1109 E o samba? Continua sambando...
Quesito
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Nota
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Justificativa
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Título
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9,9
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Sem a interrogação que faz um jogo “pergunta” (“e o samba?”) x “resposta” (“continua sambando...”), o título valorizaria a referência imediata – direta e atualizada – ao título do enredo da São Clemente em 1990 (“E o samba sambou...”).
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Apresentação
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9,8
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Não contribuem para a leitura, ocasionando os descontos:
(1) Escolha de um tipo de fonte mais rebuscado (Tempus Sans ITC);
(2) Utilização de frases longas (com abuso de vírgulas e economia de pontos);
(3) Formatação toda à esquerda (onde o texto deveria ser justificado).
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Introdução
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9,7
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A ótima proposta de resgatar a irreverência no Carnaval tropeça em um texto com ritmo truncado. Demanda revisão para coordenar as ideias da defesa, dando maior clareza à conexão que faz entre o bobo da corte histórico e a São Clemente das décadas de 80 e 90. O primeiro parágrafo poderia se encerrar por aí.
A citação dos temas abordados pelo enredo também merece um tratamento melhor para o encadeamento: o segundo parágrafo começa com expressões (“Que o dinheiro é quem manda...”) coordenadas ainda ao primeiro parágrafo (“Ele nos conta quanto o carnaval está cafona (...)”). Para maior clareza, os temas poderiam ser trabalhados em um único parágrafo.
Por fim, o último parágrafo economiza na menção ao Concurso de Enredos, mas acerta ao convergir as críticas para um carnaval idealizado.
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Argumento (Sinopse)
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9,1
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A sinopse aborda, de forma abrangente, os temas sobre os quais pretende apresentar uma visão clementiana, crítica e irreverente. Entretanto, peca pelo tom informal e até certo ponto descuidado dessa apresentação, com parágrafos inteiros compostos de uma única frase extremamente longa, o que dificulta o encadeamento de ideias e a devida compreensão da proposta. Apresentar as ideias em frases mais curtas agregaria ao entendimento.
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Desenvolvimento (Roteiro)
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9,4
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Desenvolvimento do enredo realmente pautado na irreverência e na crítica proposta, o que pode ser observado pela divisão dos setores (chegada do bobo, caretice atual, disputas famosas, patrocínio, celebridades, americanização, concurso de enredos, verdadeiro carnaval).
Convém observar que, apesar da simpática homenagem, o roteiro não deixa clara a “conexão” entre o Concurso Brasileiro de Enredos e os demais temas abordados, limitando-se a citar passagens e personagens, espremidos entre os setores de críticas e o setor final, do chamado “verdadeiro carnaval”.
Outro ponto a se observar é que, apesar da clareza da mensagem, alas batizadas de “viados” e “piranhas” não precisavam ser tão literais em suas propostas.
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Exploração Temática
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9,2
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Enredo de viés crítico e irreverente bem explorado na divisão dos setores. Criativa a adoção de personagens que representem o encontro da escola (Rainha) com a São Clemente dos anos 80 e 90 representada em um Bobo da Corte. Merecem destaque, também, as imagens (metáforas) escolhidas para os carros que encerram cada setor. De modo geral, embora sem maiores detalhes, toda a proposta visual, com a escolha de imagens bem representativas de cada tema, contribui para a leitura do enredo.
Dentre os senões de exploração do tema, pode-se destacar que o setor referente aos patrocínios escolhe alguns enredos para serem alvos de críticas, mas não fica clara a opção por representar uns e outros, não. Seria interessante deixar claro o que leva o enredo a abordar, por exemplo, Futebol, Aviação, Iogurte, Rock’n Rio e Petróleo.
A mesma reflexão pode ser aplicada ao setor das celebridades: qual a motivação das escolhas de determinadas homenagens a serem citadas? Quão representativas são? Também merece ser observado o fato de que não foi muito feliz a ideia de fantasiar as passistas de pseudo-celebridades, sendo que a própria escola pretende resgatar, ao fim do desfile, o espaço dos verdadeiros sambistas. Outra ala poderia representar a crítica às pseudo-celebridades, cabendo aos passistas uma outra fantasia de homenagem.
O setor da americanização também incorre nos riscos de um recorte, mas soa mais feliz na escolha de sambas antológicos (81, 82, 88, 89, 92, 93), mas que poderiam ter sido apresentados em ordem cronológica. Ponto de atenção também para as “brincadeiras” com termos em Inglês, para possíveis erros de tradução literal e os riscos de dificultar a interpretação/leitura. De qualquer forma, a proposta é de uma irreverência que merece destaque!
O sétimo setor, referente ao Concurso Brasileiro de Enredos, não fica bem resolvido na proposta, entre as críticas e o resgate do “verdadeiro carnaval” no encerramento. A homenagem soa simpática e é merecida pela iniciativa, mas merece uma revisão de modo a se “costurar” ao restante da proposta.
Por fim, a mensagem de resgate do encerramento com o “verdadeiro carnaval” e a convivência de tantas “figuras” marcantes dá crédito a toda a proposta, merecendo apenas uma “revisão” a utilização dos termos “piranhas” e “viados”, podendo-se amenizar a mensagem através das “gostosas” e dos “rapazes alegres”.
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Conjunto Artístico
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9,7
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Uma proposta extremamente feliz, em concepção e realização, louvável em tempos em que crítica e irreverência andam em desuso e perdem espaço para o “politicamente correto”. Criativa a utilização de um Reino do Carnaval para desenvolver o roteiro e justa homenagem aos áureos tempos da São Clemente. Enredo que, pela brincadeira, faz pensar sobre os (des)caminhos do carnaval atual. Merece uma melhor solução a citação ao Concurso Brasileiro de Enredos.
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1110 Que emoção é ver a Mangueira entrando
Quesito
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Nota
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Justificativa
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Título
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9,5
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O título não soa feliz ao utilizar o nome da escola de samba (“Mangueira”, com inicial maiúscula) para uma série de trocadilhos com a palavra mangueira, em sua acepção de duplo sentido.
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Apresentação
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9,6
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Prejuízos à leitura do enredo causados por utilização de frases longas (com abuso de vírgulas, mas economia de pontos), formatação toda à esquerda (onde deveria ser justificada, por se tratar de prosa), abuso de negrito no texto normal, redação excessivamente pautada em gírias e ilustrações que não agregam à narrativa.
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Introdução
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9,3
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A utilização de gírias, que a princípio soam irreverentes, não contribuem para apresentar o enredo a um público não tão próximo a essas expressões. Também deixa pouco claro o que se pretende de “conexão” entre “homenagem à Mangueira” e uma série de “trocadilhos de duplo sentido”. Até aqui, não convence.
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Argumento (Sinopse)
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7,6
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Em busca de um tom irreverente, a sinopse também abusa das gírias e expressões de duplo sentido, mas o resultado soa cansativo e pouco claro. São trocadilhos e mais trocadilhos revisitando sambas ao longo de décadas, mas pouco se consegue delinear sobre o “fio condutor” da tal homenagem.
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Desenvolvimento (Roteiro)
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7,3
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Desenvolvimento do enredo voltado a gírias que não são de domínio comum e não agregam ao entendimento, apesar de soarem irreverentes. A divisão dos setores meramente temporal (por décadas) não dá substância ao roteiro, que carece de conteúdo, dada a mera sucessão de trocadilhos de duplo sentido com a palavra “mangueira” a partir de sambas da escola. A descrição das fantasias das alas descritas como “bapho” nada acrescentam ao entendimento e, a princípio, poderiam ser apresentadas em qualquer ordem e, ao que tudo indica, em qualquer setor.
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Exploração Temática
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7,3
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A proposta se perde em meio aos trocadilhos de duplo sentido e em nenhum momento chega ao tom de homenagem à escola de samba, apresentado como objetivo do enredo.
Pela divisão de setores, a intenção parece ser um tratamento por década (anos 80, anos 90 e anos 2000 em diante). A descrição das alas e carros peca pelas gírias irreverentes sem maior significado para entendimento do enredo. Afinal, o que seriam as “baianas baladíssimas”, a “ala bapho” ou uma “alegoria babadeira”?!
Por fim, as ilustrações, aleatórias, até deixam claro que a intenção é tratar duplo sentido e certa “saliência” nos trocadilhos, mas acabam não agregando valor à defesa da proposta.
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Conjunto Artístico
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7,6
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Em tempos tão caretas, chega a ser curiosa uma proposta de abordagem irreverente, sobretudo pelo linguajar adotado. O problema é que o enredo não só deixa de lado o “politicamente correto” como resvala por muitos momentos no “mau gosto”. Embora pequena, a escola passa visualmente cansativa em 4 carros e 12 alas explorando os possíveis trocadilhos da “mangueira” sem maior criatividade.
Não se mostra muito feliz a iniciativa de explorar versos de sambas da escola de samba para fazer alguns trocadilhos tão infames. Se as brincadeiras fossem feitas à margem da escola, talvez soassem mais caricatas. Envolvendo a Verde e Rosa, beira desrespeito ao pavilhão mangueirense. A se pensar se essa “ligação” é a melhor opção para a proposta.
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1111 É bafão, é bafônico, é do balacobaco! É o Milton Cunha! Saravá!
Quesito
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Nota
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Justificativa
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Título
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10,0
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Bela sacada a utilização de expressões do vocabulário do homenageado para se apresentar: é possível “ouvir”, com sua voz inconfundível e seus trejeitos, o Milton declamando o título do enredo em sua homenagem.
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Apresentação
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10,0
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Proposta muito bem estruturada e de fácil leitura. Parabéns!
Como sugestão de ajustes (não merecedores de penalidade), pode-se:
(1) Adequar o tom da fonte (verde não adequado à leitura de pessoas com algum distúrbio de visão, podendo tornar a leitura cansativa);
(2) Utilizar “blocos” para a delimitação dos parágrafos, deixando de lado a tabulação tradicional para se valer do espaçamento entre as linhas (o que dá percepção de uma melhor a distribuição visual do texto).
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Introdução
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10,0
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Texto claro e objetivo na apresentação do enredo, valioso pela ênfase ao lado sempre irreverente do homenageado.
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Argumento (Sinopse)
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9,9
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O único ponto a ser observado na sinopse é a utilização da primeira pessoa, de modo a permitir ao homenageado se apresentar com toda a irreverência que lhe é peculiar. Trata-se de uma solução que sempre resulta em sambas de bom apelo para o componente defender na avenida. O que destoa, no caso, é que o título do enredo é dado em terceira pessoa, o que “descasa” as duas apresentações: de um lado, um “Éo Milton Cunha! Saravá!” logo seguido de um “Eu sou o Milton Cunha”.
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Desenvolvimento (Roteiro)
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10,0
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Embora opte por um desenvolvimento cronológico do enredo, o roteiro se esquiva da mera citação de fatos literais da vida do homenageado para enveredar pelas imagens e recordações que lhe são mais caras. O nome dos setores, das alas e dos carros são um achado, premiados pelo espírito irreverente.
Todo o roteiro é defendido de forma muito robusta, com riqueza de detalhes e com ilustrações muito bem realizadas.
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Exploração Temática
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10,0
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Homenagem muito bem explorada pela linha da irreverência e pelo fio condutor das recordações do homenageado, com sua forma muito particular de ver e dissertar sobre os acontecimentos ao redor.
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Conjunto Artístico
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10,0
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Um enredo muito bem concebido e realizado, à altura do enredistahomenageado. Soluções muito criativas em todos os setores.
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1112 Carnavália, um romance no Carnaval
Quesito
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Nota
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Justificativa
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Título
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10,0
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Apresentação
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9,9
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Texto bem apresentado, de fácil leitura. Opções muito adequadas para fonte e formatação.
O senão fica por conta de:
(1) Alguns deslizes de ortografia (“lúdia”, “especie”, “Primera”, “referencia”, “Sera”, “símbolos”, entre outros), demandando revisão;
(2) Utilização de ilustrações que não agregam à narrativa.
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Introdução
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9,5
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O grande pecado da introdução é dedicar-se mais a apresentar os personagens do que o enredo que os envolve. Uma estrutura menos narrativa (de encadeamento de fatos), com mais lirismo, também ajudaria a trabalhar o interesse do leitor, já que a proposta defende um romance.
O texto chega a ensaiar essa “provocação” à curiosidade, lançando questionamentos ao desenrolar da história, mas logo se corta em respeito ao que seria um “spoiler”. Soa desnecessário esse comentário. Seria mais interessante substituir as perguntas e o comentário de que não adiantaria as respostas pela simples citação de que o enredo tem por objetivo apresentar tais e tais situações.
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Argumento (Sinopse)
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8,2
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A opção por encadear fatos faz do argumento uma cronologia de acontecimentos com algumas ressalvas:
(1) A sinopse explora pouco a poesia que se poderia extrair de um romance em pleno carnaval. Os fatos são citados de forma literal.
(2) Há muitos elementos que procuram dar matiz ao romance que está sendo apresentado, mas que não são carnavalizáveis ou não se traduzem em momentos/setores do desfile (encontros, trocas de olhares, desencontros, trocas de mensagens, passagem de tempo, entre outros).
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Desenvolvimento (Roteiro)
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8,5
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Pela leitura do desenvolvimento do enredo, percebe-se que a “sinopse” e o “roteiro” não conversam muito bem. Muitos elementos citados na sinopse não são carnavalizados no roteiro e o primeiro setor do roteiro não é muito claro ao tentar traduzir em alas e carros o que chama de “tudo que acontece durante o desfile de uma escola de samba como a fantasia, alegria, vivacidade, glórias e vitórias”.
Descrições não muito claras sobre as fantasias e os carros não colaboram com a robustez do enredo.
No segundo setor, não fica muito clara a opção por representar algumas escolas e outras, não. Entende-se a necessidade do “recorte” (são 11 escolas antes de a Mangueira passar), mas não o critério. Também não fica muito clara a ligação das alas desse setor com a descrição, que menciona a representação do “encontro, desencontro e reencontro”. O que os enredos de 2017 das escolas citadas tem de representativo entre o encontro de 2015 e o reencontro de 2017? O que se passa entre Carlos e Açucena nesse período?
Outro ponto que precisa ser trabalhado é o último setor, “Sentimento de amor ao ver a flor desfilar”, em que se misturam as passagens da Mangueira, dos Tribalistas e uma homenagem a Salvador (estes dois últimos restritos ao último carro). A citação aos Tribalistas e a Salvador não parece no “timming” correto: a poesia não teria sido escrita antes do reencontro?!
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Exploração Temática
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8,5
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Embora a proposta do “romance no Carnaval” trate de “encontro”, “desencontro” e “reencontro”, esses elementos não ficam bem dosados na exploração do tema. Os desfiles de algumas escolas em 2017 ganham um peso que não é bem explicado no “recorte”. Também não fica bem resolvida a menção aos Tribalistas e a Salvador no último setor. Quer dizer, a proposta fica um pouco confusa entre a opção pela cronologia dos fatos e outras menções “abstratas” (emoções associadas ao carnaval, mas não bem resolvidas em fantasias) e/ou mesmo homenagens “fora de ordem” (no tempo).
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Conjunto Artístico
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9,1
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Ao deixar de lado as opções de CEPs, homenagens a personalidades e enredos históricos e enveredar por um romance, a proposta soa original e interessante. Isso é muito bom para a oxigenação do carnaval. Uma pena que o enredo não fique bem resolvido da concepção à realização e os temas de “encontro”, “desencontro” e “reencontro” se percam em citações a escolas e enredos de 2017. Uma revisão na estrutura e no encadeamento das ideias pode valorizar bastante a ideia!
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1113 O tigre ruge e anuncia: Porto da Pedra um amor branco e encarnado!
Quesito
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Nota
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Justificativa
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Título
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9,9
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Bela sacada a utilização do Tigre símbolo para anunciar o enredo. O senão fica por conta da grafia do nome do símbolo-personagem e da escola com iniciais minúsculas (deveriam ser “Tigre” e “Porto da Pedra”) e a falta de uma vírgula antes da apresentação do “aposto” (“Porto da Pedra, um amor branco e encarnado!”).
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Apresentação
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9,8
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Uma boa diagramação do texto, porém pecando pela formatação sempre à esquerda (onde deveria ser justificada), um tamanho de fonte exagerado (deveria ser 11 ou 12), uma certa economia na utilização de pontos e a utilização de ilustrações que não agregam ao texto.
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Introdução
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9,6
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A introdução poderia avançar no que pretende como “homenagem” ao “contar a história” da Porto da Pedra, citando a ênfase em suas origens, sua evolução, seus carnavais entre as grandes escolas do Rio.
Os trechos de samba citados também poderiam ter sido destacados do texto com uma formatação diferenciada (itálico, tabulação, aspas, etc.), como itens a valorizar a apresentação e não como integrantes do texto principal.
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Argumento (Sinopse)
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9,1
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Sinopse bem trabalhada em termos de completude da abordagem do enredo, passando por todas as fases e dando clareza ao que deve ser abordado. Faltou definir uma opção de estilo para a escrita, começando em tom informal, dialogando com o leitor em expressões do tipo “(...) mas, espera aí... cadê o bloco?!” e “Nós estamos diante dele (...)”, mas logo passando a citações biográficas (“O bloco do Porto da Pedra brincou em 1975 e 1976 (...)”. Um ajuste nesse tom garantiria maior coesão ao texto.
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Desenvolvimento (Roteiro)
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9,4
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A opção cronológica do roteiro funciona bem para apresentar a trajetória da escola. Os setores são bem claros quanto à proposta e as alas preenchem bem o enredo. A defesa poderia ter avançado um passo ou dois na descrição das alas e dos carros, para um melhor entendimento. Uma ala batizada de “8 de março em 1978” soa didática demais num enredo, poderia ter representação na alegoria apenas.
Para efeito de entendimento, o setor 3 poderia explicitar que trata da transformação do bloco em escola de samba e de sua trajetória até a vitória no acesso e conquista do direito de desfilar entre as grandes, que é o que é representado em suas alas.
No último setor, a descrição da última alegoria não deixa muito clara a proposta de utilização de materiais reciclados formando figuras geométricas – há algum significado para o enredo? Também não fica claro em que a alegoria “representa momentos históricos da escola”, conforme roteiro de desfile: quais são os elementos dessa representação? A homenagem às personalidades, por sua vez, fica explícita nos estandartes e nos componentes entronados.
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Exploração Temática
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9,7
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A trajetória da escola de São Gonçalo é bem explorada na proposta, do começo como clube de futebol aos grandes momentos entre as escolas do Grupo Especial do Rio. Acredito que os gonçalenses se identifiquem com a homenagem à escola, feita de forma bem completa e carinhosa, com passagens bem marcantes em seus setores. O senão da ideia fica por conta da realização/retratação dos “momentos históricos” na última alegoria, para fechar com chave de ouro a homenagem.
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Conjunto Artístico
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9,5
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Embora não figure entre as grandes campeãs do carnaval carioca, a Porto da Pedra se destaca entre as escolas de origem off-Rio (capital) e é legítima representante de São Gonçalo. A homenagem soa simpática e deve encher de orgulho sua comunidade. As origens no futebol e os momentos como bloco de carnaval são belas passagens do enredo.
O enredo parte de premissas interessantes e associadas a imagens fortes (rugido do Tigre, cores branco e encarnado) e poderia ter se estendido em uma defesa mais puxada a esse lado forte e apaixonado de sua comunidade. De qualquer forma, vale por entretenimento e emocionar pelo reconhecimento de uma trajetória firme.
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1114 Paixão e Orgulho de uma cidade
Quesito
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Nota
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Justificativa
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Título
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9,8
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A opção pela não citação do nome da escola homenageada no título torna a expressão muito genérica.
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Apresentação
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9,7
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Percebe-se uma clara intenção de não apresentar um texto monótono, o que é louvável. As ilustrações aplicadas ajudaram a marcar determinados momentos da história da escola. O resultado final, entretanto, carece de alguns ajustes, de modo a reduzir a percepção de “poluição visual” na distribuição das informações:
(1) os cabeçalhos e rodapés com imagem deixam o documento pesado;
(2) a alternância de textos e imagens ora à esquerda, ora à direita, acabam por causar certo cansaço visual (o recomendado seria optar, por exemplo, por imagens à esquerda e textos à direita, ou algum outro formato padronizado, do início ao fim),
(3) utilização de fonte menor (15 soa exagerado, para textos normais),
(4) revisão ortográfica (alguns termos grafados de forma incorreta, como “historia”, “potencia”, “Estacio”, “Inicio”, “estréia”, entre outros) e
(5) utilização de fonte diferenciada (por exemplo, itálico) para destacar citações e versos de sambas.
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Introdução
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9,6
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A introdução acerta ao destacar o que compete ou não ao desenvolvimento do enredo. Entretanto, poderia ter delineado os caminhos pelos quais pretende apresentar a evolução da PP entre as grandes do Rio de Janeiro.
Os versos citados também poderiam ter sido destacados do texto com uma formatação diferenciada (itálico, tabulação, aspas, etc.), como itens a valorizar a apresentação e não como integrantes do texto principal.
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Argumento (Sinopse)
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8,2
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A opção por estruturar a sinopse em forma de versos não colabora com a defesa do enredo, soando como uma colcha de retalhos em versos salpicados de diversos momentos da escola. Com essa opção, deixa de dar clareza sobre o que se pretende abordar e ainda direciona, por exemplo, os compositores a determinadas passagens da escola.
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Desenvolvimento (Roteiro)
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9,1
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No desenvolvimento do enredo, a opção pela cronologia funciona para roteirizar a apresentação. A barca que leva os gonçalenses para o Rio, embora não seja inédita, é uma bela metáfora para a travessia e a busca do sonho.
A divisão dos setores delimita bem os momentos da escola, embora não sejam soluções felizes:
(1) a descrição do setor 03 (“O declínio e a volta ao grupo de acesso”), em que se define que a escola fez apologia ao crime em 97,
e
(2) o título do setor 05 (“Os tristes dias no acesso”), em que se presume certo abatimento da escola e uma postura anti-carnavalesca. Não seria o caso de se abordar por um viés positivo essa busca por uma nova oportunidade no Grupo Especial?!
O roteiro também pode vir a valorizar sua apresentação com um melhor descritivo das alas e das alegorias. Na redação atual, a leitura fica comprometida caso não se tenha uma boa memória quanto aos desfiles do Tigre de São Gonçalo.
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Exploração Temática
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9,4
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Tema bem explorado, dada a opção pela cronologia. Os senões da abordagem ficam por conta de:
(1) tratar o carnaval de 97 como “apologia ao crime” (não o foi, apesar de esse ser o mote de muitas críticas e mal-entendidos), perdendo-se a oportunidade de retratar uma injustiça,
e
(2) tratar a passagem pelo acesso como uma “tristeza”, o que parece desmerece o brilho das escolas aspirantes ao Especial.
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Conjunto Artístico
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9,2
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Vejo com simpatia a homenagem ao Tigre de São Gonçalo, em sua “aventura” para figurar entre as grandes escolas do Rio de Janeiro. Afinal, embora não esteja entre as grandes campeãs do carnaval, a Porto da Pedra é legítima representante de São Gonçalo e se destaca entre as escolas de origem off-Rio (capital).
A opção por “recortar” a homenagem a partir da travessia da Baía de Guanabara reforça a ênfase na trajetória dentro dos desfiles da capital e destaca os sentimentos de “paixão” e “orgulho” da comunidade, propostos pelo título.
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1115 Orfeu Negro da Vila Isabel
Quesito
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Nota
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Justificativa
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Título
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9,7
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Embora dê um ar de originalidade e atrativo para o enredo, o título “da Vila Isabel” não encontra maior respaldo na sinopse e no desenvolvimento de personagens e histórias com maior identificação com o bairro de Noel.
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Apresentação
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9,5
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Leitura do enredo prejudicada por descuidos na diagramação, em que pesam:
(1) Utilização exclusiva de letras maiúsculas em todo o texto (erro grave),
(2) Formatação toda à esquerda,
(3) Economia na utilização de vírgulas e pontos,
(4) Erros de ortografia (sendo mais graves os erros na grafia de personagens, como “Teceu” e “Hercoles”)
(5) Opção por uma única cor (azul) não adequada ao conforto visual.
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Introdução
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9,3
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A introdução perde em lirismo ao optar pela mera citação de fatos que pretende apresentar em seu enredo, deixando de valorizar a proposta cultural, a inspiração e a valorização da comunidade.
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Argumento (Sinopse)
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7,8
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Uma citação literal de passagens (cronologia) do enredo. Soa adequada à abordagem temporal da proposta, mas desprovida de maiores elementos para o entendimento do enredo e a composição de uma obra que deve embalar o desfile, sob o risco de apenas elencar personagens e fatos.
Poderia ser enriquecida com o vínculo à mitologia e à obra de “Orfeu do Carnaval”, com elementos que a destacassem e diferenciassem da leitura feita pelo J30 em 98, na Viradouro (“Orfeu, o Negro do Carnaval). Quais seriam os elementos que tornam o “Orfeu da Vila Isabel” tão particular, tão especial, tão caro à escola?!
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Desenvolvimento (Roteiro)
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8,5
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De início, a proposta acerta ao batizar os setores de “cenas”, uma vez que se propõe a encenar uma história por meio do desfile. Como sugestão, essas cenas poderiam ter títulos mais curtos, que traduzissem a ideia e facilitassem acompanhar o roteiro. Títulos de setores de até 3 linhas dificultam extrair a ideia da cena e acabam se tornando narrativas.
O desenvolvimento traz muitos personagens “traduzidos” para uma realidade carioca, mas não os apresenta com maior clareza. A descrição das alas e das alegorias não colabora para o esclarecimento das cenas (setores) em que o enredo foi dividido. Confusa também a associação de forças de Santos e Orixás sem maiores explicações. Seria uma homenagem ao sincretismo?! No último setor, surgem aleatoriamente personagens do Carnaval (arlequins, colombinas, pierrots) sem maiores detalhes sobre a adequação ao enredo. Orfeu e Eurídice já apareceram desde o início do desfile, soando fora de ordem sua apresentação ao final.
Em alguns momentos, a narrativa das alas e alegorias parece ser batizada em proveito das ilustrações disponíveis e não o contrário. Essa opção soa forçada, por exemplo, na apresentação do último setor, em que o herói decide “deixar a coroa com o cavalo indicando o fim do desfile e consagrando o campeão do povo”. Não se percebe uma fundamentação para essa opção visual.
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Exploração Temática
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8,5
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Um tema forte, porém não inédito. Perde na comparação ao trabalho feito por Joãosinho Trinta na Viradouro. Envolvendo muita mitologia e muitos personagens (alguns com nomes grafados de forma incorreta, como “Teceu” e “Hercoles”), o tema não se esclarece nas cenas propostas e ainda confunde com a associação de forças de santos e orixás.
Poderia deixar mais claro em texto se a intenção é associar os personagens tipos do subúrbio e seu dia-a-dia e justificar o “Orfeu Negro da Vila Isabel”, buscando personagens próprios do bairro de Noel: na versão atual, o elo de associação com a Vila é a coroa do abre-alas que, ao fim das contas, poderia ser associada a qualquer outra escola com esse símbolo.
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Conjunto Artístico
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8,5
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De imediato, a proposta sai prejudicada na comparação com o enredo de J30 para a Viradouro em 1998. Não fica muito clara, também, a originalidade de se transpor a história mitológica para Vila Isabel, embora se procure associar imagens típicas do subúrbio carioca. O enredo carece de revisão para clarear sua estrutura e valorizar texto e personagens.
De qualquer forma, há que se reconhecer o mérito da iniciativa de se fugir aos tão comuns enredos de homenagens a personalidades, CEPs e temas históricos. Não deixa de ter valor por apresentar história não tão conhecida do grande público e por buscar criatividade em sua apresentação.
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