Atenção carnavalescos e presidentes de escolas de samba!

Atenção carnavalescos e presidentes de escolas de samba!
Gostou de uma ideia, Clique na lâmpada e leia a nossa recomendação!

sábado, 11 de outubro de 2014

Enredo 03 - “Xamãs – Pássaros da Noite, Senhoras da Cura”


07. Tema-Enredo (Título do enredo e sub-títulos, se houverem)
Xamãs - Pássaros da Noite, Senhoras da Cura

08. Autor(es) do Enredo
Rafael de Lima

09. Enredo (Direcionado aos julgadores)



“Xamãs – Pássaros da Noite, Senhoras da Cura

JUSTIFICATIVA:
Celebremos o poder daquelas “que sabem” curar – as xamãs. Coloquemos a mulher em papel de destaque, sejam parteiras, guerreiras, profetas.  Se um dom especial é dado para alguém, é para fazer o bem na luta contra a dor e o sofrimento. Desta forma, a crença nos espíritos de animais ou animais de poder, a força curativa e sagrada das plantas, o transe, o êxtase, a existência de outros mundos paralelos ao mundo material são os principais fundamentos do xamanismo. E a mulher, com o poder feminino do sangue de seu útero que gera a vida, cuja força assemelha-se àquela que cria o universo, é a sacerdotisa deste culto, mediadora entre o mundo espiritual de antepassados ou animais e os seres viventes. Toda magia e misticismo inserem-se na floresta amazônica e com a incorporação da mistura de culturas brasileira, recebe o nome de pajelança. A Pajé, depois de uma delicada e séria iniciação, com o auxílio dos encantados e dos caruanas, energias mágicas das florestas e rios, incorporando-as, realiza os rituais de cura. Toda essa transcendência da encantaria xamânica é o pilar de equilíbrio do mundo, portal para afirmação do amor e do respeito à natureza como essências de novos tempos.

 SINOPSE:

“Eu sou o grito mais vibrante
Eu sou o silêncio da aldeia
Eu sou a serpente e a águia
Eu sou a chama que clareia…
Claridade, unidade, diversidade, singularidade, fraternidade.
Somos movimento cósmico que se entrelaça
Esferas do globo terrestre em transe
O açoite que arrebenta em todas as tormentas
Lapidar a vida na manhã dourada
Transcendente, inerente, matéria criativa,
A vida do planeta em arrebol
Ao redor do atol, a dança dos pajés. Axé”!

(Adaptação – Xamã - Shamrá).

Canto 01 – Parto do mundo, a origem do xamanismo.
Que as energias positivas do sangue feminino, revoltas no útero do mundo, na passagem do plano interior para a materialização na esfera exterior, no momento sublime de um parto, funcionem como a força de criação do cosmos. Que elevem o poder feminino de quem dá a luz e à parteira que traz à vida, a uma condição liminar, concedendo a energia necessária para verdadeira consagração da mulher como aquela hábil a curar e perpetuar o dom da existência.
Desde a época pré-histórica há o culto à mulher que se transforma em ave para alçar um voo da alma ao mundo espiritual, recebendo dos espíritos o dom da cura para suprir a dor. Eis a força vital para conduzir o trabalho das que são inspiradas pelos espíritos a curar (xamãs), especialmente força maior do poder da mulher em exercer esse atributo de levar alento e a profetizar o caminho dos que têm dúvidas e revelar os mistérios da vida. Da Sibéria paleolítica há registro de mulheres xamãs usando em seus rituais, com o auxílio de tambores, gongos e chocalhos, o poder da fé e a sensibilidade religiosa para curar.
Canto 02 – Xamanismo africano primitivo.
A arte tem poder. Através das pinturas nas paredes de cavernas e talismãs de cerâmica, encontradas no continente africano constata-se a prática dos rituais xamânicos por rainhas guerreiras, que mesmo lutando ao lado dos homens, eram as responsáveis por sua recuperação após as batalhas. No reino de Daomé, mulheres eram as curandeiras e oráculos do rei. Da convicção que todos os seres estão interligados, através de uma relação de causa e efeito no cosmos, os espíritos dos animais sagrados são o elo entre os diversos mundos espirituais e cabe à tartaruga manito realizar essa interconexão para a cura.
Canto 03 – Fundamentos do xamanismo, voos espirituais
Invoque-se, então, os poderes espirituais dos animais. Águias, ursos, baleias, cobras, cada um com um dom divino de cura. Apontam os caminhos para a cessação da dor e incorporam-se ao corpo das xamãs para poderem realizar os rituais sábios de renovação e revitalização.
Na Mongólia, cavalos são os guardiões de espírito das xamãs. E um voo xamânico é expresso como o galope de um cavalo levando a amazona para uma jornada de êxtase em outros mundos. Os tambores combinados com a dança, o canto e a expressão corporal, são a invocação mais poderosa para entrar em transe, permitindo que os xamãs cavalguem seus cavalos, viajando para frente e para trás entre os reinos superior, médio e inferior. Esses galopes são o encontro e a possessão do corpo da xamã pelos espíritos protetores, interpretando suas sábias lições: as respostas para os aflitos.
Canto 04 – O mundo dos sonhos e a cura revelada.
As jornadas espirituais que as xamãs experimentam, quando do transe ou êxtase, guiam-nas para o submundo aquático, através dos sonhos, no qual são reveladas profecias e visões. Símbolos e animais em interação sensorial são a base para a interpretação deste sonho, indicando o caminho a ser explorado. Através dos espelhos de bronze, que absorvem e irradiam uma energia poderosa, abre-se a passagem capaz de gerar sonhos proféticos. Entre as águas, fonte de vida, os golfinhos com colar de diamantes permitem o acesso ao passado e ajudam na autonomia do futuro.
Assim como as fases da lua, somente o sangue feminino, essencialmente sazonal, confere às mulheres a percepção sensorial para tocar, escutar o canto e sentir a planta, sabendo qual deve ser a usada. Ervas, em chás e infusões, cada uma possui diferentes características, dependendo da hora do dia e da estação do ano em que são colhidas. E, ao colhê-las, não esquecer da oferenda destinada à cura, pois este nobre ato exige interação entre as ervas, xamãs e pacientes. Plantas psicodélicas rompem o campo visual em imagens caleidoscópicas e liberam a alma do corpo para fazer um voo mágico no tempo e no espaço míticos, conversando com os deuses. A energia de vida dos xamãs move-se tão livre como a fumaça ou a eletricidade, rodopiando, penetrando em corpos.
Canto 05 – A importância da mulher e o poder Xamã transformadora.
As mulheres tecelãs, ceramistas, artesãs são seres criativos, geradores de vida que moldam o poder do cosmos com a representatividade dessa arte. A autoridade feminina é percebida uma vez que os processos de fiar e tecer, assim como o do nascimento, evocam a habilidade de acessar o mundo espiritual para obter o poder de criar algo novo. Como todos os seres e planos espirituais estão interligados, o cruzamento e entrelaçamento de fios durante a tecelagem forma uma trama da vida, assim como as teias de aranha que determinam o fim de uma vida, a transformação (simbolizada pelas borboletas), contrabalanceando a morte e o renascimento. Daí a capacidade de transcendência entre os sexos, com predominância da sensibilidade e da força do nascimento e da vida do polo feminino. Os jaguares são o símbolo-chave do poder de transformação xamanista, especialmente na ameríndia.
Canto 06 – Pajelança xamânica brasileira. A importância das Pajés.
O xamanismo insere-se na região amazônica e sob a influência da miscigenação de raças e culturas, mestiçagem brasileira, recebe o nome de pajelança cabocla: crenças e práticas de cura difundidas e praticadas no norte do país. A pajé visa sanar doenças naturais e não naturais, auxiliado pelos encantados e pelos caruanas (entidades que vivem no fundo dos rios e matas, detentores de poder e sabedoria). É a responsável pela comunicação entre o mundo dos viventes e o mundo dos encantados; detentora da sabedoria e dos segredos dos rituais de pajelança em que há troca de energia entre ela e os caruanas.
Sendo o sangue feminino, símbolo de poder desde tempos imemoráveis, cujo movimento cíclico representa o próprio pulsar da vida, a mulher assume um poder muito mais forte e venerável que o masculino. Desta forma, as Pajés da região amazônica, após longo ritual de iniciação, repleto de provações e proibições, aprendem e perpetuam os segredos do culto originário das tribos indígenas do Marajó, sendo, também, defensoras e guardiãs da natureza e de sua sabedoria. É a pajé, que incorporando e sentindo o pulsar dos caruanas, metamorfoseia-se em ave, transitando entre o mundo dos vivos e dos mortos, para ter o dom de ministrar as ervas, orações, infusões e chás para curar doenças das populações ribeirinhas; afastar Anhangá dos pacientes e das calamidades.
Transcendendo do passado, observando o futuro, segue o xamanismo com sua sabedoria ancestral como pilar de equilíbrio entre os mundos. Saudações ao poder feminino, em voos cada vez mais profundos na alma para propagar a luz necessária para o bem de quem a ele se socorre. Em rituais de dança, canto, celebração, segue a mulher como principal responsável pela comunicação entre o mundo vivente e o espiritual para, com as lições dos animais sagrados, das plantas que curam e a força de florestas e águas, estabelecer a paz e a harmonia pela eternidade.
1º setor:
As origens do xamanismo. A presença de mulheres xamãs desde épocas pré-históricas. Os poderes do sangue feminino, cuja força assemelha-se à criação do universo, trazida para a força do parto, realizado por parteiras, carregadas de sabedoria e energia, verdadeiras xamãs.
2º setor:
O xamanismo africano descoberto em inscrições e artefatos de longa data. As rainhas guerreiras africanas, verdadeiras xamãs, pois além de lutarem exerciam papel de curandeiras, oráculos, curadoras.
3º setor:
Os fundamentos do xamanismo: a invocação e incorporação dos espíritos de animais. E o voo da alma da Xamã ao plano espiritual, para buscar a cura para as mazelas e dores.
4º setor:
O mundo dos sonhos, nos quais as xamãs têm as revelações sobre suas visões e podem retirar a sabedoria para seus ensinamentos e ministrar a cura. O conhecimento acerca do poder das ervas e plantas na aplicação do bem para cessação das dores e mazelas.
5º setor:
Os ensinamentos xamânicos da ameríndia: o poder de transformação das xamãs, como guardiãs da teia da vida, a importância definitiva da mulher como poder maior no exercício do xamanismo.
6º setor:
A inserção do xamanismo na Amazônia brasileira, que recebendo a influência da mestiçagem de raças e culturas, recebe o nome de pajelança cabocla. Os ensinamentos e importância das pajés do norte do país no ministério da cura e alento para as populações ribeirinhas.
REFERÊNCIAS:
KOSS, Monika Von. Rubra Força: Fluxos do poder feminino. Coleção Ensaios Transversais. São Paulo: Escrituras, 2004.

LIMA, Zeneida. O Mundo Místico dos Caruanas da Ilha do Marajó. 6ª ed. Belém: Cejup, 2002.

MONTAL, Alix de. O Xamanismo. São Paulo: Martins Fontes, 1986.

TEDLOCK, Barbara. A Mulher no Corpo de Xamã: o feminino na religião e na medicina. Rio de Janeiro: Rocco, 2008.

VILLACORTA, Gisela M. Mulheres do Pássaro da Noite: pajelança e feitiçaria na região do Salgado (nordeste do Pará). Dissertação de mestrado em Antropologia da Religião, apresentada no Departamento de Antropologia da UFPA. Belém, 2000.


14. Número de elementos de desfile (Número de alas; de carros alegóricos; de tripés e quadripés, incluindo os utilizados pela comissão de frente, se houver; de casais de mestre-sala e porta-bandeira; de destaques de chão e afins, se houver)
22 alas, 06 carros alegóricos, 1 casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, 2 destaques de chão

15. Organização dos elementos de desfile (a setorização é obrigatória; alas obrigatórias devem ser devidamente discriminadas)
SETOR 1
01 - Comissão de Frente: O ritual Xamânico da Pajelança
02 - Casal Mestre-Sala e Porta-Bandeira: A transformação em ave e o voo espiritual
03 – Ala 01: Xamãs Paleolíticas
04 - Alegoria 01: O parto do mundo e o nascimento do Xamanismo

SETOR 02
05 - Ala 02: Inscrições Rupestres
06 - Ala 03: Cerâmicas da visão do saber
07 - Ala 04: Candaces – Rainhas Guerreiras Africanas
08 - Ala 05: Agotime - Curandeiras Reais de Daomé
09 - Alegoria 02:  A barca de tartaruga – O xamanismo africano

SETOR 03
10 – Ala 06: Águias
11 – Rainha de Bateria (Amanda Mattos): Cobras
12 – Ala 07: Tambores em Transe (Bateria)
13 – Ala 08:  Pedrarias que Curam (Passistas)
14 – Ala 09: A fé nos animais sagrados – O Cisne
15 – Alegoria 03: Cavalos ao vento na Mongólia

SETOR 04
16 – Ala 10: Golfinhos com colar de diamante
17 – Ala 11: A visão: Submundo aquático dos sonhos
18 – Ala 12: Espelhos de Bronze
19 – Ala 13: A força das plantas sagradas
20 – Alegoria 04: A cura: chás, infusões – fases da vida

SETOR 05
21 – Ala 14: Tecelãs Celestiais – Teias de Aranha, Trama da Vida
22 – Ala 15: Borboletas ao Luar: A transformação
23 – Ala 16: Transcendência entre os sexos
24 – Ala 17: Jaguares – Símbolo da transformação
25 – Alegoria 05: Ameríndia – Totens, Jaguares, Sabedoria Indígena

SETOR 06
26 – Ala 18: Sabedoria Marajó
27 – Ala 19: A cura pela floresta – Os Caruanas
28 – Porta Estandarte (Diego Araújo): A força da Pajé
29 – Ala 20 – Anhangá – O rito contra o mal
30 – Ala 21 – Baianas: Zeneida Lima e o Caruana Beija-Flor
31 – Alegoria 06: A pajelança brasileira na ilha encantaria
32 – Ala 22 – Velha Guarda: O legado para a eternidade



Descrição dos Elementos de Desfile
(em ordem de apresentação)

01: Comissão de Frente: O ritual Xamânico da Pajelança
Representada por senhoras sagradas que marcam, em passos místicos, o ritual da Pajelança Cabocla brasileira, expressão maior nacional do culto xamânico. Cada gesto, grito, movimento, palavra profetizada, o agitar dos chocalhos na dança é a reunião e mescla entre as diversas etnias que formaram o país. Sacramentadas através dos ensinamentos das matas e florestas, a mulher, como sacerdotisa essencial dos saberes dos espíritos, transmite, com sua força e energia de seu sangue, a cura tão buscada e clamada pelos que delas se socorrem. Através desta celebração, a sabedoria das pajés lança um olhar ao passado para decifrar os fundamentos e origens do xamanismo.

02: Casal Mestre-Sala e Porta-Bandeira: A transformação em ave e o voo espiritual
O termo xamã advém de uma língua da Sibéria e significa “aquele que sabe”. Desde tempos passados, há o culto à mulher que se transforma em ave para alçar um voo da alma ao mundo espiritual, recebendo dos espíritos o dom da cura para suprir a dor. Eis a força vital para conduzir o trabalho das guias, que são inspiradas pelos espíritos a curar, através da força maior do poder feminino levando alento e profetizar o caminho dos que têm dúvidas e revelar os mistérios da vida. Em um bailar seguro e fascinante, conscientes de toda sua importância e de toda energia que a dança do casal traduz, em cada passo, promovendo um voo sinestésico e repleto de energias. Sob a luz das estrelas, as vibrações dos espíritos respondem elucidando a cura para os males que afligem. Sempre com muita luz, assim como é a luz irradiada pela dança do Casal.

03: Ala 01: Xamãs Paleolíticas
Escavações em um sítio arqueológico que remonta ao período Paleolítico encontraram um esqueleto feminino, com o corpo de uma raposa em uma de suas mãos. Os pesquisadores concluíram, com certeza, que o corpo pertenciam a uma xamã e a raposa fora sua guia espiritual. Junto com o corpo foram encontradas pontas de lança evidenciando o aspecto real e guerreiro da xamã. O culto já era praticado desde tempos imemoriais.

04: Alegoria 01: O parto do mundo e o nascimento do Xamanismo
Composições: Espírito guerreiro das antepassadas.
Destaque superior: Universo Cósmico
Destaque frontal: Pássaro Sagrado.
Segundo o ritual xamânico originário, ainda no período paleolítico (antes da pedra lascada), o cosmos nasceu quando uma mulher liberou seu sangue feminino sagrado. O sangue, que purifica e revigora, reproduz a força de criação do universo, no momento, em que, através da força de um parto, uma nova vida é trazida à luz. As primeiras xamãs foram as parteiras que, no momento sublime de um parto, direcionam as energias positivas do sangue feminino para o mundo exterior, tal qual a força poderosa da criação. Desta forma, a mulher xamã é consagrada como hábil a curar e perpetuar o dom da existência. Escritos astecas antigos pregavam a metáfora que uma mulher grávida enfrentando o parto é descrita como uma guerreira pronta a lutar
A alegoria apresenta o período pré-histórico, em um ambiente gelado, decorado em palha e gelo, lanças que aludem ao espírito guerreiro das xamãs antepassadas (composições laterais da alegoria). O primeiro módulo da alegoria traz a raposa, guia espiritual da astúcia, observação e habilidade, que norteia a viagem da escola pelo xamanismo. No segundo módulo, o calor do sangue feminino jorrando, decorrente da força do parto do mundo (escultura frontal), ladeado pelas esculturas de parteiras, consagrando ao cosmos, as novas vidas, que se assemelham à força da criação do universo, representado pela figura central – Xamã em seu ventre: A terra. Na base da alegoria, maracás estilizados nas figuras rupestres, encontradas em cavernas, representando os espíritos que elucidam a cura às xamãs.
Destaque superior: Universo cósmico, representando a força feminina vital. Destaque frontal: Pássaro Sagrado, ave na qual a xamã se transforma para fazer o voo espiritual.



05: Ala 02: Inscrições Rupestres
As raízes da atividade xamânica se estendem em um passado longínquo, bem como os sinais de que as mulheres foram ativas e participantes. Nos sítios históricos de escavação, arqueólogos encontraram imagens antigas de mulheres que metamorfoseavam formas ou mulheres em transe pintadas ou gravadas nas paredes das cavernas.

06: Ala 03: Cerâmicas da visão do saber
Junto ao esqueleto feminino mais antigo conhecido de uma xamã foram encontrados pedaços de argila endurecidos por fogo, em fornos. Não eram utensílios para casa e sim talismãs ou figuras para serem usadas em rituais, curas espirituais e profecias. As xamãs usavam seus dons como seres geradores de vida, moldando o poder do cosmos com a representatividade dessas artes.

07: Ala 04: Candaces – Rainhas Guerreiras Africanas
Ao contrário do que a história oficial registra, pesquisadores confirmam que as mulheres assumiram a condição de rainhas guerreiras, que governavam seus povos e venciam guerras, especialmente no continente africano. Lutavam lado a lado com os homens, usando as atividades xamânicas conectadas estreitamente com a guerra, através do uso de máscaras e folhas de palmeira sagradas, significando sinal de perigo aos inimigos, por causa de seu forte compromisso espiritual. Foram conhecidas por “candaces” e cantadas pelo Salgueiro, em seu aclamado carnaval de 2007.

08: Ala 05: Agotime - Curandeiras Reais de Daomé
No reino de Daomé na África Ocidental, uma elite de mulheres serviu como guarda-costas pessoais do Rei, assumindo o papel de curandeiras, videntes e oráculos. Assim agiu também a Rainha Agotime, que, através de suas visões defendeu seu reino, nas guerras, auxiliando seu marido, o rei nas vitórias contra os inimigos. A história da rainha Agotime foi contada pela Pajé, D. Zeneida Lima e serviu de inspiração para enredo da escola de samba Beija-Flor, em 2001.


09: Alegoria 02:  A barca de tartaruga – O xamanismo africano
Composições: Corte de guerreiras africanas.
Destaque Superior: Sacerdotisa real.
Destaque frontal: Feitiçaria negra.
As xamãs sagradas africanas recebiam, em suas viagens ao mundo dos espíritos, a visita de uma tartaruga com poderes de cura. Sendo um dos ícones mais importantes para as xamãs daquela região do continente negro, a tartaruga promovia a comunicação adequada entre todos os seres vivos, em interação, carregando-os em seu casco, com uma enorme barca de transporte dos que se socorriam aos seus ensinamentos, através das xamãs, navegando para a tão sonhada e querida cura para os males existentes. A experiência xamânica é complexa e mística porque propicia a integração entre o mundo físico e espiritual e seus seres, auxiliando as xamãs na prática de sua missão.
A alegoria é a barca de tartaruga carregando sobre seu casco o Reino de Daomé, decorado por palhas, ossos, máscaras sagradas e toda suntuosidade real, no qual são apresentadas a corte de guerreiras africanas (composições laterais). O destaque superior é a Sacerdotisa Real, responsável por ser a curandeira, oráculo, responsável pela defesa do reino. O destaque frontal é a Feitiçaria Negra, a magia ruim combatida pela cura fornecida pelas xamãs africanas.

10: Ala 06: Águias
As xamãs acreditam em uma teia da vida, em que todos os seres são interdependentes e interconectados. Através de uma relação de causa e efeito no cosmos, os espíritos dos animais sagrados são o elo entre os diversos mundos espirituais Invoque-se, então, os poderes espirituais dos animais: cada um com um dom divino de cura, incorporando-se ao corpo das xamãs para poderem realizar os rituais sábios de renovação e revitalização. As águias são consideradas bons presságios. Representam a proteção, sabedoria, força, espiritualidade. Durante as rezas ou cerimônias xamânicas, a aparição das águias significa que as preces serão atendidas, uma vez que, no mundo dos espíritos estas aves carregam os pedidos diretamente ao Grande Espírito.


11: Rainha de Bateria: Cobras (Amanda Mattos)
As cobras personificam as passagens entre os diversos níveis espirituais, que conectam a superfície da terra com o submundo e, por fim, com o céu. É a representação poderosa do conhecimento de astronomia, habilidade especial dessa xamã. A cada passo de samba de nossa Rainha, luzes evocam os espíritos para elevarem o desfile de nossa escola à plenitude superior.

12: Ala 07: Bateria – Tambores em Transe
Durante os rituais, o estado xamanístico da mente aparece como um estado alterado de consciência. É a combinação de percepções intuitivas e o movimento entre eles que caracteriza a atuação do xamã, materializado no fluxo da luz da energia vital corporal, chamada “relâmpago difuso”. A batida forte dos tambores de nossa bateria, o canto de nossa escola são uma forma poderosa de entrar em transe, nos quais as xamãs viajam para frente e para trás entre os diversos reinos e planos espirituais, buscando a cura. Cada rufar do tambor, marca a presença da escola neste desfile e transforma o espírito em matéria, permitindo curar.

13: Ala 08: Passistas – Pedrarias que Curam
O reino mineral é essencial aos trabalhos xamânicos. As pedras são parte do planeta e do cosmos, antes de qualquer forma de vida e presenciaram a evolução. Cada pedra tem poder de receber e transmitir energias, podendo ser usadas para curar, meditar, transmitir vibrações, como o samba de nossas Passistas. No centro do chapéu da fantasia, a Roda da Cura mineral. O figurino é adornado com a Citrino para estimular a consciência cósmica e a Pedra da Lua, que exalta o lado feminino, de sensualidade de nossas musas, aliviando as emoções e trazendo paz de espírito.

14: Ala 09: A fé nos animais sagrados – O Cisne

Em todas as tradições xamânicas, os animais são considerados arquétipos de energia que existem e que podemos encontrar e manifestar dentro de nós. Nas jornadas das xamãs, a cada toque de tambor, o animal se apresenta para quem o evoca. Todos os animais são sagrados e todos trazem um significado e valor espiritual específico. O cisne apresenta habilidade para navegar entre estados alterados de consciência, desenvolver a intuição e dons proféticos. É evocado para guardar, celebrar, proteger o amor e a fé e celebrar a elegância.

15: Alegoria 03: Cavalos ao vento na Mongólia
Composições: Tocadores dos tambores mongóis.
Destaque central: Xamã Mongol.
Nas terras da Mongólia, em que o xamanismo tem uma forte influência, crença e aceitação, cavalos são os guardiões de espíritos das xamãs. E um voo xamânico é expresso como o galope de um cavalo, levando a amazona para uma jornada de êxtase em outros mundos. O tocar e bater de tambores, produzindo um som compassado e crepitante transcendem as xamãs, que, em um profundo transe, cavalgam o cavalo tambor de volta para o céu. O cavalo é a visualização da energia espiritual e seu galope é sentido pelas sacudidelas do corpo da xamã. Na fusão do cavalo espiritual com o corpo e mente, centelhas de fogos faíscam do corpo, permitindo a sapiência do presente, passado e futuro.
A alegoria é um templo xamânico de adoração mongol, um templo de saber, com adornos e decoração daquele país. Capitaneado pelo cavalo ao vento, espírito de luz, propagador da sabedoria, que se funde com a xamã, em um profundo transe, causado pelas batidas dos tambores mongóis, revelando os questionamentos buscados. As composições são os tocadores de tambor. O destaque central é a Xamã Mongol, detentora do saber e dominadora do galope dos cavalos espirituais.

16: Ala 10: Golfinhos com colar de diamante
Seres fantásticos, guias e guardiões das xamãs pelo oceano do mundo dos sonhos. Os golfinhos dão a luz, o conhecimento dos cristais dos colares. Estes fornecem a iluminação para o que queremos saber, o que desejamos que aconteça. Essa luz pulsante é boa; é o conhecimento do cristal, para que possa reconhecer, no escuro, o caminho para a cura. Assim como os golfinhos, as xamãs enviam e recebem energia vital (calor ou eletricidade) e sons (cantando e tocando tambores) que permitem localizarem e comunicarem com a psique de seus clientes. Permitem o acesso ao passado e ajudam na autonomia do futuro.

17: Ala 11: A visão: Submundo aquático dos sonhos
Ao adormecer, os poderes sensoriais das xamãs continuam em trabalho e o calor e força do sangue feminino as levam à caverna do mundo subaquático dos sonhos, que as xamãs visitam durante suas jornadas espirituais. Um sonho que se pode ver na água, é um sonho claro, desejado, mas não se sabe como apanhá-lo. A xamã deve ajudar cada um a entender seus sonhos, aprender a completa-los, conhecer seu destino e curar a si mesmo. É a cura advinda do treinamento do sonho das xamãs, visões de símbolos que devem ser interpretados e materializados como a resposta para o que se quer saber.

18: Ala 12: Espelhos de Bronze
Os espelhos são considerados canais para os espíritos dos ancestrais. As mulheres usam espelhos durante os rituais xamânicos para atrair e capturar os espíritos, através da luz mística brilhante irradiada pelo objeto de cobre. No momento em que um espírito entra no corpo da xamã, seu rosto muda drasticamente, o espelho se aquece como se uma corrente elétrica passasse por ele, revelando sonhos proféticos e nítidos.

19: Ala 13: Curandeiras – A força das plantas sagradas


Estágio anterior à xamã é a curandeira, que domina o segredo do uso e combinação de folhas, ervas, flores e plantas, em uma sinfonia de flora mística e mágica. Com a primeira menstruação, a xamã aprende o que as plantas ensinam o que ela deve saber. As espécies de plantas possuem diferentes características, cada qual com uma serventia específica, ou que pode ser combinada, sabendo que a cada hora do dia, sua destinação se altera. A xamã sabe desses ensinamentos e não deve esquecer de retornar o que se usa par a mãe natureza, como uma oferenda por tudo que é oferecido.

20: Alegoria 04: A cura: chás, infusões – fases da vida.
Composições: Emanações do Sagrado.
Destaque central: Caleidoscópio Mágico no tempo e no espaço.
Cada espécie vegetal possui características e químicas diversas, dependendo da hora do dia e da estação do ano em que são colhidas. Determinadas ervas só devem ser apanhadas pela manhã, bem cedo; outras devem ser colhidas sobe a luz da lua cheia. Ao deixar a oferenda, a xamã deve saber para que vai usar a erva e captar a permissão da planta. Se resistisse, ao ser puxada, não poderia colhê-la. Cada planta possui uma energia própria.
A alegoria é uma grande simbiose entre animais e plantas, os guias das xamãs. As ervas e plantas sagradas são utilizadas com o fervor de águas límpidas para chás e infusões, que promovem a cura das doenças e dores. As composições são as Emanações do Sagrado: as energias de ervas e animais são unidas em uma grande infusão no caldeirão central comandada pela escultura da Alma Xamã, que representa a vida, o sopro do sagrado, o Grande Espírito. As serpentes que adornam o carro representam o grande poder de cura. Têm a capacidade de devorar doenças, comendo tumores e outros patógenos virulentos, pois o organismo da Serpente não é vulnerável às mesmas doenças que os nossos. Os cristais presentes na alegoria são usados para equilibrar e curar o ser humano, energizar remédios, trazendo alento para tantos necessitados.
A parte frontal da alegoria, “o grande espirito encontra qualquer forma impossível e imaginável pra se fazer presente, se fazer ressonante dentro de nós”, é a roda da cura xamânica com as caveiras da cura e sabedoria. O destaque central Caleidoscópio Mágico no Tempo e Espaço: plantas psicodélicas rompem o campo visual da Xamã em imagens caleidoscópicas e liberam a alma do corpo para fazer um voo mágico no tempo e no espaço míticos, conversando com os deuses.

21: Ala 14: Tecelãs Celestiais – Teias de Aranha, Trama da Vida



Os americanos nativos associaram as teias de aranha aos poderes protetivos e curativos, uma vez que as teias não podem ser destruídas ou perfuradas com facilidade. Funcionam como escudos. Desta forma, a xamã torna-se a divindade cujo trabalho de tecelã cria e conserta o universo. Os processos de fiar e tecer, assim como o do nascimento, evocam a habilidade de acessar o mundo espiritual para obter o poder de criar algo novo. Como todos os seres e planos espirituais estão interligados, o cruzamento e entrelaçamento de fios durante a tecelagem forma uma trama da vida.

22: Ala 15: Borboletas ao Luar: A transformação
A borboleta simboliza a chegada da puberdade feminina, a iniciação da menina em xamã. Assim que o sangue jorra, o espírito da jovem se liberta e ela metamorfoseia-se em uma borboleta subindo ao céu em sua jornada xamanista inicial. Da mesma forma, que tal processo segue as fases lunares, que marcam a passagem do tempo: a lua cresce, fica cheia, mingua, desaparece por três noites antes de renascer como Lua nova. Esse ciclo recorrente conecta-a com os ritmos da vida: concepção, nascimento, morte e renascimento. A borboleta ao luar simboliza a renovação, imortalidade e eternidade.

23: Ala 16: Transcendência entre os sexos
Tradições astecas acreditam que as xamãs são uma combinação de aspectos femininos e masculinos, com uma alma masculina e uma feminina. Desse modo, embora as mulheres sejam em geral nutridoras, elas também podem ser valentes e poderosas quando assumem o papel guerreiro de curandeiro. É a prática xamanista da mudança de gênero que possibilita as xamãs de manipular os poderes cósmicos durante os rituais. Nesses momentos transcendentes, as mulheres são capazes de atrair as dimensões masculinas e femininas em suas mentes e corpos. Os peixes representam a renúncia, o sacrifício, a transcendência, os anseios da alma em busca da cura.

24: Ala 17: Jaguares – Símbolo da transformação
Nos trópicos americanos, os jaguares são animais de grande força, majestade e poder. São o símbolo-chave do poder de transformação xamanista. A xamã interage tanto com o jaguar que acabam sendo chamados pelo mesmo nome. Nas tradições da América Central e do Sul, a alma de uma xamã morta toma a forma de um jaguar que acaba pro rondar e proteger o seu vilarejo. A devoção ao felino é tão grande que encontraram pinturas de humanos com atributos de jaguar datadas de épocas pré-históricas, além de cerâmicas, estátuas de deuses e esculturas.

25: Alegoria 05: Ameríndia – Totens, Jaguares, Sabedoria Indígena
Composições: Jovens ameríndias iniciantes no xamanismo.
Destaque central: “Pachamama”.
A cultura xamânica é sentida no continente americano desde a época antes de sua descoberta. Estudiosos dizem até mesmo que em períodos bem iniciais do surgimento do homem neste continente. Do ventre das terras do norte, passando por todos os seus territórios, até às terras austrais, há vestígios e crença no poder das xamãs, como senhoras da cura, guerreiras e até mesmo líderes de povos, tribos e comunidades – A grande escultura de destaque do carro, a índia das tribos do norte, guerreira xamã, remete a essa representação.
Os totens representam os espíritos sagrados dos animais místicos que são unidos como forma de proteção e de espantar as maldades que, porventura, venham assolar as tribos na América do Norte. Nos trópicos americanos, a civilização asteca foi a grande difusora e crente no xamanismo feminino, com suas sacerdotisas místicas que embarcavam em voos condoreiros espirituais para buscar a cura para as mazelas. A força do jaguar e sua veneração é latente no seu recorrer para participação nos rituais místicos, embalados pelo transe dos tambores amazônicos. As composições são as jovens ameríndias, iniciantes na formação de xamã.
A destaque central é “Pachamama”, divindade relacionada com a terra e os frutos que dela advêm, a fertilidade, a mãe, todo universo feminino.

26: Ala 18: Sabedoria Marajó


O xamanismo insere-se na região amazônica e sob a influência da miscigenação de raças e culturas, mestiçagem brasileira, recebe o nome de pajelança cabocla: crenças e práticas de cura difundidas e praticadas no norte do país. De acordo com a tradição marajoara, a iniciação da menina como xamã vem de uma grande fonte, um útero sagrado, onde são gerados esses mistérios e revelações, o Patu Anu. Os olhos dos caruás (presentes na fantasia) são os encantados das águas salgadas, de índole ruim, que são os combatidos pelas pajés em sua missão de curar o mundo.



27: Ala 19: A cura pela floresta – Os Caruanas



A pajé visa sanar doenças naturais e não naturais, auxiliado pelos encantados e pelos caruanas. Caruanas são entidades espirituais, as energias de animais, que vivem no fundo dos rios e nas matas, detentores de poder e sabedoria. A pajé é a responsável pela comunicação entre o mundo dos viventes e o mundo dos encantados; detentora da sabedoria e dos segredos dos rituais de pajelança. Ao manifestarem-se nas pajés, durante as sessões xamanísticas, há troca de energia entre ela e os caruanas, com a finalidade de cura dos males da população ribeirinha.

28: Porta-Estandarte: A força da Pajé (Diega Azêda)


Trazendo o pavilhão do nosso Enredo, com evoluções graciosas e passos cadenciados com muito samba no pé, nossa Porta Estandarte Diega Azêda, representa as Pajés da região amazônica. Após longo ritual de iniciação, repleto de provações e proibições, aprendem e perpetuam os segredos do culto originário das tribos indígenas do Marajó, sendo, também, defensoras e guardiãs da natureza e de sua sabedoria.
A representação é uma homenagem divertida ao amigo Diego Araújo, figura ímpar da história da Liesv, por sua paixão pela cultura da região norte.

29: Ala 20 – Anhangá – O rito contra o mal



Anhangá é a energia negativa das florestas, alagadiços e águas sujas e paradas. É a energia quem vem em resposta aos males causados à natureza. O mundo, então, descontrolado, precisava de uma força maior que regesse, um mantenedor aos qual os caruanas devessem obediência. Daí nasceu o “Patu-anu”. A luta maior das pajés do norte do país é afastar Anhangá e promover a preservação da natureza, através dos rituais xamânicos da pajelança, promovendo e propagando a cura a gente que não tem mais esperanças, nem ninguém que olhe por eles.

30: Ala 21 – Baianas: Zeneida Lima e o Caruana Beija-Flor


Dona Zeneida Lima é a mulher pajé mais conhecida do Brasil. Cabocla da Ilha do Marajó, sua vida foi dedicada ao processo de cura, pelo qual não cobra um centavo, e à defesa da floresta, das águas, dos direitos das crianças daquelas comunidades. As práticas e crenças desta pajé são permeadas por saberes construídos a partir de sua própria cultura local, por conhecimentos adquiridos ao longo de sua vida , seja por meio de livros que tenha lido sobre temas como encantaria, mitologia e cultura amazônica ou por meio de sua própria experiência e vivência dessa religiosidade.
Escreveu cerca de dezessete livros, cujo mais famoso “O mundo místico dos caruanas e a revolta de sua ave” serviu de inspiração para o enredo do carnaval Campeão da escola de samba Beija-Flor, em 1998, por isso a representação do Caruana Beija-Flor na fantasia, que é o mensageiro da cura, claridade, graça e sorte.

31: Alegoria 06: A pajelança brasileira na ilha encantaria
Composições: Energias caruanas.
Destaque central: Peixe de sete asas.
A pajelança é uma magia nativa da região Amazônica, tipicamente indutiva, atuando sobre qualquer elemento vivo e mantendo estreita relação com os demais reinos da natureza: animal, vegetal, mineral, com base no xamanismo indígena.
A saia da alegoria reproduz as folhas das copas das árvores da floresta amazônica, especialmente as árvores paraenses, a folha do paricá e do sacaca. Demais plantas brasileiras com poderes de cura completam a mata mágica do carro, como a comigo-ninguém-pode. Decoração com palhas de café trançadas.
A flor frontal do carro representa o sangue feminino, que, ao desabrochar, revela as mulheres guerreiras e sábias que, por muito tempo, foram suprimidas e esquecidas nas culturas que evidenciavam os pajés masculinos. Aqui, recebem a justa e merecida consagração e aclamação como verdadeiras senhoras da pajelança brasileira.
O símbolo da escola, a coroa reduz ao centro do carro. Os pontos de energia vital para o nosso desfile, assim como os chakras do corpo humano. O chakra da alegoria recebe os raios e faz a coroa girar e em uma interação com os demais pontos liga-se ao chakra da raiz que une os pontos.
As composições laterais são as Energias Caruanas, canalização das vibrações dos elementos, especialmente a água, para abençoar a terra e todas as formas de vida nela existentes, que acabam por interagir entre si. Os cabelos são energizados, tanto das composições, como das esculturas, por isso a tonalidade branca, prateada.
As esculturas laterais são as pajés no momento da celebração do ritual da pajelança, agitando maracás, que quando sacudidos cadenciadamente, criam uma estrutura energética que permite o ingresso na seara da paranormalidade. Exalam fumaça de chanupa para elevar as preces ao sagrado.
A escultura central é a pajé, que sentindo o pulsar dos caruanas, metamorfoseia-se em ave, transitando entre os planos dos vivos e dos mortos, para ter o dom de ministrar as ervas, orações, infusões e chás para curar as doenças dos necessitados. O destaque central é o Peixe de Sete Asas, ser fantástico, translúcido, responsável pela interações e trocas de energia entre a pajé e os caruanas.
O caruana beija-flor ganha destaque na composição do carro, uma vez que é o responsável pela cura e sorte, além do que foi o desfile Campeão da escola de samba Beija-Flor, em 1998, que divulgou para o Brasil, os fundamentos e ensinamentos da pajelança cabocla.

32: Ala 22 – Velha Guarda: O legado para a eternidade

Transcendendo do passado, observando o futuro, segue o xamanismo com sua sabedoria ancestral como pilar de equilíbrio entre os mundos. A sabedoria de nossos baluartes saúda, com fervor, ao poder feminino, em voos cada vez mais profundos na alma para propagar a luz necessária para o bem de quem a ele se socorre. Eis o legado maior: perpetuar os fundamentos do xamanismo, da pajelança, para estabelecer a paz e a harmonia pela eternidade.




Enredo 02 - TODA ÁFRICA QUE HÁ NO BRASIL

TÍTULO: TODA ÁFRICA QUE HÁ NO BRASIL

Logotipo:


Introdução:
A cultura da África chegou ao Brasil, em sua maior parte, trazida pela escravidão africana na época do tráfico transatlântico de escravos. O Brasil tem a maior população de origem africana fora da África e, por isso, a cultura desse continente exerce grande influência no Brasil. Traços fortes da cultura africana podem ser encontrados hoje em variados aspectos da cultura brasileira, como a música popular, a religião, a culinária, o folclore e as festividades populares. Seja na região Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste ou Sul, a cultura africana está presente. Existe África em todo canto do país, dentro de cada cidadão, então, por isso, todos nós devemos festejar toda África que tem no Brasil!

Sinopse:
A influência da cultura africana no Brasil começou com a escravidão africana, na época do tráfico transatlântico de escravos no século XVI até meados do século XIX. No início do século XIX, as manifestações, rituais e costumes africanos eram proibidos, pois não faziam parte do universo cultural europeu e não representavam sua prosperidade. Eram vistas, então, como retrato de uma cultura atrasada.
Mas, a partir do século XX, começaram a ser aceitos e celebrados como expressões artísticas genuinamente nacionais, inclusive sendo aceitas e admiradas pelas elites brasileiras.
 A cultura musical africana foi das primeiras expressões a serem aceitas pela sociedade. E com grande destaque, que talvez até os dias atuais, a cultura africana mais presente em nosso país é o samba, cartão-postal musical da nossa nação. Não somente o samba, mas os tambores da África trouxeram outros estilos de canto e dança, como o Maracatu, Congada, Cavalhada e Moçambique. Muitos instrumentos que são usados aqui no Brasil vêm da cultura africana: tambor, agogô, cuíca, ganzá, reco-reco e tantos outros instrumentos famosos e muito tocados no Brasil são usados em musicas e rituais de origem africana.
A Capoeira, que utiliza do berimbau, é outra cultura também bastante presente em nosso país. Pode ser considerada uma dança, arte marcial e esporte. Inicialmente desenvolvida para ser uma defesa, a capoeira era ensinada aos negros cativos por escravos que eram capturados e voltavam aos engenhos. Os movimentos de luta foram adaptados às cantorias africanas e ficaram mais parecidos com uma dança, permitindo assim que treinassem nos engenhos sem levantar suspeitas dos capatazes. Por muito tempo proibida no Brasil, apenas em 1930 a prática da capoeira foi liberada.
Os negros que eram trazidos da África como escravos geralmente eram batizados e obrigados a seguir ao catolicismo. A conversão era apenas superficial e as religiões de origem africana conseguiram permanecer através de prática secreta (assim como a capoeira) ou o sincretismo com o catolicismo para conseguir mais aceitação da população e para parar de ser demonizada. Eles ligavam as irmandades e entidades das religiões africanas a imagens (santos) da religião católica. A própria prática do catolicismo tradicional sofreu influência africana no culto de santos de origem africana como São Benedito, Santo Elesbão, Santa Efigênia e Santo Antônio de Noto; no culto preferencial de santos facilmente associados com os orixás africanos como São Cosme e Damião (Ibejis), São Jorge (Ogum no Rio de Janeiro), Santa Bárbara (Iansã); na criação de novos santos populares como a Escrava Anastácia; e em ladainhas, rezas (como a Trezena de Santo Antônio) e festas religiosas (como a Lavagem do Bonfim, onde as escadarias da Igreja de Nosso Senhor do Bonfim em Salvador, Bahia, são lavadas com água de cheiro pelas filhas-de-santo do candomblé), o que também aproximou as religiões africanas do catolicismo. Algumas divindades religiosas africanas ligadas às forças da natureza ou a fatos do dia a dia foram aproximadas a personagens do catolicismo. Por exemplo, Iemanjá, que para alguns grupos étnicos africanos é a deusa das águas, no Brasil foi representada por Nossa Senhora. Xangô, o senhor dos raios e tempestades, foi representado por São Jerônimo.
Podemos citar nas religiões africanas mais famosas e praticadas no Brasil, atualmente, o Candomblé - a mais tradicional e africana dessas religiões - se originou no Nordeste, mais precisamente na Bahia, e tem sido sinônimo de tradições religiosas afro-brasileiras em geral. Com raízes africanas, a Umbanda também se popularizou entre os brasileiros. Agrupando práticas de vários credos, entre eles o catolicismo, a Umbanda originou-se no Rio de Janeiro, no início do século XX.
Já quando se fala na culinária brasileira, uma das primeiras coisas que se vêm à cabeça é a feijoada, mais famoso prato brasileiro com origem africana. Os senhores de engenho ofereciam os restos dos porcos aos seus escravos, enquanto as partes mais nobres ficavam com os senhores. Nascia, então, a feijoada. Tão popular nacionalmente, que as escolas de samba do Brasil fazem mensalmente uma grande feijoada, sempre lotadas de gente.
Mas não só a feijoada pode ser citada como comida de origens africanas, como também devemos listar vatapá, acarajé, caruru, mungunzá, sarapatel, baba de moça, cocada, bala de coco, angu, fubá, quiabo.
Por sinal, tais vocábulos da nossa língua – assim como moleque, caçula, cachaça, dengoso, quitute, berimbau e maracatu - têm origem africana ou referem-se a alguma prática desenvolvida pelos africanos escravizados que vieram para o Brasil durante o período colonial e imperial.
 A cultura africana está muito presente em nosso país, seja ela por religião, música, festa, comida, vocabulário, dança, etc. É inaceitável que muitas vezes nossas origens sejam desrespeitadas e negadas. Cada um tem uma África dentro de si, tanto por cultura quanto por genoma. O Brasil também é africano. VIVA TODA ÁFRICA QUE TEM NO BRASIL!

Desenvolvimento:

1º Setor: O Brasil deve um perdão a quem sangrou pela história
Com o tráfico de negros vindo como escravos da África, a cultura do continente foi chegando ao Brasil.
Comissão de frente: A negritude chegando
Negros saindo de um tripé representando uma senzala, jogando capoeira e fazendo rituais de louvação a orixás, que estarão representados por fantasias de diferentes cores.
Mestre sala e Porta bandeira: Chica da Silva e João Fernandes
Filha de escrava africana, Chica adquiriu papel de destaque na sociedade, apesar de todas as dificuldades. Ao lado de seu companheiro e contador de diamantes João Fernandes, com quem teve treze filhos.
Ala 01 - Sou negro e venci tantas correntes
A ala representa os negros chegando ao Brasil como escravos, com tanto sofrimento. Negros estarão acorrentados uns aos outros sendo comandados por senhores de engenho.
Alegoria 01 – Navio Negreiro
A alegoria representa os navios negreiros que traziam os negros da África para o Brasil e assim a chegada da cultura negra ao nosso país.

2º Setor: E no batuque a musicalidade negra chega ao Brasil
Entre os povos africanos trazidos ao Brasil, a dança e a música sempre tiveram uma função social e religiosa. No período da escravatura, a população negra tinha restrita liberdade e, muitas vezes, só podia recorrer ao canto e à dança para manter viva sua cultura – e o fizeram com muito sucesso.
Ala 02 – Bateria
Essa ala representará uma bateria de escola de samba, com instrumentos representativos. A bateria de escola de samba é a mostra de uma das maiores influências africanas na musicalidade brasileira. Assim como o samba, a grande maioria dos instrumentos vem da África.
Ala 03 – Berimbau
Trazido pelos angolanos ao Brasil, o instrumento é usado até hoje, principalmente na capoeira. Ele comanda o ritmo e o estilo de jogo conforme ele é tocado.
Ala 04 - Tambor
No Brasil existem diversos tipos de tambores, são usados para produção de música para rituais e festas.
Ala 05- Agogô
O agogô é o instrumento mais antigo do samba, está presente na religião que pertence a Ogum e também na capoeira.
Ala 06 – Samba (ala dos compositores)
O samba é o cartão-postal musical do Brasil, antes, proibido de ser praticado, hoje é o ritmo mais famoso de nosso país. As escolas de samba, que todo ano trazem milhares de turistas, são famosas no mundo inteiro.
Alegoria 02 – A música negra domina o Brasil
A alegoria representará a cultura musical negra no Brasil em geral, com esculturas de instrumentos e no fim da alegoria o grande e famoso arco da Marquês de Sapucaí.

3º Setor - Os costumes africanos que dominaram o Brasil
Diversos costumes africanos permanecem em nossa cultura até hoje, seja em nossa língua, onde diversas palavras têm influência africana, quanto a capoeira que atualmente é praticada em todos os cantos do nosso país também é uma das culturas africanas permanentes, e até na maneira de nos vestimos e no estilo do cabelo.
Ala 07 - "Black power"
Penteado Afro, mais conhecido como cabelo Black Power, foi muito popular entre os negros nos anos 60 e 70 e possui adeptos até hoje.
Ala 08 – Nagô
Tranças trazidas pelo povo Nagô, também bastante utilizadas.
Ala 09 – Moleque
Moleque, gíria tão usada no Brasil com sinônimo para “menino”, é de origem africana.
Ala 10 – Batas
Roupas típicas africanas que são muito usadas pelas mulheres.
Ala 11 – Baianas
Roupas que são tradicionalmente usadas por mães de santo serão representadas nessa ala.
Alegoria 03 – Vestimenta negra
Carro com esculturas de negros com cabelos e roupas africanas.


4º setor – A fé remove montanhas e sobrevive
As religiões africanas em seu inicio eram proibidas de serem executadas, assim pra tentar maior aceitação, ligaram entidades de suas religiões a imagens de santos da igreja católica, e atualmente as religiões africanas são muito praticadas por todo país. 
Ala 12 - Ala das baianas – Mães de santo, mães do samba
A ala das baianas estará vestida de mães de santo.
Elemento alegórico 01 (tripé) – Sincretismo
O elemento alegórico é uma representação de uma igreja católica, com orixás em frente à igreja pra representar o sincretismo entre as religiões africanas e o catolicismo.
Ala 13 - Candomblé
Candomblé é uma religião derivada do animismo africano onde se cultuam os orixásvoduns ou nkisis. Mesmo sendo praticada por todo mundo, no Brasil é o lugar onde se é mais praticado.
Ala 14 - Umbanda
Umbanda é uma religião heterodoxa brasileira, cuja evolução do polissincretismo religioso existente no Brasil foi resultado de motivações diversas, inclusive de ordem social, que originaram um culto à feição e moda do país.
Ala 15 - Macumba
Macumba é uma designação genérica dada a vários cultos sincréticos praticados comumente no Brasil e fortemente influenciados por religiões como o catolicismoespiritismoocultismocandomblé, e cultos ameríndios.
Alegoria 04 – AXÉ!
A alegoria terá amarradas fitas de Senhor do Bonfim, e com esculturas de orixás como Oxalá, Omolu, Iemanjá, Oxum, Nanã, Buruquê, Oxóssi, Xangô, Ogum e Iansã.

5º setor: Das senzalas às quadras de escola de samba e cozinhas de todo o Brasil
Em nossa culinária também tem muito da cultura africana, várias culturas típicas brasileiras tem origem africana, como o famoso acarajé do nordeste, cocada e a mais famosa de todas que é a feijoada, famosa em todo o mundo e que faz parte da história do samba, com todos os meses as escolas de samba organizando uma feijoada que reúnem multidões.
Ala 16 – Acarajé
O acarajé atualmente é muito consumido no nordeste e muito famoso pelo mundo inteiro, ele é uma das comidas africanas que permaneceram em nosso dia-a-dia.
Ala 17 - Cocada
Cocada é um doce tradicional de Angola e típico no Brasil feito à base de coco.
Ala 18 (bateria) – O coração que dita o ritmo da festa
As baterias que são responsáveis por animar as feijoadas das escolas de samba.
Ala 19 – Feijoada
A ala vem segurando bandeiras da agremiação, e fazendo uma roda de samba, representando as grandes feijoadas das agremiações.
Alegoria 05 - O paladar africano
A alegoria tem a escultura de uma senhora negra mexendo o feijão em uma panela, e em volta vários instrumentos de bateria, pra representar a ligação entre o samba e a feijoada, duas culturas típicas africanas.

6º setor – O Brasil africano
O setor final será um “resumo” do enredo, mostrando tudo que a África nos deixou como cultura.
Ala 20 – Capoeira
A capoeira é uma dança, jogo ou luta, seja como você preferir chamar, uma das culturas mais fortes que os africanos nos deixaram. Nesse setor vamos demonstrar os escravos usando golpes contra os senhores de engenho que tentavam feri-los.
Ala 21 – Fé
A ala virá com fantasias de diferentes cores representando diferentes orixás.
Ala 22 – Moda africana
Vem mostrando todos os estilos de cabelo, roupa e acessórios.
Ala 23 – O principal legado (passistas)
O principal legado deixado pelos africanos, o samba, virá representado pela ala das passistas.
Alegoria 06- Brasil africano
A Velha guarda estará nessa alegoria, já que sem eles nossa escola de samba não existiria e o samba não seria uma das grandes culturas africanas presentes em nosso país. Na lateral do carro terá bandeiras do Brasil e na parte de cima duas mãos unidas com a bandeira do Brasil e o mapa da África pintados.

Autores –        Leonardo Verçosa vercosaleo@hotmail.com.br;
Rodrigo Neves rodrigoneves10@gmail.com.


Enredo 1 - “CARIOCAS” DA GEMA


INFORMAÇÕES GERAIS:

Nome Oficial: Grêmio Recreativo Escola de Samba Virtual Acadêmicos do Encantado
Presidente: Rênio Ramos
Fundação: Junho de 2014
Símbolo: Sol e Lua
Cores:  Verde, Branco, Prata e Amarelo
Carnavalesco: Rênio Ramos
Números de Fantasia: 36 fantasias
Números de Alegorias: 8 Alegorias em oito setores
Números de Componentes: 4.200 componentes

A G.R.E.S.V ACADÊMICOS DO ENCANTADO EM SEU PRIMEIRO CARNAVAL APRESENTA:





ILUSTRAÇÃO DO TEMA






JUSTIFICATIVA

Em março de 2015 o Rio de Janeiro comemora os seus 450 anos de história, sendo assim, o G.R.E.S.V ACADÊMICOS DO ENCANTADO realiza uma dupla homenagem em seu carnaval. A primeira ao Rio de Janeiro em seu aniversário e a segunda ao grande Cantor, Compositor e dramaturgo Chico Buarque que também festeja os seus 70 anos de vida, neste ano de 2014 com um patrimônio de criação que honra a cultura brasileira e ao seu povo “Carioca”. E sob o olhar deste artista que tanto cantou sua paixão pelo Rio de Janeiro em canções, que faremos essa bela viagem sobre este almanaque de belezas e singularidade. Cantando através de suas canções e através de uma de suas mais importantes obras a “CARIOCA”, “O RIO”, sua arte, suas belezas, não a postal e sim a real, e claro sua gente, aqueles que são nascidos Cariocas da mais pura raiz da cidade feliz, os da Gema.
     Um aviso ao povo carioca e aos demais cidadãos deste país: mesmo com a violência que assola nossa cidade, o Rio de Janeiro continua lindo...


“CARIOCAS” DA GEMA

O Rio de um de seus maiores poetas não é melhor nem pior que a cidade gigante, complicada e vaidosa da vida real. É, todo dia, o cenário mágico que abriga a beleza dos voadores de asa-delta e do sol poente na espinha das montanhas - para depois virar endereço da rotina crua das meninas prostitutas de Copacabana. Entre uns e outros, vive gente “desimportante”, como o vendedor de pamonha, os sambistas de bairro e os religiosos que pregam na praça para quase ninguém. É assim, real e belo, o Rio de Janeiro de Chico Buarque, descrito nos 29 versos de "Carioca", principal música de um dos principais álbuns do compositor. Titulo este, inspirado na ancestralidade indígena dos primeiros ”Cariocas da Gema”.
O embrião da música é outro momento “supercarioca” - o carnaval. Chico compôs a canção para retribuir a homenagem feita pela Mangueira, no desfile de 1998. Promovido a baluarte verde-e-rosa após a apoteótica apresentação no Sambódromo, o homem caprichou, para compensar o título de "carioca da gema", promulgado pelo samba-enredo da escola. Até a festa da Sapucaí, ele não se considerava totalmente do Rio, por ter vivido em São Paulo na juventude. Mas, nesse caso, é muito mais questão de alma do que de certidão de nascimento - e é daí que vem "Carioca", seriam os colonizadores, e desbravadores deste chão também mangueirenses?
Na homenagem, Chico descreve um dia inteiro na terra carioca  partindo do pregão do vendedor de pamonha, passando pelo entardecer emoldurado pelas montanhas, até chegar às meninas recém-chegadas à adolescência se vendendo na rua, tragédia noturna de Copacabana. Mas a música, como qualquer outra, é uma para quem faz e outra para quem ouve. Por isso, prostitutas de todas as idades se sentiram homenageadas pelo compositor.
Assim, como todas as mulheres cariocas, de todos os tipos, raças e classe social. Chico Buarque colocou na poesia das suas letras a mulher e o amor. A mulher humanizada, despida de estigmas e rótulos. Apropriando-se do “eu-lírico” feminino, em que mulheres, com vários nomes, profissões e historias de vida, mulheres que são amadas, abandonadas, prostituídas, estigmatizadas.... são elas: Ana, Angélica, Beatriz, Carolina, Helena, Iracema, Januária, Luísa, Madalena, Maria, Renata Maria, Rita,  Rosa, Teresa e tantas outras.
O Rio "Carioca" é sedutor nas ondas do mar, marginal na neblina da ganja (resina que serve de base ao haxixe), melancólico no "povaréu sonâmbulo ambulando que nem muamba". A cidade que desfila encantos e mazelas, mas "fere a retina" de quem a vê. Como bem diz o poeta.
O mais carioca de tudo, porém, é a inspiração que Chico encontra nos cantos e fatos mais prosaicos. O melhor exemplo talvez seja o reverendo num palanque lendo o Apocalipse - na verdade, o orador evangélico e anônimo que prega todas as manhãs na Praça Antero de Quental, no Leblon. O compositor viu a cena da janela do apartamento de sua irmã Miúcha. O vendedor de pamonha é mais íntimo - acorda Chico aos berros, todos os dias.
Aqui, de novo houve gente que entendeu diferente. Os operadores da Bolsa de Valores esqueceram-se até da crise para saborear a homenagem que, segundo eles, vai até o verso seguinte, que fala em baile funk. O movimento do pregão lembra a coreografia que vem do morro. E quem vai convencer aqueles homens de que Chico não falou deles?
Na história "Carioca", apenas três bairros mereceram a honra de ser citados explicitamente: a Copacabana das prostitutas, a Gávea dos voadores - endereço de Chico por muito tempo, até ele se mudar para o alto do Jardim Botânico - e o Flamengo, onde tem samba.
Mas foi São Cristóvão que virou cenário do clipe que retrata a música. Sob direção de José Henrique Fonseca, Arthur Fontes e Fábio Soares, da Conspiração Filmes, o compositor gravou as cenas que reproduzem um bar do Rio antigo. Rodada em 35 mm, em preto e branco, a produção mostra Chico Buarque na mesa de um bar, em frente a uma janela, sobre a qual imagens do Rio vão sendo projetadas, através de efeitos especiais produzidos por computador.
A cidade que aparece na janela da ficção é linda. Mas perde da realidade narrada pela poesia do compositor, definitivamente um carioca que vê e entende sua terra como quase ninguém.
Uma obra que vai do Borel ao Redentor. Tom Jobim, Vinícius de Moraes e outros ganharam o mundo falando do Rio do cartão-postal, daquela garota de Ipanema, do Cristo Redentor de braços abertos sobre a Guanabara. Chico Buarque sempre preferiu a vida real dos habitantes da cidade para criar versos e músicas de extrema beleza. "Homenagem ao malandro", por exemplo, fala da Lapa das brigas com navalhas; "Estação derradeira" lembra a Mangueira; e seu “O Guri” e "Pivete" desce a Carioca, sobe a Frei Caneca e se manda pela Tijuca até subir o Borel. E "Vai trabalhar, vagabundo" conta a história de domingos à toa passados no Mangue. Mas a obra de Chico não seria genuinamente do Rio se omitisse a poesia das paisagens. Ela está em "Dois irmãos", que fala do morro no fim do Leblon; em "Samba do grande amor", onde o apaixonado sobe a pé o Redentor. O amor da música era mentira - mas o do Rio é a pura verdade.


                                                   Rênio Ramos



ROTEIRO DO DESFILE

I SETOR

O Primeiro setor retrata a origem etimológica do termo Carioca e a beleza natural do Rio de Janeiro que seduziu e continua a seduzir pessoas ao longo do tempo, sendo este o conceito da primeira Alegoria.
A Comissão de Frente expõe que não é um sonho a origem do Carioca, etimologicamente é racional, vê-se de princípio que o primeiro habitante europeu, Gonçalo Coelho, desembarcou na foz do Rio Carioca, e aí passou de dois a três anos com seus companheiros. E, naturalmente, os índios denominados de Acaris, guerreiros encouraçados, (por terem semelhança com o cascudo) o local Carioca – casa dos Acaris.
     Assim de posse do nome Carioca é bastante deduzir-se Cari – peixe cascudo. Oca-casa, reduto-paradeiro. Reduto, casa dos Acaris.
     Estes habitantes do Flamengo construíram mais tarde a primeira casa de pedra do Rio de Janeiro – outra razão mais forte ainda, pois este fato interessante é mais uma prova de que sendo os Acaris, habitantes de toca, vivendo entre pedras e os portugueses por coincidência providencial fizeram a sua primeira casa de pedra junto á foz do Carioca. É ainda curioso o serem estes primeiros habitantes denominados na época colonial de cascudos, perdendo essa denominação para os conservadores, pro imposição dos liberais.
            A comissão é formada por 14 índios Acaris e 1 Colonizador Português realizando uma dança tribal usando o tripé natureza inspiração, o qual possui dois cenários o de frente representando a natureza mãe com o mapa antigo do Rio de Janeiro que traz o nome do Rio Acarioca, e em sua parte de trás a OCA.
O primeiro Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira representam a flor de Acari- o segredo da terra. Que com uma fantasia luxuosa e um bailado com passos lentos e firmes fazem da avenida um chão de poesia.
As fantasias deste setor representam a natureza primitiva do Rio de Janeiro, sua mata, suas águas e o sua luz(o rei sol), além das fantasias representam os primeiros tidos “cariocas” os índios Acaris e a fantasia do Colonizador que contribuiu para a denominação tão popularizada de hoje -“Carioca da Gema”.











II SETOR

Neste Setor trataremos da inspiração e agradecimento do Filho da Mangueira Chico Buarque de Olanda que após ter recebido a homenagem da Estação Primeira de Mangueira no Carnaval de 1998 decidiu retribuir a homenagem compondo uma canção denominada “Carioca”, sendo esta, a inspiração pro nosso carnaval.
As alas deste setor remetem as musicas de Chico, ao seu amor pelo Rio. Iniciando aqui a apresentação do “RIO” real, de seu povo e de seu jeito de ser Carioca da Gema.
O segundo Carro apresenta o Chico Buarque e sua Homenagem a Mangueira cenário de beleza, e a mais carioca das escolas de samba...a pura raiz do que chamamos de Carioca da Gema. A final Chegou a Mangueira, Chegou!








III SETOR

Outros personagens de Chico Buarque também são sujeitos sem contexto explícito. Chico parece preferir os indivíduos flagrados em sua singeleza, em quadros descritivos e narrativos de grande poder de representação de vida e de imensa eficácia estética, quadros que permanecem. Desta maneira, o compositor reserva para si o papel de narrador ou interlocutor, deixando claro que não intenciona fazer análise, mas deseja dar vida ao indivíduo. Mas esse indivíduo é o outro em sua nudez e miséria que traz a ideia de infinito, para além de sua condição finita. A obra buarquiana também se caracteriza por retratar personagens excluídos pela sociedade ou silenciados pelo cotidiano. Como trata-se este terceiro Setor, as fantasias representam as gentes desimportante o homem do Pregão, o que vende pamonha, o que vende flores e os que fazem da rua seu picadeiro que dribla as dificuldades fazendo a arte o seu ganha pão.
A terceira Alegoria trás como conceito as gentes tidas pelos poderosos Cariocas como pessoas desimportantes para a cidade Carioca e que pouco contribuem para o seu desenvolvimento. O Carro trás uma grande escultura no centro do Cristo Redentor e nas laterais do carros terão pessoas penduras com fantasias de João ninguém como fantoches na mão dos poderosos, e do Rio de Janeiro o real.





IV SETOR

            O este Setor trata-se do Rio 40 graus , a cidade feliz, solar, do garoto que salta de asa-delta da Pedra da Gávea, das garotas e garotos de Ipanema, que surfam e que curtem um domingo e a semana inteira de sol sobre as ondas do mar. Do vendedor de bebidas, de bugigangas de praia, dos artistas que cercam o calçadão....todas estas pessoas que fazem do Rio a cidade feliz e invejada. Cariocas de corpos sarados e cabeças vazias. Isso será retratada pelas fantasias deste setor.
            A quarta Alegoria é a síntese da temática das fantasias, o sol, as garotas de praia, uma escultura lateral de Asa-Delta, num aspecto praiano.






V SETOR


Este setor apresentaremos uma problemática que tanto Chico cantou, a bailarina,  os homossexuais, os retirantes, as mulheres, dentre outros, assim como os sujeitos individuais fazem parte do universo de personagens paratópicos buarquianos. Tais sujeitos apresentam “uma relação problemática com a sociedade, da qual eles não são meramente excluídos mas interagem simbioticamente com os incluídos, que, por sua vez, nutrem por eles fascínio e temor”.
As fantasias remetem a nome de Mulheres, estas que foram a inspiração para as canções de Chico mulheres Cariocas, de perfis de suas localizades, suburbanas, elitizadas, de vida “fácil” , foram inúmeras canções contendo nomes de mulheres cada uma com o seu problema sua busca a de ser feliz, amada e vencedora.
A alegoria Remete como na canção as meninas que se vendem em Copa Cabana meninas essas, que estão iniciando a vida agora são jovens crianças se auto-comercializando em pleno céu aberto, a gringos, a outros cariocas. Logo, a alegoria foi inspirada no Livro do Carioca Moacyr  Luz  intitulado de “A sedução Carioca do Poeta brasileiro”, onde fazem uma brincadeira ilusória com as formas do rio, da imagem natural das montanhas ao corpo de uma mulher e de um casal se entrelançando.
A bateria representa uma das canções mais conhecidas de Chico Buarque a Banda... a qual o projeto no cenário nacional, cantando coisas de amor.






VI SETOR

Neste Setor, mostraremos a multiplicidade do universo urbano em canções que na qual o indivíduo desde sua solidão amorosa até sua inserção ou marginalidade social. As cidades aparecem como lugar de referência e refúgio, de necessidade e exclusão, de acolhimento e exílio. As fantasias do setor retratam as mazelas sociais (transito caótico da cidade, as fevelas e seus riscos), o trabalhador e  o som que vem da periferia carioca. Como mostramos na quinta Alegoria.
A alegoria remete a síntese deste setor os fatores que assolam as cidades grandes, como Rio de Janeiro, a violência, o conturbado transito e claro o funk, som originado nas periferias.
As fantasias rementem a essa problemática ao trabalhador que trabalha de sol a sol, a marginalização das crianças devido a influencias do meio que vivem, ao flagelo social como o Pivete. Além de fantasias remetendo ao caos do transito da cidade.





VII  SETOR

            Este setor faz mesão a um grande personagem cantado por Chico o Malandro, personagem fundamental nas canções de Buarque. Personagem mais carioca da Gema que este não há.
            As fantasias faz mesão ao malandro a Lapa, ao morro, a cultura negra das favelas, a noite carioca que abriga personagens Cariocas da Gema. O tripé faz uma homenagem a um grande personagem local o  Zé Pelintra, o segundo casal, por sua vez, remete a noite a noite carioca- em Carioca da Gema.
A sétima Alegoria trás a Opera do Malandro, relembrando a grande homenagem de Chico a este personagem em forma de musical, que hoje no Rio está sendo remontado.





VIII SETOR

       Neste último setor da escola remete ao carnaval festa amada e cantada por Chico Buarque, festa recheada de personagens Cariocas, que fazem da ilusão do momento o dia mais feliz de suas vidas.
            As fantasias remetem a elementos de carnaval, da colombina, do mascarado, do colorido da festa, dos amores que acontecem neste período. A ultima alegoria da escola faz uma homenagem ao grande artista Carioca da Gema como a escola de Samba Estação Primeira de  Magueira o batizou, aos seus 70 anos de idade e de contribuição a musica brasileira. Poeta e escrito grande gênio Buarque de Olanda. Que em sua Canção “CARIOCA” foi a nossa inspiração cantar o Rio real em sua visão de Carioca da Gema.








GRADECIMENTOS


Agradeço ao querido amigo Sidney Correia pelo desenvolvimento da Ilustração do meu enredo para este carnaval e pela colaboração do desenvolvimento do texto via correção e adequação ao tema.

Marcadores