito
Cores: Azul e verde
Enredo: #Réquiem para Kolônia e o despertar do Carnaval
Autor: Akagi Azzuma
Número de Setores e Alegorias: 8
Tripés: 4
Número de Alas: 30
Comissão de Frente: “Segura a marimba, porque o ‘circo’ vai recomeçar. Ressuscita! ”
Baianas: “A divisão da Nova Terra entre Três Reinos”
Bateria: “Pinhead”
Passistas: “Cenobitas”
1º Casal de MS e PB: “Minha ‘dama’, por que não o Nirvana?”
2º Casal de MS e PB: “A dança entre Arlequina e o Anjo da Reinstalação”
Ala das Crianças: “Todo dia é dia de índio”.
Velha-Guarda: “O escaldante caminho do Sol é o destino dos Anciãos”.
Argumento
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I
Introitus
Não sou profeta
Nem tão pouco visionário
Mas o diário
Desse mundo tá na cara
Um viajante na boleia do destino
Sou mais um fio da tesoura e da navalha
(Filho do Dono, Flávio José)
Recarregando… Versão do novo Sistema Operacional: 4.0
Percentual de bugs da versão anterior: 3,99%
Ah, sim...
Chama-se Kolônia, o vilarejo, de arquitetura gótica, localizado quase no topo da montanha Kuarup, lugar de interseção (convergência) entre os Três Reinos da Nova Terra: Ashaninka, Britannia e Baraka. De acordo com a Profecia (que ninguém sabia, ao certo, de onde isso se originou), para que a Nova Terra chegasse A Verdade das Coisas precisaria passar pelas Quatro Eras do Conhecimento: Barro, Fogo, Água e, finalmente, Ar.
Vídeo[1]:
Os mais antigos habitantes dos Três Reinos conheciam, na medida do possível, a controversa história de Kolônia. Dizia-se que, ainda, nos tempos primordiais da Era do Barro, quando a Nova Terra não era dividida, peregrinos de toda parte se dirigiam ao citado vilarejo, pois, lá, havia uma espécie de medicamento capaz de curar qualquer enfermidade, seja ela física ou mental. Evidente, que havia riscos na peregrinação. Rumores davam conta que Kolônia seria, na verdade, obra de outra civilização, que haveria, em suas entranhas, uma espécie de 'Portão Estelar', que ligaria dois mundos, local por onde este medicamento chegaria à Nova Terra para sorte dos peregrinos enfermos. Criativa especulação, não? Todavia…
II
Kyrie
“Poder Ilimitado”
(Darth Sidious, Star Wars III)
Justamente no período de transição da Era do Barro para a Era do Fogo, três grupos misteriosos, detentores de um considerável poder bélico e nova tecnologia, ascenderam ao poder, dividindo a Nova Terra entre si. Muralhas de mais de cinquenta metros de altura foram erguidas, separando, assim, os Três Reinos. Para impedir (mais um tipo de reforço) que a população de um Reino migrasse para outro, criaturas visagentas com asas e língua de cobra, chamadas de morceganjos, foram acionadas para funcionar como sentinelas das Muralhas (fronteiras), impedindo qualquer movimento migratório – a morte era a punição para quem tentasse transgredir a regra.
Os três grupos misteriosos foram além. Tomaram o controle de Kolônia, impedindo que o tal medicamento, que a tudo curava, fosse distribuído aos peregrinos. Estes nem mais podiam se dirigir livremente até Kolônia. Os Imperadores dos Três Reinos formaram um cartel e passaram a explorar suas propriedades, unicamente, para benefício próprio – perpetuação de poder. Desde então, só se podia chegar até o vilarejo, no alto de Kuarup, por ferrovias que eram, igualmente, vigiadas pelos morceganjos. Esta estrutura de negócio durou, com efetividade, por, aproximadamente, dois mil anos nova-terrestres. Entretanto, depois deste período...
Os Três Reinos, em questão, estavam, justamente, passando por um momento de transição. Da Era do Fogo para a Era da Água. Não à toa, um momento de muita turbulência. Toda transição é turbulenta, a estabilidade de outrora se foi. O Fogo desvanecia e as cinzas, oriundas deste processo, cobriam a atmosfera da Nova Terra. Ao passo (prestem atenção!) que a liquidez da Água permeava não só as relações dentro como entre cada Reino. Por não entenderem o Sistema Operacional desta Nova Era, muitos a interpretaram de modo errôneo. Como consequência: a confiança na palavra de cada homem havia se perdido. Tempos de paranoia e traição.
III
Sequentia
Olha só, que cara estranho
Que chegou
Parece não achar lugar
No corpo em que deus lhe
Encarnou
(Cara Estranho, Los Hermanos)
Evidente que parte dos habitantes da Nova Terra não aceitou a Nova Ordem imposta a partir da emergência dos Três Reinos. Uma resistência havia sido formada por insatisfeitos para combater esta estrutura de poder que havia permeado a Era do Fogo. Estes resistentes foram chamados de variantes. Para combatê-los, os Imperadores agiram com rapidez e criaram um exército específico para dar conta desta situação: os lunáticos. Seres agressivos, eles eram responsáveis por sequestrar os variantes, levando-os aos vagões que os conduziam até Kolônia.
O vilarejo havia se transformado em uma espécie de presídio para os rebeldes. Contudo, sua função foi mudando ainda mais conforme o passar do tempo. Qualquer pessoa que, por alguma razão, não se enquadrasse ao padrão de vida, imposto pelos Imperadores, também, era levada para Kolônia. E, igualmente, chamada de variante. Tímidos, epiléticos, autistas, invertidos (homossexuais), prostitutas, adoradores da Era do Barro, adolescentes grávidas, escritores 'subversivos', deficientes físicos, drogados, não eram bem vistos pela sociedade da Era do Fogo. O que muitos se perguntavam: por que tais características incomodavam os Imperadores? Será que não podiam admitir que tudo aquilo que consideravam como estranho e abjeto fazia parte, também, de sua constituição mental?
Esta condução desses deserdados sociais não era função prioritária dos lunáticos (especialistas em rebeldes políticos); geralmente, as próprias famílias destas pessoas eram responsáveis por conduzi-las até o conhecido trem de doido. Esta expressão era típica entre os moradores de Britannia, local de morada de Sorôco, sua mãe, sua filha.
Vídeo[2]:
***
A desolação de Sorôco... Sua mãe, Vilma, havia desenvolvido uma doença mental grave e nada podia ser feito por ela em Britannia. Sua filha, a jovem Juliana, era outro motivo de preocupação, pois descobriram que ela havia se envolvido com a facção rebelde deste Reino e desejava fortemente a queda do Sistema, criado pelos Imperadores. Sem sombra de dúvida, Juliana tornara-se uma variante. Antes de tomar sua decisão final, Sorôco consultou familiares e todos tinham a mesma opinião: se algo não fosse feito, toda a família seria vítima dos lunáticos.
Sem opção, resolveu leva-las até a Estação Lady Inácia, local de partida pra Kolônia. Era costume da dita população normal se aglomerar nos portões da Estação pra conferir o embarque dos variantes. Num misto de indiferença e ódio, algumas pessoas levavam placas com dizeres: 'tchau, queridos!', 'tchau, doidos!', 'tchau, escória!'; outras faziam discursos inflamados de posse do Livro Sagrado dos Três Reinos, que continha, em suas páginas, o mito de formação daquela estrutura. Pra Juliana, um show de horrores, mas nada podia fazer diante dos lunáticos. Qualquer resistência, só iria acelerar seu destino derradeiro, um destino certo, já que sabia que era muito difícil retornar de Kolônia. E quanto ao 'trem de doido'? Eis a impressão de Sorôco:
“Bem, não era um vagão comum de passageiros (até porque não eram passageiros 'comuns'. Ora, um variante era um renegado, o que se podia esperar? Gozar de conforto?). A gente, reparando, notava as diferenças. Assim, repartido em dois, num dos cômodos, as janelas sendo de grades, feito as de cadeia, para os presos. Ia servir pra levar duas mulheres, minhas mulheres, para longe, para sempre”(*)
Após o embarque de Vilma e Juliana, os populares consolaram Sorôco. Sua mãe estava alheia a tudo ao seu redor em função de sua doença mental e só podia delirar (reconstruir o mundo a sua maneira), Juliana se manifestava, demonstrando sua revolta por estar presa a esta situação. A viagem era longa e quanto mais próximo de Kolônia, mais frio fazia. Como curiosidade, os trilhos eram adornados, de cada lado, por rosas. Cada Reino tinha sua cor específica: Ashaninka, rosas vermelhas; Britannia, rosas pretas e Baraka, rosas brancas.
O apito do trem era o sinal que estavam, finalmente, chegando ao vilarejo que outrora era o lugar da cura de todos os males, mas que, durante a Era do Fogo, não passava de um presídio. Os portões dos vagões se abriram. Juliana e os demais variantes saíram e, para surpresa de todos, encontraram um local praticamente em ruínas. Havia fogo e pedaços de construções de casas e Igreja para todo lado. E, para complementar o cenário caótico, criaturas disformes vagavam por entre os escombros, aparentando total falta de controle. Modo Berserk de atuação.
IV
Offertorium
“Eu sou uma contradição
E foge da minha mão fazer
Com que tudo que eu digo
Faça algum sentido”
(Pitty, Memórias)
Diante do caos, só restava a Juliana e Vilma fugir. Mas, para onde? Na correria, a filha de Sorôco observou com mais atenção as criaturas misteriosas. Lunáticos e morceganjos foram acionados para evitar a fuga dos variantes descontrolados de Kolônia. Na correria, Juliana não pôde se defender e um dos morceganjos capturou sua avó, levando-a para o alto, para além. Não havia tempo pra lamento. Ela só podia correr, tentar sobreviver.
Foi aí que encontrou refúgio na impressionante Igreja, de arquitetura gótica, localizada na região central do vilarejo. Uma edificação nova para ela. Não havia algo assim nos Três Reinos, evidentemente, já que o mito de Cristo não fazia parte daquele mundo. Havia variantes por toda instalação. Repousavam seus respectivos joelhos nos genuflexórios, orando pra esta entidade, desconhecida da moça. Perto da mesa do altar, podia-se ver outro suposto variante que vestia uma roupa gótica e não possuía cabelos, mas, sim, pregos espetados em sua cabeça e face. Olhando com mais atenção, Juliana percebeu que se tratava de uma indumentária. Ao notar a presença da moça, este sujeito, que mais parecia o líder de todos, saudou-a:
- Bem vinda! Eu, Pinhead, quero saber de você: quem é o mestre? Quem é o escravo?
Juliana, ansiosa, relatou sobre o que estava acontecendo do lado de fora, queria uma explicação. Pinhead se aproximou da jovem e lhe entregou um misterioso objeto, denominado cubo das revelações, um artefato místico capaz de abrir brechas no tempo-espaço. Ela o pegou e, instintivamente, moveu seus dedos sobre ele, abrindo-o. Isso permitiu que Pinhead tivesse acesso aos seus pensamentos e memórias mais profundas.
- Ah, sim, a jovem faz parte da Aliança Rebelde. Luta contra o Sistema imposto pelos Imperadores. Que bonito! Quanto altruísmo! Pena que só se esquece que também faz parte do Sistema. Não há nada fora do Sistema. Ele é Um e não há como fugir. Mas há dois avatares possíveis, duas propostas de vida. Ou se é mestre ou se é escravo do Sistema. Veja:
Pinhead pegou um dos variantes e o agrediu com chutes, tapas e chicotadas. Vítima de sadismo, não esboçou reação. Como recompensa por esta ‘obediência’, recebeu de Pinhead, moedas, simbolizando dinheiro, e, satisfeito, retornou ao genuflexório.
- O que as pessoas não fazem por dinheiro, minha jovem? Este variante, que eu chamo de cenobita, meu cenobita, fez sua opção: escravo do Sistema! Tão mais confortável. O mínimo esforço é tão sedutor, não concorda? Um brinde ao Princípio de Mínima Ação! Agora, se quiser se tornar Mestre em alguma coisa, é necessário sustentar a alta tensão em sua mente por maior tempo possível. Compreende? Bem, este é meu mundo, minha reconstrução, reorganização diante do caos. E você? Conseguirá fazer o mesmo? – Sem resposta por parte de Juliana, Pinhead prosseguiu:
- Ah, sim, há algo mais em sua mente. Vamos ver o que é. Uma festa? Mulheres seminuas? Homens, vestidos de mulheres e vice-versa? E que dança é essa? Não reconhece? Claro que não, afinal isso não existe nos Três Reinos da Nova Terra. Como isso foi parar dentro de sua cabeça? Só se... Claro, uma falha! Uma falha do Sistema! Será que foi Ele quem a inseriu? O Carnaval poderá nascer de você, menina. Resta saber se terá estrutura para permitir este nascimento.
- Carnaval?
- Não ouve os sinos? Não vê as Cinzas? Sinalizam a passagem de Eras. Da Era do Fogo para a Era da Água. Pois, muito bem. Você quer saber o que aconteceu com este vilarejo, não é mesmo? – Pinhead pegou-a pelo braço e a levou até a mesa de altar que servia de passagem secreta para se chegar a outra localidade de Kolônia.
V
Sanctus
Que dia solitário!
E é só meu.
É um dia que fico feliz
Por ter sobrevivido.
(Lonely Day, System of a Down)
A quinhentos metros à direita da Igreja de Kolônia, havia um pavilhão destinado aos variantes mulheres. Quinhentos metros à esquerda, outro pavilhão, destinado aos variantes homens. Após a triagem, eram separados por sexo, sobretudo para evitar reprodução desnecessária. A quinhentos metros da parte traseira da Igreja, havia outro pavilhão, chamado de Teatro da Readaptação. Neste lugar, os variantes passavam por uma série de procedimentos físicos e mentais que visavam readaptá-los ao padrão de comportamento, imposto pelos Imperadores. Túneis subterrâneos ligavam estas quatro estruturas entre si. Poucos tinham conhecimento e acesso a eles. Por acaso, Pinhead tinha. E ele fez questão de levar Juliana, por um destes túneis, até o Teatro de Readaptação. Segundo ele, ela precisava ser testemunha do que, de fato, acontecia ali, tudo em prol do despertar... Assim, visitaram as principais salas do lugar e Juliana não escondia suas emoções, um misto de perplexidade e ódio.
- O calabouço: os variantes permaneciam presos, acorrentados, esperando a vez para participar do ‘tratamento’. Não havia saneamento no local. Os prisioneiros conviviam, momentaneamente, com esgoto e ratos. Além de enfrentarem, sem proteção corpórea, a baixa temperatura da região..
- Sala do ‘Ponto Elétrico’: a eletroconvulsoterapia, o popular ‘eletrochoque’, era uma forma de tratamento que visava acalmar os variantes mais rebeldes, deixando-os catatônicos, sem força suficiente pra se rebelar ou gerar qualquer tipo de manifestação.
- Sala do Cérebro reajustado: eis a lobotomia, clássica intervenção cirúrgica no cérebro que tinha, também, função de deixá-los catatônicos, inertes. Geralmente, procedimento mais utilizado caso o método anterior não surtisse efeito.
- Sala da Engenharia Social: os variantes eram amarrados à cadeiras e uma ferramenta impedia que fechassem suas pálpebras. Desse jeito, não tinham como escapar de ver vídeos motivacionais, por meio de óculos de realidade virtual, que enalteciam os Três Reinos e seus Imperadores. Havia vídeos específicos para homens e mulheres. Para homens: ode aos machos provedores. Para mulheres: o que deveriam fazer pra desempenharem o papel de belas, recatadas e do lar. Geralmente, os variantes menos rebeldes eram levados pra esta sala. Uma sugestão psíquica era suficiente.
Juliana ficou sabendo que muitos variantes não suportavam passar por estes ‘tratamentos’ e faleciam. Os administradores dos Pavilhões precisavam fazer alguma coisa com os cadáveres, então, a saída foi vendê-los para as Faculdades de Medicina dos Três Reinos. Um grande negócio surgiu a partir desta engrenagem. Inclusive, corpos eram dissolvidos via ácido e seus ossos, igualmente, eram vendidos, servindo como instrumentos musicais e utensílios para casa das pessoas ditas ‘normais’. Percebendo que a fúria só aumentava, Pinhead encontrou o momento ideal pra revelar a Juliana o que havia ocorrido naquela localidade. Assim, levou-a a um lugar secreto, uma espécie de laboratório, incrustado em algum ponto da montanha Kuarup, distante do território habitável do vilarejo.
VI
Benedictus
Os experimentos ainda diminuíram
Consideravelmente o apelo ao culto ao corpo
Como razão única de vida
Ao sugerir que tais invólucros realmente
Não passam de uma artimanha
Dissimulada do mestre de todos
Os arquitetos da realidade:
O cérebro humano
(Miguel Nicolelis, Muito Além do Nosso Eu)
Antes de entrarem no tal laboratório, Pinhead contou a jovem todo o acontecido:
- Traição, minha cara. O Imperador de Britannia, na ânsia por mais poder, resolveu estender seu território, quebrar o contrato que havia sido firmado com o Início da Era do Fogo e, para isso, era necessário dominar todos os Reinos: Nova Terra teria assim um único Imperador sob as bênçãos da Era da Água. Desse modo, desenvolveu um projeto, de nome ‘Projeção Astral’, com uma tecnologia nova e avançada, chamada ‘Motor Morfogênico’. Essa máquina potencializa a capacidade da mente humana de tal forma que não há a necessidade do corpo para se ‘materializar’. Compreende? No momento que a pessoa entra na máquina, esta separa a mente de seu corpo, uma espécie de ‘projeção da consciência’. Já imaginou uma tecnologia dessas num campo de batalha? Os corpos dos soldados de Britannia estariam protegidos em um local seguro, enquanto seus ‘espíritos’, digamos assim, iriam dilacerar o exército adversário e este nada poderia fazer.
- Os cientistas tiveram muita dificuldade para obter, digamos, êxito com esta experiência. Eles extraviavam os variantes recém chegados dos Três Reinos, levando-os direto para este laboratório. Mas, num primeiro momento, os resultados não foram promissores, não conseguiam libertar suas mentes. Logo perceberam que o desejo era uma parte muito importante no processo, era ele quem acionava o algoritmo computacional do ‘Motor’.
- Como assim?
- Escuta! Nós, ops, os cientistas de Britannia, observando os variantes que passavam pelo Teatro da Readaptação, viam que eles, não suportando o tratamento pelo qual eram submetidos, frequentemente, diziam que, se pudessem, abdicavam do próprio corpo, pois não aguentavam mais sentir dor. O desejo não surge do nada, muitas vezes, surge de uma experiência traumática. Os cientistas, então, passaram a usar este tipo de variante nos experimentos.
- E?
- Deu certo!
- Nem tanto. Está um caos lá fora.
- É verdade. O que ocorre é que a gente sempre acha que tem o controle sobre as coisas, mas isso é uma falácia. Posso confiar nas minhas habilidades, nas dos meus companheiros, mas nunca sei o resultado desta confiança.
- Então, o que houve?
- Ciata! A primeira variante, a passar pelo Motor após passagem pelo Teatro da Readaptação, rebelou-se, gerando todo o caos que você acabou de presenciar. Engraçado esta história, não, Juliana? Rebelião (Ciata) dentro de uma Rebelião (Imperador Britannia) dentro de outra Rebelião (Três Imperadores). Mas quem sabe você não possa fazer a sua Rebelião, evitando, assim, que o Sistema seja reiniciado mais uma vez?
- Do que você está falando?
- Vamos até o Motor!
***
E, assim, após toda esta contextualização, Pinhead e Juliana entraram, finalmente, no laboratório. Era extenso. Havia motores morfogênicos tanto do lado direito, quanto esquerdo e, ainda, era possível ver alguns variantes dentro deles. Encontravam-se inativos, todavia. O cenário era de parcial destruição em função da rebelião da variante Ciata. Seu motor estava localizado no fundo do laboratório numa espécie de altar. Ao lado, havia outro, vazio e de bom estado: a máquina ideal para Juliana. O primeiro passo era desligar o motor de Ciata, evitando mais caos em Kolônia. Foi feito. Em seguida, Pinhead convenceu-a a entrar no motor, acreditava que esta tecnologia pudesse ajudá-la a despertar o Carnaval, desconhecido por ela e adormecido em sua mente. A moça topou passar pela experiência. Entrou na máquina, os controles foram acionados, porém nada acontecia. Uma situação inesperada por parte de Pinhead que imaginava que o Teatro da Readaptação fosse o suficiente para despertar nela o ódio e a indignação, elementos fundamentais para que fosse possível a separação mente-corpo por intermédio do Motor. Pinhead percebeu logo o óbvio. Juliana soubera dos horrores, cometidos no ‘Teatro’, não os experimentara e a experiência sempre é algo mais importante do que lampejos teóricos ou imaginativos. Por mais indignada que estivesse, ela não havia sentido nada daquilo à vera, ‘na carne’.
Para azar ou sorte dos dois, neste momento de confabulação, os Três Imperadores apareceram no laboratório, deixando Pinhead incrédulo. Ora, uniram-se novamente? Formaram um novo pacto? O Imperador de Britannia desistiu de tomar a Nova Terra pra si? Será que esta nova configuração se concretizou, porque, no fundo, temiam o Carnaval? Não queriam que a Festa da Transgressão e Inversão despertasse naquela localidade?
O Imperador de Britannia retirou sua espada da bainha e apontou para Pinhead. Sem saída, teve que aceitar o desafio e, assim, retirou outra do Cubo das Revelações. Precisava ganhar tempo para que a filha de Sorôco conseguisse separar sua mente do corpo. Uma luta desigual, já que o Imperador era bem mais forte e, com o avançar do combate, Pinhead foi perdendo suas forças até que, não resistindo mais, ofereceu uma brecha em sua defesa e foi morto pelo Imperador. Esta morte não foi em vão, pois aumentou, em um grau máximo, a indignação de Juliana, permitindo-a liberar sua mente. Um espírito, ligado ao Carnaval adormecido na moça, a tal ‘falha’, mencionada por Pinhead. Nascia, então, Arlequina.
Os poucos motores, que ainda estavam em bom estado, passaram a funcionar e respectivos variantes liberaram, também, sua mente, só que seus espíritos fundiram-se com o de Arlequina. Esta passou a funcionar com uma força atratora. Tal fenômeno permitiu que ela não dependesse mais do motor para existir. Separação definitiva de software e hardware. Que tipo de existência seria essa? Sem perder tempo, espantou os Imperadores do laboratório, pegou o corpo de Pinhead e partiu em direção ao...
VII
Agnus Dei
Nosso Carnaval
É filho dos rituais das bacantes
Do coro das tragédias gregas
Das religiões afro-negras
Das procissões portuguesas católicas
(O Enredo de Orfeu, Caetano Veloso)
E partiu em direção ao centro do vilarejo, poucos metros a frente da Igreja. Ela deixou o corpo de Pinhead no chão e o absorveu, espécie de fusão. Tal como o que havia acontecido no laboratório, Arlequina continuava a funcionar como força atratora. As almas dos variantes, mortos com os procedimentos, adotados no Teatro da Readaptação; apareceram do nada, quebra de dimensões, e se fundiram ao corpo de Arlequina. Isto lhe conferiu uma energia extraordinária, potencialidade criadora e, sem perder tempo, ela mudou a configuração comportamental e estética de Kolônia. Tempo de criação!
Raios de luz saíram de seu corpo, atingindo pessoas e objetos, modificando-os, carnavalizando-os. A arquitetura gótica deu espaço a uma arquitetura boêmia, típica do bairro da Lapa (Rio de Janeiro). O Teatro da Readaptação tornou-se uma quadra de Escola de Samba, bares do tipo ‘pés sujos’ surgiram por toda parte. Torres de Sal foram erguidas. As cores soturnas deram lugar a cores fortes e vibrantes. O réquiem saiu de cena; eis a vez do samba! Variantes, lunáticos e morceganjos transformaram-se em Zé Pelintras, pombas giras, drag queens, arlequins, colombinas, pierrots, passistas, baianas. Incorporação e euforia radicais tomaram conta de Kolônia, todos ligados em rede, um contágio que ultrapassava os limites do vilarejo e ‘descia’ montanha abaixo. Os movimentos de Arlequina anteciparam as características do que seria a chamada Era do Ar.
VIII
Communio
Acorde pra ver...
Sua verdadeira emancipação
É uma fantasia
Políticas se levantaram e superaram
O corajoso
(Supremacy, Muse)
A Festa parecia não ter fim. Arlequina continuava carnavalizando os elementos de Kolônia, até que todos avistaram uma forte luz no Céu. Com mais acuidade, perceberam que se tratava de uma espécie de Portal que estava, pouco a pouco, abrindo-se. E, de lá, duas gigantes mãos robóticas traziam uma criatura com asas, imponente, uma espécie de Anjo Metalizado. Todos que avistaram tal cena tornaram-se pedras, com exceção de Arlequina. A figura se apresentou e foi direto ao ponto:
Vídeo[3]:
- Sou o ‘Anjo da Reinstalação’. Assim é, Arlequina. Toda vez que o Sistema é fortemente ameaçado como agora, sou convocado para reiniciá-lo. Como pode ver, o Portão Estelar é uma realidade e seu mundo só existe, porque meu mundo permite. Não é de bom tom você continuar carnavalizando tudo por aí. A Nova Terra não foi feita para isso. É claro que se você continuar com este, digamos, processo, teremos que reagir e uma guerra sem precedentes terá início. Repito: uma guerra sem precedentes. Mas, no fundo, ninguém quer isso, por isso tenho uma proposta ideal para você. Na verdade, ideal para todos.
- É mesmo?
- O Sistema é reiniciado mais uma vez, corrigimos os bugs, e você, Arlequina, ganha o direito de formar um Reino todo seu. Será a primeira Imperatriz da Nova Terra. Já imaginou? Claro que, assim como os outros Imperadores, você usará uma máscara para resguardar sua identidade. E se quiser, inserimos no programa esta Festa, chamada Carnaval. Estipulamos um período para a celebração. Quatro dias, que tal? No meu mundo, é assim que funciona. Estendemos esta ideia para todos os Reinos, isso não é problema, creio que os antigos Imperadores não irão se importar. E outra coisa: quem disse que estas pessoas desejam o mesmo que você? A tal da liberdade? E será que Carnaval é mesmo liberdade? Ou, apenas, uma outra forma de aprisionamento, só que mais, digamos, espetaculosa? Não seja ingênua... A escolha é sua, caríssima!
Arlequina esboçou um leve sorriso, pegou um charuto para ‘fumar a proposta’ do ‘Anjo da Reinstalação’ para, em seguida, pronunciar:
- Brasil, Brasil, Brasil!
Vídeo[4]:
Império Baraka, distrito de Daburah:
No mesmo instante da conversa entre Arlequina e o Anjo da Reinstalação, um fato insólito mexeu com a mente dos moradores do distrito de Daburah, local conhecido pelas diversas minas de extração de ouro e minério de ferro. Numa destas minas, os mineradores encontraram, em uma imensa caverna, a mais de cem metros de profundidade, treze pessoas (com características físicas totalmente diferentes deste Reino em questão), louvando uma mulher, presa em um esquife de gelo. Ela usava vestimentas que lembravam as das Rainhas Egípcias e usava, também, um véu que cobria seus cabelos. Seus braços estavam em posição cruzada sobre o peito. Podia-se observar em uma de suas mãos uma maçã, parcialmente comida; já a outra mão era constituída de material cibernético. À frente do esquife, uma placa que tinha uma frase que, curiosamente, estava escrita na língua oficial dos Três Reinos: “Não permitam que Ela abra seus olhos. Não permitam seu despertar”. A notícia espalhou-se rapidamente por Daburah. Eis aí o Princípio de Suruba...
Pode ter continuação (ou não)...
Observações:
1 – (*) Trecho adaptado do conto “Sorôco, sua mãe, sua filha”, de Guimarães Rosa.
2 – Atenção: Este ‘Argumento’ é elaborado de acordo com as características de um Concurso deste tipo, ele é avaliado e, por isso, precisa conter todas as informações necessárias para que jurados entendam completamente a proposta. Não confundir com as sinopses entregues pelas escolas para os compositores criarem um samba. Muitas vezes, os carnavalescos escondem informações, o que é compreensível, já que surpresas são ‘guardadas’ para o desfile oficial.
3 – Réquiem é a Missa Fúnebre, típica da liturgia Católica. Do latim, requies, significa repouso ou descanso. Seria, então, um repouso aos mortos. Mas o termo também é utilizado pela Cultura, em geral, para designar a queda de alguma ideia, ideologia ou qualquer outro elemento similar. Exemplos: o filme ‘Réquiem para um Sonho’ (2000), de Darren Aronofsky e a animação japonesa ‘Requiem for the Phantom’ (2009), de Koichi Mashimo. No caso do título deste enredo, serve para anunciar a queda de Kolônia. Há vários compositores brilhantes da ‘Missa de Réquiem’ como Verdi, Salieri, Brahms, Dvorak, porém, no caso aqui, o Argumento é estruturado de acordo com o ‘réquiem em ré menor’, de Wolfgang Amadeus Mozart.
Vídeo[5]:
4 – ‘Easter eggs’: tradução literal: ovos de Páscoa. No mundo dos games, por exemplo, é quando um jogo faz referências a outros jogos, séries, filmes em seu roteiro e cenários. Uma espécie de transa entre produções. Neste enredo, quando houver ‘easter eggs’, eles serão sinalizados.
Justificativa
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Como foi dito na Apresentação, este enredo é uma alegoria, baseada nos fatos ocorridos no Hospital Colônia de Barbacena, Minas Gerais – o maior hospício do Brasil –, durante o século passado. Tem como base principal de consulta o livro ‘Holocausto Brasileiro’ (2013) da jornalista Daniela Arbex que denuncia, por meio de 255 páginas, os horrores cometidos em suas dependências e resgata histórias de sobreviventes desta, digamos, sucursal da intolerância e falta de respeito para com o ser humano em grau máximo. Em um momento no qual a prefeitura de São Paulo, gestão João Dória (2017 – 2020), tentou implementar um programa de recolhimento de usuários de crack e sua internação obrigatória, vejo como é importante lembrar, mesmo que de forma alegórica, o que se sucedeu em Colônia. Os usuários de drogas foram eleitos, a máquina da limpeza e maquiagem foi acionada, quem garante que outros comportamentos (pagamentos) não sofram com este mesmo tipo de processo? Tudo tem um início, não é mesmo?
Segundo Arbex, mais de 60 mil pessoas morreram no Colônia entre 1930 e 1980 e um detalhe importante: 70% das pessoas que foram internadas não sofriam de qualquer doença mental, provavelmente, eram pessoas que, apenas, não se enquadravam no padrão comportamental da sociedade da época, os chamados deserdados sociais, nomeados, por mim, para este enredo, de variantes.
Então, como este enredo foi pensado?
Após jogar o game de terror ‘Outlast’ (2013 – desenvolvedora Red Barrels), que se passa em um manicômio (Mount Massive Asylum), controlado por uma grande multinacional, Corporação Murkoff, fiquei com vontade de trazer algo deste universo, porém, por se tratar de um jogo bem violento, tive que esperar a emergência de outras conexões para que a ideia pudesse, enfim, ganhar vida.
Nas minhas pesquisas, descobri os fatos, ocorridos no Colônia de Barbacena, por intermédio do livro da Daniela, trazendo rememorações de minha infância e adolescência. Explico. Meus parentes são mineiros, de São João Del Rei e, durante as férias, íamos para lá. Para se chegar em São João (pra quem vem do Rio), é necessário passar por Barbacena. Em certo ponto, na estrada, era possível ver algumas edificações do Colônia e sempre escutei a história de que uma tia da minha mãe, a Tia Inácia (por isso, o nome da Estação de Britannia – Lady Inácia), havia sido internada algumas vezes lá, entretanto, não tinha noção ainda do que, de fato, havia acontecido em suas instalações. Após saber, há quatro anos, que 70% dos internos não sofriam de esquizofrenia ou qualquer outra doença mental, questionei se a tal Tia Inácia era, como se diz no jargão, louca ou, nas palavras do enredo, tratava-se, na verdade, de uma variante.
Mais sobre o Colônia: os ignorados sociais (epiléticos, alcoolistas, homossexuais, prostitutas, tímidos, surdos-mudos, jovens grávidas) chegavam, geralmente, de trem até as instalações do hospício, não à toa, o escritor Guimarães Rosa, em algumas de suas obras, chamava-o de ‘trem de doido’. O conto Sorôco, sua mãe, sua filha retrata, justamente, este universo. Os ‘ignorados’, então, passavam por uma triagem, pelo conhecido processo de higienização (banho coletivo) e eram separados por sexo. Uma separação não muito eficiente, porque, vez ou outra, mulheres apareciam grávidas e seus filhos eram levados para adoção. Muitas se utilizavam de uma estratégia escatológica: passavam fezes em seu ventre na tentativa de impedir o rapto de seus bebês. O nível de escatologia atingia outros níveis: não havia saneamento básico eficiente e os internos, muitas vezes, chegavam a beber água de esgoto, convivendo com ratos, insetos e, claro, com o frio, típico da Serra da Mantiqueira. A morte era uma questão de tempo. E o que faziam com os cadáveres? Arbex explica:
“Entre 1969 e 1980, 1853 corpos de pacientes do manicômio foram vendidos para dezessete faculdades de medicina do país, sem que ninguém questionasse. Quando houve excesso de cadáveres e o mercado encolheu, os corpos foram decompostos em ácido, no pátio do Colônia, na frente dos pacientes, para que as ossadas pudessem ser comercializadas. Nada se perdia”. A loucura como negócio.
Jornalistas do século XX não ficaram alheios aos acontecimentos do Colônia. Em 1961, a revista ‘O Cruzeiro’ enviou dois profissionais para lá (repórter José Franco e fotógrafo Luiz Alfredo), que retrataram os horrores, cometidos naquelas instalações. O título da matéria não podia ser mais emblemático: ‘Sucursal do Inferno’. Em 1979, ‘O Estado de Minas’ enviou, também, os profissionais Hiram Firmino (repórter) e Jane Faria (fotógrafa) para o Colônia, sobretudo, porque, nesta época, nascia um movimento no mundo contra este modelo manicomial; o psiquiatra italiano, no mesmo ano, de nome Franco Basaglia, visitou o lugar e fez, também, uma denúncia. O documentário de Helvécio Ratton, Em Nome da Razão, foi mais um instrumento contra as práticas, adotadas no manicômio.
Vídeo[6]:
Aqui vale uma observação. Uma das razões de utilizar elementos do game ‘Outlast’ para composição deste enredo tem a ver com o protagonista (o personagem que a gente controla), um jornalista, que recebeu e-mail de um funcionário (engenheiro de software) da Corporação Murkoff que havia se rebelado contra seus superiores após perceber que os experimentos, que a empresa conduzia com os internos, desrespeitavam os direitos humanos; e, então, este jornalista resolveu investigar o Mount Massive Asylum e encontrou um cenário muito pior do que o de Colônia. Claro, trata-se, afinal, de um jogo de terror, mas o que importa é que há um caráter de denúncia aí. Aliás, o jogo seguinte da Red Barrels, ‘Outlast 2’, lançado em abril de 2017, também, tem um jornalista como protagonista só que, desta vez, a denúncia foi contra o fanatismo religioso em um Estado pobre americano. O fanatismo como tentativa de reorganizar o caos. Outro jogo que serviu como inspiração foi o ‘Town of Light’ (2016) que se passa em um manicômio, história baseada em fatos reais e funciona, também, como denúncia deste tipo de sistema psiquiátrico, só que, desta vez, o italiano. Como pode ver, Colônia tinha ‘irmãos’, espalhados pelo mundo.
Com todas estas informações, a forma como eu ia tratar o enredo estava ficando mais clara em minha cabeça, mas não era, ainda, o suficiente. De certo, sabia que não ia optar por contar a história do Colônia de forma literal, afinal estamos numa festa, chamada Carnaval, o delírio e a metáfora são muito bem-vindos, não é mesmo? Pensei, inicialmente, utilizar lendas gregas, algo envolvendo o mundo de Hades e Perséfone, sobretudo após conhecer esta música do grupo de metal sinfônico sueco Therion: Dark Venus Persephone.
Mas logo desisti, pois, vira e mexe, a cultura grega é retratada na Avenida. Assim, procurei outros mundos e tive conhecimento de outros dois jogos; desenvolvidos pela mesma empresa, a FromSoftware, do diretor artístico Hidetaka Myazaki, que me chamaram atenção. São eles: “Bloodborne” (2015) e “Dark Souls 3 (2016). Do primeiro, retirei a ideia de um vilarejo, de arquitetura gótica, que possui um medicamento capaz de curar todas as enfermidades. E do segundo, retirei a ideia de Eras (no caso do game, Era dos Antigos, Era do Fogo), sem contar que o protagonista do jogo (um morto-vivo, amaldiçoado) pode ser considerado um variante. Assim, diante destas macro-referências, dei-me por satisfeito e o enredo, finalmente, saiu do papel.
Vídeo[7]:
Vídeo[8]:
Alguém poderia perguntar: mas, Akagi, por que você se inspira em games da atualidade para compor seus enredos? A resposta é simples: porque tenho tesão em fazer isso, é uma característica minha, talvez, herança por ter sido torcedor da Mocidade, década de 90. Por outro lado, temos que pensar que o Carnaval Carioca deve transar com diferentes indústrias, não pode ficar preso num gueto como se fosse auto-sustentável. As coisas não são assim, fora que as agremiações precisam formar mercado consumidor e, para isso, o diálogo com outras tribos é necessário. Trago questões do Brasil, cito escritores de nossa literatura, mas permito, também, que haja uma conversa com manifestações de outras partes do mundo até porque o Brasil, fato óbvio, é um grande caldeirão cultural, miscigenação total.
Mais detalhes: Pinhead é um personagem, criado pelo escritor britânico Clive Barker, e que apareceu, pela primeira vez, em sua obra “The Hellbound Heart”, que depois foi adaptada para o cinema, originando uma sequência de filmes, de nome ‘Hellraiser’. Trata-se de uma figura que se situa entre a loucura e a sanidade, tudo depende do ponto de vista do espectador. Não à toa, serviu como inspiração para este enredo já que um dos temas abordados é justamente a linha tênue entre uma coisa e outra: os loucos são aqueles que foram internados ou as ‘forças’ que têm a prerrogativa de internar as pessoas num esquema como o do hospício Colônia?
Rosas: o motivo de haver rosas, adornando as ferrovias que ligavam a planície da Nova Terra até Kolônia, é porque o município de Barbacena é conhecido como cidade das rosas.
Kolônia com k: a primeira razão desta mudança (C > K) foi para despistar, já que gosto que as pessoas saibam do que se trata realmente o enredo no momento em que é apresentado. A segunda razão é uma homenagem ao compositor Mozart. Todas suas obras foram catalogadas pelo musicólogo austríaco Ludwig Von Köchel, o chamado Catálogo Köchel. Assim, o réquiem, que estrutura o Argumento, é identificado pelo índice K 626.
O Final: a última palavra de Arlequina – a repetição da palavra Brasil –, é interpretativa e o motivo desta repetição é porque foi inspirada na repetição da palavra horror, proferida pelo personagem de Marlon Brando no filme “Apocalypse Now” (1979), de Francis Ford Copolla. Filme este, inspirado na obra ‘Coração das Trevas’ (1902), de Joseph Conrad. E, também, porque faz uma referência ao filme Brazil (1985), de Terry Gilliam. Esta obra, distópica e surrealista, que não entrega de bandeja os significados para o público, traz questões que ainda atingem nosso país: “imagina um lugar onde ter um emprego público é a realização de vida de muitas pessoas. Imagina que, neste lugar, os principais serviços são monopolizados por empresas incompetentes. Se você for pobre e for para a cadeia injustamente; esquece, você vai apodrecer lá. Agora, se você for rico e conhecer as pessoas certas, você pode atingir o cargo que você quiser no Governo” (Youtuber Julia Julie). Dito isto, afirmo que a fala final de Arlequina é interpretativa, afinal ela aceitou ou não a proposta do Anjo da Reinstalação? Cada um que dê um desfecho para estra trama, de acordo com seu repertório.
Vilma e Juliana: Por que estas protagonistas foram nomeadas com estes nomes? Simples: são nomes de familiares do escritor Guimarães Rosa. Vilma é sua filha e Juliana, sua sobrinha.
Fontes & Cores: O título é composto por duas Fontes: Trashco, para dar um efeito de desconstrução, dissolução (o mote principal do enredo) e Gayatri, aplicada à palavra despertar, pois o despertar de Arlequina foi com ajuda de tecnologia e esta Fonte é mais limpa, com traços modernos. O predomínio do Cinza, por motivos óbvios, é quebrado pelo vermelho (Kolônia e despertar, muito sangue envolvido nesta engrenagem, certo?), e rosa (uma nova cor para Kolônia, o Carnaval de Arlequina trouxe uma nova lógica para o lugar, quebra de um modelo).
Eras & Impérios: para quem conhece meu estudo e trabalho no campo da psicanálise, as Eras são metáforas dos Impérios.
Atenção (2): Não sou artista plástico, logo as descrições dos elementos cenográficos servem, apenas, para se ter uma ideia do que pode ser trabalhado nas Alas e Carros. Pelo Regulamento, o Concurso não pede detalhamento do uso de materiais, tipos, tamanhos, entre outras coisas.
ROTEIRO
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Setor UM
Era do Barro – peregrinação
Comissão de Frente
Significado: Circo ou Teatro das Marionetes? Tanto faz. Fato é que todo começo é um recomeço. Esta Comissão se refere a seguinte informação, contida no Argumento: “Recarregando… Versão do novo Sistema Operacional: 4.0. Percentual de bugs da versão anterior: 3,99%”. Como podem ver, meu caros, esta história, que terá início a partir deste momento, será narrada (simbolicamente) pela quarta vez. Um novo Sistema Operacional foi programado, uma Nova Terra, criada e os programadores tinham fé que, desta vez, o ciclo das Eras seria cumprido. Inocentes, não?
Descrição: A Comissão de Frente se desenvolverá a partir do Tripé O despertar das Marionetes, que será composto da seguinte forma: há um monolito retangular (inspiração do filme “2001 – Uma Odisseia no Espaço”, de Stanley Kubrick), todo constituído por telões de ‘led’, que vão exibir imagens do Universo de forma geral (planetas, estrelas, galáxias, supernovas, buracos negros) e dos quatros elementos que simbolizam as Eras. Este artefato enigmático estará incrustado em uma semi-esfera, representando um cérebro eletrônico. Das bordas desta semi-esfera, partirão dez cápsulas e, dentro delas, dez componentes, representando as marionetes que irão “despertar”. Do lado de fora, haverá outros cinco componentes: três, representando os programadores, um, representando o Arquiteto(seria uma espécie de ‘programador-chefe’) e um, representando os ‘bugs’ (erros) que sempre estão presentes em qualquer Sistema a começar pelo cérebro humano. Como a tradução literal de ‘bug’ é inseto, este componente, em questão, estará vestido de mosca.
Ao comando do Arquiteto, os dez componentes (quase pelados e usando um nariz de palhaço) sairão de suas cápsulas, o momento do despertar, e se posicionarão, um do lado do outro, à frente do Tripé. Neste instante, serão examinados pelos programadores (que estarão vestidos com uma roupa semelhante a de Neo e Trinity, quando estavam dentro da Matrix, com um acréscimo: usarão uma espécie de capacete, repleto de ferramentas do tipo cirúrgicas). Será que estas novas criações estão em conformidade com o padrão de qualidade desejado? Um outro comando fará com que as marionetes vistam diferentes tipos de roupa, enquanto, os programadores montam uma estrutura (2, 20 metros de altura, 3 metros de largura) que de um lado tem um espelho e do outro o símbolo da agremiação. Após a montagem, as marionetes irão se posicionar de acordo com a figura abaixo e irão repetir todos os movimentos, gerados pelo Arquiteto que, obviamente, estará à frente de todos eles.
Arquiteto
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O público terá impressão que eles estão em uma aula de dança de uma academia qualquer. Não é isso o que acontece? Os alunos, de frente para um imenso espelho, tentando repetir os passos do professor? No nosso caso, a coreografia lembrará a da música Bitch better have my Money, de Rihanna, pois é “importante” instalar, nestas novas criaturas, o sentimento de dívida. Como não? Entendam que este sentimento é um dos pilares do funcionamento de qualquer Sistema que privilegia a retenção de grana (real ou simbólica). Pois bem, os programadores continuarão examinando asmarionetes, porém, teremos, também, a presença do componente, vestido de mosca, bebendo sua cachaça (elemento cenográfico, claro), que irá passar por entre elas e, por esta razão, algumas não conseguirão mais seguir exatamente os movimentos do Arquiteto: a simbologia do erro, da falha do Sistema. É evidente que este ponto da encenação (o cenário da academia) é uma grande metáfora. Após esta performance, retornarão às cápsulas em função do preparo para a próxima cabine de julgamento.
Grupo Performático (1):
Oito componentes, travestidos de totens, que alcançam quase três metros de altura, simbolizando típicas estruturas de Kolônia; anunciam a Era do Barro. O adereço de cabeça destes totens será adornado com réplicas de gárgulas.
Primeiro Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira
“Minha Dama, por que não o Nirvana?”
Significado: Durante a Era do Barro, os habitantes da Nova Terra se dirigiam até Kolônia em busca de um medicamento capaz de curar qualquer doença, seja ela física ou mental. O mestre-sala representa os peregrinos e a porta-bandeira, Kolônia. Serve como metáfora da relação entre estes dois personagens tão importantes no universo das Escolas de Samba. No instante em que o mestre-sala corteja sua dama, o que mais ele pode querer? No rodopio da porta-bandeira, um instante de Nirvana para o mestre-sala.
Descrição: A fantasia do mestre-sala é inspirada nos peregrinos do jogo ‘Dark Souls 3’ e, por isso, tem um aspecto de maltrapilho e é tingida, majoritariamente, com as cores ocre, vermelho indiano e detalhes de marrom rosado. Penas de faisão, na cor verde, no costeiro, completam a indumentária. Já a fantasia da porta-bandeira é trabalhada na estética gótica, logo sua saia tem inspiração em elementos de Catedrais deste estilo. Na ‘cabeça’, pílulas e plumas com a tonalidade verde-escuro (como se fossem ervas medicinais) representam o misterioso medicamento, oferecido em Kolônia.
Ala 1:
“A jornada dos Peregrinos”
Significado: A primeira ala da agremiação representa a jornada dos peregrinos até Kolônia, em busca do famoso medicamento que a tudo cura. Um percurso difícil, que leva dias em função da localização do vilarejo. Muitos não chegam, com vida, ao destino.
Descrição: Esta ala é composta por 80 componentes e sua fantasia também é inspirada nos peregrinos do jogo ‘Dark Souls 3’. Todos carregam uma vela (feita com sebo de animais) na mão, já que não havia eletricidade durante a Era do Barro. O espectador poderá, também, observar flocos de neve por toda indumentária, representando o clima frio do vilarejo. A frente de todos, há um componente em perna de pau, com uma indumentária gótica, representando Kolônia. Carregará, em uma de suas mãos, um defumador. A Velha-Guarda fará parte deste contingente com a fantasia “O Escaldante Caminho do Sol é o destino dos Anciãos”.
Ala 2:
“No meio do caminho, havia pedras” (easter egg)
Significado: Como foi dito anteriormente, a caminhada até Kolônia não era fácil. Além do clima e algumas espécies de animais, que traziam dificuldades para a conclusão da jornada dos peregrinos, havia saqueadores, (pertencentes a diversas milícias) que estavam prontos a roubar seus mantimentos (água e comida). É importante salientar que não se pode considerar a Era do Barro como a Era da Paz, sucursal do paraíso, isenta de violência e conflitos. A Paz Absoluta empobrece qualquer Sistema e aumenta o risco de seu colapso. É bem verdade que, apesar destes contratempos, não havia padrão de comportamento.
Descrição: Os componentes desta ala estarão vestidos de saqueadores e animais. Para aqueles que vão representar os saqueadores, a indumentária será composta por um chapéu do tipo mariachi, um pano vermelho (pra cobrir parte da face, deixando, apenas, os olhos a mostra) e uma túnica com um tipo de material que lembra lã de ovelha. Já para os que vão representar os animais perigosos, adereços que lembram características físicas de feras como tigre-dente-de-sabre.
Ala 3:
“Portão Estelar – conexão entre mundos”
Significado: Por ter uma arquitetura inusitada, complexa e tecnologia avançada, sobretudo em função da existência do medicamento milagroso; os habitantes da Nova Terra achavam que Kolônia era obra de outra civilização e que haveria uma espécie de Portão Estelar, no local, que serviria como elo entre mundos. Logo, a fantasia representa como os peregrinos, em sua maioria, imaginavam a constituição física dos supostos criadores do vilarejo.
Descrição: A indumentária é inspirada na vestimenta e elementos de adorno dos guerreiros de Amon-Ra do filme “StarGate’ (1994), de Roland Emmerich. Lança, túnicas, panos, adereços, representando animais; uma estética egípcia. Cores principais: ocre, vermelho e detalhes em verde.
Abre-Alas
“O que é que Kolônia tem?”
Significado: O Abre-Alas do Império do Espírito apresentará a interação entre os peregrinos e o vilarejo de Kolônia. Um lugar misterioso para os habitantes da Era do Barro; tempo de superstição e, por isso, acreditavam que tais edificações góticas eram uma criação de deuses. Não à toa, as gárgulas eram tidas como materialização destes deuses e, por tal motivo, não era incomum ver peregrinos louvando-as, espécie de agradecimento pela existência do medicamento miraculoso. Para outros, de posse de mais sapiência, o vilarejo só podia ser obra de outra civilização.
Descrição: Alegoria vazada. O espectador poderá observar uma procissão de peregrinos que caminharão até a parte final da alegoria, onde haverá um telão de led, formato oval, representado o Portão Estelar. Logo a frente deste ‘Portão’, haverá duas mãos estendidas que serão ‘complementadas’ a partir de imagens do telão. Por meio destas mãos, os componentes pegarão seus medicamentos. Tanto do lado direito, quanto esquerdo do Abre-Alas; há grandes esculturas (quatro de cada lado), representando gárgulas, estruturas típicas da arquitetura gótica.
Devido à superstição, já mencionada, alguns peregrinos acreditavam que as gárgulas eram a representação de deuses e, por isso, espectadores poderão ver alguns peregrinos louvando-as. Entre estas esculturas, componentes, com a indumentária dos ‘saqueadores’, estarão em cima de gigantes hastes-curvas, utilizadas, por exemplo, na Comissão de Frente da Ilha (2014), no filme MadMax – Fury Road (2015) e na performance da música ‘Illuminati’ para o show da ‘Rebel Heart Tour’ (2015), de Madonna; e roubarão os mantimentos dos peregrinos, lançando-os para o público. Para o enredo, simboliza mantimento, mas, de fato, são pacotes que contém souvenires da agremiação: uma forma de interatividade para com os espectadores.
Setor Dois:
E O DESPERTAR DO CARNAVAL
Kyrie, ode ao Senhor! O Segundo Setor apresenta o início da chamada Era do Fogo e a, subsequente, ascensão dos Três Imperadores que dividiram o território da Nova Terra entre si, dando origem a Três Reinos: Ashaninka, Britannia e Baraka. Apresenta as principais características desta Era – controle, disparidade, padrão de comportamento –, mas, também, mostra que uma nova transição está a caminho, perturbando a estabilidade do ‘Fogo’. As águas vão rolar?
Grupo Performático (2):
“As labaredas”
Artistas circenses (no total de quatro), equilibrando-se em pernas de pau, com uma vestimenta vermelho-escarlate, ‘cospem fogo’, anunciando a chegada da referida Era. Ao redor destes artistas, dez outros integrantes, imitando a coreografia elaborada para os componentes do Boi Garantido para a Toada de Ritual, intitulada A Dança do Fogo.
Ala 4 (BAIANAS):
A divisão da Nova Terra entre Três Reinos
Significado: Com a emergência da Era do Fogo, três grupos misteriosos, dotados de tecnologia avançada, dividiram o território da Nova Terra entre si, dando origem a Três Reinos. Os habitantes, herdeiros do ‘Barro’, nada podiam fazer, já que não tinham armamentos para enfrentá-los e, assim, submeteram-se, a princípio, a esta nova estrutura de poder.
Descrição: A maior superfície de decoração da fantasia das gloriosas baianas, a ‘saia’, será dividida em três partes, representando, obviamente, os Três Reinos. Cada Reino tem um símbolo e características próprias (ver abaixo). No adereço de cabeça, será possível ver um material (com luz de led no seu interior), imitando a pedra preciosa Rubi e, logo acima, plumas vermelhas e amarelas, em formato de chamas, completam o adorno, simbolizando, assim, a Era em questão.
Ala 5:
“Tudo escuro, tudo em volta é Muro” (easter egg)
Significado: A cultura nômade, típica da Era do Barro, perdeu espaço com a Era do Fogo, já que os Imperadores ergueram muralhas gigantes, separando os Três Reinos, impedindo, assim, a livre circulação entre os habitantes da Nova Terra.
Descrição: Os componentes vestirão um tipo de malha e, nela, haverá desenhos em 3D, feitos à mão, representando uma sequência de tijolos que culmina na formação de uma muralha. A inspiração para estes desenhos vem do jogo Minecraft (que faz bastante sucesso em vários canais no YouTube), pois este permite a construção de qualquer coisa, utilizando blocos (cubos). Ainda nesta malha, será possível ver rostos, com uma expressão agoniada, ‘saindo’ dos tijolos, representando a insatisfação dos habitantes da Nova Terra com o cerceamento do seu direito de ‘ir e vir’. No adereço de cabeça, dois martelos (easter egg), cruzados, formando um ‘X’ representam o desejo mais do que consciente de destruição das muralhas. Plumas verdes, vermelhas e azuis (as cores dos Três Reinos) completam o adorno.
Ala 6:
“Morceganjos”
Significado: Criaturas aladas, com rosto de cobra, responsáveis pela segurança das muralhas, erguidas com a emergência dos Três Reinos. Sua principal finalidade é impedir o fluxo migratório populacional entre um Reino e outro caso as muralhas sejam insuficientes.
Descrição: A fantasia é inspirada na lenda ‘Morceganjo’ da tribo indígena ‘Maraguá’ e que foi apresentada pelo boi Caprichoso no Festival de Parintins, em 2012. Logo, a indumentária será multicolorida, com asas (um tipo de corda permitirá que os componentes possam movimentá-las) e, por fim, o adereço de cabeça terá um formato de cobra com plumas, igualmente, coloridas.
Ala 7:
“O Fogo desvanece”
Significado: A estrutura de poder, criada pelos Imperadores, havia se mantido firme durante, pelo menos, dois mil anos. Porém, Nova Terra passava por mais uma transição de Eras, desta vez, do Fogopara Água. As ‘cinzas’, que indicavam o fim de um período, traziam novas características dos Três Reinos: instabilidade, incerteza, ‘falta de chão’ e traição.
Descrição: Ala coreografada. O adereço de cabeça é composto por plumas acinzentadas, com detalhes em laranja, vermelho, em combinação com outros materiais, simbolizando, obviamente, as ‘cinzas’, indicando o fim da Era do Fogo. O resto da fantasia segue esta concepção: panos retalhados que mesclam as cores cinza, vermelho e laranja com o acréscimo da luz de led (cor azul), simbolizando a emergência da Era da Água. Os componentes desfilarão como se estivessem bêbados, de lá pra cá, representando a instabilidade da nova Era.
Alegoria 2:
“Bamboleo, bambolea: a queda dos signos do Fogo”
Significado: A segunda alegoria da agremiação traz os significantes da Era do Fogo (Imperadores, muralhas, morceganjos), mas, também, mostra que uma nova transição de Eras está em curso.
Descrição: A figura acima, que retrata a divisão da Nova Terra (o ponto vermelho é Kolônia) terá uma representação em 3D e, no lugar dos trigramas, símbolos dos Três Reinos, haverá grandes bonecos articulados, representando os Imperadores. A indumentária destes bonecos será composta por túnicas (cada uma com a cor específica de seu Reino) e máscaras (identidade não revelada), inspiradas na do personagem Kyle Ren de ‘Star Wars VII – o despertar da Força (2015). As muralhas, também, serão representadas via estética do jogo Minecraft. E não poderia faltar esculturas dos morceganjos. A base da alegoria será formada por um emaranhado de aquedutos tubulares transparentes e, alguns deles, sofrerão uma torção vertical de 90º, atingindo de sete a oito metros de altura. A ideia original é que haja água, de fato, nestes aquedutos; caso não seja possível, será substituída por outras soluções, materiais, que simulem o mesmo efeito. Como podem ver, trata-se de uma metáfora do período de transição entre Eras, prenúncio de que as águas vão rolar. Por este motivo, componentes e esculturas serão balançados por meio de engrenagens, como se estivessem em uma embarcação; representando a instabilidade que se anunciava: “Bamboleo, bambolea! Preferem viver assim? ”.
Setor Três:
“Um destino para os Variantes”
Sequentia. Com a emergência dos Imperadores, o vilarejo Kolônia ganhou uma nova funcionalidade. Tornou-se uma espécie de presídio para os variantes. Assim eram denominadas as pessoas que se rebelavam contra o Sistema Operacional da Era do Fogo. Este Setor conta um pouco desta história com destaque para a trajetória de Sorôco, sua mãe, sua filha e encerra com um acontecimento inesperado para os prisioneiros: Kaos em Kolônia.
Ala 8:
“Variantes do tipo 1”
Significado: Parte dos habitantes da Nova Terra não aceitou a divisão da mesma, nem o Sistema, imposto pelos Imperadores; formando, assim, alianças rebeldes. Estes rebeldes foram chamados de variantes. Um fenômeno que atingiu os Três Reinos, quase ao mesmo tempo, por mais que não existisse contato entre as populações (* Teoria do Campo Morfogenético). Mas, como já foi dito, tudo é programado. Os componentes desta Ala estarão vestidos com a indumentária dos variantes de Britannia, o Reino que ganhou mais destaque nesta Falação. Sorry, Ashaninka e Baraka.
Descrição: A fantasia é inspirada nas vestimentas dos personagens principais do jogo ‘Assassin’s Creed – Syndicate’ (2015), pois a trama se passa durante a Revolução Industrial, na Inglaterra, e seus protagonistas (os irmãos Jacob e Evie Frye) lutam contra o Sistema imposto por um industrialista de nome Crawford Starrick.
Ala 9:
“Lunáticos – what a lovely day (easter egg)”
Significado: Exército, criado pelos Imperadores para combater os variantes, capturando-os e os encaminhando para Kolônia.
Descrição: Ala coreografada. Os integrantes farão acrobacias, somadas a golpes de artes marciais, simulando combate e captura de variantes do tipo 1. A caracterização dos componentes é inspirada na dos ‘kamicrazies’, soldados do Imperador Immortan Joe do filme ‘MadMax – Fury Road’ (2015).
Ala 10:
“Variantes do tipo 2”
Significado: Com o passar do tempo, qualquer pessoa que não se adaptava ao padrão de comportamento, imposto pela sociedade da Era do Fogo, era considerada um variante. E, também, levada para Kolônia, só que por suas próprias famílias. Caso de: tímidos, epiléticos, autistas, invertidos (homossexuais), prostitutas, adoradores da Era do Barro, adolescentes grávidas, escritores 'subversivos', deficientes físicos, drogados, isto é, os deserdados sociais.
Descrição: Para representar diferentes tipos e personalidades, recorro à metáfora com doses surrealistas. Assim, os componentes usarão perucas ‘black power’ (inspiradas na performance ‘Deeper and Deeper’ da cantora Madonna, de 1993) e óculos escuros coloridos. A fantasia será, ainda, composta por escamas de peixe, representando aquela velha e conhecida expressão: “peixe fora d’água”, pois era assim que os variantes do tipo 2 se consideravam diante desta nova Estrutura de Poder.
Tripé (2) + Grupo Performático (3)
“Trem de doido + a decisão de Sorôco”
Significado: Vilma desenvolveu uma doença mental, sem tratamento em Britannia e Juliana, sua neta, integrou-se a Aliança Rebelde; ambas, portanto, consideradas variantes. Por isso, Sorôco, após consultar familiares, decidiu entregá-las ‘aos cuidados tão gentis’ de Kolônia.
Descrição: Este tripé representa a Estação Lady Inácia + uma locomotiva e um vagão. Os espectadores poderão ver Sorôco entregando sua mãe e filha para os administradores de Kolônia. E há outros que fazem o mesmo com seus familiares. No vagão, no lugar de janelas, há grades e, em sua base, ao lado dos trilhos, será possível ver rosas pretas como adorno (Ver Argumento). As paredes externas do vagão serão decoradas com polvos e corais, representando a visão alucinada de Vilma, uma psicótica. Do lado de fora do Tripé, componentes (grupo performático) representarão as ‘pessoas normais’, zombando dos variantes com uso de placas (serão viradas para o público como forma de provocação), contendo os seguintes dizeres: “tchau, queridos!”, “tchau, doidos!”, “tchau, escória!”.
Ala 11:
“O perfume das Rosas”
Significado: Antes do calvário, uma paisagem acolhedora. Por que não sustentar oposições, não é mesmo? Piada de mau gosto? Quem sabe? Mas o fato é que as ferrovias que ligavam a planície da Nova Terra à Kolônia eram ornamentadas por rosas. Havia rumores, espalhados por variantes paranoicos, que tais rosas, na verdade, exalavam alguma espécie de entorpecente para acalmar os ânimos dos prisioneiros mais exaltados, facilitando, assim, o trabalho dos receptores. Cada Reino tinha uma cor específica: vermelha, preta e branca (* Não confundir com as Cores Oficiais de Cada Reino).
Descrição: Os noventa componentes desta ala estarão vestidos de rosas, 30 para cada Reino. Estarão dispostos verticalmente em relação à pista de desfile. Entre estes Três Grupos será possível ver elementos que representam trilhos ferroviários. Gelo seco será utilizado para simbolizar o clima frio presente durante a viagem até Kolônia.
Alegoria 3:
“Kaos em Kolônia”
Significado: A terceira alegoria retrata o desembarque de Juliana e Vilma (e demais variantes) em Kolônia. Elas encontraram um cenário caótico, vilarejo em ruínas; criaturas, vagando a esmo e outras descontroladas. Uma verdadeira suruba. O que se sucedeu, afinal? Só assim, diante do imponderável, que a tal da liberdade pode ser experimentada? Ou, é, apenas, outra forma de aprisionamento? Faça sua aposta!
Descrição: Primeiro: a ‘saia’ da alegoria será adornada com materiais que lembram linhas férreas, que estarão retorcidas e as rosas estarão com um aspecto de queimadas. Na parte frontal da alegoria, haverá um portão, igualmente, distorcido. Para compor o resto do Carro, o público verá os escombros das edificações góticas, incluindo as gárgulas. Variantes, descontrolados, correrão por toda alegoria e enfrentarão ‘lunáticos’ e ‘morceganjos’, que foram acionados para controlar esta ‘rebelião’ e, claro, impedir uma provável fuga para os Três Reinos. Claro, que duas componentes estarão na alegoria, representando Vilma e Juliana. Estarão em constante movimento, já que, afinal, precisam fugir do caos. Em função da condição psicótica de Vilma, a alegoria apresentará algumas imagens que, aparentemente, possuem significados desconexos com o contexto apresentado. Trata-se de sua visão peculiar sobre este acontecimento, repetindo a caracterização do Tripé deste Setor. Que imagens são essas? Figuras de composição irão segurar adereços de mão que, em sua extremidade, haverá peixes. Em cima de quatro colunas góticas decaídas, sereias (uma em cada coluna), tocando violino, um réquiem para Kolônia, certo? Vilma, por estar mais desprendida, conseguia perceber a iminência da chegada da Nova Era, linhas do novo código.
Setor Quatro:
“Organizando o Kaos: um encontro entrópico”
E O DESPERTAR DO CARNAVAL
Offertorium. O Quarto Setor continua acompanhando a fuga de Vilma e Juliana pela caótica Kolônia. A primeira é levada por um ‘morceganjo’ e a segunda, sem opções, teve que se refugiar em uma Igreja gótica do vilarejo, encontrando uma figura misteriosa e repleta de frases de efeito, de nome Pinhead. Um encontro que mudaria a vida de Juliana de forma definitiva. A partir deste Setor, a jovem ficará sabendo o que aconteceu com Kolônia. Detalhe: as alegorias 4, 5 e 6 estarão estruturadas sobre uma série de tubulações, simbolizando os túneis secretos do vilarejo conforme descrito no Argumento e a parte inferior das fantasias destes Setores terá uma coloração amarronzada pelo mesmo motivo.
Ala 12:
“Ruínas góticas – frangalhos de um projeto”
Significado: Esta ala é uma continuação da alegoria anterior, pois ainda retrata a fuga de Juliana e Vilma pelas ruas do decaído vilarejo. Entre os obstáculos, encontrados, as próprias ruínas do lugar. É evidente que Vila e Juliana viam este cenário de forma diferente e esta visão contraditória será retratada na fantasia. O mesmo irá ocorrer na ala seguinte.
Descrição: A fantasia será composta por cacos, representando os escombros do vilarejo, o que sobrou dele. No adereço de cabeça, haverá plumas azuis e peixes, simbolizando a visão peculiar de Vilma, retratada na alegoria anterior.
Ala 13:
“Berserk, um tal descontrole”
Significado: Por algum motivo, os variantes, que eram mantidos presos em Kolônia, perderam o controle e passaram a destruir tudo que viam pela frente e ameaçavam fugir do local, descendo a montanha, ameaçando, assim, a falsa estabilidade dos Três Reinos. O nome berserk é inspirado em um anime japonês homônimo e significa nada mais do que um estado ‘frenético’, furioso que um indivíduo pode atingir.
Descrição: Ala coreografada. Os componentes masculinos e femininos usarão, apenas, uma calça branca, terão seus rostos, pintados de vermelho e o resto do corpo, pintado de branco e, finalmente, irão utilizar lentes de contato amarelas. Para completar, usarão um adereço, simbolizando asas, adornadas com escamas de peixe. Trata-se da visão da nossa querida psicótica. Os integrantes farão acrobacias, demonstrando irritabilidade. Duas componentes femininas, representando Vilma e Sara, poderão ser vistas, nesta ala, tentando fugir destes variantes descontrolados.
Tripé (3):
“Vilma capturada. Que barato! ”
Neste tripé, haverá um ‘boneco’, articulado (tecnologia de Parintins), representando a criatura ‘morceganjo’, de, aproximadamente, quatro metros de altura e, em suas mãos, uma componente, simbolizando Vilma. Seios de fora e good vibe. Pra ela, tudo isso não passa de pura diversão. Ui!
Ala 14:
“BATERIA - Pinhead”
Significado: Após Vilma ter sido capturada por um ‘morceganjo’, Juliana refugiou-se na Igreja do vilarejo. E lá encontrou uma figura misteriosa, chamada Pinhead. Os componentes da bateria estarão caracterizados deste personagem.
Descrição: A fantasia terá inspiração gótica, cor preta, com alguns detalhes em vermelho, e lembrará um tipo de vestido. Os instrumentos, decorados de acordo com a estética do Cubo das Revelações. Os componentes serão maquiados: base branca e batom preto (Observação: caso haja resistência dos integrantes masculinos, sobretudo em função do batom, basta oferecer uma grana, afinal $$ dissolve sintomas e preconceitos infantis). Para complementar a indumentária, usarão uma máscara para cabeça, composta de pregos como pode ser observado na figura a seguir.
Ala 15:
“PASSISTAS – Cenobitas: lambedores de ‘saco’”
Significado: Cenobita é uma palavra, originada do ‘latim arcaico’ e significa “membro de uma comunidade religiosa”. No caso do enredo, eram os asseclas de Pinhead. Nada mais do que variantes que tentaram encontrar na religião, nos sermões de seu líder, uma forma de não pirar ainda mais diante dos horrores, cometidos em Kolônia. Lembrando que todos os sintomas positivos (as chamadas ‘alucinações’) de um ‘louco’ são, na verdade, uma tentativa de reconstrução do mundo, trata-se de uma defesa do cérebro. (Freud, Caso Schreber).
Descrição: Os passistas usarão uma calça comprida preta e colete, igualmente, preto. Correntes, cruzes, colares e outros adornos, típicos da estética gótica, irão compor a fantasia. Para o ‘adereço de cabeça’, uma réplica do Cubo das Revelações. Já as passistas usarão uma bota preta de cano longo e um biquíni. Carregarão, também, cruzes e colares. Estarão de seios de fora. Em suas cabeças, perucas que lembram o cabelo da cantora britânica já falecida, Amy Whinehouse.
Vídeo[9]
Alegoria 4:
“A Conjuração de Pinhead – eu sou o caminho (easter egg)”
Significado: A quarta alegoria representa o encontro entre Juliana e Pinhead em uma Igreja. Por via de um aspecto de aparente loucura, sua função foi prepará-la para os fatos vindouros: a verdadeira rebelião estava a caminho.
Descrição: Alegoria teatralizada. Reproduz o interior de uma Igreja de arquitetura gótica. O público verá uma componente, representando Juliana, caminhando por entres os bancos (repletos de variantes do tipo ‘cenobitas’, que repousam seus joelhos nos genuflexórios para fins de oração), em direção à mesa de altar, onde se encontra Pinhead. O componente que o representa vai ao encontro da jovem. Há dois telões de led (um, voltado para o lado esquerdo e outro, para o lado direito e estarão ornados de acordo com o padrão estético da alegoria), localizados na parte final do carro e em um ponto alto e visível para o público. Para quê estes telões? Para reproduzir o diálogo (na verdade, mais o monólogo de Pinhead, as principais mensagens) entre os dois personagens centrais em questão. Tal diálogo estará sincronizado com as ações de Pinhead e Juliana, utilizando, assim, o mesmo artifício do cinema mudo. É um algo a mais, já que, felizmente, tanto o público de casa como o da Sapucaí (Roteiro de Desfiles) tem acesso a todas informações sobre um desfile.
Seguindo o que foi proposto no Argumento, o componente, representando Pinhead, entregará o cubo das revelações à Juliana para ter acesso aos seus pensamentos. Outros seis telões de led, (três para cada lado da alegoria) mostrarão o que se passa em sua cabeça, suas memórias. É, por aí, que ele descobriu que a moça fazia parte da Aliança Rebelde. Em seguida, o público verá Pinhead, maltratando um ‘cenobita’ e este nada fará, pois está recebendo grana para isso (avatar: escravo. Ver Argumento). Dando sequência, os telões mostrarão imagens de Carnaval, a tal ‘falha’ do Sistema, mencionada por Pinhead e tem mais: belos passistas (homens e mulheres) e drags irão percorrer por toda alegoria, simbolizando (é uma metáfora) igualmente esta ‘falha’. Diante deste cenário, para finalizar, Pinhead levará Juliana até a mesa de altar, que possui um compartimento secreto e, então, irão desaparecer diante do público. Nas laterais da alegoria, no chão, o público verá artistas ‘cuspidores de fogo’, representando o caos do vilarejo.
Setor Cinco:
“Tratamento Especial”
E O DESPERTAR DO CARNAVAL
Sanctus. O Quarto Setor mostra a ida de Juliana e Pinhead até o Teatro da Readaptação, local, onde os variantes recebiam dos administradores de Kolônia um ‘tratamento especial’, proposta de readaptação ao padrão comportamental dos Três Reinos. Como mostrado no Argumento, Pinhead tinha segundas intenções com esta visita.
Ala 16:
“Ratos que correspondem aos fatos”
Significado: Antes de passar pelos ‘tratamentos’, os variantes eram mantidos presos em calabouços e lá sofriam com a falta de saneamento básico e tinham que conviver com ratos e insetos.
Descrição: Os componentes estarão, obviamente, vestidos de ratos. O ‘adereço de cabeça’ desta ala é a cabeça deste animal. Centenas de elementos que simbolizam baratas compõem a malha da indumentária. O preto, marrom e cinza são as cores predominantes.
Ala 17:
“A cada dia um ‘choque’ diferente”
Significado: A eletroconvulsoterapia, o popular eletrochoque, era uma forma de tratamento que visava acalmar os variantes mais rebeldes, deixando-os catatônicos, sem força suficiente pra se rebelar ou gerar qualquer tipo de manifestação.
Descrição: A fantasia é composta por um emaranhado de fios que culminam no ‘adereço de cabeça’ que representa um cérebro sendo pressionado por duas mãos e, nestas, é possível ver parte da máquina, utilizado neste tipo de tratamento.
Ala 18:
“Cérebro Revirado – Zumbitomia”
Significado: Eis a vez da lobotomia, clássica intervenção cirúrgica no cérebro que tinha, também, função de deixar os variantes catatônicos, inertes. Geralmente, este procedimento era utilizado caso o método anterior (eletrochoque) não surtisse efeito.
Descrição: Como a lobotomia deixa os variantes catatônicos, sem rumo, os componentes estarão fantasiados de zumbis, aquele estilo característico, apresentado em jogos e séries. O rosto dos integrantes será maquiado para ‘entrar no clima’ do personagem em questão. O ‘adereço de cabeça’ terá uma cabeça (oh!! Jura?) com olhos esbugalhados, língua pra fora e, a parte superior do crânio, estará aberta. No lugar do cérebro, macarrão e será possível ver garfo e faca, ‘mexendo neste macarrão’. Uma metáfora, claro.
Ala 19:
“Seja macho provedor! Seja recatada e do lar! Ui!”
Significado: Os variantes menos rebeldes eram submetidos a um tipo de ‘tratamento’ por via de Engenharia Social. Eram obrigados a assistir, por horas a fio, vídeos motivacionais, que enalteciam os Três Reinos e seus Imperadores. Havia vídeos específicos para homens e mulheres. Para o homem: como ser ‘macho provedor’. Para mulher: o que deveria fazer pra ser ‘belas, recatadas e do lar’.
Descrição: Será possível ver, por toda fantasia, cristais, representando os símbolos do sexo feminino (♀), do masculino (♂) – visão sexista, imposta pelos Imperadores –, e dos Três Reinos. No ‘adereço de cabeça’, haverá óculos de realidade virtual, por onde os variantes assistem aos vídeos. Nesta Ala, haverá, também, mulheres, caracterizadas de uma figura pública que gosta de exercer o papel de ‘bela, recatada e do lar’; e homens com terno, gravata, ‘bombado’, muita academia a base de whey protein; e com um topete considerável. Como curiosidade, eles estarão usando coleiras e serão puxados por elas. Como podem permitir isso ‘machos provedores’? Quem diria, hein?
Alegoria 5:
“Teatro da Readaptação”
Significado: A Quinta Alegoria se apropria de uma estética surrealista para representar o chamado Teatro da Readaptação. Neste local, os variantes passavam por uma série de procedimentos físicos e mentais que visavam readaptá-los ao padrão de comportamento, imposto pelos Imperadores. Os diferentes tipos de tratamento serão apresentados. Pinhead fez questão de mostrar o ‘Teatro’ para Juliana, pois acreditava que ela se indignaria a tal ponto, diante das cenas de horror e iniquidade, que este processo facilitaria seu despertar... Mas a quem interessa, de fato, este despertar?
Descrição: A alegoria terá formato de um retângulo vazado e só será possível ver suas estruturas de sustentação, obviamente, metálicas. Nas laterais (simetria, lado direito e esquerdo com as mesmas informações e decorações), duas esculturas, voltadas para o público, que representam a cabeça de um ser humano. Os olhos estarão meio esbugalhados e a língua estará para fora. Um destas esculturas representará o eletrochoque e a outra, a lobotomia; seguindo o modelo, apresentando nas alas. Entre estas cabeças, esculturas menores, representando picolés e, dentro destes, o público verá seres humanos: o frio cortante do calabouço, ora. No ‘chão’ do Carro, haverá ratos, água suja e, claro, variantes; andando de um lado pro outro, sem rumo, nem direção. Do meio da alegoria, partem quatro estruturas que terminam em bancos (altura de oito a nove metros) que atingirão até a parte mais alta do Carro. Os variantes, sentados nestes bancos, estarão amarrados e usarão os óculos de realidade virtual – técnica da Engenharia Social. Na parte frontal da alegoria, uma outra escultura de cabeça, só que de dentro dela (da parte do crânio) haverá dois componentes, simbolizando Pinhead e Juliana. Ele estará tomando um chá (inclusive, em alguns momentos, irá oferecer para o público), só observando a reação da jovem e ela fará movimentos bruscos com a mão para demonstrar sua indignação. E para reforçar, ainda mais, este sentimento, a componente usará uma peruca ‘black power’ vermelha. Nos quatro vértices superiores desta estrutura retangular, o público verá esqueletos, com algumas peças de roupa com significantes da série Breaking Bad (em função da decomposição dos corpos via ácido) que lembram músicos (Ver Argumento). E, por fim, nas laterais do Carro, no chão, o público verá componentes, trajados de ‘médicos’, segurando uma espécie de ‘coletores’ de dinheiro (parecidos com o dízimo das Igrejas), simbolizando o lucro que as Faculdades de Medicinaobtinham com Kolônia – o comércio da loucura.
Setor Seis:
“Motor Morfogênico”
E O DESPERTAR DO CARNAVAL
Benedictus. Após o contato com o Teatro da Readaptação, Pinhead resolveu contar para Juliana o que, de fato, havia se sucedido em Kolônia, por que o vilarejo se encontrava naquele caos. Tudo ocasionado pelo desejo de poder do Imperador de Britannia que criou um projeto de exército, baseado no uso de alta tecnologia, mas que, por algum motivo, a experiência saiu do controle – a Rebelião de Ciata. Este Setor mostra, portanto, a ida dos dois até o laboratório, incrustado em algum lugar da Montanha Kuarup.
Ala 20:
“Poder Ilimitado. Essência de um vício”
Significado: Dizem que o tal do ‘poder’ é um vício como qualquer outro. Quando se tem algum, quer se ter mais, mais e mais. Não satisfeito em ter um Reino só para si, o Imperador de Britannia desejou todo o território da Nova Terra e investiu pesado para atingir seu objetivo. Sintomas da emergência da Era da Água, relações efêmeras, individualismo... Para que serve o ‘outro’ mesmo?
Descrição: Talvez uma das fantasias mais luxuosas da agremiação, já que ela representa o Imperador e seu desejo por poder ilimitado. Os componentes estarão vestidos com uma túnica vermelha e vários colares e pulseiras como acessórios + plumas e faisões.
Ala 21:
“Projeção Astral”
Significado: Para atingir o seu objetivo de domínio da Nova Terra, o Imperador Britannia e seus cientistas desenvolveram o projeto, de nome Projeção Astral, com uma tecnologia nova e avançada, chamada Motor Morfogênico. Essa máquina potencializa a capacidade da mente humana de tal forma que não há a necessidade do corpo para se materializar. Seu exército desfrutaria desta nova tecnologia, tornando-se praticamente imbatível. Ah, mas os outros dois Imperadores não perceberam o movimento de Britannia? Resposta primária: a velha zona de conforto! Resposta secundária: quem disse que não perceberam?
Descrição: Esta fantasia é repleta de fios metalizados e os componentes usarão um capacete que possui uma viseira da cor azul, representando o Motor. Das costas dos desfilantes, partirão fios (grossos) que sustentam um boneco, como se fosse um títere às avessas, representando esta ‘projeção astral’ – ‘alma’ saindo do corpo. Como se trata de um tipo de exército e Britannia é um Reino sexista, os integrantes desta ala serão exclusivamente masculinos.
Ala 22:
“A dor como método”
Significado: Pinhead explicou a Juliana que os primeiros testes com variantes (e a subsequente interação com o Motor Morfogênico) não deram certo, pois o método só funcionava se as cobaiaspassassem por uma experiência traumática. Assim, os cientistas resolveram usar os variantes que já haviam passado pelos ‘tratamentos’ do Teatro da Readaptação. O sofrimento era tão grande que eles desejavam, espontaneamente, abandonar o próprio corpo – chega de dor. Desejo essencial para o funcionamento da máquina.
Descrição: A indumentária é constituída por estruturas metálicas, grades, com a finalidade de passar a impressão de aprisionamento corporal. Entre as lâminas, partem pequenas esculturas de cabeças, inspiradas no quadro ‘O Grito’, de Edvard Munch.
Ala 23:
“A Rebelião de Ciata”
Significado: Eis a primeira variante a passar pela experiência com o Motor após passagem pelo Teatro da Readaptação. Os cientistas comprovaram a tese da ‘dor como método’ e conseguiram extrair sua alma de seu corpo. Entretanto, certo dia, sem motivo aparente, ela se rebelou, sendo a principal causa da destruição, e subsequente, caos do vilarejo (esse ‘caos’ foi retratado na alegoria 3).
Descrição: Ala exclusiva para mulheres. A fantasia será composta por fios metalizados, elementos que lembram ‘bombas’ e, no ‘adereço de cabeça’, a máscara clássica que ficou conhecida com o filme ‘V de Vingança’. Tudo isso costurado com materiais típicos (vime, palha) da chamada estética africana do Carnaval Carioca.
Alegoria 6:
“O despertar de Arlequina”
Significado: A Sexta Alegoria apresenta como se deu o despertar desta, digamos, ‘entidade’, de nome Arlequina. Por meio do Cubo das Revelações, Pinhead havia descoberto que Juliana guardava, nas profundezas de seu inconsciente, ‘programas’, relacionados a uma Festa, chamada Carnaval, ou seja, ‘falha do Sistema’. Desde então, via necessidade do afloramento desta ‘falha’ e nada melhor do que utilizar o Motor para se atingir este objetivo. As razões para este desejo de Pinhead nunca foram esclarecidas, afinal, para quê mais confusão diante de um cenário já caótico, não é mesmo? Certamente, tinha algum interesse ou, então, foi movido por uma destas qualidades de sentimento que as pessoas não gostam de admitir que possuem como o ‘rancor’ ou, até mesmo, em nível mais radical: o ódio. Será que era mais um que se incomodava radicalmente com o Sistema, imposto pelos Imperadores? Ou não passava de uma marionete e isso tudo não passou de um jogo, já conhecido? Bem, fato é que Arlequina despertou.
Descrição: Alegoria teatralizada. Tanto do lado direito, quanto esquerdo; haverá três Motores Morfogênicos do mesmo tamanho. Na parte final do Carro, haverá mais dois de tamanho maior do que os outros seis. Em um deles, teremos Ciata; já o outro, estará vazio. Pinhead e Juliana vão se dirigir até a este Motor vazio. A componente que representa Juliana entrará na máquina, mas por mais que Pinhead faça, ela não consegue fazer sua ‘projeção astral’. Logo após esta cena, os Três Imperadores aparecerão na frente da alegoria, ameaçando os planos de Pinhead. Este, sem alternativa, vai enfrentá-los. A disputa será entre ele e o Imperador de Britannia. Armas pro combate? Espadas. Os dois integrantes, que representam os personagens em questão, estarão numa espécie de elevador hidráulico que os elevará até sete metros de altura. O público verá uma disputa ferrenha entre eles, mas o Imperador de Britannia levará a melhor e matará Pinhead. Cena forte o suficiente para Juliana transformar sua indignação em algo produtivo. Muita fumaça e gelo seco anunciarão a emergência de Arlequina. Explosão de luzes e cores e a subsequente expulsão dos Imperadores do local. Como o laboratório estava incrustado em algum canto da Montanha Kuarup, a saia do carro será enfeitada com um tipo de material que simulará a textura e cor desta formação rochosa.
Setor Sete:
“Incorporação”
E O DESPERTAR DO CARNAVAL
Agnus Dei. O Sétimo Setor mostra as mudanças que Arlequina provocou em Kolônia após a passagem de sua matriz, Juliana, pelo Motor Morfogênico. E o réquiem ‘caiu’ no samba, quem diria? Do gótico às cores vivas do Carnaval!
Ala 24 (4x1):
“ValeTudo”
Significado: Em latim, valetudo, significa saúde e isto é o objetivo fundamental desta Festa, chamada Carnaval. Inversão, transgressão, ‘piração’ (Como curiosidade ‘piração’ foi um termo utilizado por Fernando Pinto para descrever a alegoria que representava a juventude tupinicopolitana no clássico Tupinicópolis, 1987). Todo o sintoma é considerado, é válido, é colocado pra jogo. Nada se perde, inclusão radical de todas as manifestações da mente humana. Arlequina, em seu exercício criativo, propiciou uma nova realidade para aqueles variantes, afinal, como já cantava o Salgueiro, em 1997, “de poeta, carnavalesco e louco... Todo mundo tem um pouco”. Assim, abram alas para pombas giras, drag queens, arlequins, colombinas, pierrots, passistas, mendigos, ricos, pobres. Todos, sambando e se divertindo na mesma frequência.
Descrição: Quatro alas em Uma. Essa é a proposta. No total, são 320 componentes. A ‘ala das crianças’ com a fantasia “Todo dia é dia de índio” (40 jovens) será o primeiro contingente deste Setor. As outras 280 pessoas estarão caracterizadas com os elementos citados acima e, também, com fantasias e adereços que a gente vê nos blocos do Rio; um tipo de Carnaval que já se consolidou e é mais uma atração para cariocas e turistas. Pra quê competição, não é mesmo? A gente incorpora, traz as características dos blocos para dentro da Avenida. Alguns integrantes trarão adereços de mão, simbolizando urubus (easter egg), outros, em pernas de pau, representando Titãs (easter egg), e, outros, representando ‘jegues’ (easter egg). Sobreviventes (filhos de) do Hospital Colônia de Barbacena e de outros manicômios, muitos já desativados, irão desfilar neste Setor. Observação: evolução livre, nada de fila, espontaneidade total. Os diretores da Agremiação irão distribuir para o público, no momento de passagem desta Ala, fantasias típicas de blocos e lançarão fitas, em verde amarelo, reproduzindo o efeito de ‘carnavalização’ de Arlequina.
Alegoria 7:
“Um pouco de Carnaval em sua vida”
Significado: A Sétima Alegoria mostra as transformações, sofridas em Kolônia após o ‘exercício de criação’ de Arlequina. O clima soturno da estética gótica deu espaço para o da alegria e confraternização. “É Carnaval, o Rio abre as portas pra Folia, é tempo de sambar, mostrar ao mundo nossa alegria”.
Descrição: Logo a frente da Alegoria, será possível ver uma componente, caracterizada de Arlequina com parte da indumentária de Pinhead, afinal este foi incorporado por ela. Alguns fios luminosos sairão de suas costas e terminarão em túmulos que estarão localizados nas laterais do Carro (lado direito e esquerdo) para representar a fusão entre ela e as ‘almas’ dos variantes, conforme descrito no Argumento. Outros fios luminosos sairão da espinha desta destaque, que representa a personagem em questão, e terminarão em estruturas que lembram os casarios e bares da Lapa e do subúrbio do Rio: rodas de pagode, de samba, ‘comidas de boteco’ (simulação), ‘cervejinha’ (simulação), rebolado das mulatas, a ‘pinta’ das drags, a malemolência dos ‘malandros’. E a estética (sobretudo no que se refere à forma e cores) será inspirada nos quadros ‘Carnaval em Madureira’, de Tarsila do Amaral; ‘A Carioca’ e ‘Samba’, de Di Cavalcanti. Mais dois detalhes: nas mãos de Arlequina, haverá luzes e ela apontará para Ala logo a frente e, também, para o público, simbolizando seu efeito de ‘carnavalização’.
Setor Oito:
“Sua Supremacia é uma fantasia”
E O DESPERTAR DO CARNAVAL
Communio. O Último Setor mostra o aparecimento do ‘Anjo da Reinstalação’ após a carnavalização de Kolônia, iniciada por Arlequina. Toda vez que o Sistema é ameaçado, ele precisa ser ‘reinstalado’. Tal como na Comissão de Frente, todo começo é um recomeço... E, também, apresenta a proposta insólita que o Anjo fez para Arlequina: ou a guerra total, com efeitos imprevisíveis para todos os lados, ou uma suposta trégua com, digamos, regalias. A patuleia tem mesmo muito medo deste programa, chamado Carnaval, não é mesmo? Que coisa...
Ala 25:
“SKYFALL (easter egg)”
Significado: O Carnaval em Kolônia estava ‘bombando’, porém, em certo momento, os foliões observaram que um Portão, localizado no Céu, estava se abrindo e duas gigantes mãos metálicas traziam um ser mimético, uma espécie de ‘anjo robotizado’. Neste instante, os variantes foram petrificados, exceto Arlequina.
Descrição: O ‘adereço de cabeça’ trará uma escultura, simbolizando os variantes petrificados e este tipo de tratamento se estende por toda indumentária, intercalando com fios metalizados, representando as ‘luzes do céu’, abertura do Portão Estelar.
Ala 26:
“Nada é orgânico. É tudo programado!”
Significado: Com o surgimento do Anjo da Reinstalação, ficou claro para Arlequina que estava dentro de um jogo, de um Sistema e que sua autonomia praticamente não existia.
Descrição: Engrenagens, roldanas, parafusos, algoritmos compõem esta fantasia. É inspirada na personagem Gally, do mangá japonês “Hyper Future Vision Gunn’. No lugar do coração, um emulador robótico.
Segundo Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira
“A dança paranoica entre Arlequina e o Anjo da Reinstalação”
Significado: O Segundo Casal da Agremiação representará a proposta do acordo, feita pelo Anjo da Reinstalação à Arlequina. Se ela continuasse a carnavalizar todo território da Nova Terra iria sofrer uma forte resistência por parte de outros Poderes, o que poderia gerar uma guerra sem precedentes. Para evitar isso, ele propôs uma trégua a ela, que tal ter um Reino exclusivo? Boceta no poder?
Descrição: A porta-bandeira representa Arlequina, uma fantasia carnavalizada que mistura elementos do Carnaval Carioca – plumas e faisões –, com a da estética da Arlequina do filme ‘Esquadrão Suicida’ (2016). Já o mestre-sala representa o Anjo da Reinstalação. Em seu costeiro, haverá asas e o resto da indumentária mescla plumas com estruturas metálicas.
Ala 27:
“Bugs corrigidos”
Significado: Para o Sistema ser reiniciado, os ‘bugs’ precisam ser corrigidos. Mais uma tentativa de se buscar a perfeição, o Nirvana. Já repararam que a ‘toada’ é a mesma? Bate-se com a cara na porta, vê que o Nirvana não há, mas, ainda assim, tenta-se construir algo mais robusto com a finalidade de encontrar a tal perfeição. E, claro, repetir este mesmíssimo movimento. Uma estratégia bem bolada pelo, digamos, Engenheiro Master, pois, assim, temos um aperfeiçoamento constante, permitindo a emergência de complexidades e estabilidade do ponto de vista macro.
Descrição: Os componentes estarão vestidos de insetos. Tal como aquele componente da Comissão de Frente, lembram-se dele? O público poderá ver, em suas mãos, uma espécie de mata-mosquito, naturalmente, metáfora de que os ‘bugs’ serão eliminados. Interessante, eis um exemplo de Fantasia suicida (Se o MDMA for do bom, que se foda a ideologia). Como dizem? “Death is the road to Awe” (A morte é o caminho para o Sublime).
Ala 28:
“Qual vai ser, Arlequina? O cacoete das Oposições”
Significado: De acordo com o Argumento, Arlequina após ter recebido a proposta, deu um leve sorriso, fumou um charuto e repetiu, por três vezes, a palavra ‘Brasil’. O que será que ela quis dizer com isso?
Descrição: Esta Ala só terá componentes mulheres, que representarão este momento enigmático de Arlequina. Carregarão um elemento cenográfico, simbolizando charuto; no ‘adereço de cabeça’, uma peruca ‘black power’ preta e, para o resto da fantasia, a predominância das cores verde, azul e amarelo.
Alegoria 8:
“Brasil, Brasil, Brasil”
Significado: E, finalmente, a última alegoria do Império do Espírito, retrata o surgimento do Anjo da Reinstalação que, literalmente, pôs um fim à Festa Carnavalesca que acontecia em Kolônia. O seu aparecimento foi, aparentemente, para evitar o colapso do Sistema, o anúncio de que Ele precisava, mais uma vez, ser reiniciado. Podem os Reis perderem seus tronos? Dizem que eles só existem, porque, na verdade, são sustentados pela patuleia (Ver animação japonesa Kaiji). Mas como Arlequina havia atingido um outro nível de existência, o Anjo ofereceu a ela um Reino exclusivo, o papel de Imperatriz, a primeira da Nova Terra. Boceta na vitrine!
Descrição: Na parte final da Alegoria, duas grandes mãos, que lembram as do Abre-Alas da Mocidade, em 1996, só que, neste caso, são metálicas, estarão sobre o grande destaque, que simboliza o Anjo da Reinstalação. Várias esculturas (na coloração cinza), que simbolizam os variantes petrificados, serão posicionadas em vários pontos do Carro. À frente, haverá uma escultura de Arlequina, que reproduzirá o modelo da Ala 28, segurando três leviatãs (criaturas mitológicas, mas também utilizadas, sobretudo por Thomas Hobbes, como símbolo de um Governo Central e totalitário), que representarão a repetição da palavra Brasil. Tais criaturas serão enfeitadas com significantes do país Brasil e, também, do Hospital Colônia de Barbacena. A ‘saia’ da Alegoria terá a sequência binária (0/1) em toda sua extensão.
Tripé (4) + Grupo Performático (4)
“Nas Minas de Daburah”
Significado: No mesmo instante da disputa verborrágica entre Arlequina e o Anjo da Reinstalação, um fato insólito (e entrópico) chamou atenção dos moradores do distrito de Daburah, localizado no Império Baraka. Mineradores da região, no exercício de sua atividade, encontraram treze pessoas misteriosas, adorando uma mulher (mistura de trajes: egípcios e islâmicos), presa em um esquife de gelo. Em uma das mãos, uma maçã, parcialmente comida; um de seus braços era de constituição mecânica. Havia um aviso, escrito na mesma língua dos Três Reinos: “Não permitam que Ela abra seus olhos. Não permitam seu despertar”. O que vocês acham que os mineradores farão diante deste aviso?
Descrição: O grupo performático contará com a participação de 80 componentes, todos masculinos. A indumentária será uma cópia da patota que trabalha com exploração em Minas: aspecto rasgado e sujo. Os oitenta integrantes estarão distribuídos em quatro filas de vinte pessoas cada. Todos eles estarão segurando em cordas que terminarão no Tripé. Entre estas filas, um componente com trajes que lembra o personagem Dabura, de Dragon Ball Z. Bem, este local precisa de um gerente, não é mesmo? O Tripé contará com a representação de um esquife de gelo, feito de acrílico e, no seu interior, o público verá uma mulher com trajes já descritos. Ao seu redor, mais treze componentes, exercendo o papel de louvação. A frente do esquife, a placa, feita de ouro, com a misteriosa mensagem. Para completar o ambiente, elementos cenográficos que irão reproduzir o interior de uma Mina.
Livros/ Contos/ Games/ Filmes/ Animes/ Músicas:
- A Interpretação dos Sonhos, Sigmund Freud
- A República (alegoria da caverna), Platão
- Caso Schreber, Sigmund Freud
- Hyper Future Vision Gunnm, de Yukito Kishiro
- História da Loucura, Michel Foucault
- Holocausto Brasileiro, Daniela Arbex
- Muito Além do Nosso Eu, Miguel Nicolelis
- Modernidade Líquida, Zygmunt Bauman
- The Hellbound Heart, Clive Barker
- Sorôco, sua mãe, sua filha, Guimarães Rosa
- Assassin’s Creed – Syndicate, Ubisoft
- Bloodborne, Hidetaka Myazaki, FromSoftware
- Dark Souls 3, Hidetaka Myazaki, FromSoftware
- Minecraft, Markus Persson, Microsoft
- Outlast, J.D.Petty, Red Barrels
- Town of Light, Luca Dalco, LKA
- 2001, Uma Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick
- Berserk, de Naohito Takahashi/ OLM
- Brazil, de Terry Gilliam
- Code Geass: a Rebelião de Lelouch, de Goro Taniguchi/ Sunrise
- Hellraiser, de Clive Barker
- Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick
- MadMax: Fury Road, de George Miller
- Matrix, Wachowski Sisters
- Star Wars III: A Vingança dos Sith, de George Lucas
- Star Wars VII: O despertar da Força, de J.J Abrams
- Admirável Chip Novo, Pitty
- Cara Estranho, Los Hermanos
- Deeper and Deeper, Madonna
- Filho do Dono, Flávio José
- Gosto que me enrosco, Portela (1995)
- Lonely Day, System of a Down
- Memórias (Pitty)
- Morceganjo, Caprichoso
- O Muro, Herbert Vianna
- Réquiem em ré menor, Mozart
- Sagarra Jô, Kalakan
- Supremacy, Muse
- The Wall, Pink Floyd
Internet:
#http://www.geledes.org.br/holocausto-brasileiro-50-anos-sem-punicao-hospital-colonia-barbacena-mg/
#https://www.youtube.com/user/Zangado
#https://www.youtube.com/user/BRKsEDU
#https://www.youtube.com/user/SinXplays
#https://www.youtube.com/user/LuckySalamand3r
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