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sábado, 19 de dezembro de 2015

Os Bastidores da criação - Parte 8 – O corte mais importante

Um dos maiores desafios quando se cria alguma coisa é saber que nem sempre tudo em uma criação poderá ser executado ou concluído. Muitas vezes podemos ter ideias que são completamente inviáveis, no meu caso, eu tenho uma ideia que acho que seria muito legal, mas me custaria muito tempo para executá-la o que me trava e inviabiliza a conclusão final.
Eu não vou ainda dizer do que se trata, mas eu gosto da ideia de apresentar dois enredos em um. Apresentar um enredo dentro de outro enredo. Eu já tinha feito algo parecido em 2003 com Histórias do Ventre da Mãe África em que eu contei a história de Congo e Angola e sob pano de fundo dividi os setores em Eras que eram influenciados por Inkices. A minha ideia com Zizina tinha algo assim, mas era bem mais complexa que revelarei depois do desfile.
Mas eu resolvi que vou deixar apenas Zizina e o pano de fundo vou trazer de maneira mais suave. Eu necessitaria de muita pesquisa e a criação do enredo  para encaixar uma coisa com a outra, Madame Zizina teria que ser coerente para se encaixar com o outro lado. O resultado é que me custaria muito trabalho, se eu não estou conseguindo fazer um enredo inteiro, porque eu vou me meter em tentar fazer algo 2 em 1? O resultado seria uma catástrofe, ou eu não iria terminar nunca ou iria apresentar algo muito confuso e ruim.
É preciso saber desapegar às vezes de coisas mirabolantes, ambicionamos algo tão grandioso que embarramos na simples execução. Sem falar que nem sempre uma ideia pode dar certo, pode ser uma ideia que eu julgo que será legal, dar muito trabalho e nem causar impacto que eu imaginava, talvez até me prejudicasse...

Criação tem disso, nem tudo vai ser sucesso, muitas vezes o que mais apostamos pode dar errado, algo que não apostamos dar certo! Só Deus sabe! E faz parte!

Mas a reflexão desta postagem é simples: "Pé no chão pode ser bom!" E nem tudo criado é fácil de ser executado e muitas vezes no decorrer cortes poderão ser necessários! É preciso saber decidir e não perder tempo demais com coisas que necessariamente podem inviabilizar tudo. 

Os bastidores da criação parte 6 – Os setores

Realmente não é uma coisa fácil, dividir o enredo em capítulos e ter capítulos interessantes.
Um enredo como uma roda, dividida em algumas partes que devem ser iguais e interessantes. 
A divisão de um tema pode ser complexa, nem sempre se consegue ter um determinado número de “tópicos” com força e igualmente proporcionais.
Eu defini desde o começo que eu teria 7 setores, alguns setores já estão certos no meu enredo. Já outros setores podem tanto rolar como serem cortados ou incluídos dentro de algum outro que tenha espaço sobrando e coerente.
A minha maior dúvida é entre os meus setores 1, 6 e 7. Existe a possibilidade de eu unir a ideia que eu tenho nos meus setores 1 e 6, já que são dois pontos que se encaixam na abertura/síntese do enredo que vou querer apresentar de começo.
A ideia do meu setor 6 poderá se encaixar nessas duas posições sem um grande comprometimento cronológico, conforme a posição eu vou mudar o contexto que será inserido. Eu imagino um contexto de consagração, por isso fica para quase o final, já o outro sendo setor de abertura, eu trago a consagração para instigar, abrir largando na abertura: - Como que ela chegou até aqui? Quem seria essa mulher consagrada? E aí depois disso eu começaria a contar a história dela... Seria um tipo de estratégia de mostrar um momento quase que de final, chamar atenção e daí começar a história lá do começo.
Já o meu sétimo setor eu tanto posso ir para algo que represente uma ideia de futuro infinito, como apresentar uma ideia de fechamento pensando em arrematar. Até o momento eu estou com a segunda ideia, mas vez ou outra eu fico pensando em apresentar a primeira ideia. Talvez eu traga um setor bônus para ser revelado depois dos desfiles... (Um tipo de final alternativo) Hhehehe!
E veja só, escrevendo isso pintou essa ideia, já pensou um enredo com final alternativo? Modernidade! Tem muitos filmes, séries, livros que apresentam um final alternativo... Quem sabe eu não tento fazer isso? Vou pensar...
Optei por não revelar ainda os meus setores, algumas pistas eu já dei.
Quais seriam os setores mais importantes no enredo?
Conforme a cidade e número de alegorias isso pode mudar, mas os setores mais importantes em geral são:
- O primeiro setor - É a abertura, é bom começar bem, pegar quem está assistindo já de largada. A primeira impressão é muito importante. (SETOR MAIS IMPORTANTE)
- Setor do meio - Onde fica a bateria, geralmente é um setor bastante valorizado. Também é  o ponto em que as escolas estão inteiras da na pista, pode ser o momento para arrebatar de vez e ser campeão. (TERCEIRO MAIS IMPORTANTE)
- Último setor - É o "grand finale", não dá para se descuidar, é a hora de "lacrar". É importante terminar bem, o jurado está fechando a nota, o público ali se perguntando vai ganhar ou não vai? (SEGUNDO MAIS IMPORTANTE)
E qual seria o menos importante? Geralmente seria o penúltimo, é normal as escolas investirem mais em uma ordem dos setores e nos estratégicos último e setor do meio, já o penúltimo seria aquele que fica por último. Geralmente também é mais fácil errar a mão nele, vc já teve outros setores para vender uma ótima impressão, dá uma caidinha nele e depois limpa a barra com o último setor. Isso também valeria para enredistas, pode crer se deixar um furo no penultimo setor as chances são menores de ser despontuado, do que se errar no primeiro ou no último. Fica a dica! 

Os bastidores da criação - Parte 7 - E a cronologia?

Voltando a falar em cronologia, não é um assunto muito fácil. E nem todo o enredo tem que ser passado em uma linha do tempo exata e perfeita, tudo depende do tipo de divisão que foi estabelecida. Será a divisão estabelecida que deverá dizer se a questão cronológica do enredo deverá ser levada muito em conta ou pouco em conta. O principal também é respeitar e contar algo com sentido, eu posso ir para frente e para trás e contar um história, claro que não posso exagerar nessas passagens... Eu não posso ser confuso e nem caótico. E até se a minha proposta for propositalmente caótica eu terei que guiar o leitor de alguma maneira para esse caos ter algum significado...

Mas onde eu quero chegar, é que é bom lembrar que muitas divisões não são cronológicas, por tanto, não deve respeitar uma linha perfeita de tempo. Se você fala de um cantor e divide o tema em tipos de canções e fala em cada setor de temas dessas canções, por exemplo, canções românticas, canções ecológicas, não vai ter que seguir uma linha perfeita de tempo, seu enredo não é cronológico. Por isso, não será um pecado apresentar uma ala de uma canção ecológica que foi composta em 1992 antes de uma canção romântica que foi composta em 1996 que está em outro setor. O que eu recomendaria neste caso é respeitar a cronologia dentro do setor, ou seja, não botar no mesmo setor um ala de 1984 depois de uma de 1994.
É importante no geral o jurado entender porque cada ala estar ali, ter um sentido daquilo estar “ali e não lá”. E a história ter uma sequência lógica e em lógica não existe apenas a sequencia 1, 2, 3, 4, 5, 6... Ela pode ser variável... Vai do padrão que o autor do enredo estabeleceu, ou seja, da proposta que ele fez de contar essa história. Se o enredo não é histórico ele não obedece um padrão simples de cronologia e PONTO!
Cronologia dos setores
No momento de analisar a cronologia de um setor, em alguns casos, talvez seja mais coerente prestar atenção nos setores. No caso citado antes, vamos imaginar que o determinado cantor começou a fazer sucesso com canções românticas, exatamente por isso o setor das canções românticas veio na frente. Já o setor das canções ecológicas vem atrás, por ser uma temática mais atual, ele no caso começou a fazer sucesso só nos anos 90 com canções ecológicas, por tanto é fácil justificar as canções românticas antes das canções ecológicas. Enquanto a primeira canção romântica desse cantor é de 1965, a ecológica é de 1994, mesmo que ele tenha um sucesso romântico em 2010, não vejo grandes problemas de contar essa história. E a ala de 2010 aparecer antes da ala de 1994, a questão é que a ala de 2010 é a última ala do setor 2, o das canções românticas e a ala de 1994 é a primeira ala do setor 4, o setor das canções ecológicas. Simples!
E tem brechas nisso, as vezes os carros podem trazer as canções mais importantes por ter maior impacto, assim podemos na história que está sendo contada ver um música de 70 depois de uma música de 1996. E de se entender se o autor do enredo optou em dar o carro para o maior sucesso do cantor. Assim como alterar a ordem dos setores organizando por importância, é normal os setores mais importantes serem o PRIMEIRO, ÚLTIMO e o setor da metade do desfile (que pega bateria e ponto que a escola supostamente está inteira na avenida). 
Também é notável que nestes casos pode ser bom não ficar exageradamente citando datas se você não apresenta um tema cronológico. Não se deve ficar chamando atenção demais para algo que não é importante no seu enredo. 

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